sábado, 30 de dezembro de 2017

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 31/12/2017

ANO B


Festa da Sagrada Família

ANO B – Branco

“Sagrada Família, Jesus, José e Maria, abençoe nossas famílias.”

ANO NACIONAL DO LAICATO

Lc 2,22-40

Ambientação

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Neste último domingo do ano, liturgicamente dedicado à família, queremos celebrar em comunhão com todas as nossas famílias. Podemos definir a família numa frase: “família é relação”. Não erramos ao afirmar que a família é a melhor escola do relacionamento humano. Quando as coisas não funcionam bem na família, a perspectiva para o futuro não é das melhores, com ameaças de relacionamentos tempestuosos vindouros. Por isso, hoje, nosso olhar se volta à casa de Nazaré, onde vivia a Sagrada Família. Uma família pobre, gente simples e modesta, que enfrentou problemas, assim como grande parte de nossas famílias. Queremos também, neste último domingo de 2017, agradecer a Deus por tudo o que vivemos, principalmente as graças e bênçãos que do alto recebemos.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos, o nosso olhar se direciona para a humilde casa de Nazaré para contemplar a família de Jesus, Maria e José, cuja Festa nós celebramos neste clima festivo e familiar do Natal. Nascendo em uma família, Cristo nos ensina o valor e a importância da família, célula viva da Igreja e da sociedade. Iniciemos, com alegria, a nossa celebração.

Comentário do Evangelho

Maria e José creram no Senhor

No trecho do livro do Gênesis que lemos hoje, aparece, pela primeira vez na Escritura, a palavra "fé" (cf. v.6). É como se a descendência numerosa prometida a Abraão nascesse da fé em Deus. De fato, é crendo que se vê realizar o que Deus promete. É pela fé de Abraão que Israel existe como povo de Deus. Abraão será, por isso, conhecido como o pai dos que têm fé.
Maria e José creram no Senhor. Por isso, abriram mão de seus projetos pessoais para aderirem ao desígnio salvífico de Deus. Souberam viver, em cada etapa da vida, o desafio de compreender e acolher o mistério de Deus presente na vida de Jesus, que eles educaram e viram crescer. Lucas, neste e noutros relatos, parece não ter nenhuma preocupação com a exatidão histórica e cultural. Originalmente, os costumes da apresentação e purificação da mãe são distintos; Lucas parece confundi-los. A prescrição para a purificação da mulher que deu à luz encontra-se em Lv 12, 1ss. Lucas modifica Lv 12, 6 - não é só a mulher que deve ser purificada, mas "eles" (cf. Lc 2,22). A prescrição quanto à consagração ou apresentação do primogênito ao Senhor encontra-se em Ex 13, 1.11-12. O nosso relato se baseia em 1Sm 1,22-28. O Filho primogênito tinha que ser resgatado ao completar um mês do seu nascimento, mediante o pagamento de um ciclo de prata a um membro de uma família sacerdotal (Nm 3, 47-48; 18,5-16). Lucas omite toda a menção do resgate do primogênito e transforma a cerimônia numa simples apresentação do menino no Templo de Jerusalém. Seja como for, e sem nos atermos a todas as possibilidades de interpretação, parece-nos que a intenção do evangelista é fazer com que o Antigo Testamento, representado por Simeão e Ana, testemunhe a realização da promessa de Deus em Jesus (cf. Lc 2, 29-32). O Antigo Testamento chega à sua plenitude; inaugura-se uma nova etapa na história da salvação. A cada noite, com os olhos fixos no Senhor, a Igreja canta o nunc dimitis para proclamar o dom da salvação oferecida por Deus a toda humanidade. Jesus Cristo é a luz que ilumina todos os povos (cf. Jo 8, 12).
Pe. Carlos Alberto Contieri
Oração
Pai, dá-me a graça de ser piedoso e justo como as pessoas envolvidas no mistério da encarnação de teu Filho Jesus. Sejam elas para mim fonte de perene inspiração.
Fonte: Paulinas em 28/12/2014

Vivendo a Palavra

Aprofunda-se o mistério do Menino: Simeão e Ana acrescentam previsões místicas àquela que seria apenas mais uma apresentação no Templo. A Família volta para Nazaré, levando dúvidas quanto ao futuro do Menino, mas cheia da fé que ajudou a Criança a crescer forte e cheia de sabedoria e de Graça.
Fonte: Arquidiocese BH em 28/12/2014

VIVENDO A PALAVRA

No seio da família, ‘o menino crescia e ficava forte, cheio de sabedoria. E a graça de Deus estava com Ele’. A festa de hoje nos faz contemplar o mais perfeito modelo inspirador para as nossas famílias – não só as originadas pelos laços de sangue, mas para a grande família de fé – a Igreja – começando pela paróquia, fundamento da nossa comunidade eclesial.

