domingo, 2 de novembro de 2014

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 2/11/2014

ANO A


Jo 11,32-45

Comentário do Evangelho

O sopro de Deus faz viver para além da morte.

O fundamento da fé da Igreja é a ressurreição de Jesus Cristo. A celebração da memória de todos os fiéis defuntos é ocasião de suplicar a Deus a graça da fé na ressurreição de Cristo, condição para crermos na Páscoa eterna daqueles que já partiram deste mundo. É por essa razão que, neste dia de finados, a Igreja nos oferece esse trecho do capítulo 11 de João, que é uma catequese sobre a ressurreição. Nosso relato (Jo 11,1-45) é o sétimo e último sinal que Jesus realiza. Isso significa que ele é a plenitude dos sinais. A finalidade dos sinais, como de todo o evangelho, é conduzir os discípulos, o leitor do evangelho, nós todos, à fé em Jesus Cristo (cf. Jo 20,30-31). Com esse relato, o autor do evangelho prepara o leitor para entrar com esperança nos relatos da paixão, morte e ressurreição de Jesus.
O sopro de Deus faz viver para além da morte. No centro do texto do evangelho, trecho que não lemos neste dia, está a afirmação de Jesus a Marta: “Eu sou a ressurreição e a vida” (v. 25). É pela fé que se participa dessa vida nova, transfigurada. A pergunta que provoca e desafia a fé de Marta e a nossa fé é a seguinte: “Crês nisto?” (v. 26). Marta responde afirmativamente, pois ela é no relato símbolo do discípulo perfeito que põe a sua confiança no Senhor. Ante a morte há, segundo nosso texto, duas atitudes possíveis, representadas por Maria e sua irmã Marta: ficar prisioneiro do círculo da morte e do luto (Maria) ou romper com esse círculo pela adesão ao Senhor da vida (Marta). Quando Marta ouviu dizer que Jesus estava próximo, saiu correndo ao seu encontro; Maria, no entanto, permaneceu em casa, sentada, mergulhada no luto e na tristeza. A presença do Senhor suscita a esperança. Permanecer em casa é fechar-se à possibilidade da fé. Marta que crê na ressurreição de Cristo, na vida que ele dá, será para sua irmã Maria mensageira de um chamado do Senhor que a faz sair do mundo da morte para estar diante daquele que é o Senhor da vida. A pergunta que se nos impõe a partir do relato para a nossa reflexão é a seguinte: com qual das duas irmãs você se identifica? Você é portador de que mensagem?
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, dá-me a graça de compreender a ressurreição de Jesus como vitória da vida e como sinal de que a morte não tem a última palavra sobre o destino daqueles que creem.

Vivendo a Palavra - Jo 11,32-45

Lembrando os que morreram, pensamos na nossa própria morte. Não temos aqui morada permanente. O Evangelho mostra o jeito cristão de encarar com esperança e alegria essa realidade, que o mundo tenta evitar a todo custo: através da lente da ressurreição, a morte é nossa passagem para o Reino do Pai Misericordioso.

HOMILIA - JO 11, 17-27


Homilia da Comemoração dos Fiéis Defuntos (02.11.14)
Pe. Luiz Carlos de Oliveira, C.Ss.R.

“Dai-lhes, o descanso eterno”
Lembrai-vos de mim no altar

Santo Agostinho narra os últimos momentos de sua bem-aventurada mãe, Santa Mônica. Numa simplicidade muito grande diante da morte, vendo a dor dos filhos, pediu: “Lembrai-vos de mim no altar de Deus”.
Naquele momento Agostinho relatava o cotidiano da vida. Estas palavras de sua mãe no momento da morte são uma prova de que a Igreja, desde os primórdios, rezava pelos mortos. Era uma prática já enraizada na vida do povo de Deus.
Por que negar que podemos rezar pelos mortos, se pedimos às pessoas vivas que rezem por nós? Podemos rezar pelos mortos porque todos fazemos parte do Corpo de Cristo. Somos membros uns dos outros. Paulo é claro:
“Se um membro sofre, todos os membros compartilham seu sofrimento” (1Cor 12,26). Todos nós fazemos parte deste corpo de Cristo: Nós, os que estão na Glória e os que estão no Purgatório. Diz o Catecismo:
“Desde os primórdios, a Igreja honrou a memória dos defuntos e ofereceu sufrágios (Orações) por eles, em especial o sacrifício eucarístico” (Dz 856)". Está em pleno acordo com a Palavra de Deus em 2º Macabeus 12,46. Por que rezamos? Para exercer a maior caridade que é auxiliar com as preces a purificação que não podem mais merecer por si.
É bom rezar pelos outros agora, por que um dia rezarão por nós. Como parte deste Corpo Místico, podemos merecer por eles que não podem merecer por si essa reparação dos pecados que não levam à morte. Um membro doente do corpo é recuperado pela saúde dos outros. A doutrina do Purgatório faz parte de nossa fé. Não sabemos como é. É um estado espiritual. Quando estivermos por lá, vamos entender.

Participando da vida de Cristo

Rezar pelos mortos é mostrar nossa fé na Ressurreição. Esta fé nos garante a vida: “Eu sou a Ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra viverá. E todo o que vive e crê em mim não morrerá jamais. Crês nisso? Sim, Senhor, eu creio firmemente que Tu és o Messias, o Filho de Deus que deve vir ao mundo” (Jo 11,25-27).
Ter fé é, no ensinamento de João, ter a Vida Eterna: “Ninguém pode vir a mim se o Pai que me enviou, não o atrair; e eu o ressuscitarei no último dia... Aquele que crê tem a Vida eterna” (Jo 6,44.47).
Ter a Vida Eterna é participar de Cristo que é a vida. A celebração dos mortos mostra com clareza que acreditamos na Vida de Cristo em nós. A narrativa da ressurreição de Lázaro vai além de um caso de amizade que termina numa ressurreição, mas é a demonstração da garantia de nossa ressurreição. Na oração da missa pedimos a Deus: “aumentai nossa fé no Cristo ressuscitado para que seja mais viva a nossa esperança na Ressurreição dos vossos filhos e filhas”.
Queremos, com a celebração de hoje celebrar o sacramento pascal, a Eucaristia, para que os falecidos cheguem à luz e à paz da casa do Pai (pós-comunhão).

Certeza da Ressurreição

Podemos não admitir muitos ritos que celebramos na lembrança dos mortos, como flores, velas, visita aos cemitérios e outros elementos de outras culturas.
Não os faríamos se não acreditássemos na vida que vai além da morte. Não acredito que alguém possa dizer que não crê na vida eterna se realiza tantos atos em favor dos mortos. Se rezamos, é porque cremos que a oração e em sua força purificadora. Não só a oração é útil, mas também a caridade, as boas obras e santa Missa.
Não podemos perder a memória de nossos falecidos, pois eles são nossos intercessores junto de Deus. Eles vivem no amor de Deus e nos levam a Deus através de sua oração. Toda missa é também para todos os defuntos.

