quinta-feira, 29 de março de 2018

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 29/03/2018

ANO B


Quinta-feira da Semana Santa - Missa do Crisma da Páscoa

Lc 4,16-21

Comentário do Evangelho

Discurso de Jesus na Sinagoga de Nazaré

Trata-se do discurso programático de Jesus na sinagoga de Nazaré. É um episódio que se encontra prefigurado no oráculo de Simeão: “Eis que este menino foi colocado para a queda e o surgimento de muitos em Israel, e como sinal de contradição” (Lc 2,34). É a antecipação, através do esquema “aceitação–rejeição”, dos relatos referentes ao ministério público de Jesus. Em relação a Marcos e Mateus, Lucas antecipa o episódio. Essa antecipação tem um caráter programático evidente: o ensinamento de Jesus significa o cumprimento da Escritura.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, que as contrariedades da vida jamais me impeçam de seguir o caminho que traçaste para mim. Com Jesus, quero seguir sempre adiante!
Fonte: Paulinas em 02/09/2013

Vivendo a Palavra

Na sinagoga de Nazaré, Jesus proclama a chegada do Reino do Céu através dos sinais que realiza. Este é também, o caminho que cabe à sua Igreja cumprir pelos séculos afora. Para nós, discípulos missionários do século 21, o texto da Escritura não deve ser lido no passado, mas como norma de vida.
Fonte: Arquidiocese BH em 02/09/2013

Reflexão

Jesus é o ungido do Pai que veio ate nós com a missão de evangelizar os pobres, ou seja, de tornar membro do Reino dos Céus todos os que colocam a sua esperança no Senhor. A sua vida terrena não foi outra coisa senão o pleno cumprimento dessa missão.Ele anunciou a liberdade dos filhos de Deus e a libertação dos cativos do pecado e da morte, curou os cegos, de modo que todos podem enxergar além do mero horizonte da realidade natural, lutou contra todo tipo de injustiça que é causa de opressão e anunciou a presença do Reino da graça e da verdade. Assim, Jesus também nos mostra o que é necessário para que a Igreja, o seu Corpo Místico, seja fiel à sua missão de continuadora da sua obra.
Fonte: CNBB em 02/09/2013

Meditação

Jesus nos apresenta sua missão que é nossa também: Consagrados com a unção para anunciar a Boa Nova aos pobres! Como anuncio a Boa Nova? - Procuro ouvir a Palavra de Deus para que ela possa penetrar em meu coração? - Os conterrâneos de Jesus tiveram facilidade para aceitar o Evangelho? - Consigo ouvir atentamente o que certas pessoas simples querem me ensinar ou por palavras ou por exemplos? - Sei aprender também com os menos experientes que eu?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Fonte: a12 - Santuario em 02/09/2013

HOMILIA

“O Espírito do Senhor me ungiu para anunciar a boa-nova aos pobres”

Movido pelo Espírito de Deus...

Apresentando a missão de Jesus dinamizada pela força do Espírito, a comunidade lucana nos desafia a que também nós abramos nosso coração ao Espírito Santo e nos coloquemos a seu serviço, a serviço da libertação de todas as formas de opressão, promovendo a vida.

... para libertar os pobres...