Homilia Sagrada Família Jesus, Maria José

Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista

“Família de Nazaré é modelo”

Consagrado ao Senhor

No Tempo do Natal temos diversas celebrações que continuam a memória do Mistério da Encarnação que acompanha toda a vida de Cristo. Se por um lado há uma tendência em acentuar tanto sua Divindade que perdemos de vista sua Humanidade, por outro acontece acentuar tanto o aspecto humano que esquece o Divino.
Pela fé cremos na união das duas naturezas e na sua total unidade e integridade: Homem-Deus. Maria e José vão ao templo para os ritos após o nascimento do primogênito.
Ele pertence a Deus e tem que ser resgatado: “Todo primogênito do sexo masculino deve ser consagrado ao Senhor” (Lc 2,23), conforme está escrito na lei do Senhor (Ex 13,2). Trata-se de um rito de família. Ali estão os pais reconhecendo a propriedade que Deus tem sobre o Filho. Jesus pertence ao Pai.
Nesse momento é reconhecido por Simeão que vivia a esperança de Israel, isto é, a vinda do Messias. Quem assim vivia era movido pelo Espírito Santo. Notamos que os filhos pertencem a Deus e, se temos o Espírito, vamos reconhecer neles a presença de Deus que age para o bem.
Criamos os filhos para Deus. Na profecia deste ancião está indicada sua missão: salvação para os que creem e perda para os que não acolhem. É o mistério da recusa. Diante de Cristo não há meios termos ou indiferença.
A Igreja participa dessa condição de Jesus e sofre também a espada que atravessa o coração por ver a recusa do Evangelho e o sofrimento dos filhos perseguidos. Cumpre também a profecia feita por Simeão a Maria: Uma espada atravessará tua alma (Lc 2,35).

Revestir-se das virtudes

A Palavra de Deus convida a nos revestirmos de Cristo. Revestir-se não é uma atitude exterior, mas ação da graça. Quando Paulo estimula a nos revestirmos das virtudes, está mostrando os efeitos da presença de Cristo em nós que gera um procedimento coerente.
Não há o que mais destrua a força de Cristo em nós que a incoerência, isto é, crer e não agir como crê. O apóstolo, conhecedor da vida de família, enumera as virtudes na família e na comunidade: Revestir-se de misericórdia, bondade, humildade, mansidão, paciência, suportar-se e perdoar-se mutuamente.
E retoma o fundamento: “Amai-vos uns aos outros, pois o amor é o vínculo da perfeição”. Reine a paz e sede agradecidos. Viver a vida cristã é viver a Palavra. Um ajude o outro admoestando para superar os males.
A oração é a costura de todas essas virtudes. Todas as atividades sejam feitas em Cristo, dando graças a Deus por meio dele. O relacionamento familiar insiste na preocupação de uns pelos outros no mútuo acolhimento e dedicação. Quando se diz imitar a Sagrada Família, é realizar na vida esse projeto.

Envelhecer no Espírito

O próprio Jesus é apresentado como modelo a ser seguido: “E o Menino crescia e se tornava forte, cheio de sabedoria; a graça de Deus estava com Ele” (40). É um projeto formativo para as famílias cristãs: Crescimento integral: físico, intelectual e espiritual. Sem isso temos a degradação da sociedade.
Simeão e Ana, as duas figuras apresentadas hoje, mostram que envelhecer no Espírito é saber encontrar e identificar Messias e sua ação.
O livro do Eclesiástico mostra a força do quarto mandamento, que é o primeiro da segunda tábua, colocando como condição para ter o perdão dos pecados e força da oração o respeito e atenção aos pais, sobretudo, envelhecidos. Celebrar o Natal do Senhor é deixar Jesus nascer em nossas casas através das virtudes do Redentor, tão bem vividas por sua Mãe.

