domingo, 5 de abril de 2020

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 05/04/2020

ANO A


LEITURA DA PAIXÃO DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO

Ano - A

(Atenção: a leitura da história da paixão é feita sem velas, sem incenso, sem saudação inicial e sem o sinal da cruz sobre o texto.)

Mt 26,14-27,66
Opcional
Mt 27,11-54

Dia do Gesto Concreto da Campanha da Fraternidade 2020

Ambientação

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Damos início a Semana Santa e, com ela, adentramos o Mistério Pascal de Cristo. Em procissão, seguiremos os passos de Jesus, fazendo memória de sua entrada em Jerusalém. Renovamos nossa adesão ao seu projeto e, com ramos nas mãos, o aclamamos Senhor da Vida e da História. Alegres, abramos nosso coração e acolhamos o Deus bendito.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Iniciamos a Semana Santa, em que comemoramos os últimos atos de Jesus para consumar sua missão neste mundo. A bênção e a procissão de Ramos, que agora iniciamos, fazem memória da entrada triunfal de Jesus na Cidade Santa, imagem da Nova Jerusalém que acolhe o seu Senhor com júbilo. Participemos deste rito solene e, depois, mergulhemos no mistério da Paixão.

INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: A oferta de sacrifícios a Deus parece constituir, em todos os povos, a expressão mais significativa do senso religioso do homem. Despojando-se de tudo o que lhe pertence por conquista ou pelo trabalho, o homem reconhece que tudo pertence a Deus e lho restitui em agradecimento. E quando uma parte do que foi sacrificado é comida pelos ofertantes, então se estabelece uma comunhão simbólica entre Deus e os comensais, uma participação da mesma vida. Na Bíblia, as tradições sacerdotais nos dão a conhecer uma legislação complexa, que poderia facilmente assumir valor autônomo e, portanto, formalista, esquecendo o significado da ação cultural em relação à salvação integral do homem. Os profetas lembram frequentemente que Deus só aceita as ofertas e sacrifícios se são acompanhados de uma atitude interior de humildade, de oferta espiritual de sí mesmo, de reconhecimento da própria e radical pobreza e da necessidade de uma libertação que nós sozinhos não podemos obter, mas podemos invocar e esperar de Deus. Na encarnação, Jesus fez sua a pobreza radical do homem perante Deus e coerente com esta escolha, apoiou-se na palavra do Pai, que nas Escrituras e nos acontecimentos lhe indica o caminho para cumprir sua missão; não se subtraiu à condição do homem pecador, ao sofrimento que provém do egoísmo, nem aos limites da natureza humana, entre os quais, antes de tudo, a morte. Um homem como todos, um pobre em poder de todos, uma vítima da intolerância, um sacrificado pelos seus...

VIVAMOS A SEMANA SANTA

Com o Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor iniciamos a Semana Santa, durante a qual acompanhamos os últimos dias de Jesus na terra e os passos de sua paixão, morte e ressurreição. A Igreja nos convida a acompanhar com fé, e com o coração arrependido e agradecido, esses momentos marcados pelo infinito amor de Deus por nós.
No Domingo de Ramos também se faz o gesto concreto da Campanha da Fraternidade em todas as celebrações das igrejas católicas do Brasil. Gesto que expressa nosso “cuidado” pela vida do próximo.
A Igreja recomenda a participação intensa do povo nas celebrações da Liturgia desta “semana maior”, que pode ser um verdadeiro retiro espiritual para todos e é a melhor forma de celebração da Páscoa. Quem ainda não teve a oportunidade de se confessar, procure fazê-lo nesses dias, pois a boa celebração da Páscoa inclui o arrependimento dos pecados, a confissão sincera e a renovação dos propósitos da vida cristã.
Na Quinta-Feira Santa, pela manhã, é celebrada na Catedral a Missa do Crisma, para a consagração do óleo santo do Crisma e a bênção dos óleos sacramentais dos catecúmenos e dos enfermos. O clero, reunido com o Arcebispo, recorda a instituição do sacerdócio ministerial por Jesus, antes de sua Paixão.
E os padres renovam, diante do Arcebispo, as suas promessas sacerdotais. Jesus instituiu o sacerdócio e o confiou aos apóstolos e seus sucessores, que o transmitiram e continuam a transmitir mediante a imposição das mãos e a invocação do Espírito Santo.
Na tarde da Quinta-Feira Santa tem início o sagrado tríduo pascal de paixão, morte e ressurreição de Jesus. No início da noite, celebra-se a missa que recorda a última ceia, a instituição da Eucaristia, o gesto do lava-pés, o mandamento novo do amor ao próximo “como Jesus amou” e o início dos sofrimentos da paixão de Cristo. É uma celebração marcante e o povo é convidado a participar com fé.
Na Sexta-Feira Santa somos convidados a recordar os sofrimentos e a morte de Jesus Cristo por amor de todos nós. É a hora de nos colocarmos misticamente aos pés da cruz, com Maria, mãe de Jesus, para pedir perdão, agradecer e adorar Aquele que deu sua vida para que nós alcançássemos misericórdia, perdão e vida. Neste dia é feita a coleta “para os lugares santos”, um gesto concreto de solidariedade para com os cristãos na Terra Santa, a fim de que o testemunho da fé cristã continue presente naquelas regiões.
O Sábado Santo é dia de recolhimento e preparação para a solene vigília pascal. Essa vigília precisa ser mais participada, pois é muito bonita e importante. A Igreja recorda os grandes feitos da história da salvação, renova as promessas do Batismo e proclama a ressurreição de Jesus. É a vigília mais importante do ano!
Enfim, o Domingo de Páscoa da Ressurreição é o primeiro de todos os Domingos! A Igreja anuncia a ressurreição de Jesus Cristo, mistério fundamental da nossa fé, com festa. Os católicos todos deveriam ir à Missa no Domingo de Páscoa.
Desejo a todos uma boa celebração da Páscoa deste ano, que inicia com a celebração do Domingo de Ramos.
Deus abençoe a todos!
Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo

Comentário do Evangelho

Jesus é o servo obediente de Deus.