A narrativa a respeito da leitura de trechos do profeta Isaías feita por Jesus na sinagoga de Nazaré (Lucas 4,16-21) insere-se numa narrativa mais ampla, pois, na sequência, Lucas descreve a reação diante do anúncio desse evangelho (boa-nova) aos pobres. Uns aprovam. Outros têm dúvidas (Lucas 4,22-23). E há quem rejeita o projeto de salvação para os mais desamparados (Lucas 4,23-30). O que não é possível é ficar indiferente. A boa-nova para uns é uma má notícia para quem deseja continuar vivendo à custa dos pobres. Essa é a razão por que se enfureceram, o expulsaram e queriam precipitá-lo do cimo da colina (Lucas 4,28-29). Como ontem, ainda hoje se repete a mesma situação.
Qualquer liderança que assume a promoção dos mais pobres, de modo que possam ter pelo menos três refeições por dia e viver com dignidade, continua sendo caluniada e perseguida. E isso não somente pela mídia comprometida com o poder econômico, mas também por políticos e até por setores de igrejas e tribunais. Não é por acaso que Jesus vê motivo de alegria para as pessoas perseguidas por lutarem pela justiça (Mt 5,10-12).
Em Lucas 4,16-21, temos a apresentação do programa de Jesus num dia de sábado na sinagoga de Nazaré, sua terra natal. É o projeto do reinado Deus. Na sinagoga, era costume rezar alguns Salmos, ler e comentar um trecho de algum livro da lei (Pentateuco) e outro de algum livro profético. Jesus escolhe três fragmentos do livro de Isaías para anunciar o coração do projeto de Deus.
“O Espírito do Senhor está sobre mim, pois ele me ungiu para anunciar a boa-nova aos pobres: enviou-me para proclamar a libertação aos presos (Isaías 61,1) e, aos cegos, a recuperação da vista (Isaías 35,5); para dar liberdade aos oprimidos (Isaías 58,6) e proclamar um ano de graça do Senhor” (Isaías 61,2).
Essa missão libertadora vem do Deus da vida, pois é conferida a Jesus pelo próprio Espírito do Senhor, por quem já fora ungido como o messias por ocasião do seu batismo (Lucas 3,22).
A missão do messias é de esperança de vida digna, certamente para todas as pessoas, mas especialmente para quem está excluído da cidadania. Em quatro afirmações, Jesus faz memória da profecia de Isaías para descrever em que consiste a sua missão de “anunciar uma boa-nova aos pobres”.
Primeiro, “anunciar uma boa-nova aos pobres” é “proclamar a libertação aos presos”. Por um lado, é a libertação de quem sobrevive em condições subumanas nos presídios, onde a grande maioria está em consequência dessa sociedade desigual, injusta e de exclusão. E, no tempo de Jesus, a maioria das pessoas que se encontrava na prisão eram presos políticos que resistiam contra a opressão e a violência do império romano. Por outro lado, a proposta de Jesus é libertar-nos de todas as formas de prisão, de tudo aquilo que nos impede de sermos nós mesmos, de sermos livres, sem deixar-nos guiar pelo egoísmo, por vícios, pelo individualismo, pela ganância, pelo consumismo, pela ambição, etc. Senhor, liberta-nos de tudo o que nos aprisiona e impede de sermos radicalmente livres.
Em segundo lugar, “anunciar uma boa-nova aos pobres” é levar “aos cegos a recuperação da vista”. É, sim, curar a cegueira física, mas é muito mais. É também curar a nossa ‘cegueira’ quando não enxergamos a realidade por estarmos com a visão embaciada ou com ‘viseiras’ que impedem vermos a realidade em toda a sua amplitude. É curar a nossa ‘cegueira’ quando não vemos com nossos próprios olhos, não pensamos com nossa própria mente, não escutamos com nossos próprios ouvidos e, por isso mesmo, não dizemos nossa própria palavra, mas reproduzimos as ideias do pensamento dominante na sociedade. Senhor, recupera as nossas vistas. Dá-nos forças para alcançarmos clareza em nossas mentes e corações, a fim de ampliar o nosso discernimento conduzido por teu Espírito.
Em terceiro lugar, “anunciar uma boa-nova aos pobres” também é “dar liberdade aos oprimidos”, seja diante da opressão social, mental, econômica, psicológica, política, afetiva ou religiosa. Senhor, que teu amor mova nossos desejos, possibilitando-nos a graça de sermos pessoas próximas, solidárias com quem vive na opressão.
Por fim, “anunciar uma boa-nova aos pobres” é “proclamar um ano de graça do Senhor”. Anunciar o ano de graça do Senhor é proclamar o ano jubilar que fazia parte da tradição do Antigo Israel. Nos livros do Deuteronômio e do Levítico fala-se desse jubileu. Primeiro, era uma reforma feita a cada sete anos (Deuteronômio 15,1-18). Mais tarde, passou para cada 50 anos (Levítico 25,8-55). Era o ano do perdão das dívidas que, muitas vezes, levavam à perda da terra, das casas e da própria liberdade. Por isso, ao anunciar o ano jubilar, além do perdão das dívidas, o Espírito do Senhor move Jesus para anunciar vida plena, o que também inclui terra para quem está sem terra, moradia para quem está sem teto e liberdade para quem sofre trabalho escravo.