Leituras :Jó 19,1.23-27ª; Salmo 26; 1,17-27 Romanos 6,3-9; João 11,17-27
Ficha nº 1384 - Homilia da Comemoração dos Fiéis Defuntos (02.11.14)

As palavras de Santa Mônica revelam a prática cotidiana da comunidade, já enraizado. Todos fazemos parte do Corpo de Cristo, nós os vivos,os falecidos que estão no Purgatório e os que estão na Glória.
Rezar pelos mortos é mostrar nossa fé na Ressurreição.  Quem crê tem a vida eterna. Ter a vida eterna é participar é participar da vida de Cristo. A ressurreição de Lázaro é garantia de nossa ressurreição.
Há muitos ritos para celebrar os mortos. São sinais que acreditamos na vida que vai além da morte. Além da oração temos outros atos que ajudam na sua purificação: caridade, boas obras e a santa Missa. Eles também nós ajudam, pois são nossos intercessores.

Assustando defunto

Temos medo de defunto. O que pensar de Lázaro voltando à vida?
Contemplamos hoje dois mistérios: a fragilidade da vida que termina com a morte e a Ressurreição de Cristo que nos dá a Vida. Lázaro, amigo de Jesus, morreu. Suas irmãs tinham esperança que poderia curá-lo. Agora, era tarde. Já estava apodrecendo na cova.
Jesus vem de longe e vai ao túmulo. Chama Lázaro e este sai fora do túmulo. A fé em Jesus é como a ressurreição: Marta diz: “Eu creio que tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”.
Pelo Batismo ressuscitamos para Deus. Essa ressurreição nós a recebemos pela fé em Jesus. Ela nos garante a Vida Eterna.

Comentário do Evangelho - João 6,37-40

DIA DOS FINADOS cristãos batizados são convidados a santificar-se e os que decidem viver plenamente o mistério pascal de Cristo não têm medo da morte. Porque ele disse: "Eu sou a ressurreição e a vida". Para todos os povos da humanidade, seja qual for a origem, cultura e credo, a morte continua a ser o maior e mais profundo dos mistérios. Mas para os cristãos tem o gosto da esperança. Dando sua vida em sacrifício e experimentando a morte, e morte na cruz, ele ressuscitou e salvou toda a humanidade. Esse é o mistério pascal de Cristo: morte e ressurreição. Ele nos garantiu que, para quem crê, for batizado e seguir seus ensinamentos, a morte é apenas a porta de entrada para desfrutar com ele a vida eterna no Reino do Pai. Enquanto para todos os seres humanos a morte é a única certeza absoluta, para os cristãos ela é a primeira de duas certezas. A segunda é a ressurreição, que nos leva a aceitar o fim da vida terrena com compreensão e consolo. Para nós, a morte é um passo definitivo em direção à colheita dos frutos que plantamos aqui na terra. Assim sendo, até quando Nosso Senhor Jesus Cristo estiver na glória de seu Pai, estará destruída a morte e a ele serão submetidas todas as coisas. Alguns são seus discípulos peregrinos na terra, outros que passaram por esta vida estão se purificando e outros, enfim, gozam da glória contemplando Deus. Os glorificados integram a Igreja triunfal e são Todos os Santos, os quais, nós, os intees da Igreja militante, cristãos peregrinos na terra, comemoramos no dia 1o de novembro. Os Finados integram a Igreja da purificação e são todos os que morreram sem arrepender-se do pecado. O culto de hoje é especialmente dedicado a esses. Embora todos os dias, em todas as missas rezadas no mundo inteiro, haja um momento em que se pede pelas almas dos que nos deixaram e aguardam o tempo profetizado e prometido da ressurreição. A Igreja ensina-nos que as almas em purificação podem ser socorridas pelas orações dos fiéis. Assim, este dia é dedicado à memória dos nossos antepassados e entes que já partiram. No sentido de fazer-nos solidários para com os necessitados de luz e também para reflexão sobre nossa própria salvação. Encontramos a celebração da missa pelos mortos desde o século V. Santo Isidoro de Sevilha, que presidiu dois concílios importantes, confirmou o culto no século VII. Tempos depois, em 998, por determinação do abade santo Odilo, todos os conventos beneditinos passaram, oficialmente, a celebrar "o dia de todas as almas", que já ocorria na comunidade no dia seguinte à festa de Todos os Santos. A partir de então, a data ganhou expressão em todo o mundo cristão. Em 1311, Roma incluiu, definitivamente, o dia 2 de novembro no calendário litúrgico da Igreja para celebrar "Todos os Finados". Somente no inicio do século XX, em 1915, quando a morte, a sombra terrível, pairou sobre toda a humanidade, devido à I Guerra Mundial, o papa Bento XIV oficiou o decreto para que os sacerdotes do mundo todo rezassem três missas no dia 2 de novembro, para Todos os Finados.
Oração
Ó Deus, escutai com bondade as nossas preces e aumentai a nossa fé em Cristo ressuscitado, para que sejam mais via a nossa esperança na ressurreição dos vossos filhos e filhas. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

REFLEXÕES DE HOJE


DIA 02 DE NOVEMBRO – DOMINGO

VEJA AQUI MAIS HOMILIAS PARA O PRÓXIMO DOMINGO
2 de novembro – DIA DOS FIÉIS DEFUNTOS
Por Celso Loraschi

I. Introdução geral

A Igreja celebra o dia dos Fiéis Defuntos ou dia de Finados imediatamente após o dia de Todos os Santos. Ambas as celebrações estão intimamente ligadas, uma vez que fazemos a memória dos que já se encontram na pátria celeste. Veneramos os santos reconhecidos oficialmente pela Igreja e pedimos a sua intercessão. No entanto, todos os que estão junto de Deus são também santos. Muitos deles foram nossos parentes, amigos ou conhecidos. Lembramo-nos deles e também de todas as pessoas que faleceram. Desde os primeiros séculos, os cristãos rezam pelos falecidos, visitando os túmulos dos mártires e recordando seus testemunhos de fé e amor. A partir do século V, a Igreja dedica um dia do ano para rezar por todas as pessoas falecidas, também por aquelas que ninguém lembra. É um dia que evoca saudade, esperança e compromisso. Saudade daqueles que partiram e marcaram, de uma maneira ou de outra, a vida de todos nós que ainda peregrinamos neste mundo. Esperança porque nos foi revelado que a morte não tem a última palavra, é passagem para a vida em plenitude. Compromisso porque queremos que nosso tempo histórico seja vivido de acordo com o que nos exorta a palavra de Deus. Como Jó, depositamos nossa confiança naquele que é o defensor da vida (I leitura). Renovamos nossa convicção de que “a esperança não decepciona”, como afirma Paulo em sua carta aos Romanos (II leitura). E nos consolamos, agradecidos, com a declaração de Jesus: “Esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não deixe perecer nenhum daqueles que me deu, mas que os ressuscite no último dia”.