Com o domingo de Ramos e da paixão do Senhor tem início a Semana Santa. Com a primeira e a segunda leituras, a ideia inicial a se ter presente é que Jesus é o servo obediente de Deus; obediência que o Senhor aprendeu pelo sofrimento. Toda a vida de Jesus é movida pela escuta de Deus, escuta que o sustentou ao longo de toda a sua vida; escuta que fez com que ele não esmorecesse diante da traição, do sofrimento e da morte. A segunda consideração nos vem do relato da paixão: Jesus é traído por um dos seus, que partilhou com ele a vida e a fé. Mas não somente um o traiu; todos os seus discípulos também o fizeram, pois negar e abandonar é também trair. Não tiveram a coragem de permanecer com o Senhor que eles diziam amar. Noutro evangelho, Pedro, porta-voz do grupo dos discípulos, dirá que a palavras de Jesus continham a vida eterna, lhes fazia experimentar a força da vida de Deus (cf. Jo 6,67-68). Mas naquele momento de dor não conseguiram permanecer fiéis àquele que era a Palavra encarnada do Pai. É do interior do próprio grupo dos discípulos que se dá a traição. Que dor pode ser maior que a traição e o abandono? A espada mais cortante do que a que feriu a orelha do servo do centurião é a traição, pois essa atinge a confiança, o coração. Uma terceira consideração é que Jesus é o inocente condenado injustamente à morte. A inveja é o motivo da condenação e morte de Jesus. A inveja não é racional; como toda paixão que afeta o coração do ser humano, ela é irracional. Dominado pela inveja, o ser humano age perversamente buscando eliminar quem quer que seja. Pilatos, diz o evangelho, sabia da inocência de Jesus e do motivo sórdido pelo qual ele foi entregue, mas por razões políticas a sua decisão partilhou da injustiça dos que acusavam e entregaram Jesus à morte. Na paixão, Jesus permanece praticamente calado. O silêncio do Senhor denuncia a maldade daqueles que o condenam à morte. O silêncio de Jesus revela também a sua compreensão de que no desfecho dramático da sua existência terrena se realiza o desígnio de Deus. O silêncio é sinal de sua entrega nas mãos do Pai. Jesus sofre, se angustia, mas nem uma coisa nem outra o faz desistir de realizar a vontade de Deus. Ao contrário, do alto da cruz, ele faz a sua entrega definitiva: “Pai, em tuas mãos eu entrego o meu espírito”.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, ajuda-me a descobrir, na morte de Jesus, um testemunho consumado de sua liberdade, e de fidelidade a ti e ao teu Reino.
Fonte: Paulinas em 13/04/2014

Vivendo a Palavra

Diante do relato da Paixão de Jesus Cristo, só nos resta guardar um silêncio profundo. Nosso entendimento não alcança a grandeza do gesto; nosso coração não é capaz de retribuir tamanho amor; nossas pobres palavras não traduzem nossa gratidão ao Pai Misericordioso pelo dom inefável do seu Filho.
Fonte: Arquidiocese BH em 13/04/2014

VIVENDO A PALAVRA

Ao ouvir o relato da Paixão de Jesus Cristo, só nos resta guardar silêncio – profundo e reverente silêncio. Nosso entendimento não alcança a grandeza do gesto; nosso coração não é capaz de compreender – e, muito menos, de retribuir… – tamanho Amor; nossas pobres palavras não traduzem a gratidão que devemos ao Pai Misericordioso pelo Dom inefável do Filho Amado.

Reflexão

DOMINGO DE RAMOS

I. INTRODUÇÃO GERAL

O domingo de Ramos marca o início da Semana Santa. O conteúdo das leituras bíblicas deste domingo diz respeito à missão do Servo sofredor. Contra todo triunfalismo, Deus age na história, revelando seu plano de amor por meio das vítimas do poder. O movimento profético do Segundo Isaías, em pleno exílio da Babilônia, caracteriza os exilados como o “Servo sofredor”, amado por Deus. Especialmente nos quatro cânticos do Servo, o povo sofredor é retratado como “veículo” da bondade salvadora de Deus. No terceiro cântico, texto deste domingo, o povo quebrantado já não opõe resistência à voz de Deus; torna-se seu discípulo, assume o caminho da não violência e confia no socorro do Senhor (I leitura). A comunidade cristã contempla Jesus como o Servo sofredor, que, assumindo a perseguição, a condenação, a paixão e a morte que lhe impõem os seus inimigos, revela a plenitude de seu amor pela humanidade em total confiança no socorro de Deus Pai (evangelho). Jesus “se despojou de sua condição divina, tomando a forma de escravo… Abaixou-se e foi obediente até a morte sobre uma cruz” (II leitura). A celebração do domingo de Ramos constitui momento propício para manifestar gratidão a Deus pelo seu amor sem limites e para refletir sobre nossa responsabilidade no mundo de hoje de nos empenhar, a exemplo de Jesus, pela causa da vida de todos, conforme refletimos ao longo desta Quaresma.

II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS

1. I leitura (Is 50,4-7): O Servo sofredor, discípulo de Deus

O movimento profético do Segundo Isaías surtiu efeito junto ao povo oprimido no exílio da Babilônia. Sua atuação se deu nos últimos anos do exílio, ao redor de 550 a.C. Após um período de prostração e desesperança, o povo vai recuperando o ânimo, especialmente com a perspectiva da volta para a terra prometida. Os quatro cânticos do Servo sofredor refletem o rosto dos exilados em seu processo de construção da esperança. Nessa caminhada, Deus manifesta sua presença amiga e consoladora.
O texto de hoje corresponde aos primeiros versículos do terceiro canto do Servo sofredor. São palavras portadoras de muita fé e confiança em Deus. O Servo revela sua disposição de ouvir os apelos divinos e demonstra ter consciência da missão especial que Deus lhe dá. É a imagem do povo que não se sente abandonado, mas protegido e conduzido pelo Senhor. Essa certeza o leva a manter a cabeça erguida, resistir e perseverar mesmo no meio da incompreensão, das injúrias e das agressões dos inimigos. Tem a profunda convicção do socorro que vem de Deus. Por isso, tem a postura própria das pessoas pacíficas, a ponto de oferecer as costas aos que batem e o rosto aos que arrancam a barba.
O povo sofredor, Servo de Deus, está firme e confiante; manifesta total autonomia perante os poderosos que o oprimem. Essa situação foi conquistada mediante a intervenção divina. Foi Deus quem abriu os ouvidos do seu Servo amado a fim de que pudesse ouvi-lo numa atitude de discípulo; foi Deus também quem lhe “deu a língua de discípulo para que soubesse trazer ao cansado uma palavra de conforto”. As pessoas servas de Deus, tanto ontem como hoje, demonstram firmeza e determinação em profunda solidariedade com os abatidos e cansados. Elas assumem, na liberdade e na confiança, a missão de espalhar no meio do povo o fermento novo da justiça. Sua fidelidade à missão alicerça-se na escuta atenta e renovada da palavra de Deus “de manhã em manhã”.