Leituras: Eclesiástico 3,3-7.14-17ª;Salmo 127; Colossenses 3,12-21; Lucas 2,22-40

Ficha nº 1400 - Homilia Sagrada Família Jesus, Maria José (28.12.14)

O Evangelho quer, mostrando os ritos a apresentação de Jesus no templo, acentuar sua pertença ao Pai e sua humanidade. Ele deve ser resgatado, segundo a lei. Como Simeão, se tivermos o Espírito reconheceremos a presença do Messias. Na profecia desse ancião está a missão de salvação e a queda de muitos.
A Igreja sofre também a recusa. A Palavra nos convida a nos revestirmos de Cristo. Paulo ensina que esse revestir-se acontece através das virtudes. Elas se resumem no amor. A oração é a costura de todas as virtudes. Viver a vida cristã é viver a Palavra. O crescimento de Jesus como homem é o modelo a ser seguido.
É o crescimento integral. Simeão e Ana mostram como envelhecer cheio do Espírito. A obediência ao quarto mandamento é condição para o perdão dos pecados e a força da oração. Celebrar o Natal é deixar Jesus crescer em nossas casas através das virtudes do Redentor, tão bem vividas por sua Mãe.

A vez dos velhos

A celebração da Sagrada Família não é só uma lembrança, mas um projeto de vida como lemos no evangelho da celebração: Unidos realizam os ritos necessários para a vida da comunidade; Ouvem a Palavra de Deus através da experiência do velho Simeão e de Ana; Aprendem que o valor de viver sob a inspiração do Espírito Santo; Entendem que Jesus é o Messias, mas que deve ser educado como homem, pois cresce em todos os sentidos; Sabem que Ele deve crescer na ciência de Deus.
A sociedade atual descarta os velhos. Na cultura africana, que conheci, ter um velho é ter um tesouro. Diziam: quando morre um velho, queimou-se uma biblioteca. É uma sabedoria que a sociedade perdeu.
Com isso perdemos valores e a formação nas virtudes anunciadas por Paulo. Ali está o modo de viver cristão. Este é o primeiro mandamento na referente ao próximo.
E é o único com uma promessa de vida boa e longa (Ex 20,12 e Ef 6,1-3). Deus recompensa quem cuida de seus pais. Examinemos se alguns dos males que sofremos não provêm da desobediência a esse mandamento! O Eclesiástico põe aí a condição de sermos perdoados dos pecados e ouvidos em nossa oração.
Fonte: a12 - Santuário Nacional em 28/12/2014

Comentário do Evangelho

LUZ DAS NAÇÕES

A cena da apresentação do menino Jesus no templo e o rito de purificação de Maria são ricos em detalhes que evidenciam a identidade do Salvador. Revestem-se de um conjunto de elementos proféticos, pelos quais a existência de Jesus se pautará.
Ele foi apresentado como pobre. Seus pais ofereceram um casal de rolinhas ou dois pombinhos, como era previsto para as família mais pobres Aliás, toda a vida de Jesus transcorrerá na pobreza.
Com o rito de oferta, o Messias tornava-se uma pessoa consagrada ao Pai. Esta será uma marca característica de sua existência. Não se pertencerá a si mesmo; todo seu ser estará posto nas mãos do Pai, por cuja vontade se deixará guiar.
O velho Simeão definiu a missão do Messias Jesus: ser luz para iluminar as nações e manifestar a glória de Israel para todos os povos. Por meio de Jesus, a humanidade poderia caminhar segura, sem tropeçar no pecado e na injustiça, e, assim, chegar ao Pai.
Por outro lado, o Messias Jesus estava destinado a ser sinal de contradição. Quem tivesse a coragem de acolhê-lo, seria libertado de seus pecados. Mas para quem se recusasse aderir a ele, seria motivo de queda. Portanto, Jesus seria escândalo para uns, e ressurreição para outros.
Esta cena evangélica retrata, assim, o que Jesus encontraria pela frente.
Oração
Senhor Jesus, possa tua luz brilhar em minha história e ajudar a me reerguer da prostração a que o pecado me reduziu.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Ó Deus de bondade, que nos destes a Sagrada Família como exemplo, concedei-nos imitar em nossos lares as suas virtudes para que, unidos pelos laços do amor, possamos chegar um dia às alegrias da vossa casa. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Dom Total em 28/12/2014