II.  Comentário dos textos bíblicos

1. I leitura (Jó 19,1.23-27a): Eu o verei com os meus próprios olhos
O livro de Jó faz parte da literatura sapiencial. Foi escrito, em sua maior parte, no período pós-exílico, por volta do ano 400 a.C. Reflete sobre a questão do sofrimento das pessoas justas, retratadas na figura de Jó. Em situação calamitosa, abandonado por todos, Jó recebe a visita de três “amigos”. Em vez de manifestar solidariedade a Jó, procuram convencê-lo de que o sofrimento se deve aos pecados que certamente cometera. Eles representam o pensamento teológico dominante: a conhecida “teologia da retribuição”, segundo a qual Deus retribui o bem com o bem e o mal com o mal. Podemos imaginar as consequências dessa teologia na vida das pessoas empobrecidas, abandonadas, doentes… O sistema religioso oficial as considerava pecadoras ou impuras e, portanto, indignas da salvação divina.
Jó está convencido de sua inocência. Debate com os amigos até dar-se conta de que está realmente sozinho em suas convicções. Com quem poderá contar? Pouco a pouco, Jó vai abandonando suas pretensões de se fazer entender. Dentro de sua própria realidade de dor e trevas, encontra novo caminho de acesso a Deus, já não vinculado ao dogma da retribuição. Para além de qualquer instituição, abre-se para Deus, fonte de toda a vida. Jó confessa: “Eu sei que meu defensor está vivo”. Defensor, vingador ou redentor (go’el em hebraico), na antiga tradição de fé do povo de Israel, é aquele cuja função é proteger os membros mais fracos da família, como também resgatar os bens, a vida e a liberdade das pessoas endividadas.
A certeza da intervenção divina em favor da vida das pessoas justas é ressaltada nesse texto. É uma declaração cujas palavras merecem ser “consignadas num livro, gravadas por estilete de ferro num chumbo, esculpidas para sempre numa rocha”. Deus se interessa pela vida pessoal de cada um de seus filhos. Ele nos ama, nos liberta e nos salva. A experiência religiosa de Jó o leva a proclamar: “Eu mesmo o contemplarei, meus olhos o verão…”.

2. II leitura (Rm 5,5-11): A esperança não decepciona
Esse texto está relacionado com o seu contexto imediatamente anterior. Paulo refere-se à justificação pela fé, o dom gratuito da salvação que Deus nos concede por meio de Jesus Cristo. Somos todos pecadores. Eis em que consiste o amor divino: Cristo morreu por nós, pessoas fracas, injustas e infiéis. Pela morte expiatória de Jesus, revela-se o rosto misericordioso de Deus. Ele não leva em conta a nossa condição de pecadores. Seu amor não é baseado em nossos méritos. Por meio de Jesus, fomos reconciliados com Deus e, pela fé, vivemos em paz com ele.
Nessa certeza, a caminhada nesta vida terrena é marcada pela “esperança que não decepciona, pois o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”. Ora, o amor de Deus em nossos corações nos dá a garantia de um futuro de plenitude e glória. A vida plena não é ilusão: é revelação divina que nos foi dada definitivamente na vida, morte e ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo. Assim, reconciliados com Deus, vivemos o nosso tempo histórico como expressão de alegria e de gratidão a Deus, que nos criou e nos salva na gratuidade de seu amor. Se Deus nos ama desse modo, também nós devemos amar uns aos outros. Se Jesus entregou sua vida livremente para a vida do mundo, também nós doamos a vida, livremente, pelo bem dos outros.

3. Evangelho (Jo 6,37-40): A vida eterna
O capítulo 6 do Evangelho de João apresenta o ensinamento de Jesus sobre o pão da vida. Ele se dirige à multidão perto do mar da Galileia. Chama-lhes a atenção para que não se ocupem somente com o alimento que perece, e sim com o “pão da vida”, o alimento que dura para a vida eterna.
O pão da vida é o próprio Jesus, que livremente se doa como alimento: “Eu sou o pão da vida: aquele que vem a mim não terá fome, e aquele que crê em mim jamais terá sede” (6,35). Na caminhada do Êxodo, rumo à terra prometida, Deus enviou do céu o “maná” que alimentou o povo durante todo o tempo. É o símbolo da palavra de Deus que alimenta e dá a vida. Agora, Jesus é o verdadeiro maná descido do céu como eterno alimento para todos os que nele creem. Ele é a Palavra de Deus que se fez carne. Dele nos alimentamos (palavra e eucaristia) neste novo êxodo rumo à pátria celeste.
Toda pessoa que, pela fé, acolhe Jesus e dele se alimenta já possui a vida eterna. A fé em Jesus não se resume a um assentimento intelectual nem apenas a uma adesão religiosa, sem compromisso concreto. A fé é um jeito de ser que perpassa o cotidiano da vida. É a configuração da nossa vida na vida de Jesus. Assim, todo aquele que vive em Jesus não perecerá. Foi para isso que Deus enviou o seu Filho ao mundo. “Esta é a vontade de meu Pai: que todo aquele que vê o Filho e nele crê tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia”. A fé nos possibilita “ver” Jesus, penetrar no seu mistério e inundar todo o nosso ser pelo dom da verdadeira vida.
A comunidade joanina confessa que Jesus veio ao mundo “para que todos tenham vida e vida em plenitude” (Jo 10,10). Esta é também a nossa confissão de fé: ele é o doador da vida plena já para este mundo e para a eternidade. Ele mostrou o caminho da justiça e da fraternidade a este mundo e venceu a morte pela sua ressurreição. Ele não exclui ninguém. Nele já ressuscitamos para a vida. A morte não tem a última palavra.