2. Evangelho (Mt 26,14-27,66): Jesus, o Servo de Deus

Esse longo texto nos introduz no clima espiritual da Semana Santa, quando acompanhamos o processo de condenação e morte de Jesus. Ele é por excelência o Servo sofredor que, mesmo abandonado pelo seu grupo íntimo, incompreendido e ultrajado, permanece fiel à sua missão.
O processo envolve a traição de Judas, um dos doze. Ele negocia a entrega de Jesus por 30 moedas, o valor de um escravo naquela época. Apesar de Jesus conhecer a decisão que Judas tomou, e sabendo também da tríplice negação de Pedro, não os exclui da ceia em que institui a eucaristia, sinal de sua presença viva nas comunidades e de sua plena doação pela vida do mundo. Judas vai arrepender-se de seu ato, mas não consegue superar o remorso. Prefere dar fim à vida. Diferentemente vai ser a atitude de Pedro, que, reconhecendo sua covardia, se arrepende e “chora amargamente”.
O relato ressalta a humanidade de Jesus em profundo sofrimento, no lugar do Getsêmani. Na sua total solidão, derrama sua alma diante do Pai, em quem pode confiar plenamente. Manifesta-lhe toda a sua fraqueza, pede-lhe socorro e dobra-se à vontade divina, mantendo-se firme na decisão de concluir sua tarefa com todas as consequências. Os discípulos, que deveriam vigiar com Jesus e apoiá-lo nessa hora de extrema dor, preferem abandonar-se ao sono.
Jesus passou a vida fazendo o bem, fiel à missão que recebera do Pai. Sua fidelidade confronta-se com os grupos de poder, concentrados na capital, Jerusalém. O grupo da elite religiosa pertencente ao Sinédrio mantinha seu poder à custa da exploração do povo empobrecido, legitimando suas posturas com interpretações interesseiras da Sagrada Escritura. Apesar de anunciarem a vinda do Messias, conforme as Escrituras, não podiam conceber que essa promessa se cumpriria na figura de alguém despojado de poder e solidário com os fracos e pequeninos. Não só isso: Jesus não adotou a mesma maneira dos rabinos de interpretar a palavra de Deus e toda a tradição de Israel. Seu lugar social era outro. E, por isso, era outro o modo de conceber as coisas. Enquanto a teologia oficial, com base no sistema de pureza, excluía da salvação as pessoas “impuras”, Jesus revela aos “impuros” o seu amor prioritário e oferece-lhes a salvação divina.
O Sinédrio, a instância religiosa judaica central para julgamento das pessoas suspeitas de crimes e de violações da Lei, procura achar um motivo convincente para condenar Jesus. Após muitos falsos depoimentos, apresentaram-se duas testemunhas (número mínimo necessário para a condenação de uma pessoa suspeita) que, também falsamente, depõem contra Jesus, dizendo que ele pregava a destruição do Templo. Foi motivo suficiente: Jesus mexera com o que havia de mais sagrado. Era por meio do Templo que o Sinédrio alimentava o seu poder.
As autoridades judaicas, porém, não tinham o poder de condenar uma pessoa à morte. Por isso, Jesus é levado à instância política ligada ao império romano. Pilatos é o seu representante. Nada percebe em Jesus que possa condená-lo. Até sua mulher lhe manda dizer que, em sonho (considerado o meio pelo qual Deus se manifesta), lhe fora revelado que Jesus era uma pessoa justa. Enfim, o inocente Jesus, por pressão da elite judaica, vai ser condenado. Pilatos lava as mãos e, no lugar de Jesus, solta Barrabás, acusado de assassinato.
A partir daí, Jesus vai sofrer toda espécie de humilhação. É a figura de um escravo sem defesa, entregue às mãos dos zombadores. É desnudado, vestido com um manto vermelho, coroado de espinhos, com um caniço na mão direita, e cuspido no rosto; enquanto lhe batem na cabeça, é saudado como “rei dos judeus”, uma das acusações que o levarão à condenação. Simão Cireneu é requisitado para ajudar Jesus a carregar a cruz, pois ele se encontra muito enfraquecido. Quando crucificado, lançam-lhe injúrias, pedindo-lhe que salve a si próprio, já que anunciou a destruição do Templo, outra acusação no seu julgamento.
Eis o Servo na cruz, considerado “maldito de Deus”, conforme declara o texto do Deuteronômio (21,23). Porém, em seu sofrimento e em sua morte, paradoxalmente, manifesta-se a total solidariedade com os sofredores e realiza-se a redenção da humanidade. O véu do Templo se rasga de cima a baixo: o Santo dos Santos fica exposto. A morte de Jesus “liberta” Deus, aprisionado pelo sistema religioso excludente. A morte de Jesus ressuscita os mortos. Sua morte resgata a vida de todos. Nessa mesma hora, é reconhecido pelo centurião e pelos guardas como “Filho de Deus”.

3. II leitura (Fl 2,6-11): Jesus se fez Servo

Esse hino cristológico, que Paulo insere em sua carta aos Filipenses, é uma das primeiras formulações de fé das comunidades cristãs. Constitui um caminho essencial da espiritualidade cristã. O caminho, na verdade, é o próprio Jesus, que desceu livremente até o ponto mais baixo, tornando-se o último. O rebaixamento (quênose) se dá em quatro degraus: de sua divindade assume a condição humana, torna-se escravo, sofre a morte e morte de cruz. Esvazia-se totalmente de qualquer dignidade; reduz-se a nada.
Esse processo de aniquilamento, que Jesus livremente aceitou, denuncia toda espécie de poder. Renunciou não somente à sua condição divina, mas também aos próprios direitos naturais de uma pessoa comum. Como escravo, perdeu todas as possibilidades de defender-se das acusações injustas e, por isso, foi condenado e morto como “maldito”. Desse ponto mais baixo possível, é elevado pelo Pai ao ponto mais alto. Por causa de sua obediência e humilhação até as últimas consequências, foi exaltado por Deus, recebendo “o nome que está acima de todo nome”.
O rebaixamento de Jesus revela sua solidariedade radical com os últimos da sociedade, com aquelas pessoas sem valor, desprezadas, excluídas e descartadas. Conduziu sua vida não para a realização de seus interesses próprios. Não veio em busca de honra e glória; veio, sim, como servidor voluntário das pessoas necessitadas. Esse Jesus que se fez escravo nos convida ao seu seguimento. É o nosso Mestre. Ele é Deus e Senhor de todas as coisas. A ele dobramos nossos joelhos e prestamos homenagem, juntamente com toda a criação.

III. PISTAS PARA REFLEXÃO

Deus chama o povo que sofre. Ele demonstra sua presença amiga e lhe dá força e consolo. Garante-lhe a volta à terra da paz e da liberdade. É o que meditamos na primeira leitura. Deus conta com as pessoas que se sentem fracas e injustiçadas. Enche-as de confiança e firmeza. São suas servas na construção de um mundo novo. Para isso, dá-lhes ouvido e coração de discípulos. Alimenta-as diariamente com sua palavra. Como servos de Deus, mesmo no meio de dificuldades e sofrimentos, somos chamados a erguer a cabeça e encorajar os que estão abatidos e sem esperança. Deus nos sustenta com a Palavra e com a eucaristia na caminhada para uma nova terra.
Jesus é o Servo de Deus que se entrega para a vida do mundo. O domingo de Ramos é o início da caminhada de Jesus em sua entrega total pela causa da vida plena de toda a humanidade. Entra em Jerusalém, aclamado pelo povo. É perseguido, aprisionado e condenado pelos que não aceitam a sua proposta de amor. Permanece firme como Servo de Deus e do povo. Sua fidelidade nos trouxe a salvação. Nesta Semana Santa, ao acompanharmos Jesus em seu caminho de sofrimento e morte, somos convidados a rever como estamos sendo fiéis à sua proposta. Ele nos preveniu: “Quem quiser ser meu discípulo, tome a sua cruz e me siga”.
Jesus se fez o último para elevar a todos. Com liberdade, escolheu a condição de Servo, denunciando toda forma de dominação. No mundo em que vivemos, alguns procuram concentrar o poder e os bens, rompendo com os princípios da igualdade, da justiça e da fraternidade. Nós, como discípulos missionários do Senhor, recebemos a missão de denunciar todas as situações que prejudicam a vida e escolhemos o serviço mútuo como caminho de transformação do mundo. Relacionar com o tema da CF-2014.

Celso Loraschi
Mestre em Teologia Dogmática com Concentração em Estudos Bíblicos, professor de evangelhos sinóticos e Atos dos Apóstolos no Instituto Teológico de Santa Catarina (Itesc).
E-mail: loraschi@itesc.org.br
Fonte: Vida Pastoral em 13/04/2014

Reflexão

Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor

BENDITO O QUE VEM EM NOME DO SENHOR!

