Redação Portal
A12
Após a Missa de Envio, celebrada na praia de Copacabana na manhã
de domingo (28), Papa Francisco reuniu-se com 45 membros do comitê de
coordenação do Conselho Episcopal Latino-americano (Celam). O ponto central da
mensagem foi a renovação da Igreja por meio da Missão Continental, fruto da 5ª
Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, realizada em
Aparecida (SP) em 2007.
Ao longo do discurso que durou cerca de 45 minutos, Papa Francisco
detalhou três atitudes que podem fazer fracassar “o processo de Conversão
Pastoral”: a ideologização da mensagem evangélica, o funcionalismo e o
clericalismo, que são “tentações atuais”.
O Pontífice deixou algumas orientações aos bispos do comitê. A
primeira delas foi sobre o caráter missionário que se espera do discípulo de
Cristo. “O discípulo missionário não pode possuir-se a si mesmo; a sua
imanência está em tensão para a transcendência do discipulado e para a
transcendência da missão. Não admite a auto-referencialidade: ou refere-se a
Jesus Cristo ou refere-se às pessoas a quem deve levar o anúncio dele”,
disse o Papa.
Em seguida, citou o documento de Aparecida para elucidar a Igreja
como ‘Instituição’ e não como ‘Obra’: “A Igreja é instituição, mas, quando se
erige em “centro”, se funcionaliza e, pouco a pouco, se transforma em uma
ONG. Então, a Igreja pretende ter luz própria e deixa de ser aquele “mysterium
lunae ” de que nos falavam os Santos Padres. Torna-se cada vez mais
auto-referencial, e se enfraquece a sua necessidade de ser missionária. De
“Instituição” se transforma em “Obra”. Deixa de ser Esposa, para acabar sendo
Administradora; de Servidora se transforma em “Controladora”. Aparecida quer
uma Igreja Esposa, Mãe, Servidora, facilitadora da fé e não controladora da
fé”.
Em sua terceira orientação, o Papa referiu-se ao distanciamento
entre a Igreja e o povo na América Latina:
“Na América Latina e no Caribe, existem pastorais “distantes”,
pastorais disciplinares que privilegiam os princípios, as condutas, os
procedimentos organizacionais… obviamente sem proximidade, sem ternura,
nem carinho. Ignora-se a “revolução da ternura”, que provocou a encarnação do
Verbo. Há pastorais posicionadas com tal dose de distância que são incapazes de
conseguir o encontro: encontro com Jesus Cristo, encontro com os irmãos”.
Por fim, o Santo Padre recordou aos bispos que o caráter principal
de suas funções deve ser o de ‘guiar’ e não ‘comandar’, sendo um exemplo para
os demais. “Os Bispos devem ser Pastores, próximos das pessoas, pais e irmãos,
com grande mansidão: pacientes e misericordiosos. Homens que amem a pobreza,
quer a pobreza interior como liberdade diante do Senhor, quer a pobreza
exterior como simplicidade e austeridade de vida. Homens que não tenham
‘psicologia de príncipes’. Homens que não sejam ambiciosos e que sejam esposos
de uma Igreja sem viver na expectativa de outra”, finalizou o Santo Padre,
pedindo-lhes que sejam “servidores do Povo de Deus” .
Informações: Assessoria
de Imprensa JMJ
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