III. Pistas para reflexão

- Meus olhos verão a Deus. Deus se revela na história humana de modo processual. Pouco a pouco, conforme atesta a Bíblia. Ele se deu a conhecer juntamente com o seu plano de amor e salvação. O livro de Jó mostra que o ser humano é um buscador de Deus. No meio de muitas perguntas, dúvidas e crises, Deus permite que amadureçamos até nos convencermos de que ele realmente existe e é a fonte de toda a vida. Reconhecemos que, sem sua presença amiga e misericordiosa, a vida perderia todo o sentido. O encontro com Deus transforma o nosso jeito de pensar e agir. Ele é defensor da vida, o doador de todos os bens. Dele viemos e para ele voltamos. Com base nessas afirmações, é importante nos perguntarmos como estamos administrando a vida que Deus nos deu. Que rumo estamos dando à nossa breve existência? Com quais valores irrenunciáveis orientamos os nossos passos na direção da morada definitiva?
- Meus olhos veem a Deus. Enquanto Jó confessa sua fé na futura visão de Deus, o Evangelho de João nos indica que já podemos “ver” a Deus na pessoa de Jesus Cristo. O processo de revelação de Deus e de seu plano de amor e salvação culminou em Jesus. Ele veio ao mundo para que tenhamos a vida, e vida plena. Ver a Jesus com os olhos da fé implica viver conforme sua prática e seus ensinamentos. Quem está em Jesus e dele se alimenta (palavra e eucaristia) já possui a vida eterna. Uma pessoa é irradiadora da verdadeira vida quando pauta seus pensamentos, projetos, palavras e ações no evangelho de Jesus Cristo…
 – Caminhar como se víssemos o invisível. A saudade dos nossos entes queridos nos faz refletir sobre a nossa condição de pessoas transitórias neste mundo. Seria uma lástima viver sem conhecer o verdadeiro significado da nossa existência. São Paulo, em sua incansável missão de anunciar o evangelho, insiste na verdade da salvação gratuita de Deus. Seu amor incondicional foi definitivamente comprovado na vida, morte e ressurreição de Jesus. Por ele fomos reconciliados com Deus e, “estando reconciliados, seremos salvos por sua vida”. Essa esperança não decepciona, e sim orienta os nossos passos neste êxodo rumo à pátria eterna. Essa esperança impregna o tempo presente de um sentido “cairológico”: é tempo propício de acolher a graça divina; de desapegar-se do que é efêmero; de cultivar a amizade pessoal com Deus; de discernir e acolher a sua vontade. Como seguidores de Jesus, é tempo de defender e promover a vida neste mundo, sinal da vida futura.

Celso Loraschi
Mestre em Teologia Dogmática com Concentração em Estudos Bíblicos, professor de evangelhos sinóticos e Atos dos Apóstolos no Instituto Teológico de Santa Catarina (Itesc).
E-mail: loraschi@itesc.org.br
http://vidapastoral.com.br/roteiros/2-de-novembro-dia-dos-fieis-defuntos/
2 de novembro: Finados
QUE NADA SE PERCA

A comemoração de Todos os Fiéis Falecidos é ocasião para recordar aqueles que já passaram por este mundo, para agradecer o bem que puderam fazer, o amor que conseguiram espalhar.
É também ocasião para pensar na própria morte. Não para deixar de fazer planos, mas para direcionar a própria vida na perspectiva dos seguidores de Jesus, o Filho que revela o amor pleno do Pai e busca a todo custo salvar a todos.
Salvar de que, para que e como? Salvar de uma vida sem sentido, que se perde no nada; salvar para a vida eterna, na ressurreição que nos abre a visão e o ser de Deus, o tudo para sempre; salvar pela fé nele mesmo, o Filho de Deus, aderindo a suas palavras, assimilando sua vida, doada como alimento para a vida do mundo.
É oportuno, portanto, pensar na morte em relação à vida. Dizemos que o contrário da morte é a vida. Mas a morte terrena não é o fim da vida. O contrário da morte terrena é tão somente o nascimento neste mundo. A vida continua, plenificada por Deus, que nos ressuscita por sua graça. Pois é de graça que Deus nos dá a vida eterna, resgatando o pouco que aqui tivermos feito, completando o muito que ficou faltando. E isso porque ele ama.
Pensar na morte é pensar no amor que se doa, o amor que dá sentido à nossa vida; o amor que revela qual é a nossa fé, nossa adesão a Jesus; o amor que somos chamados a viver hoje, porque hoje pode ser, de fato, nosso último dia.
Ao rezar por nossos entes queridos que já vivem na comunhão dos santos, agradeçamos ao Deus da vida, que nos ama e em seu Filho dá sentido à nossa existência. A fé na eternidade e a certeza da morte terrena nos levam a relativizar o que aqui deixaremos, para dar a devida importância ao que levaremos para junto de Deus.
Pe. Paulo Bazaglia, ssp
Dia 2 – DIA DE FINADOS
CREIO NA COMUNHÃO DOS SANTOS E NA VIDA ETERNA

Ao iniciar o mês de novembro, no dia 1º celebramos Todos os Santos e Santas de Deus e hoje, no dia 2, relembramos todos os fiéis falecidos. São dois dias de reflexão e de oração, quando alegria e saudade, recordações e esperanças invadem o ânimo de quem tem o verdadeiro sentido espiritual da vida. As grandes questões acerca da nossa existência retornam à consciência. Para uma dessas tormentosas questões, temos uma resposta segura: nascemos para viver eternamente.
A morte, no seu sentido de destruição total, de retorno ao nada, para o ser humano cristão não existe. Nós viveremos sempre, mesmo depois do desfalecimento da nossa vida presente: o nosso espírito sobrevive e, em um último e definitivo dia, as cinzas dispersas do nosso corpo serão reanimadas pelo poder criador de Deus. Esta é a verdade de nossa vida e o futuro que nos aguarda.
O homem moderno, que maravilhosamente se desenvolveu no campo da ciência e da tecnologia, sofre a tremenda tentação de esquecer, de negar essa nossa futura realidade e, assim, torna-se fatalmente profeta da morte. Ao reduzir a vida ao tempo presente, ele perde a dimensão da transcendência da existência humana, exaltando os valores do tempo como se fossem os únicos e definitivos; depois se resigna ou se desespera, porque descobre que são efêmeros e passageiros.
Nós, cristãos católicos, acreditando “na comunhão dos santos e na vida eterna”, professamos que, enquanto aguardamos a gloriosa vinda do Senhor, alguns de seus discípulos são peregrinos na terra; outros, que já passaram desta vida, estão se purificando; outros, enfim, gozam da glória, contemplando a Deus. Todos, porém, comungamos na mesma caridade de Deus. Assim, aqueles que estão a caminho não têm de maneira alguma interrompida a sua união com os irmãos falecidos; ao contrário, ela é fortalecida pela comunhão dos bens espirituais (cf. LG 49).
Orani João Tempesta, O.Cist.
Cardeal Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro
http://www.paulus.com.br/portal/o-domingo-palavra/dia-2-dia-de-finados#.VFboKTTwnfI
2 de novembro – FINADOS
A IGREJA DO VATICANO II