REFLEXÕES DE HOJE


31 DE DEZEMBRO-DOMINGO

VEJA AQUI MAIS HOMILIAS DESTE DOMINGO

SAGRADA FAMÍLIA

Por Celso Loraschi

I. Introdução geral

A Igreja preocupa-se de modo especial com a família. Ela é o espaço privilegiado onde se desenvolve o maravilhoso dom da vida de cada ser humano. O Documento de Aparecida lembra que “a família é sujeito e objeto de evangelização, centro evangelizador de comunhão e participação”. Para isso, “deve encontrar caminhos de renovação interna e de comunhão com a Igreja e o mundo” (DAp 568s). O papa Francisco convocou recentemente um sínodo sobre os desafios pastorais da família no contexto da evangelização. De fato, são muitos os desafios que enfrenta a família na atualidade. Nela repercutem as influências positivas e negativas das rápidas mudanças pelas quais passa o mundo. Há valores importantes que precisam ser preservados e aprofundados em cada nova geração. Os textos bíblicos escolhidos para esta celebração da Sagrada Família refletem sobre esses valores que autenticam o verdadeiro relacionamento entre os diversos membros que formam a família, ampliando-se para a comunidade. O texto do Eclesiástico dirige-se especialmente aos filhos, a fim de que saibam honrar e servir os seus pais, em obediência à lei de Deus. Assim, atrairão sobre si bênçãos divinas (I leitura). A carta aos Colossenses ressalta os sentimentos de que devem revestir-se os cristãos, como a compaixão, a bondade, a humildade, a mansidão e a paciência. Assim, a paz de Cristo reinará na vida da família-comunidade, pois todos os membros formam um só corpo (II leitura). Ao contemplar a família de Nazaré (evangelho), constatamos que Deus realiza o seu plano de amor por meio do assentimento de fé dos pais, como Maria e José. A família é sagrada na medida em que seus membros se amam, pois, onde há amor, Deus aí está.

II. Comentário dos textos bíblicos

1. I leitura (Ec 3,3-7.14-17a): Honrar pai e mãe

O livro do Eclesiástico (ou Sirácida) foi escrito originalmente em hebraico em torno do ano 200 a.C. por um senhor chamado de Jesus filho de Sirac. O original não chegou até nós. O que temos é a tradução em grego feita pelo neto do autor, por volta do ano 130 a.C. É um livro que busca preservar a tradição religiosa do povo judeu, cuja identidade está ameaçada pelo domínio grego. Um dos temas mais caros desse livro é a sabedoria aplicada ao cotidiano. O texto da liturgia de hoje ressalta a Sabedoria que se expressa no relacionamento dos filhos com os seus pais. Constitui um comentário do quarto mandamento do Decálogo. É bom verificar todo o conjunto do texto: 3,1-18. A honra aos pais refere-se tanto ao respeito à autoridade como ao sustento em suas necessidades. O desprezo desse mandamento corresponde à ofensa a Deus.
Apesar da cultura patriarcalista em que o autor está inserido, percebe-se (pelo menos neste texto) igualdade de tratamento para pai e mãe, assim como se constata também na formulação do quarto mandamento. Esse mandamento, como afirma a carta aos Efésios, é “o primeiro que vem acompanhado de uma promessa: para que sejas feliz e tenhas vida longa sobre a terra” (Ef 6,2-3). Essa promessa, no texto do Eclesiástico, é desdobrada em várias bênçãos divinas ao filho ou à filha que honra e respeita o seu pai e a sua mãe: alcança o perdão dos pecados; é como quem ajunta um tesouro; será respeitado pelos seus próprios filhos; quando rezar, será atendido; terá uma vida longa; dará alegria à sua mãe; a compaixão para com o pai não será esquecida e, em lugar dos pecados, serão aumentados os méritos; no dia da aflição, será lembrado por Deus…

