Santo
Serapião
1179-1240
A vida deste santo encerra um capítulo da história européia,
pois que sua aventura humana e espiritual reflete os fatos de sua época, nos
quais esteve presente, se bem que só como “coadjuvante”, talvez a contragosto.
Filho de um capitão inglês a serviço do rei
Henrique II, em 1190 participou com o pai da terceira cruzada, sob o comando do
célebre Ricardo Coração de Leão. No regresso, foi feito prisioneiro das tropas
do duque da Áustria, próximo da laguna vêneta, e mantido como refém.
O duque gostou dele e o tomou a seu serviço na
expedição de ajuda ao rei da Espanha contra os mouros. Quando chegaram, a
batalha havia terminado. Serapião conseguiu então ficar a serviço do rei Afonso
de Castela, para voltar novamente à Áustria, quando o duque tomou parte na quinta
cruzada. Neste ponto se encerra sua aventura militar.
Passa, na realidade, a militar sob uma outra
bandeira: conhece Pedro Nolasco, o fundador dos mercedários, e decide juntar-se
a ele para dedicar-se ao resgate dos escravos.
Para sua primeira missão pacífica dirige-se com
são Raimundo Nonato a Argel. Conseguem libertar 150 escravos. E como tinha
aprendido a arte da guerra, teve o encargo de seguir as tropas espanholas na
conquista das Baleares. Em todo caso, sua missão era fundar nessas ilhas o primeiro
convento de sua ordem, que depois confiou à direção de um confrade. Em seguida,
dirigiu-se à Inglaterra a fim de erigir um posto avançado da ordem.
Dessa vez, porém, a expedição teve um epílogo
trágico: o navio foi assaltado por corsários, Serapião barbaramente espancado e
lançado em uma praia deserta porque considerado morto. Recolhido por alguns
pescadores, refez-se e pouco depois prosseguiu a viagem para Londres, onde não
teve vida fácil.
Foi expulso de modo grosseiro, por haver
desaprovado a injusta apropriação dos bens eclesiásticos pelo governo. Voltou à
Espanha e prosseguiu na obra caritativa de resgate dos prisioneiros, até que os
mouros voltaram sua raiva contra ele: crucificaram-no numa cruz de santo André
e, depois de atrozes torturas, decapitaram-no. Seu culto foi confirmado em 1728.
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