Dando continuidade à proposta de – mensalmente ao longo deste ano, neste espaço de O Domingo-Celebração da Palavra de Deus – recordar o Concílio Ecumênico Vaticano II ao comemorarmos 50 anos de seu início, escolhemos para este mês as constituições Lumen Gentium e Gaudium et Spes, que versam sobre a Igreja.
O Vaticano II foi um concílio orientado para a vivência da fé, da esperança e da caridade.
Fixou-se nas relações da Igreja com os seres humanos e com o mundo, por trabalhar mais na dimensão pastoral. No seu precioso conjunto de documentos, podemos pinçar conceitos e propostas que dão uma face renovada à Igreja, esposa de Cristo. A dupla visão da Igreja ficou bem clara na constituição dogmática Lumen Gentium e na constituição pastoral Gaudium et Spes. A primeira define sua natureza cristológica, enquanto a segunda se volta para a vertente pastoral. Aquela começa dizendo que “a Igreja é como que o sacramento ou o sinal e instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano”, e esta assim fala: “As alegrias e as esperanças dos seres humanos de hoje, sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo”.
Ambas respeitam as verdades básicas que, conforme o espírito do concílio, pedem uma atualização à luz dos sinais dos tempos. A Lumen Gentium vê a Igreja em seu viés teológico, enquanto a Gaudium et Spes é constituição pastoral centrada na presença de Deus no mundo atual.
Fotografia nítida da Igreja conciliar se encontra nesta síntese bem formulada do cardeal Aloísio Lorscheider: “O Vaticano II faz-nos passar de uma Igreja-instituição ou de uma Igreja-sociedade perfeita para uma Igreja-comunidade, inserida no mundo, a serviço do reino de Deus; de uma Igreja-poder para uma Igreja pobre, despojada, peregrina; de uma Igreja-autoridade para uma Igreja serva, servidora, ministerial; de uma Igreja piramidal para uma Igreja-povo; de uma Igreja pura e sem mancha para uma Igreja santa e pecadora, sempre necessitada de conversão, de reforma; de uma Igreja-cristandade para uma Igreja-missão, uma Igreja toda ela missionária”. Esse é o perfil da Igreja lavada nas águas puras do Concílio Ecumênico Vaticano II.
D. Geraldo Majella Agnelo – Cardeal Arcebispo Emérito de Salvador
http://www.paulus.com.br/portal/o-domingo-palavra/2-de-novembro-finados#.VFbo6jTwnfI
2 de novembro: Finados
A FELICIDADE DO REINO

As bem-aventuranças, no início do Sermão da Montanha, são o ensinamento de Jesus sobre a felicidade. A primeira e a oitava bem-aventuranças dão a chave para compreender todas as outras: felizes são os pobres em espírito, felizes são os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino do Céu. Felicidade, para Jesus, é já estar na dinâmica do reinado de Deus.
Num mundo que identifica a felicidade com riquezas, cargos e títulos, soam desconcertantes as palavras de Jesus, que proclama felizes os perseguidos por buscar a justiça de Deus, que proclama felizes os que vivem na simplicidade e na pobreza, guiados apenas pelo Espírito divino.
É que, deixando-se guiar pelo Espírito de Deus, os pobres entram na mesma missão de Jesus, vivendo e ensinando, como o Mestre, a solidariedade nas relações, ainda que isso venha acompanhado de perseguições e calúnias.
Para os que se afligem por buscar a justiça divina, para estes vem a consolação, que não tem nada que ver com resignação ou conformismo. A consolação é a força de Deus. E a força de Deus se mostra na certeza de que a terra será dos mansos, dos que não alimentam desejo de poder e riquezas.
Neste mundo diferente do Reino, que se começa a viver já aqui, o desejo que conta é o de justiça, e o caminho para a justiça de Deus está na misericórdia, na pureza de coração e na promoção da paz.
O reinado de Deus, de fato, já se iniciou neste mundo com a missão de Jesus. Felizes são os que já pertencem a esse reino, com um modo diferente de agir e pensar. Vivendo relações de fraternidade, sendo solidários com os sofredores, buscando quem está excluído, podemos já experimentar o reinado de Deus, que um dia será pleno. Então o Senhor da Vida, com sua graça, tornará plena e eterna a felicidade que aqui tivermos vivido, como pobres que se deixam guiar por seu Espírito.
Pe. Paulo Bazaglia, ssp
http://www.paulus.com.br/portal/o-domingo/2-de-novembro-finados-2#.VFbppTTwnfI
02 de novembro
ANO DA FÉ

Para comemorar os cinquenta anos da realização do Concílio Ecumênico Vaticano II, celebramos o Ano da Fé – convocado pelo papa Bento XVI, hoje emérito –, com conclusão no dia 24 deste mês, domingo de Cristo Rei.
O Concílio Ecumênico Vaticano II foi um grande dom de Deus para a sua Igreja. Ainda não foram suficientemente conhecidas e meditadas nem as quatro constituições promulgadas nem as três declarações e os nove decretos emanados.
Vale a pena abrirmos a Constituição Lumen Gentium, n. 4, sobre a missão do Espírito Santo na Igreja: “Terminada na terra a obra que o Pai confiou ao Filho, o Espírito Santo foi enviado no dia de Pentecostes a fim de santificar continuamente a Igreja e, por Cristo, no Espírito Santo, terem os fiéis acesso junto ao Pai. Ele é o Espírito da vida, a fonte de água que jorra para a vida eterna. Por ele, o Pai dá vida aos homens mortos pelo pecado, até ressuscitar em Cristo seus corpos mortais.O Espírito habita na Igreja e nos corações dos fiéis como em um templo. Neles ora e dá testemunho da adoção de filhos. Conduz a Igreja ao conhecimento da verdade total, unifica-a na comunhão e nos ministérios, ilumina-a com diversos dons carismáticos e hierárquicos e enriquece-a com seus frutos.Pela força do evangelho, rejuvenesce a Igreja, renovando-a constantemente, e a conduz à perfeita união com seu Esposo. Pois o Espírito e a Esposa dizem ao Senhor Jesus: ‘Vem!’”
Como resolução do Ano da Fé, renovemos os grupos de formação e reflexão em nossas comunidades para buscarmos a fonte de água que jorra para a vida eterna.
No batismo, pela água e pelo Espírito Santo, fomos feitos filhos de Deus e herdeiros do céu. Enquanto estamos nesta terra, somos enviados pelo Espírito para anunciar a boa-nova do evangelho que é Cristo, nosso salvador.
D. Geraldo Majella Agnelo
Cardeal Arcebispo Emérito de Salvador
Reflexão:
Pistas para a reflexão:

I leitura: Nosso destino é ver a Deus face a face.
II leitura: Cristo nos justifica e nos reconcilia com Deus para vivermos a esperança que não decepciona.
Evangelho: A vontade de Deus é que creiamos em Jesus e nele tenhamos a vida eterna.
DOMINGO, 2 DE NOVEMBRO DE 2014
O dia dos Finados

A liturgia do dia dos Finados poderia ser chamada também a liturgia da esperança. Pois, como "o último inimigo é a morte" (1 Cor 15,26), a vitória sobre a morte é o critério da esperança do cristão. A morte é considerada, espontaneamente, como um ponto final: "tudo acabou". A resposta cristã é: "A vida não é tirada, mas transformada" (prefácio). Esta resposta baseia-se na fé na Ressurreição de Jesus Cristo.