2. II leitura (Cl 3,12-21): Santos e amados de Deus

Este texto da carta aos Colossenses, atribuída a Paulo, orienta a comunidade cristã no que se refere ao relacionamento na família. A cultura grega predominava em toda a região da Ásia Menor, onde se situava a cidade de Colossas. A casa, normalmente, era constituída por esposa e marido, pais e filhos, escravos e patrões. É esse o modelo de casa que tem presente o autor.
Ao ler o conjunto do texto (3,5-17), percebe-se o motivo pelo qual os membros da casa devem ser instruídos. Há comportamentos condenáveis, como a “imoralidade sexual, impureza, paixão, maus desejos, especialmente a ganância, que é uma idolatria” (3,5). E mais: há desordens provocadas por “ira, furor, malvadeza, ultrajes e palavras indecentes” (3,8) e também há mentiras (3,9) e discriminação de pessoas, “entre grego e judeu, circunciso e incircunciso, estrangeiro ou bárbaro, escravo e livre” (3,11).
Esse modo de pensar e de agir, é claro, ameaça a vida familiar também dos cristãos. São comportamentos que contrariam o que deveria ser o modo de viver dos seguidores e seguidoras de Jesus, “eleitos de Deus, santos e amados”. Então, qual é a maneira coerente de viver desses “eleitos de Deus”? O texto (3,12-17) é tão claro, que prescinde de explicação. Constitui um caminho privilegiado para a felicidade das famílias no tempo atual.
No que se refere à “submissão” da mulher ao marido (3,18), deve-se levar em conta o sistema familiar dominante na época, em que o poder de decisão se concentrava na figura do pai/patrão. O autor é filho da sua época. À luz dos ensinamentos de Jesus, porém, foi restabelecida a igualdade entre mulher e homem, entre esposa e marido. Todos os seres humanos, cada qual com suas originalidades e especificidades de funções, possuem a mesma e imprescindível dignidade. Isto é agradável ao Senhor, que nos criou à sua imagem e semelhança.

3. Evangelho (Lc 2,22-40): A família de Nazaré

O texto de Lucas faz parte do conhecido “evangelho da infância” de Jesus (Lc 1-2). Os personagens citados nesse evangelho da infância são retratados como escolhidos de Deus, por meio dos quais ele realiza o seu plano de amor e de salvação universal. A própria etimologia dos nomes, na língua hebraica, revela traços do rosto divino: Gabriel (Deus é forte), Zacarias (Deus se lembra), Isabel (Deus é plenitude), João (Deus é favorável), Maria (amada de Deus), José (Deus acrescente), Ana (misericórdia), Simeão (Deus ouviu) e Jesus (Deus salva).
O texto deste domingo apresenta alguns desses personagens, Maria e José, Simeão e Ana, como fiéis seguidores da tradição religiosa de Israel. Cumprindo o que está escrito na Lei, Maria e José levam o menino Jesus ao templo para ser apresentado diante do Senhor e para oferecer sacrifícios (Lv 12,2-8). Se a mãe “não dispuser de recursos suficientes para oferecer um cordeiro, tomará duas rolas ou dois pombinhos” (Lv 12,8).
Lucas, em seu evangelho, faz questão de ressaltar que Deus se revela na história humana não por meio do poder, do dinheiro ou do prestígio social. É por intermédio dos simples e pequeninos que ele se dá a conhecer, e conta com eles para realizar o seu plano no mundo. Maria e José não faziam parte dos personagens importantes. Faziam parte dos “pobres de Javé”, isto é, punham sua total confiança em Deus e esperavam a vinda do Salvador; eram abertos à vontade de Deus e dispostos a assumir a missão que ele lhes indicava.
Também Simeão e Ana são apresentados por Lucas como pessoas afinadas com o plano de Deus. Não estão aí por acaso: representam o povo de Israel, que se manteve fiel na certeza da vinda do Salvador, conforme a promessa feita por meio dos profetas. O texto diz que Simeão “era justo e piedoso e esperava a consolação de Israel”; Ana era profetisa e “servia a Deus dia e noite com jejuns e orações”. São pessoas conduzidas pelo Espírito Santo que sabem discernir e acolher os sinais de Deus na história humana. Por isso, ambos se alegram, louvam a Deus e anunciam suas maravilhas.
Jesus, portanto, cresceu sob o cuidado de Maria e José, na simplicidade de um lar comum, participando de sua comunidade de fé e respeitando a tradição religiosa de seu povo. Conheceu a Deus com base no testemunho de seus pais e foi tomando consciência de sua identidade e de sua missão salvadora. “O menino foi crescendo, ficando forte e cheio de sabedoria. A graça de Deus estava com ele” (Lc 2,40). A sagrada família de Nazaré inspira as famílias cristãs de nossos dias: quando Deus é levado a sério e seu amor é vivido entre todos os que estão na casa, essa família torna-se portadora da bênção divina, “sujeito e objeto de evangelização, centro evangelizador de comunhão e participação”. É uma família “sagrada”.