... ontem e hoje

No passado, o Espírito animava a profecia na proclamação da boa-nova da libertação para os pobres (Isaías 61,1). Fiel à missão que o Espírito lhe confiara no batismo (Lucas 3,22), Jesus atualiza essa profecia, igualmente movido pela força do Espírito (Lucas 4,18). É por isso que diz: “Hoje, se cumpriu aos vossos ouvidos essa passagem da Escritura” (Lucas 4,21).
No nosso batismo, também somos ungidos pelo mesmo Espírito Santo e assumimos o mesmo programa de Jesus. Por isso, podemos dizer com ele que, em nós, “hoje, se cumpriu aos vossos ouvidos essa passagem da Escritura”. Que a graça de Deus nos ajude a colocar-nos no mesmo caminho da profecia, no caminho do Espírito do Senhor.
Ildo Bohn Gass é autor de “Quatro Retratos do Apóstolo Paulo” - PNV 262 CEBI
Fonte: Liturgia da Palavra em 17/04/2014

HOMÍLIA DIÁRIA

Assuma a profecia de Deus que está em você

Convido você a assumir a profecia de Deus que está em você, assumir o dom do Senhor em você, e isso se faz quando nós nos colocamos à disposição do Espírito.
O Senhor disse: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para anunciar a Boa Nova aos pobres” (cf. Lc 4,18).
O Espírito do Senhor está sobre Jesus. Hoje, Ele entra na sinagoga, toma a Palavra de Deus e a proclama; ao mesmo tempo, toma posse dela.
Quando questionam por que Ele não faz os mesmos milagres que fez em Cafarnaum e outras terras, o Senhor mesmo diz que um profeta só não é bem recebido em sua própria pátria.
Temos de reconhecer em Jesus o enviado de Deus, reconhecer que o Espírito que paira n’Ele é o Espírito da unção, da consagração, por isso, cheio desse mesmo Espírito, Jesus faz o Reino de Deus acontecer.
O Reino de Deus não acontece simplesmente por vestígios humanos, sabedoria humana nem por causa da nossa inteligência, pois esta é dom e graça de Deus. Que maravilha! Nossa inteligência e sabedoria precisam de unção para fazer o Reino de Deus acontecer.
Foi movido por esse Espírito e cheio d’Ele que Jesus profetizou, pregou, orou e anunciou o Reino de Deus. É esse mesmo Espírito que nós desejamos que esteja sobre nós, pois Ele nos ungiu pelo batismo, pela crisma e nos unge quando nos colocamos à disposição de Deus.
Que esse mesmo Espírito, descendo sobre nós, nos ajude a anunciar e a fazer o Reino de Deus acontecer. É obvio que, assim como Jesus, pode ser que parentes, amigos, pessoas queridas próximas a nós não irão aceitar o Senhor ou o Reino de Deus que nós trazemos.
A profecia, o Reino de Deus não pode parar, o anúncio da Palavra de Deus não pode esmorecer. Por isso eu convido você a assumir a profecia de Deus que está em você, assumir o dom do Senhor em você, e isso se faz quando nós nos colocamos à disposição do Espírito, quando assumimos, na oração, na intimidade da Palavra, da vida com o Senhor, os dons e os talentos que nós mesmos recebemos do Pai.
Que o Espírito do Senhor esteja sobre você para que você anuncie e proclame o Reino do Senhor.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Fonte: Canção Nova em 02/09/2013

Oração Final
Pai Santo, dá-nos sabedoria e coragem para compreender que a missão de Jesus, vivida pelo Mestre com tanto amor, foi por Ele legada a nós, a sua Igreja. Dá-nos força para cumpri-la em nossa jornada pela terra, junto com a nossa comunidade. Por Jesus Cristo, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 02/09/2013

Quinta-feira da Semana Santa - Ceia do Senhor

Jo 13,1-15

Comentário do Evangelho

Serviço fruto do amor

Com a celebração da Ceia do Senhor iniciamos o tríduo pascal. É na última ceia de Jesus com os seus discípulos que, segundo o evangelho de João, se dá o gesto simbólico do lava-pés que repetimos na celebração eucarística. Para a literatura joanina, o tema do amor ocupa um lugar central.
Especificamente, para o quarto evangelho, a paixão de Jesus é expressão do amor de Jesus pelos seus. A salvação é dom desse amor, e como tal ela precisa ser compreendida e recebida. O mal que domina o coração de Judas é uma força de sedução que distorce a realidade e atenta contra a vida (v. 2; cf. Gn 3,1ss). A resistência a permitir que Pedro lavasse os pés de Jesus é por não reconhecer no servo a figura do Messias. Mais ainda, é pela dificuldade em aceitar um Messias que tenha de passar pelo sofrimento e pela morte. A resposta de Jesus a Pedro afirma que a salvação é dom gratuito e, como tal, precisa ser recebida, e o gesto simbólico deve se traduzir como atitude permanente na vida do discípulo. Ser discípulo é ser servidor ao modo de Jesus. O gesto do lava-pés condensa toda a vida de Jesus, que “não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos” (Mt 20,28).
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, ajuda-me a superar os esquemas mundanos que rompem a fraternidade e me reduzem aos esquemas do pecado, impedindo que eu me faça servidor do meu próximo.
Fonte: Paulinas em 17/04/2014