Se ele ressuscitou, também para nós a morte não é o ponto final. Somos unidos com ele na vida e na morte (Jo 11,25-26; evangelho). Ele é a Ressurreição e a Vida: unir-se a ele significa não morrer, não parar de existir diante de Deus, embora o corpo morra e se decomponha.
Trata-se de uma fé, de uma maneira de traduzir o Mistério de Deus e da totalidade da existência. Já no AT, o autor de Sb observa que as aparências enganam: a justiça dos justos não é um absurdo diante da morte ("ele não aproveitou nada da vida!") . Pelo contrário, é o começo do "estar na mão de Deus", que não tem fim (1ª leitura). Assim também descreve Paulo a existência cristã como estar já unido com Cristo na Ressurreição, o que é simbolizado pelo batismo (2ª leitura).
O texto de Paulo introduz, porém, um importante complemento na ideia de que a existência do fiel e justo já é o início da vida eterna: Paulo não gosta nada do espiritualismo exaltado de pessoas que se consideram "nova criação" sem morte existencial da vida antiga. No primeiro cristianismo havia uma tendência para um conceito "barato" da vida eterna, um pouco ao modo dos gnósticos, que achavam que bastava participar de algum "mistério" esotérico para ter a imortalidade. Paulo insiste muito na realidade tanto da morte quanto da ressurreição do Cristo (cf. 1Cor 15,12-19). E para participar destas é preciso também crucificar o velho homem com Cristo.
Portanto, a certeza de estarmos nas mãos de Deus - pela fé em Cristo que nos torna verdadeiramente "justos"- não tira nada do caráter crítico da morte corporal: ela fica um véu, atrás do qual nosso olhar não penetra. Inclusive, para o cristão, ele é mais "séria" do que para quem vive sem se preocupar de nada, porque ela significa desde já a morte do homem "natural". Não podemos viver com a perspectiva de sermos assumidos pelo Espírito de Deus, para ressuscitar com um "corpo não carnal, mas espiritual" (1Cor 15,44ss), se não nos acostumarmos ao Espírito desde já. O corpo espiritual de que Paulo fala é a presença "ao modo de Deus". Este é o nosso destino. Mas, se não nos tornarmos aptos para este modo agora, como seremos aptos para sempre?
Assim, a morte, para o cristão, é a pedra de toque de sua vida. Dá seriedade à sua vida. Valoriza, na vida, o que ultrapassa os limites da matéria, que é "só para esta vida" (1Cor 15,19). Abre-nos para o que é realmente criativo e supera o dado natural da gente. Um antegosto daquilo que é "vida pneumática", a gente o tem quando se supera a si mesmo, p.ex., negando seus próprios interesses em prol do outro. O verdadeiro amor implica, necessariamente, o morrer a si mesmo. Superação do homem confinado na perspectiva material, tal é a realidade espiritual que encontrará confirmação definitiva e inabalável na morte. Na morte, o que é verdadeiro e definitivo em nosso existir supera a precariedade da existência. A morte é nossa confirmação na mão de Deus: Ressurreição.
Para tal existência, morta para o homem velho, é que o batismo, configuração com Cristo, nos encaminha. Portanto, vivemos já a vida da ressurreição, num certo sentido. Quem diz isto em termos expressos é João (evangelho). A Marta, que representa o conceito veterotestamentário da vida eterna - a ressurreição depois da morte, no fim dos tempos - Jesus responde que, quem crê nele, já durante sua vida tem a vida eterna (11, 25-26; cf. 5,24). O fundamento de afirmação não convencional assim é que Jesus mesmo é o dom escatológico por excelência. Quem vê Jesus, vê Deus (Jo 14,9). Quem aceita Jesus na fé, não precisa esperar a vida do além para ver Deus (na linguagem do A.T., "ver Deus" era a grande esperança).
Com isso, estamos longe dos temas tradicionais referentes aos finados. De fato, a celebração dos féis falecidos é a celebração de nossa esperança e da comunidade dos santos, da "comunhão dos santos", tanto quanto a festa do 1o de novembro. A liturgia nada diz das penas do purgatório e coisas semelhantes, que tradicionalmente estão no centro da atenção neste dia. Ao deixarmo-nos ensinar pela nova liturgia, deslocaremos o acento desta comemoração. Vamos assmilar a espiritualidade desta liturgia, para ter uma visão mais cristã da morte, o passo definitivo que conduz à vida verdadeira. T
Do livro "Liturgia Dominical", de Johan Konings, SJ, Editora Vozes
A voz do Pastor - Comemoração dos Fiéis Defuntos - 02/11/2014
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Alegra-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus.

Pai,
dá-me a graça de compreender
a ressurreição de Jesus
como vitória da vida
e como sinal de que a morte
não tem a última palavra
sobre o destino daqueles que creem.