III. Pistas para reflexão

- A família é bênção de Deus que precisa ser cultivada. Nas entrelinhas dos textos do Eclesiástico e da carta aos Colossenses, podemos captar o alerta diante do que pode ameaçar a vida familiar. É necessário cultivar os valores que a tradição de fé nos deixou como herança. São valores que atraem a bênção divina, como o comportamento de honra e de respeito dos filhos para com os pais, bem como os sentimentos de compaixão, bondade, humildade, mansidão, paciência e perdão mútuo. A família de Nazaré inspira a família de hoje a ser “sagrada”, tendo em vista a plena realização de cada um dos seus membros e a sua missão evangelizadora no mundo, como esclarece o Documento de Aparecida:
O casal santificado pelo sacramento do matrimônio é um testemunho da presença pascal do Senhor. A família cristã cultiva o espírito de amor e serviço. Quatro relações fundamentais da pessoa encontram seu pleno desenvolvimento na vida da família: paternidade, filiação, irmandade, nupcialidade. Essas mesmas relações compõem a vida da Igreja: experiência de Deus como Pai, experiência de Cristo como irmão, experiências de filhos em, com e pelo Filho, experiência de Cristo como esposo da Igreja. A vida em família reproduz essas quatro experiências fundamentais e as compartilha em miniatura: são quatro facetas do amor humano (DAp 583).

Outras reflexões sobre a família no Documento de Aparecida, números 567 a 616.
Celso Loraschi
Mestre em Teologia Dogmática com Concentração em Estudos Bíblicos, professor de evangelhos sinóticos e Atos dos Apóstolos no Instituto Teológico de Santa Catarina (Itesc).
E-mail: loraschi@itesc.org.br
Fonte: Vida Pastoral em 28/12/2014

Reflexão
Pistas para a reflexão:

I leitura: O mandamento do amor gera perdão e alegria.
II leitura: Famílias unidas, fraternas e generosas geram comunidades santas.
Evangelho: Com Jesus, chega a boa-nova da salvação.
Fonte: Paulus em 28/12/2014