Primeiro Evangelho: Mt 21,1-11;
Primeira Leitura: Is 50,4-7
Salmo: 21 (22)
Segunda Leitura: Fl 2.6-11
Segundo Evangelho (paixão): Mt 6,14-27,66

Situando-nos brevemente

‘’Na hora conveniente, reúne-se a assembleia num lugar apropriado fora da igreja, trazendo os fiéis ramos nas mãos. O celebrante abençoa os ramos. É proclamado o evangelho da entrada de Jesus em Jerusalém. Precedida pela cruz, a assembleia se dirige em procissão, cantando salmos e hinos de louvor a Cristo-Rei, para a igreja na qual se celebra a Eucaristia’’ (Missal Romano-Domingo de Ramos da Paixão do Senhor- p.220).
Gesto simples. Aparentemente óbvio e previsto nas normas do missal para organizar a celebração do Domingo de Ramos da Paixão do Senhor. Na realidade, com linguagem simbólica própria da liturgia, este rito nos introduz, de maneira espontânea, no Mistério Pascal de Cristo, e nos faz vislumbrar nossa participação vital no mesmo. O rito, abrindo a celebração do Domingo de Ramos e de toda a Semana Santa da Páscoa, marca, de fato, seu movimento interior.
Bento XVI destacou a importância de participar, de maneira consciente e ativa, da celebração  da liturgia, deixando-nos envolver pela linguagem simbólica dos ritos: ‘’Importante para uma correta arte da celebração é a atenção a todas as formas de linguagem previstas pela liturgia: palavras e cantos, gestos e silêncios, movimento do corpo, cores litúrgicas dos paramentos. Com efeito, a liturgia, por sua natureza, possui uma tal variedade e níveis de comunicação que lhe permite  cativar o ser humano na sua totalidade’’ (exortação apostólica Sacramentum Caritatis, n. 40 [2007]).
Esta chamada da atenção de Bento XVI, vale, de modo particular, para promover a autêntica participação nas celebrações da Semana Santa, tão ricas de ritos, profundamente enraizados na consciência do povo, e de sua religiosidade tradicional.
Ao se reunir, a assembleia, como primeiro ato, proclama e escuta o evangelho da entrada messiânica de Jesus em Jerusalém, cumprimento da aliança de Deus com seu povo, segundo as profecias dos profetas de Israel. Em resposta, o povo se põe a caminho, seguindo a cruz do Senhor. Continuará seguindo Jesus em seu caminho pascal, através de cinco significativos movimentos, ao longo das celebrações da Semana Santa, tendo seu olhar fixo ‘’ em Jesus, que vai à frente da nossa fé e a leva a perfeição. Em vista da alegria que o esperava, suportou a cruz, não se importando com a infâmia, e assentou-se `a direita do trono de Deus’’ (Hb 12,2). Os cinco movimentos quase marcam as etapas de todo caminho de fé, que encontra seu modelo no itinerário pascal.
O primeiro movimento é a procissão dos ramos atrás da cruz do Senhor: em Jesus crucificado a assembleia reconhece e proclama o vencedor da morte e o guia do seu caminho.
O segundo acontece na Sexta- feira santa, quando, ao celebrar a Paixão do Senhor, a assembleia desfila em procissão parahonrar e beijar com devoção e amor, a cruz que está elevada diante de si: a cruz é transformada de patíbulo em árvore da vida e trono da glória de Cristo.
O terceiro movimento anima o início da solene Vigília Pascal. A assembleia  se põe a caminho do Círio Pascal, única luz nas trevas da noite e, ao acender as próprias velas no mesmo círio, se deixa iluminar pela luz de Cristo ressuscitado. É na luz de Cristo que os fiéis aprendem a enfrentar os desafios da vida e por ela se deixam guiar. O quarto movimento acontece no cume da Vigília Pascal, quando a assembleia, cheia de alegria e agradecimento, vai se aproximando da mesa do Senhor, juntamente  com os neobatizados, que, pela primeira vez, vão receber o corpo e o sangue do Senhor.
Inseridos como membros vivos do mesmo corpo, que é a Igreja, visível na assembleia celebrante, todos recebem o convite solene e cheio de alegria do diácono, para sair da celebração, retornando como portadores da luz e da paz de Cristo (quinto movimento), em direção àquela mesma realidade ambígua do mundo, da qual saíram no início, para mergulhar na Páscoa transformadora de Jesus. O movimento interior de adesão a Cristo, iniciado no Domingo de Ramos e alimentado pelas várias passagens rituais, dá lugar ao movimento da vida animada pelo Espírito.
Assim, o primeiro gesto ritual com o qual, no Domingo de Ramos, o povo de Deus se reúne para iniciar a celebração da Páscoa do Senhor, exprime, em síntese, a totalidade do Mistério Pascal de Cristo e o profundo envolvimento nele, na fé e no amor, de cada pessoa e da Igreja inteira. Desde sempre a Igreja é o povo de Deus a caminho, impelido pelo Espírito, em movimento através das vicissitudes da história, rumo à plenitude do reino de Deus.
Toda comunidade que celebra com fé a Páscoa do Senhor, da catedral à mais simples capelinha da periferia das grandes cidades, e até à comunidade ribeirinha Amazônia, vive seu momento forte e profético de povo de Deus a caminho, gerado de maneira sempre nova pela Páscoa de Jesus.

Recordando a Palavra

As primeiras comunidades cristãs de Jerusalém, movidas pela devoção e pelo desejo de partilhar de perto, com o amor, os passos de Jesus no seu caminho de paixão  e de glorificação, organizaram, sobretudo a partir do século IV, celebrações especiais em cada lugar onde Jesus tinha vivido seus últimos dias de presença física no meio dos seu discípulos, dias tão decisivos no plano de Deus e para nossa salvação:da entrada de Jesus em Jerusalém.
As celebrações da Semana Santa, porém, não são somente comovidas maneira de pôr em cena os trágicos eventos dos últimos dias de Jesus em Jerusalém. Elas nos proporcionam a graça de nos mergulhar, com fé, em sua relação de amor com o Pai e conosco, o que nos transforma e salva.
Apalavra proclamada e acolhida com fé não fala ao passado, não lembra histórias de outrora, ala continua a se realizar em cada um de nós pela potência do Espírito.
’Bendito o que vem em nome do senhor!’’. Com esse refrão acompanhamos a procissão até a porta da igreja. A entrada messiânica de Jesus em Jerusalém, no júbilo e na alegria (evangelho que precede a procissão, Mt 21,1-11), é inseparável da proclamação da sua Paixão, centro da liturgia eucarística deste domingo (evangelho da missa Mt 26,14-27,26). A leitura do profeta Isaías, que delineia a figura e a missão do Servo do Senhor sofredor, salvado por Deus e por ele escolhido a tornar-se Salvador não somente de Israel, mas de todos os povos (1ª leitura – Is 50,4-7), destaca a mesma intrínseca conexão entre sofrimento e salvação.
Paulo proclama a mesma mensagem, ao representar Cristo como modelo inspirador da nova maneira de viver  na comunidade dos discípulos. A comunidade dos filipenses, ainda nova na experiência da fé, vive uma situação de competição e de conflitos entre seus membros. Paulo oferece a eles a única saída, coerente com o evangelho que receberam e que os fez crescer como comunidade de irmãos e irmãs. Paulo os convida a voltar aas origens, à nascente da vida cristã: é a relação estabelecida com Jesus no Batismo e seu exemplo. Jesus, o Verbo de Deus, despiu-se voluntariamente de sua dignidade divina, para assumir nossa condição humana de extrema humilhação até a morte de cruz, a morte reservada para os escravos, aos quais a sociedade e a lei não reconheciam a dignidade da pessoa humana. Pelo paradoxo do amor do Pai, porém, em razão desta humilhação ele foi glorificado pelo Pai e constituído Senhor e Salvador de todos (2ª leitura – Fl 2,6-11).
A lógica da Páscoa se torna o sangue divino que core nas veias do corpo da comunidade, irrigando-a com sua vida. Esta reviravolta nas atitudes interiores e no estilo das relações recíprocas, passando da competição à solidariedade, não é fruto do empenho ético do homem, mas da graça de Deus que orienta em nós a vontade e os comportamentos (cf. FI 2,13).
Aqui emerge a graça da Páscoa que nos renova interiormente e nos impele a atuar de maneira coerente com o mistério que estamos celebrando. Nisto consiste a verdadeira ‘’participação ativa, consciente, plena e frutuosa’’, à qual temos direito e possibilidade, graças ao nosso Batismo, e que é favorecida pela estrutura ritual das celebrações, renovada pelo Concílio Vaticano II (cf. Cont. Sacrosanctum Concilium, n. 14).