HOMILIA - Mt 5,1-12ª
ANÚNCIO DO NOVO CÉU E NOVA TERRA
O chamado Sermão da Montanha, faz parte do discurso inaugural do ministério público de Jesus, que se estende entre os capítulos 5 a 7 do Evangelho de S. Mateus. O de hoje o primeiro dos cinco discursos que o evangelista distribui estrategicamente no seu livro.
No texto destacamos dois elementos fundamentais: primeiro está o lugar de onde Jesus fala e o conteúdo do discurso. Depois de pregar nas sinagogas da Galileia, acompanhado de uma grande multidão, Jesus subiu ao monte para rezar, escolhe os doze apóstolos e depois chega a um lugar plano e sentando, os seus discípulos e toda a multidão se aproxima d’Ele e então, Ele tomando a palavra e começa ensinar. Bem-aventurados os pobres em espírito porque deles é o Reino dos céus...
A intenção evidente do evangelista é apresentar-nos um discurso completo. Há, portanto aqui uma unidade retórica, sendo este termo entendido não só como uso de figuras de estilo, mas, sobretudo como forma de usar as palavras e construir o discurso visando cumprir um determinado objetivo, que neste caso é proclamar de um modo novo o Evangelho do Reino.
Não há aqui espaço para uma interpretação detalhada do texto. Utilizaremos como marco hermenêutico a novidade que este sermão nos traz, advertindo desde já que de maneira nenhuma se trata de ruptura com o Antigo Testamento, mas sim do seu pleno cumprimento em Jesus Cristo. De fato, Ele declara: Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas. Não vim revogá-los, mas levá-los à perfeição. Levar à perfeição é o mesmo que dar pleno cumprimento, realizar plenamente.
À semelhança de Moisés, que sobe ao monte Sinai para receber as tábuas da Lei que há-de comunicar ao povo de Israel (cf. Ex 19, 3. 20; 24, 15), há quem veja na pessoa de Jesus um “novo Moisés” que surge como Mestre, não apenas de Israel, mas de todos os homens, chamados à vocação universal de serem discípulos de Cristo, pela escuta e vivência da sua Palavra: Nem todo o que me diz: ‘Senhor, Senhor’ entrará no Reino do Céu, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está no Céu; 7, 24: Ou ainda: Todo aquele que escuta estas minhas palavras e as põe em prática é como o homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha). Jesus senta-se na “cátedra” de Moisés (a montanha) como o Moisés maior, que estende a Aliança a todos os povos. Assim podemos ver o Sermão da Montanha como «a nova Torah trazida por Jesus».
Devemos insistir, porém que não se trata aqui de abandonar a Torah dada na aliança do Sinai. É sabido que o primeiro Evangelho foi escrito para uma comunidade de cristãos de origem judaica, enraizados e familiarizados com a Lei de Moisés, que continuava a ser valorizada e praticada. A preocupação do evangelista é mostrar que, sem abolir nada do que Moisés tinha deixado, Cristo, com a sua ação, o supera e leva à perfeição como só Ele pode fazer, absolutamente melhor do que qualquer outro profeta.
O que Mateus nos apresenta no texto de hoje não tenho nem se quer uma sombra de dúvidas de que seja o anúncio de um novo céu e uma nova terra onde haveremos de morar. É como que a realização de todas as promessas e bênçãos de Deus nos discípulos da nova aliança em Cristo, assim como no novo espírito com que se deve cumprir a Lei, concretizado nas práticas da esmola, da oração e do jejum. A atitude dos filhos do Reino traduz-se numa nova relação com as riquezas, com o próprio corpo e as coisas do mundo e com Deus, a quem nos dirigimos como Pai e de cujo Reino se busca a justiça, antes de tudo. Como não se pode dizer que se ama a Deus se não se ama os irmãos, não falta aqui à referência a uma nova relação com o próximo. Finalmente, o epílogo do sermão faz uma recapitulação e um apelo veemente à não apenas escutar a Palavra, mas a pô-la em prática, de forma consciente e deliberada.
Procuramos, da forma mais breve possível, ver como em Jesus Cristo se cumpre a promessa de Deus ao povo de Israel em Dt 18, 15 O Senhor, teu Deus, suscitará no meio de vós, dentre os teus irmãos, um profeta como eu; a ele deves escutar e a Moisés em Dt 18, 18 Suscitar-lhes-ei um profeta como tu, dentre os seus irmãos; porei as minhas palavras na sua boca e ele lhes dirá tudo o que Eu lhe ordenar. Como acontece noutras passagens dos Evangelhos, também aqui Jesus Cristo anuncia o Reino dos céus. Esta é uma forma semítica de dizer “Reino de Deus”, que está no meio de nós e se realiza plenamente no domínio ou reinado de Deus sobre todas as suas criaturas e na aceitação ativa, alegre e jubilosa desse reinado pelas mesmas criaturas, a começar pelo Homem, criado à sua imagem e semelhança.
O Sermão da Montanha é então para nós um autêntico programa de vida cristã que não deixaremos de meditar e pôr em prática em todos os dias, pois ele compreende o ANÚNCIO DE NOVO CÉU E DA NOVA TERRA onde haveremos de morar.
Fonte Padre BANTU SAYLA
HOMILIA
A morte é a porta de entrada para a bem-aventurança em Deus
Nós não estamos celebrando a morte como o fim, pois a fé nos dá a convicção de que a morte é a porta de entrada para a bem-aventurança eterna e feliz ao lado de Deus!
“Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim não morrerá jamais” (João 11, 25-26).


Nós hoje celebramos todos os fiéis falecidos, todos os homens e mulheres que viveram uma vida conosco e já partiram para a casa de Deus. Celebramos a nossa fé, baseada naquelas três virtudes teologais muito importantes: a fé, a esperança e a caridade.
Primeiro: nós cremos que o Nosso Deus é o Senhor da vida e não da morte. Nós não estamos celebrando a morte como o fim, pois a fé nos dá a convicção de que a morte é a porta de entrada para a bem-aventurança eterna e feliz ao lado de Deus!
Segundo: nós celebramos a esperança. Não podemos viver sem esperança, sem saber em quem esperar e em quem depositar a nossa esperança. É em Deus em quem nós esperamos, esperamos encontrar os nossos que já partiram, esperamos viver para sempre ao lado do Senhor, esperamos ser purificados dos nossos pecados, sermos lavados na imensidão da Sua misericórdia e participarmos para sempre da feliz bem-aventurança junto a Deus Nosso Senhor!
Terceiro: nós hoje também celebramos a caridade. Quando vamos ao cemitério, quando vamos à Missa, quando prestamos homenagens, preces e orações pelos nossos entes queridos que já faleceram, sobretudo por aqueles que ainda esperam na porta de entrada do céu, que se chama purgatório, onde estão sendo purgados, isto é, purificados dos resquícios de pecado e de impureza que ainda têm da vida terrena, nós contribuímos, ajudamos, colaboramos para aquilo que nós chamamos de comunhão dos santos. A comunhão entre a Igreja que está aqui, que está no céu e a Igreja padecente no purgatório.
A melhor maneira de exercermos a virtude da caridade no dia de hoje é visitarmos o cemitério ou a igreja e rezarmos pelos nossos entes, amigos, pessoas queridas já falecidas, e as recomendarmos sempre à misericórdia de Deus. “É, pois, santo e salutar pensamento orar pelos mortos, para que sejam livres dos seus pecados”, diz o Livro dos Macabeus.
Que o dia de hoje não seja um dia de tristeza, nem um dia de nos entregarmos à depressão! Muito pelo contrário, é dia de celebrarmos a fé e a esperança por maior que seja a saudade. Quem já viu um ente, uma pessoa querida sair desta vida e ir para a eternidade, saiba que hoje não é dia de más lembranças, por mais que aperte um pouco a dor da saudade, é dia de celebrarmos a fé, a confiança, a certeza da vida eterna!
Que façamos essa comunhão com os nossos que já partiram orando, pedindo por eles e, ao mesmo tempo, cuidando de nossa própria vida para vivermos na santidade, porque um dia nós também iremos ao encontro de Deus!
Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova. https://www.facebook.com/rogeraraujo.cn
LEITURA ORANTE

Jo 11,32-45 - Jesus é o Senhor da vida



Preparo-me para a Leitura Orante, com todos os internautas,
invocando o Espírito Santo:
Espírito de verdade,
a ti consagro a mente e meus pensamentos: ilumina-me.
Que eu conheça Jesus Mestre
e compreenda o seu Evangelho.
Ó Jesus Mestre, Verdade, Caminho e Vida, tem piedade de nós.