HOMILIA

MEUS OLHOS VIRAM A SALVAÇÃO QUE VEM DE DEUS

Estamos diante da plenitude dos tempos. Chegou à hora de se cumprir a profecia bíblica. Jesus é o Primogênito que deve ser consagrado a Deus. E consequentemente da purificação de Maria sua mãe. É tempo de pleno cumprimento da lei de Moisés. Vemos duas leis que se misturam sem serem diferenciadas. Pois a purificação da mãe era prevista em Levítico 12,2-8 e se cumpria quarenta dias após o parto. Até aquele momento, a mulher não poderia aproximar-se de nenhum lugar sagrado, já que era considerada impura por causa do sangue derramado durante o parto; a cerimônia consistia na oferta de um cordeiro ou para famílias pobres um par de rolas ou dois pombinhos. Pela oferta do casal nazareno, se torna evidente a sua condição de pobreza e simplicidade.
Enquanto que a consagração dos primogênitos está prescrita em Êxodo 13,11-16 e era considerada com uma espécie de “resgate” – lembrando a ação salvífica quando Deus libertou os israelitas da escravidão do Egito. Resgatando o próprio filho, o pai dizia: “Te resgato porque eu também fui resgatado quando o Senhor nos tirou com mão forte da casa da escravidão” (Ex 13,2.11-16). O texto quer mostrar que Jesus não foi dispensado de nenhuma prática da lei, seus pais foram obedientes a fim de que o destino do menino se desenvolvesse desde o início conforme as Escrituras. Entretanto, o texto só acena que se completaram os dias, mas não narra a cerimônia em si talvez para fazer entender que Jesus não tem necessidade de ser resgatado. Jesus, não é resgatado, mas aquele que resgata, aquele que salva o seu povo.
Ainda com Simeão, após o canto, ele diz a Maria que o seu menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição. E quanto a Maria, uma espada traspassará a alma dela. Normalmente, interpreta-se aqui o anúncio do sofrimento de Maria. Mas também devemos ver aqui Maria como imagem do povo: Simeão intui o drama do seu povo, que será profundamente dilacerado pela palavra viva e cortante do Redentor. Maria representa o percurso: deve confiar, mas enfrentará dores e escuridões, lutas e silêncios angustiantes. A história do Messias sofredor será dilacerante para todos, também para Maria. Não se pode seguir a nova luz destinada ao mundo inteiro sem pagar o preço, sem se arriscar, sem renascer sempre de novo do alto para uma nova criatura. Mas estas imagens, ou seja, da espada que traspassa, do menino que fará tropeçar e abalará os corações, não estão separadas do gesto carregado de sentido dos dois anciãos: pois, enquanto Simeão recebe o menino em seus braços, para indicar que a fé é encontro e abraço, não ideia nem teoria; Ana é anunciadora e acende em quem o esperava uma luz fulgurante.
Enfim, interessante é notar que todo o episódio dá ênfase às situações mais simples e familiares: o casal Maria e José com o menino no braço; o ancião que se alegra e abraça, a anciã que prega e anuncia os interlocutores que aparecem indiretamente envolvidos. E também a conclusão do texto deixa ver o lar de Nazaré, o crescimento do menino num contexto normal, a impressão de um menino dotado em modo extraordinário de sabedoria e bondade. O tema da sabedoria entrelaçada com a vida normal de crescimento e no contexto de uma cidadezinha Nazaré, deixa um suspense na história: esta se reabrirá justamente com o tema da sabedoria do menino entre os doutores do templo. E será exatamente o relato que segue imediatamente.
Quero caro amigo (a) que juntos, nos façamos uma dura revisão de vida, nos questionemos. Vejamos tudo o que acontece conosco, à nossa volta, o julguemos e ajamos sem demora. Veja que a festa da Apresentação do Menino Jesus é também a nossa, como filhos e filhas consagrados ao Senhor já mesmo desde o ventre materno.
Depois que juntos ficamos a saber tudo o que Deus fez na vida de Simeão e Ana, o que mudou em mim e em ti? As palavras de Simeão, suas atitudes, como também aquelas de Ana, têm um significado especial para mim? Como entendo esta “espada que traspassa”: reconheço que se trata de um sofrimento na nossa consciência diante dos desafios e exigências para seguir Jesus Cristo ou acho que se trata só de um sofrimento íntimo de Maria?
O que este relato pode significar para a tua família de hoje? Para a formação religiosa dos seus filhos? Para entender o projeto que Deus tem para cada um de seus filhos, os medos e angústias que os pais carregam no coração, só de pensar quando os filhos crescerem? Empenho-me periodicamente para fazer uma revisão de vida com a minha família a fim de ser sempre mais família? Como marido ou mulher ou filho, filha, tenho a capacidade de me abrir ao diálogo com a minha família, procurando escutar-lhes e partilhar assim as suas alegrias e expectativas? Como casado, membro de uma família chamada a viver as virtudes da Família de Nazaré, me empenho concretamente em prol de outras realidades familiares da minha comunidade paroquial, diocesana em dificuldade para realizar a grande família cristã, a Igreja de Cristo? Sou um bom cumpridor de minhas obrigações familiares e cristãs? Participo regularmente dos convívios familiares ( jantar, almoço, festas e…) bem como das celebrações litúrgicas ( missas, paraliturgias ) ou procuro sempre desculpas para não me fazer presente? Deixo-me guiar pelo Espírito Santo como Simeão? Como faço para escutar hoje o Espírito Santo? Também entendo que o seguimento ao Messias é algo que implica compromisso e que também pode ser como uma espada que atravessa o coração? Posso medir meu crescimento de forma equilibrada como Jesus? Há partes de mim que crescem e outras que não saem do lugar? Quais? E meus olhos, já conseguiram ver a salvação que Jesus veio me trazer?
Pai, a exemplo de Simeão e de Ana, faze-me penetrar no mais profundo do mistério de teu Filho Jesus, faze que os meus olhos vejam a Salvação que vem de Vós e como eles vos proclame aos membros da minha família. Amém!
Padre BANTU SAYLA
Fonte: Liturgia da Palavra em 28/12/2014