Atualizando a Palavra

A força narrativa dos acontecimentos da paixão, morte e ressurreição de Jesus, proclamado nas leituras bíblicas, e o intensivo envolvimento emocional que as celebrações destes dias conseguem realizar, mesmo as pessoas que raramente participam das liturgias, não devem nos fazer seu profundo sentido espiritual e a exigência de participar das celebrações com intensidade de fé e de amor ao Senhor.
Na celebração litúrgica da Igreja, se torna presente e atuante, pela ação permanente de Cristo e do seu Espírito, o amor infinito do Pai, manifestado no amor sacrifical de Jesus até a morte,e se renova o dom da vida divina que nos faz viver como filhos e filhas do Pai e irmãos uns dos outros.
Os emocionantes ritos destes dias vão muito além de uma devota reconstrução cênica da morte e ressurreição de Jesus como acontecimentos do passado. Eles nos proporcionam o encontro vivo com o Cristo vivente. Doam-nos a energia transformadora de seu amor,fazendo-nos viver, desde agora, de antemão, as primícias de sua plenitude na relação filial com o Pai e na relação fraternal entre nós.
Tendo presente esta perspectiva sacramental das celebrações, é possível e muito oportuno valorizar, de maneira fecunda a grande riqueza de expressões da religiosidade popular, que foi muito criativa na capacidade de fazer reviver os acontecimentos pascais, na dimensão trágica e na alegria jubilosa que os caracterizam.
No âmbito pastoral, tendo em consideração a possibilidade concreta que a maioria do povo tem de participar das celebrações da Semana Santa, o Domingo de Ramos constitui, de fato, a conclusão da quaresma e o início da semana pascal decisiva. Seria por isso conveniente coligar a experiência do Domingo dos Ramos – celebração da realeza messiânica de Jesus na humildade e no despojamento da cruz, e o chamado dos discípulos a segui-lo no mesmo caminho – com o caminho espiritual de toda Quaresma. Jesus nos precede e abre a estrada da obediência e da fidelidade ao Pai: do combate vitorioso com o demônio no deserto até a experiência da ressurreição, vislumbrada na ressurreição de Lázaro e realizada plenamente na ressurreição do próprio Jesus que será celebrada no dia da Páscoa.
Fazer seus sentimentos de Cristo, como Paulo pede aos filipenses, para viver a páscoa de Jesus, superando os impulsos do egoísmo e da cobiça, exige que aprendamos a nos ‘’despojar do homem velho e a nos revestir de Cristo ou do homem novo’’, como o próprio Paulo vai repetindo em suas cartas.
É assim que a narração da Páscoa de Jesus se torna nossa própria experiência, nossa páscoa. A Palavra de Deus continua a ‘’fazer-se carne’’ na nossa carne, isso é na nossa vida.
Deixamo-nos  guiar, por este apaixonado caminho rumo às entranhas do Senhor, por alguém que viveu profundamente esta experiência. ‘’Onde podemos encontrar repouso tranqüilo e firme segurança para a nossa fraqueza, a não ser nas chagas do Salvador? ... N verdade vou buscar confiantemente o que me falta nas entranhas do Senhor, tão cheias de misericórdia que não lhe faltam fendas por onde se derrame. Perfuraram suas mãos e seus pés e transpassaram seu lado com a lança; essas fendas é-me permitido... provar e ver quão suave é o Senhor... Mas o cravo penetrante tornou-se para mim a chave que abre para que eu veja a vontade do Senhor. Clama o cravo, clama a chaga que verdadeiramente Deus está em Cristo, nele reconciliando o mundo’’ (São Bernardo, Sermão 61,3-5 sobre o
Cântico dos Cânticos, LH Monástica, 2ª semana da Quaresma, quarta-feira).

Ligando a Palavra com a ação eucarística

Durante os dias da Quaresma- Páscoa, o estilo, poderíamos dizer a arte, com que a liturgia costuma celebrar o mistério de Cristo, se exprime em toda a riqueza de sua linguagem, - com palavras, gestos, cantos, silêncios, - e nos envolve de maneira fascinante no mistério que estamos celebrando.
Cristo continua sendo o protagonista de toda a ação litúrgica da Igreja com seu Espírito. Isto aparece, de maneira ainda mais marcada, nas celebrações desta semana central do ano litúrgico, que chamamos de ‘’Santa’’, pois nela se concentram os eventos decisivos de sua vida, de sua morte de sua ressurreição com o envio de seu Espírito, eventos que nos tornam partícipes da vida e da santidade de Deus. Convidam-nos a nos deixar envolver plenamente no dinamismo pascal de morte ao homem velho para a vida nova no Espírito.
A páscoa de Jesus realiza a passagem de um mundo para outro. Como canta o Prefácio I deste domingo: ‘’Pelo poder radiante da cruz, vemos com clareza o julgamento do mundo e a vitória de Jesus crucificado’’ (Missal Romano, p. 419).
A renovação que contemplamos realizada em Cristo, pedimos possa tornar-se também experiência de graça para nós: ‘’ Concedei-nos aprender o ensinamento da sua paixão e ressuscitar com ele na sua glória’’ (oração do dia). Não podemos esquecer que somos povo de Deus a caminho, ‘’ povo santo e pecador, daí-nos forças para construirmos juntos o vosso reino de Deus que também é nosso’’ (Oração Eucarística V).
Ao canto jubiloso do salmo cantado pela assembleia em procissão - ‘’Levantai, ó portas, os vossos frontões, erguei-vos, portas antigas, para que entre o rei da glória’’ (Sl. 23,9 – Processional) – faz eco ao grito sofrido e confiante de Jesus na cruz: ‘’Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste? (...) Mas tu, Senhor, não fiques longe, da minha força, vem logo em meu socorro!’’ (SL 21, 1.20 – Responsorial).
O canto do Hosana, de glória e louvor a Cristo, rei e redentor, durante jubilosa procissão, se entrelaça coma sóbria meditação sobre o extremo exemplo de humildade dado por Cristo ao se tornar homem e morrer na cruz. Foi o caminho pascal de Cristo. É o caminho da Igreja, seu corpo e sua esposa amada. É o caminho de fé e de amor de todo discípulo e discípula, através de sua adesão a Cristo. É  o seguindo que nos é dado penetrar, junto com ele, na intimidade do coração do Pai, como ressalta Mateus, ao comentar a morte de Jesus como início do novo mundo: ‘’Nisso, o véu do Santuário rasgou-se de alto a baixo, em duas partes, a terra tremeu e as pedras se partiram’’(Mt 27,51).
Com a páscoa de Jesus, caem definitivamente todas as barreiras que nos separavam, de Deus. As estruturas sagradas, como o templo de Jerusalém, e todas as estruturas religiosas humana deram lugar ao templo vivente, que é o próprio Cristo, morto e ressuscitado, e a vida de cada um de nós por nossa união com Ele.
Nossa vida unida a Cristo é a verdadeira oferta que hoje é colocada sobre o altar, junto com o pão e o vinho, para que não somente o que está contido na patena e no cálice, mas toda a vida, até a criação, seja oferecida ao Senhor e transformada no culto espiritual agradável ao Pai, como invocamos ao celebrarmos a Eucaristia: ‘’Olhai com bondade, o sacrifício que destes à vossa Igreja e concedei aos que vamos participar do mesmo pão e do mesmo cálice que, reunidos pelo Espírito Santo num só corpo, nos tornemos em Cristo um sacrifício vivo para o louvor da vossa glória’’ (Oração Eucarística IV).