1. Leitura (Verdade)
- O que diz o texto do dia?
Leio atentamente, na Bíblia, o texto: Jo 11,32-45, e observo pessoas, palavras, relações, lugares.
Maria foi para o lugar onde estava Jesus. Quando o viu, caiu de joelhos diante dele e disse-lhe: "Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido". Quando Jesus a viu chorar e os que estavam com ela, comoveu-se interiormente e perturbou-se. Ele perguntou: "Onde o pusestes?". Responderam:"Vem ver, Senhor!". Jesus derramou lágrimas. 0s judeus então disseram: "Vede como ele o amava!". Alguns deles, porém, diziam:"Este, que abriu os olhos ao cego, não podia também ter feito com que Lázaro não morresse?". De novo, Jesus ficou interiormente comovido. Chegou ao túmulo. Era uma gruta fechada com uma pedra. Jesus disse: "Tirai a pedra!".  Marta, a irmã do morto, disse-lhe: "Senhor, já cheira mal: é o quarto dia". Jesus respondeu: "Não te disse que, se creres, verás a glória de Deus?" Tiraram então a pedra. E Jesus, levantando os olhos para o alto, disse: "Pai, eu te dou graças porque me ouviste! Eu sei que sempre me ouves, mas digo isto por causa da multidão em torno de mim, para que creia que tu me envias¬te". Dito isso, exclamou com voz forte: "Lázaro, vem para fora!". O morto saiu, com as mãos e os pés amarrados com faixas e um pano em volta do rosto. Jesus, então, disse-lhes: "Desamarrai-o e deixai-o ir!"...
Lázaro não ressuscita glorioso para viver sempre. Apenas volta a esta vida. Sua ressurreição prefigura a de Jesus, através de alguns elementos: panos, sepulcro, três dias. O milagre tem também dois objetivos: para que o povo creia na missão de Jesus e para a glória de Deus. Demonstra também o afeto de Jesus por seus amigos: "Jesus tinha muito amor a Marta, à sua irmã Maria e a Lázaro". E ainda, a comoção humana de Jesus diante da morte. O texto diz:"Jesus derramou lágrimas".
Outro texto  nos fala de Jesus como Senhor da vida. Vamos recordá-lo:
"Jesus foi para uma cidade chamada Naim. Com ele iam os discípulos e uma grande multidão. Quando chegou à porta da cidade, eis que levavam um defunto para enterrar; era filho único, e sua mãe era viúva. Grande multidão da cidade ia com ela. Ao vê-la, o Senhor teve compaixão dela, e lhe disse: «Não chore!»  Depois se aproximou, tocou no caixão, e os que o carregavam pararam. Então Jesus disse: «Jovem, eu lhe ordeno, levante-se!»  O morto sentou-se, e começou a falar. E Jesus o entregou à sua mãe. Todos ficaram com muito medo, e glorificavam a Deus, dizendo: «Um grande profeta apareceu entre nós, e Deus veio visitar o seu povo.»  E a notícia do fato se espalhou pela Judeia inteira, e por toda a redondeza." (Lc 7,11-17).
Nos Atos dos Apóstolos lemos que os apóstolos davam testemunho da Ressurreição do Senhor Jesus:
"A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém considerava propriedade particular as coisas que possuía, mas tudo era posto em comum entre eles. Com grande poder, os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus. E todos eles gozavam de grande aceitação.( At 4, 32-33).

2. Meditação (Caminho)
O que o texto diz para mim, hoje?
O texto me fala que Jesus Cristo é o Deus da vida e que, ao mesmo tempo, se sensibiliza com a dor humana. Os bispos, em Aparecida, disseram:
"Na história do amor trinitário, Jesus de Nazaré, homem como nós e Deus conosco, morto e ressuscitado, nos é dado como Caminho, Verdade e Vida. No encontro de fé com o inaudito realismo de sua Encarnação, podemos ouvir, ver com nossos olhos, contemplar e tocar com nossas mãos a Palavra de vida (cf. 1 Jo 1,1), experimentamos que “o próprio Deus vai atrás da ovelha perdida, a humanidade doente e extraviada. Quando em suas parábolas Jesus fala do pastor que vai atrás da ovelha desgarrada, da mulher que procura a dracma, do pai que sai ao encontro de seu filho pródigo e o abraça, não se trata só de meras palavras, mas da explicação de seu próprio ser e agir”136. Esta prova definitiva de amor tem o caráter de um esvaziamento radical (kenosis), porque Cristo “se humilhou a si mesmo  fazendo-se obediente até a morte e morte de cruz” (Fl 2,8). " (DAp 242).

3.Oração (Vida)
O que o texto me leva a dizer a Deus?
Rezo com Santo Agostinho
A morte não é nada

A morte não é nada.

Eu somente passei
para o outro lado do Caminho.

Eu sou eu, vocês são vocês.

O que eu era para vocês,
eu continuarei sendo.

Me deem o nome

que vocês sempre me deram,
falem comigo
como vocês sempre fizeram.

Vocês continuam vivendo

no mundo das criaturas,
eu estou vivendo
no mundo do Criador.

Não utilizem um tom solene

ou triste, continuem a rir
daquilo que nos fazia rir juntos.

Rezem, sorriam, pensem em mim.

Rezem por mim.

Que meu nome seja pronunciado

como sempre foi,
sem ênfase de nenhum tipo.
Sem nenhum traço de sombra
ou tristeza.

A vida significa tudo

o que ela sempre significou,
o fio não foi cortado.
Porque eu estaria fora
de seus pensamentos,
agora que estou apenas fora
de suas vistas?

Eu não estou longe,

apenas estou
do outro lado do Caminho...

Você que aí ficou, siga em frente,

a vida continua, linda e bela
como sempre foi.

4. Contemplação(Vida/ Missão)
- Qual o meu novo olhar a partir da Palavra?
Quero hoje viver com o olhar solidário de Jesus e descobrir, motivações de vida nova. Pensarei muito em vários momentos na ressurreição de Jesus e nossa.

Bênção
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.
Ir. Patricia Silva, fsp
Oração Final
Pai Santo, nós damos graças porque a certeza da morte não nos traz medo nem desesperança, mas traz a certeza de que nos aproximamos, unidos aos irmãos peregrinos, do teu abraço definitivo no Reino de Amor. Dá-nos, Pai amado, sabedoria, força e coragem para seguirmos Jesus Cristo, na certeza de que Ele é o Bom Caminho.

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