HOMILIA DIÁRIA

Toda família é sagrada para Deus

Toda família é sagrada para Deus, por isso Jesus escolheu nascer na Sagrada Família. A sua casa, a sua família, é sagrada aos olhos de Deus.
“O menino crescia e tornava-se forte, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava com ele” (Lucas 2,40).
Nós hoje celebramos a linda festa da Sagrada Família, composta por Jesus, Maria e José. Sim, Deus quis morar no meio de uma família, quis estar na família humana, por isso escolheu uma casa, escolheu ter pai, ter mãe. E nessa casa, nessa família foi que Jesus cresceu, foi se tornando menino, homem e nos apontou a direção e o caminho da vida.
Na realidade, o Senhor começou a nos ensinar a direção e o caminho da vida não foi quando cresceu, foi quando nasceu e quando quis habitar dentro de uma família, por isso nós a chamamos de Família Sagrada.
Deixe-me dizer uma coisa a você: toda família é sagrada para Deus! A sua casa, a sua família, é muito sagrada aos olhos de Deus. Cada família tem um valor único e singular para o coração de Deus! Cada casa, cada família, é o lugar da morada de Deus!
Cada casa e a família de cada um de nós é a nossa primeira Igreja, é o primeiro lugar onde conhecemos Deus. É onde podemos conhecer a grandeza de Deus manifestada pelo amor dos pais.
Por isso, hoje, nós queremos pedir a Deus por todas as nossas famílias. Primeiro, pedindo pelo amor dos esposos, pois não se tem família se pai não ama mãe, se mãe não ama pai, e não é fácil viver este amor entre pai e mãe.
Hoje, quero dizer ao coração do homem e da mulher, do marido e da esposa: permitam que a Palavra de Deus habite no coração de vocês, assim como está nos chamando a Segunda Leitura da Missa de hoje, permitam que a Palavra de Cristo conduza os sentimentos, os afetos e a vida familiar de vocês.
Um dia vocês dois prometeram ser fiéis um ao outro e o tempo demonstra que isso nem sempre é fácil, por isso digo hoje aos esposos que estão nos escutando: se vocês querem edificar um lar santo coloquem a Palavra de Deus meditada e vivida no meio da sua família e ela dará o sentido e a condução da sua casa.
Que os filhos saibam amar e respeitar seus pais e tenham a devida obediência a eles mesmo quando, muitas vezes, isso não seja fácil, mesmo quando, frequentemente, os pais tenham seus defeitos, seus limites e não manifestem o amor que vocês tanto desejavam ter.
Meu filho e minha filha, o amor de Deus vai permanecer para sempre no seu coração se você souber amar e respeitar os seus pais, mesmo com todos os defeitos que eles possam ter!
Papai e mamãe, que a graça de Deus esteja com vocês, para que criem seus filhos segundo a vontade do Senhor! Que cada lar, que cada família, seja uma sagrada família!
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Fonte: Canção Nova em 28/12/2014

Oração Final
Pai Santo, que adotaste uma família como lugar de acolhida da tua Palavra, dá força e discernimento para que nós, Igreja deste século, compreendamos que a Família é o jeito privilegiado para caminharmos na vida seguindo o Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão que contigo reina na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 28/12/2014

ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, abençoa nossas famílias. Que mães, pais e filhos se espelhem em Maria, José e no Menino Jesus, para que as relações dentro dos nossos lares façam lembrar o ambiente terno e delicado que se respirava na casinha de Nazaré. Por Jesus Cristo, Teu Filho e nosso Irmão, que contigo reina na unidade do Espírito Santo. Amém.

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