São Pedro
Bispo de Alexandria
+311
O século III talvez tenha
sido o mais trágico palco em que se desenrolou o drama da perseguição e
extermínio de cristãos. O vilão desse drama era o imperador romano, tirano,
cruel e violento. Defender o cristianismo, naqueles tempos, era atrair para si
a ira dos poderosos, no mínimo a prisão e o trabalho escravo, quando não o
exílio e, quase sempre, a morte. E assim, como o Povo de Deus nunca temeu
sacrificar-se em nome da fé em seu Redentor, foi um tempo em que floresceram
milhares de mártires.
Figuras da maior relevância pela inteligência,
cultura e santidade perderam a vida em defesa de sua fé cristã, combatendo a
ignorância pagã, instrumento de domínio dos mandantes. Uma delas foi Pedro,
patriarca de Alexandria, que foi consagrado no ano 300. Era admirado por todos
de seu tempo, por seu vasto saber científico e filosófico e pelo profundo
conhecimento das Sagradas Escrituras.
Sob sua responsabilidade estavam as igrejas do
Egito, da Tebaida e da Líbia, todos territórios de muita perseguição ao seu
rebanho. Mas quanto maior o perigo, mais firmeza demonstrava Pedro. Consolava
os perseguidos, acolhia e protegia os que mais sofriam, dava exemplos diários
de coragem e perseverança.
Porém o patriarca Pedro não enfrentou somente as
feras do paganismo. Também teve de lutar contra as forças opositoras que
surgiram dentro da própria Igreja cristã, corroendo-a internamente. Enfrentou
tudo com tolerância e benevolência, mas com firmeza. Apenas exigiu que os
bispos vivessem com o mesmo rigor a fé cristã e a mesma retidão de caráter e
disciplina de vida que ele próprio se impunha, não almejando, apenas, posição e
os bens materiais. Os bispos Melécio e Ário logo começaram um movimento radical
contra ele, visando o seu afastamento e o seu posto episcopal. Pedro, então, convocou
um Concílio e ambos foram afastados da Igreja. Aí começou a verdadeira guerra
contra o patriarca.
Os dois bispos negaram-se a reconhecer o poder do
Concílio, continuaram suas atividades episcopais e, em represália, passaram a
pregar contra a Igreja. Isso causou um cisma na Igreja, isto é, uma divisão que
durou cento e cinqüenta anos e que ficou conhecido como o "Cisma
Meleciano". Então, denunciado por Ário, Pedro acabou preso e condenado à
morte. Aliás, o imperador aproveitou-se da situação para eliminar aquela
incômoda liderança e autoridade católica.
A antiga tradição diz que, na véspera da execução,
Cristo apareceu-lhe numa visão, na forma de um menino que tinha a túnica
rasgada de alto a baixo. Disse-lhe que o responsável por aquilo era Ário, que
dividira sua Igreja ao meio. Assim, antes de morrer, ele viu sua doutrina
confirmada. Foi decapitado em 25 de novembro de 311 por opor-se ao cisma de
Melécio e pela fé em Cristo.
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