Vivendo a Palavra

João conta a Ceia do Senhor de forma diferente dos outros evangelistas. Ele nos encanta com o gesto humilde do Mestre, que toma o lugar reservado aos servos e lava os pés dos amigos, e em seguida transmite palavras de Jesus, até sua ‘oração sacerdotal’ de despedida. Aproveitemos este tempo para nossa profunda reflexão, cheia de gratidão e encantamento.
Fonte: Arquidiocese BH em 17/04/2014

VIVENDO A PALAVRA

O pão é o corpo, o vinho é a vida de Jesus. Com o corpo nós nos comunicamos e vivendo nós servimos. O pão é fruto do trabalho e da terra. O trabalho representa a humanidade e a terra, o universo. Universo e humanidade manifestando a presença amorosa do Criador. O vinho eterniza o serviço fraterno e humilde ensinado por Jesus no lava-pés.

Recadinho

Quando você tem oportunidade de “lavar os pés” (simbolicamente) de seu próximo? - Você reza às refeições? - Se reza, como é sua oração? - Sua presença transmite paz e alegria ao próximo? - Você pode dizer que se sacrifica por seus irmãos? - Você apoia e incentiva os que servem ao próximo com amor?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Fonte: a12 - Santuário Nacional em 17/04/2014

Reflexão

Na última ceia com seus discípulos, Jesus anuncia que sua hora chegou. Diante da iminência de sua eliminação, realiza o gesto do lava-pés. Ao invés da instituição da eucaristia, João narra um gesto de serviço. O relato do evangelho apresenta um tríplice conteúdo. O sentido do tempo: Jesus reconhece que chegou sua hora. A relação de amor pelos discípulos: amou os seus até o fim, não excluindo nem o traidor. A relação de comunhão com o Pai: Jesus sabia que o Pai lhe colocara tudo nas mãos. Em meio ao jantar, Jesus se levanta e começa a lavar os pés dos discípulos. Vivendo conscientemente sua páscoa (passagem), ele se apresenta como servo ao assumir o serviço do lava-pés, tarefa dos escravos. O gesto do Mestre mostra claramente que seu amor até o fim não consiste apenas em palavras bonitas, mas, muito mais, é serviço prestado aos irmãos e irmãs. A reação de Pedro mostra que ele não está disposto a assumir o projeto de Jesus, que propõe uma comunidade de iguais, onde não há privilegiados. Em outras palavras, todo seguidor de Jesus deve estar disposto a amar a todos com gestos concretos.
(Dia a dia com o Evangelho 2018 – Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp)

COMENTÁRIO DO EVANGELHO

1. É PRECISO CONVERTER-SE!
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

A recusa de Pedro de deixar-se lavar os pés revelou uma mentalidade da qual devia abrir mão como pré-requisito para continuar a ser discípulo de Jesus. Sem isto, era impossível ter parte com ele, e compartilhar de sua vida e missão.
Pedro comungava com a mentalidade hierarquizada da época, a qual determinava a cada um o seu devido lugar. A relação entre mestre e discípulo era regulada pela superioridade, sapiência, respeitabilidade de um, e pela inferioridade, ignorância e submissão do outro. Ao discípulo competia comportar-se como servidor do Mestre, por exemplo, lavando-lhe os pés após uma longa caminhada.
O comportamento de Jesus foi, totalmente, diferente. Foi o do escravo que acolhe um hóspede que chega de viagem à casa de seu senhor. Lavar os pés do visitante não cabia ao dono da casa, e sim aos servos.
O gesto de Jesus pareceu inaceitável a Pedro, pois rompia a hierarquia, podendo gerar desrespeito. A mentalidade de Pedro era perigosa. Agindo assim, corria o risco de introduzir na comunidade dos discípulos de Jesus o esquema de senhor-escravo o qual o Mestre viera abolir. Corria o risco de pôr a perder a obra de Jesus, contaminando-a com os modelos superados, próprios do mundo do pecado. Era urgente que Pedro se convertesse e se convencesse de que, no Reino, a grandeza consiste em fazer-se servidor de todos sem distinção.
Oração
Pai, ajuda-me a superar os esquemas mundanos que rompem a fraternidade e me reduzem aos esquemas do pecado, impedindo que eu me faça servidor do meu próximo.
Fonte: NPD Brasil em 17/04/2014