Sugestões para a celebração

Ø  A assembleia  hoje vai se compor em lugar aberto, estabelecido como ponto de partida da procissão. O sentido de alegria e de esperança faz parte da celebração deste domingo, mas não é um passeio religioso qualquer pelas ruas da cidade. A bênção dos ramos  e a procissão fazem parte da celebração da entrada de Jesus em Jerusalém como Messias, humilde e pronto a dar sua vida, e destacam o chamados de todos a segui-lo no mesmo caminho. Por isso, enquanto se vai compondo a assembleia, se favoreça um clima de recolhimento, para entrar no mistério celebrado.
Ø  A equipe de liturgia prepare, com o tempo e com particular cuidado, antes de tudo os próprios membros, - no contexto espiritual e no contexto ritual – para participarem, com atenção interior, do desenvolvimento das numerosas tarefas em que precisam atuar na celebração de hoje e nas de toda Semana Santa. Muitas vezes, acontece que,  pela preocupação de organizar e executar ritos inusitados destes dias e orientar a assembleia, os membros da equipe não conseguem participar com as devidas serenidade e concentração interior.
Ø  A equipe prepare também tudo o que serve para a procissão: os ramos, segundo a disponibilidade do lugar, a cruz processional, a água benta, etc. A proclamação do evangelho seja feita com toda dignidade. Se a escolha a maneira mais conveniente para distribuir aos fiéis os ramos, para levá-los na procissão e à própria casa, lembrando seu significado de sinal de vitória de Cristo sobre a morte e de nossa união com ele.
Ø  O relato da Paixão ocupa o centro da celebração da Palavra. A complexidade e prolixidade do texto pedem que seja bem preparada sua proclamação e fazê-la, preferivelmente, de forma dialogada entre vários personagens, como está marcado no Lecionário. Para tal fim os leitores devem ser escolhidos com atenção. Eles devem ensaiar, em antecedência, o exercício de tal ministério tão importante e tão delicado.
Ø  No momento do ofertório, ao apresentar as oferendas do pão e do cálice, sejam apresentadas também as ofertas, frutos da caridade efetuada por cada um durante a Quaresma. Junto com as oferendas materiais, cada um coloque sobre o altar as alegrias e as dores, os sofrimentos e as esperanças que marcam sua vida, para que tudo seja unido à oferta  de Cristo e nele seja transformado em expressão da própria entrega confiante ao Pai, e se torne experiência de ressurreição.
Roteiros Homiléticos da Quaresma, Março e Abril– CNBB 2014 - Ano A
Fonte: Emanarp em 13/04/2014

Reflexão

Jesus se aproxima de Jerusalém pela última vez, chegando como rei manso e humilde, montado numa jumenta. A multidão o esperava com grande alegria e acolhimento, estendendo mantos e balançando ramos de árvores, e cantava um hino de louvor: “Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor”. Os que vêm em nome do Senhor são sempre benditos; nem sempre, porém, são aceitos e acolhidos. Foi o que aconteceu com Jesus: recebido e aclamado pela multidão, logo depois, com o incitamento das autoridades, foi rejeitado, condenado como marginal e pregado numa cruz, como se lê no evangelho da Paixão. O Messias, em Jerusalém, entra em conflito com as autoridades locais, as quais se armam para eliminá-lo. O justo é julgado como traidor e levado à morte. Quantas mortes injustas ocorrem em todos os tempos na humanidade! Lamentamos, com razão, a morte injusta de Jesus e não nos sensibilizamos vendo tantas pessoas morrer por defenderem a justiça e os direitos dos pobres!
Oração
Ó Jesus, filho de Davi, entraste em Jerusalém montado num jumentinho e foste aclamado como o profeta de Nazaré da Galileia. Fazemos coro com aquela multidão em festa, para te louvar e bendizer pelas imensas maravilhas que realizas em nosso favor. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2020 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp (dias de semana) Pe. Nilo Luza, ssp (domingos e solenidades))

Recadinho

Quando nossas forças estiverem por desfalecer, olhemos para Cristo carregando a cruz por amor a nós. Nele busquemos forças para seguir seu caminho!
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R

Meditando o evangelho

A MORTE DE CRUZ

A morte de cruz correspondeu ao ponto mais baixo e ao ponto mais alto do projeto messiânico de Jesus e de sua relação com os que escolhera para estar com ele. Os discípulos, de qualquer tempo e lugar, ver-se-ão confrontados com ela. Será inútil querer desviar-se dela.
A morte de cruz reduziu Jesus à condição de maldito de Deus. As próprias Escrituras consideravam maldição a morte por enforcamento e, por extensão, por crucificação. Paulo dirá que Jesus se fez maldição para nos libertar.
Poderiam os discípulos esperar algo de um Mestre suspenso na cruz? Onde ficava seu projeto de Reino? Como entender tudo quanto fizera e ensinara, se era maldito de Deus? Por conseguinte, a cruz despontou como sinônimo de fracasso.
O reverso da moeda revela uma realidade bem diversa. A cruz foi a prova definitiva da mais absoluta fidelidade de Jesus ao Pai. Tentado das mais variadas maneiras a trilhar um caminho diferente, manteve-se fiel ao projeto divino, mesmo à custa da própria vida. Quando se tratou de optar entre a fidelidade ao Pai, com todas as suas conseqüências, e as tentações de um messianismo mundano, carregado de glória e de reconhecimento, Jesus não teve dúvidas: optou pela fidelidade. Sua morte estava em perfeita consonância com a sua vida.
A morte de cruz, lida nesta perspectiva, dá um sentido novo à vida de Jesus. O fracasso receberá o nome de fidelidade, e a impotência chamar-se-á liberdade.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Pai, ajuda-me a descobrir, na morte de Jesus, um testemunho consumado de sua liberdade, e de fidelidade a ti e ao teu Reino.

