Esta devoção não teve origem em uma aparição ou um milagre
proclamado, ela nasceu para cristalizar o amor que os gaúchos das regiões dos
pampas sentem pela Mãe que os acompanham na vida diária. Há muito tempo eles
invocam Nossa Senhora Gaúcha do Mate, desde o raiar do sol quando começam a
tomam mate. Neste momento tornando-a presente nas suas mente e coração, ganham
força na fé e se sentem muito melhor.
Gaúcha é uma palavra que significa pessoa nobre e
generosa, usado para identificar os povos originários das planícies dos Pampas
do sul da América do Sul. Mate é uma infusão obtida com as folhas da planta
"ilex paraguayensis", amplamente consumida pelas famílias da
Argentina, Paraguai, Uruguai, Bolívia, Chile e do sul do Brasil. Cada
localidade tem sua particularidade na hora do preparo e consumo. Neste ritual,
a exemplo do chá, se expressa o símbolo da família, amizade, encontro e
partilha, entre irmãos e amigos, que fortalece e cria novos vínculos. É uma
celebração plena de conteúdo humano, cristão e muito regional.
A invocação à Virgem Gaúcha do Mate é quase tão
antiga quanto este ritual. Por isto um grupo de leigos e os padres salesianos
da província argentina de Missões, liderados pelo sacerdote Domingos
Lancelotti, encabeçaram um movimento junto à Santa Sé a fim de obter o
reconhecimento à essa nova devoção mariana. João Paulo II, fervoroso devoto da
Virgem, visitou oficialmente a Argentina em 1982 e 1987. Nas duas ocasiões foi
fotografado tomando mate e presenteado com muitos mates e cuias para
aprecia-lo. Também recebeu importantes testemunhos favoráveis à devoção de
Nossa Senhora Gaúcha do Mate como evangelizadora e reflexo da cultura deste
pedaço da América.
O movimento ganhou novo impulso em 1989, quando a
Conferência Episcopal da Argentina reassumiu sua gestão direta da igreja
nacional situada na Cidade Eterna. Nas festividades do Natal de 1992, uma
comitiva vinda da Argentina entregou ao Papa João Paulo II alguns presentes
típicos da região dos pampas. Dentre eles estava um quadro com a cópia da
imagem de Nossa Senhora Gaúcha do Mate venerada pela população. A obra original
é da artista Maria Inês Rosnhiski uma marista que, inspirada na devoção,
representou Maria com roupas comuns e simples, com o cotidiano gesto de servir
um mate junto ao braseiro.
No dia primeiro de maio de 1993, o núncio
apostólico argentino recebeu um documento escrito e assinado pelo mesmo Papa,
para ser entregue ao padre salesiano Domingo Lancelotti, em que se lê: "De
todo coração outorgamos a implorada benção apostólica, sob os auspícios de
Nossa Senhora Gaúcha do Mate". A mensagem transmitida por essa devoção é
de unidade, de família, de fraternidade de amizade, de encontro. A fraternidade
entre os povos será um dia a única via indispensável para encurtar suas
distâncias, indiferenças, preconceitos e individualismos. Será a Mãe e
Padroeira de todos os povos que reunirá todos os seus filhos. Nossa Senhora
Gaúcha do Mate está plena desta atualidade como portadora dos desejos de
solidariedade e paz entre os homens de boa vontade.
O quadro original da imagem foi entronizado na
igreja da Cidade dos Apóstolos da província das Missões, na Argentina. Sua
festa é celebrada na abertura da Exposição anual da Erva Mate, que ocorre
sempre na primeira quinzena de julho nesta cidade. Na solenidade de 1994, ela
foi proclamada "Padroeira da Erva Mate" e uma estátua esculpida em
madeira, conforme a original, colocada em uma gruta de pedra ao lado do
pavilhão de exposições.
Além disto, em 1998 durante a Reunião dos
representantes dos países que integram o Mercosul, por expressa solicitação dos
cônsules da Argentina, Paraguai e do Brasil foi proposta Nossa Senhora Gaúcha
do Mate como "Padroeira do Mercosul".
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