Meditando o evangelho

UM EXEMPLO CONVINCENTE

O grupo de discípulos de Jesus teve muitas oportunidades de ser instruído por ele, em suas contínuas peregrinações. Cada um, porém, trazia consigo seus esquemas culturais e religiosos, nem sempre fáceis de serem questionados e de passarem por um processo de conversão. Um destes esquemas dizia respeito à desigualdade fundamental entre as pessoas e à conseqüente relação de superioridade de umas sobre as outras.
A proposta de Reino, proclamada por Jesus, partia da igualdade fundamental entre todos os seres humanos. Portanto, a mentalidade reinante chocava-se frontalmente com o seu projeto. E Jesus não hesitou em tocar neste tabu.
A forma escolhida foi a de por-se a lavar os pés dos discípulos, por ocasião da última ceia. A reação impertinente de Pedro revelou seu horizonte cultural. Jesus o questionou: se ele não estivesse disposto a deixá-lo lavar-lhe os pés, não teria a menor condição de continuar a ser seu discípulo. Se Pedro impedisse o Mestre de assumir a postura serviçal de um escravo, invertendo os papéis, futuramente haveria de se perpetuar, na comunidade cristã, a estrutura social denunciada pela pregação de Jesus. O Reino, neste caso, ficaria privado de sua originalidade e o projeto de Deus dificilmente se implantaria na história humana. A lição do Mestre era cristalina: sua dignidade não ficou diminuída por ter-se curvado diante dos discípulos.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Senhor Jesus, que teu gesto de humildade quebre os esquemas mentais que me impedem de tornar-me humilde servidor.

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. O Eucaristizado é aquele que se Rebaixa para SERVIR...
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Por acaso em nossas famílias, celebram-se aniversários de grandes tragédias? Que Mãe iria querer celebrar com os familiares e amigos, o dia em que seu Filho foi preso, condenado injustamente e passou por uma morte vergonhosa e extremamente humilhante? Coisas assim, a gente quer ESQUECER, apagar da memória para sempre...
Na última Ceia, se trocarmos em miúdos, Jesus está dizendo aos seus discípulos que ele quer que o seu sacrifício, a sua paixão e morte na cruz, seja sempre lembrada em um ritual. Atentemos para um detalhe dos sinóticos e do escrito Paulino "Jesus partiu o pão e o deu a seus discípulos dizendo, tomai e comei pois este é o meu corpo...". Foi o que sobrou de Jesus na cruz do calvário: seu corpo, massacrado, despedaçado, sem nenhuma vida, comer o corpo de um morto e lembrar sempre do jeito que ele morreu. Que ritual macabro é esse?
João toma outro rumo em sua reflexão com as comunidades do seu tempo: Aquele ritual, aquela celebração tem algo de grandioso e belo por trás de tudo. Ser rebaixado no último degrau do ser humano, aniquilar-se e deixar- esmagar, dar o corpo, a Vida e o sangue, até a última gota, esse era o Serviço que Jesus prestava a todos nós, lavou-nos não só os pés, mas todo o nosso ser passou por esse banho da regeneração. Aquele que sentou com Jesus à mesa, e continua a sentar-se hoje, aquele que ouve a sua palavra e a guarda em seu coração, querendo junto com Ele fazer a Vontade do Pai, torna-se homem e mulher Eucaristizado, cristianizado, é o mistério do Cristo em Nós.
Pois bem, esse deve ter força e humildade para também rebaixar-se diante de todos, ser o último, para poder servir. Quando pensamos em nosso status e em nossa importância, no cargo que ocupamos, na função que exercemos, é difícil servir o irmão ou a irmã, que precisa de nós. Muitas vezes temos alguns "Bicos de Papagaio" espiritual, que não nos deixa curvar diante do outro, queremos servir, mas com certa arrogância e prepotência...de servidores desse naipe, o inferno está cheio...
Por isso contemplemos nesse evangelho de João, o sentido real da práxis Eucarística, que começa com o Vexame de um Deus, Grandioso e Onipotente, Poderoso, Onipresente e Onisciente, que se abaixa diante do Ser humano, para lavar-lhes os pés. Muitas vezes como Pedro não aceitamos a ideia de um Deus que se rebaixa, nós é que devemos nos rebaixar diante Dele. Exatamente isso, só que esse Deus manifestado em Jesus está sempre bem escondido na vida dos irmãos e irmãs a quem devemos servir, e que o Senhor coloca diante de nós.
Quem não vive para Servir, não serve para Viver…

2. Senhor, tu vais lavar-me os pés?
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)

Lava-pés e Eucaristia estão intimamente ligados. Quem participa da comunhão eucarística é chamado a lavar os pés de seus irmãos. O exemplo foi dado por Jesus, Mestre e Senhor, que consagrou o Pão e lavou os pés dos discípulos.