Homilia do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, por Pe. Paulo Ricardo


https://soundcloud.com/padrepauloricardo/domingo-de-ramos-e-da-paixao-do-senhor

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. QUEM É O NOSSO JESUS NESSE DOMINGO DE RAMOS?
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Sabemos que evangelho significa Boa nova ou Boa Notícia, por isso quando deparamos com um dos sinóticos, no caso São Mateus, nesse Domingo de Ramos, é forçoso nos perguntar, como que os pormenores da paixão de Jesus, a sua morte na cruz, poderá nos trazer uma mensagem de Boa Nova... E mais um detalhe importante, se é Domingo de Ramos, que tem como foco a entrada triunfal de Jesus na cidade Santa, como vemos na primeira proclamação, feita antes da procissão de ramos, novamente nos perguntamos, o que poderá haver de triunfal em um acontecimento que irá resultar em uma tragédia?
Sendo o evangelho a Palavra de Deus revelada sob inspiração do Espírito Santo, é necessário abrir o coração para compreendê-lo, e não só a razão. Naturalmente essas questões que a nossa razão apresenta entre outras, longe de manifestar a nossa incredulidade, nos ajuda a migrarmos para o coração, pois, se dermos relevada importância ao fato histórico em si, a comoção que iremos sentir diante desses relatos, será idêntica á que experimentamos diante da obra de um grande taumaturgo. Vamos acabar chorando comovidos, com toda a maldade que fizeram com o Jesus Histórico e jamais conseguiremos entender o que isso tem a ver com a nossa vida. Diante de um evangelho, precisamos sempre ter em mente que se trata de uma reflexão sobre Jesus de Nazaré, feita pelas primeiras comunidades, estamos portanto longe do fato histórico da condenação e morte do Senhor, sobre o qual nenhum resquício chegou até nós, a não ser os evangelhos, que nada mais são do que escritos coletados pelas comunidades e que por isso mesmo requer uma  interpretação usando sempre como referência a Tradição e o Magistério da Igreja, que se fundamenta no testemunho dos apóstolos e das primeiras comunidades, como a de Mateus, onde havia muitos judeus convertidos, e já se tinha consciência de que Jesus ressuscitara, e que agora tentam descobrir qual a relação desse Jesus ressuscitado , com aquele Homem Jesus de Nazaré, que foi condenado com 33 anos, e passou por uma morte tão vergonhosa e humilhante.
Sabemos pelo próprio relato, qual foi a atitude da comunidade diante de tal revelação, não guardaram dúvidas ou desconfianças diante da Revelação Divina e concluíram com um belíssimo ato de Fé, que Mateus retratou com  fidelidade na exclamação do Oficial Romano “Ele era mesmo o Filho de Deus”!
O evangelista Mateus, preocupado em convencer seus conterrâneos sobre a Verdade de Jesus de Nazaré, usou de uma estratégia ao reler as escrituras, apontando de maneira caridosa e paciente, os textos que a ele se referiam facilitando assim a compreensão sobre o conteúdo das leituras desse Domingo de Ramos, que nos introduzem na Semana Santa, onde se celebra o Tríduo Pascal, enfocando a Vida e a morte, a plena realização e o fracasso, as trevas e a Luz, antagonismos presentes não só na Vida Terrena de Jesus, mas na vida de cada Ser Humano, que a partir de então poderá fazer suas escolhas e decidir-se por uma ou por outra, pois Salvação é exatamente isso, conhecer a Verdadeira Luz, a Vida e a Verdade Absoluta que é o próprio Cristo, e deixar-se atrair por ele tomando a decisão de segui-lo, não mais a partir de uma obrigatoriedade Legal de Caráter Religioso, mas a partir de uma experiência real como ocorreu com as Comunidades de Matheus, e o Oficial Romano, sendo este precisamente  o convite e o apelo desse evangelho: que as nossas comunidades revejam toda a caminhada e em uma auto afirmação da nossa Fé, redescubramos: Jesus é o nosso Senhor, o Filho de Deus!
O máximo que se pensou sobre Jesus, é que ele fosse um Profeta, tal qual nos atesta a conclusão do relato da sua entrada em Jerusalém, Mateus não engana seus leitores, pois sendo um Profeta renomado, terá o mesmo destino dos demais, sendo ouvido por poucos, rejeitado por muitos, e finalmente esmagado com a morte. Portanto, aquilo que parece ser um momento de glória, pelo menos na visão nacionalista da Nação de Israel, irá redundar em terrível fracasso! Há Glória sim, presente no regozijo de um Homem totalmente novo, Fiel, que com sua encarnação Divinizou a todos e a cada um dos homens, resgatando neles a imagem e semelhança do Deus Criador. Um homem capaz de ter toda firmeza e confiança em Deus,, mesmo diante das contrariedades e provações, em um contexto que caminha para o iminente fracasso, como esse Servo de Iahweh, assumido pelo Profeta Isaias.e que nessa circunstância provoca a queixa orante do Salmista “Meu Deus, Meu Deus, por que me abandonastes”
O apóstolo Paulo, na carta aos Filipenses, consegue resumir, de modo magistral, o que Mateus transmite nas entre linhas desse evangelho... O mal presente no coração do homem, do presente, do passado e do futuro, não conseguirá jamais subjugar o Bem Supremo, impondo-lhe o seu domínio. Ninguém o humilhou, mas Ele humilhou-se, ninguém o entregou á morte, mas Ele próprio entregou-se, ninguém foi capaz de rebaixá-lo despojando-o da sua  Dignidade de Filho de Deus, Ele próprio rebaixou-se e esvaziou-se de si mesmo.
Podemos então concluir a nossa reflexão desse domingo de Ramos, olhando para o testemunho do Oficial Romano, homem considerado impuro e, portanto, descartado da Salvação pela Religião Oficial, mas que fez a sua experiência com Cristo, e mesmo sem pertencer ao Povo da Promessa, reconheceu Nele aquilo que os Doutores em Escritura não reconheceram. O Oficial viu a revelação do Amor de Deus, naquele Homem que se entregou livremente, porque o verdadeiro amor não é aquele que domina, mas aquele que se deixa dominar, o verdadeiro amor pressupõe uma entrega total, dentro de uma também total liberdade. O verdadeiro amor se aniquila e se deixa esmagar, tornando-se alicerce na construção de algo totalmente novo, que o coração humano busca e sonha, mas que só se consegue encontrar em Jesus, alguém como nós, mas que vislumbrado na Fé, o descobrimos como nosso único Deus e Senhor, Aquele que o Pai exaltou para sempre!
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP

2. Não estás ouvindo de quanta coisa eles te acusam? - Mt 27,11-54
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)

Jesus entra em Jerusalém. Que ele entre em nossa cidade também, em nossa casa, em nossa vida. Foi acolhido com aparente triunfo. Vamos acolhê-lo com verdadeira alegria. Fora da cidade, ele fixará uma ponte, deste mundo para o outro. Ele é pontífice e mediador entre a terra e o céu. Chegou a sua hora de passar deste mundo para o Pai. Fixou a ponte de passagem e a deixou aberta para nós. Hoje comemoramos com ramos a entrada de Jesus em Jerusalém e sua morte na cruz.

HOMILIA

A CRUCIFICAÇÃO DE JESUS

Aqui começa a semana maior da nossa fé cristã. Nesta Semana Santa não só lembraremos um fato histórico do passado, mas celebraremos a presença viva de Cristo Jesus que padeceu, morreu e ressuscitou; e leva em frente toda a nossa comunidade cristã, pela presença do seu Divino Espírito Santo, até os dias de hoje.
Jesus entra triunfalmente em Jerusalém e o povo todo o acolhe: "Bendito aquele que vem como Rei em nome do Senhor! Paz no céu e glória no mais alto dos céus!" E o Evangelho também fala solenemente da Paixão do Senhor.
A narração no Evangelho segundo São Mateus se estrutura através da sucessão de pequenos núcleos, carregados de significação e de importância para a vida cristã. Há uma introdução, composta pela “Unção em Betânia e a traição na Última Ceia” (Mt 26,1-19). Há também o núcleo central da “Paixão”, composto pela “Agonia no Getsemani” (Mt 26,30-56), pelo “Processo religioso e civil” (Mt 26,57-27,31) e pela “Crucificação e morte” (Mt 27,32-66).
Jesus é apresentado, desse modo, com toda sua humanidade, compartilhando a angústia e a dor dos homens frente à injustiça e à traição, sem, por isso, perder a serenidade de quem confia e espera em Deus - Ele é o “Servo Sofredor” que carrega o peso de toda humanidade, como havia anunciado o Profeta Isaías. Mateus apresenta Jesus, como o perfeito orante.
A ceia que precedeu essa dramática experiência indica que, apesar de tudo o que possa acontecer, Jesus permanecerá sempre presente entre os seus (Mt 26,29).
Por outro lado, o processo permite que Jesus enfrente ambas as autoridades: a civil e a religiosa, e proclame a sua máxima autoridade messiânica “Verão o Filho do Homem, sentado à direita de Deus poderoso, vir sobre as nuvens do céu” (Mt 26,64).
A Paixão de Jesus se toma assim, um desafio, um alerta para a vida de seus seguidores. Trata-se de um convite a optar pelos crucificados, pelos excluídos, pelos marginalizados da história, sempre lembrando que a justiça de Deus se inicia ali onde os homens sofrem a injustiça dos opressores.
O exemplo de Jesus é um terno apelo para que confiemos em Deus, apesar de tudo e contra tudo. Jesus nos ensina, com seus gestos de perdão e de reconciliação, que as adversidades não devem nos afastar de uma oração ardente, constante e confiante.
A cruz de Jesus é um convite para superarmos nossas opções egoístas e oferecer, doar ao irmão o melhor de nós mesmos, e, se for necessário, também nossa vida.
A sabedoria do homem é afirmação em si mesmo, servindo-se do outro, e o seu poder é possuir, dominar e exaltar-se. A sabedoria de Deus expressa em Jesus crucificado, é afirmação do outro mediante o extremo dom de si mesmo; seu poder é despojar-se de tudo, inclusive do próprio eu, abaixando-se até à morte de cruz.
Por isso a cruz de Jesus nos salva nos dá equilíbrio, nos faz viver bem em comunidade respeitando as diferenças de cada um. Jesus está em nossas cruzes, a Páscoa só será bem vivida se tivermos certeza que a cruz é sinal de libertação.
Boa caminhada para Cristo nossa Páscoa definitiva
Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla
Fonte: Liturgia da Palavra em 13/04/2014


O caminho da salvação está na humildade!

Que nós, hoje, possamos aprender a percorrer os caminhos de Jesus. Que nós possamos aprender a percorrer a estrada e a via da humildade, onde estão os humildes e os rejeitados.

”E Ele foi encontrado com aspecto humano, humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz” (Filipenses 2,8).

Neste Domingo de Ramos e da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, nós contemplamos o ministério da redenção humana. Primeiro, em Jesus exaltado no meio do Seu povo e, entramos de uma forma triunfante e  gloriosa em Jerusalém. O povo aclama: ”Hosana nas alturas, bendito é aquele que vem em nome do Senhor”.
O Senhor, que entra triunfante em Jerusalém, é o Senhor que vai morrer injustamente condenado em uma cruz como o pior dos malfeitores. Há um povo que aclama Jesus; há um povo que nega Jesus; há um povo que vai depois contemplar a glória desse mesmo Deus.
Nós, hoje, queremos olhar para a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Claro, sem perder de vista a Sua ressurreição gloriosa. Ele, neste domingo, quer nos convidar a entrarmos em um mistério profundo do drama, da paixão, da dor e do sofrimento d’Ele. Cristo, que assumiu ser homem como nós e, uma vez que Ele assumiu a nossa humanidade, ser um de nós; no meio de nós Ele se humilhou sempre mais!
Humilhar quer dizer: rebaixar-se, colocar-se abaixo dos outros; não acima, não superior aos outros. Jesus não quis ser mais do que ninguém, não quis ser aclamado, exaltado, louvado, purificado. Não, Ele quis ser um de nós! Ele quis viver, no meio de nós, tudo aquilo que a humanidade vive: seus dramas, suas lutas, seus sofrimentos. Abraçou aquilo que muitos seres humanos precisam abraçar na Sua vida: a dor da injustiça, a dor da maldade humana e, mesmo sem pecado, Ele seguiu adiante carregando a Sua cruz.
Nosso Senhor Jesus Cristo, Nosso Deus amado, humilhado por causa dos nossos pecados, é, hoje, exaltado no mundo inteiro. Mas não se exalta o Senhor sem primeiro entrar no mistério da Sua humilhação; para que nós também, meus irmãos, sejamos curados das humilhações que sofremos em nossa vida. Para que descubramos sempre mais que o caminho da salvação está na humildade, não no orgulho, na exasperação ou na exaltação humana.
Que nós, hoje, possamos aprender a percorrer os caminhos de Jesus, que nós possamos aprender a percorrer a estrada e a via da humildade; onde estão os humildes, onde estão os rejeitados. Onde nós saibamos também crescer com as humilhações, com as rejeições e com as contrariedades da própria vida.
Que não fiquemos prostrados com aquilo que sofremos, mas que possamos crescer, como Nosso Senhor triunfou gloriosamente de Sua Paixão.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Fonte: Canção Nova em 13/04/2014

Oração Final
Pai Santo, diante do Crucificado, firma a nossa Esperança – que é a certeza de que como Ele ressuscitou, também nós ressuscitaremos para viver para sempre em tua glória. Guia-nos, Pai amado, pelos caminhos desta Semana Maior, até chegarmos com Jesus, ao Domingo da Páscoa, tão esperado. Pelo mesmo Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 13/04/2014

ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, diante do Crucificado, firma a nossa Esperança – que é a certeza de que como Ele ressuscitou, também nós ressuscitaremos para viver para sempre em tua Glória. Guia-nos, amado Pai, pelos caminhos desta Semana Maior, até chegarmos com Jesus, ao Domingo da Páscoa, tão desejado. Pelo mesmo Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.

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