HOMILIA DIÁRIA

Que aprendamos com Jesus a lavarmos os pés uns dos outros!

Em vez da soberba, do grito, das brigas, discussões e das acusações, porque tudo isso é do maligno e dever ser expulso do meio de nós, que nós aprendamos, contemplando Jesus Crucificado, a lavarmos os pés uns dos outros!
”Portanto, se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Dei-vos o exemplo, para que façais a mesma coisa que eu fiz” (João 13, 14-15).
Nesta Quinta-feira Santa, nós hoje nos dirigimos às nossas igrejas, comunidades e paróquias para celebrarmos o Tríduo Pascal de Nosso Senhor Jesus Cristo. A Páscoa do Senhor começa a ser celebrada na Sua intensidade nesse dia maravilhoso. A Páscoa do Senhor começa na mesa, mas ela não começa com o Corpo e o Sangue do Senhor com a instituição da Eucaristia; ela começa com o mandamento da caridade, o mandamento do amor supremo. Aqueles que querem se aproximar da mesa, para comer o Corpo e o Sangue do Senhor, devem primeiro lavar os pés uns dos outros.
Sabem, meus irmãos, não é teatro aquilo que hoje fazemos em nossas igrejas, aquilo que celebramos hoje em nossas comunidades, é vida, é condição, é regra para quem quer se tornar um discípulo de Jesus Cristo e experimentar a profundidade da Sua Paixão e do Seu amor, por nós, aprender a lavar os pés uns dos outros! Lavar os pés era um serviço para os escravos, os senhores chegavam de suas missões e por onde quer que tivessem andado, sentavam-se e os escravos lavavam seus pés.
O Senhor está, hoje, nos dizendo que ninguém é mais do que ninguém, que ninguém é mais importante do que ninguém; que ninguém deve ser reconhecido, exaltado e aclamado como se fosse a pessoa mais importante do mundo.
O mais importante é aquele que serve; portanto, quem quer ser discípulo de Jesus não deve buscar ser servido, ao contrário, deve ser aquele que serve! E como hoje precisamos buscar o rosto do Cristo servidor por meio de uma Igreja servidora, de uma Igreja e de um povo de Deus que não esperam que o povo venha, apareça, mas que vão ao encontro dos outros, para que possamos lavar os pés uns dos outros!
Celebre a Páscoa do Senhor, celebre de verdade a Páscoa na sua vida lavando os pés daqueles de quem você precisa lavar! Talvez dentro da nossa própria casa seja o marido quem precise lavar os pés da esposa; ou os pais precisem lavar os pés dos filhos, ou talvez sejam os filhos que necessitem lavar os pés dos pais.
Nós precisamos lavar os pés uns dos outros, quando lavamos os nossos pés, estamos nos purificando, estamos nos reconciliando uns com os outros. Em vez da soberba, do grito, das brigas, discussões e das acusações, porque tudo isso é do maligno e dever ser expulso do meio de nós, que nós aprendamos, contemplando Jesus Crucificado, a lavarmos os pés uns dos outros!
Uma boa Páscoa para você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Fonte: Canção Nova em 17/04/2014

Oração Final
Pai Santo, na nossa comunhão eucarística, o pão e o vinho assimilados pelo corpo querem significar o Cristo assumindo a nossa existência. E nós formamos a tua Igreja que, unida à natureza e à humanidade, entoa o hino de glória à tua Criação. Pelo mesmo Cristo Jesus, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 17/04/2014

ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, não permitas que nos acostumemos com os Mistérios que um dia nos maravilharam. Ensina-nos, a cada dia, a enxergar a Novidade de tua Presença nos ritos que celebramos e, mais do que tudo, nos irmãos que colocas junto a nós na caminhada. Pelo Cristo Jesus, teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo reina na unidade do Espírito Santo. Amém.

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