Santa Aurélia e
Santa Neomísia
(séc. XIV)
(séc. XIV)
Aurélia nasceu na Ásia Menor, no Oriente e era
muito unida à sua irmã Neomisia. Elas costumavam procurar pobres e doentes
pelas ruas para fazer-lhes caridade. E assim fizeram durante toda a
adolescência, mantendo-se muito piedosas e fervorosas cristãs. Aurélia sempre
dizia à irmã que, ao atingirem a idade suficiente, iriam visitar todos os
lugares sagrados da Palestina, em uma longa peregrinação.
De fato, Aurélia e Neomísia foram para a Terra Santa e viram onde Jesus nasceu
e viveu. Depois, fizeram todo o trajeto percorrido por ele até o monte
Calvário, onde foi crucificado e morreu para salvar-nos. Aurélia, envolvida
pela religiosidade da região e com o sentimento da fé reforçado, decidiu
continuar a peregrinação até Roma. Assim, visitaria o célebre santuário da
cristandade do Ocidente, sempre acompanhada pela irmã.
Elas não sabiam que os sarracenos muçulmanos estavam invadindo várias regiões
italianas e que, avançando, já tinham atacado e devastado a Calábria e a
Lucânia. Quando chegaram a Roma, as duas foram surpreendidas, na via Latina,
por um grupo de invasores, que as identificaram como cristãs. Ambas foram
agredidas e chicoteadas até quase à morte. Mas um fortíssimo temporal dispersou
os perseguidores, que abandonaram o local. Por isso as duas foram libertadas e
puderam seguir com sua viagem.
Mas, estando muito feridas, resolveram estabelecer-se na pequena Macerata,
situada aos pés de uma colina muito perto da cidade de Anagni. Lá, elas
retomaram a vida de caridade, oração e penitência, sempre auxiliando e
socorrendo os pobres, velhos e doentes. Aurélia também tinha os dons da cura e
da profecia. Assim, a fama de santidade das duas irmãs cristãs difundiu-se
entre a população. Diz a tradição que Aurélia salvou os fiéis da paróquia
daquela diocese. Foi num domingo de chuva, ela correu para avisar o padre que
parasse a missa, pois iria cair um raio sobre a igreja. O padre, inspirado pelo
Espírito Santo, ouviu seu conselho e os fiéis já estavam a salvo quando o
incidente aconteceu.
Aurélia e a irmã adoeceram e morreram no mesmo dia, 25 de setembro, de um ano
não registrado. Os seus corpos foram sepultados na igreja de Macerata. Mais
tarde, o bispo daquela diocese, aproveitando a visita do papa Leão IX à cidade,
preparou uma cerimônia solene para trasladar as relíquias das duas irmãs para a
catedral de Anagni. Outra festa foi preparada quando a reconstrução da catedral
terminou. Então, as relíquias de Aurélia e Neomísia foram colocadas na cripta
de são Magno, logo abaixo do altar dedicado a ele.
O culto a santa Aurélia é um dos mais propagados e antigos da tradição romana.
Ao longo dos séculos, Aurélia deu nome a gerações inteiras de cristãs, que
passaram a festejar a santa de seu onomástico como protetora pessoal. De modo
que a festa de santa Aurélia, no dia 25 de setembro, foi introduzida no
calendário litúrgico da Igreja pela própria diocese de Anagni. O único texto
que registrou esta tradição faz parte do Cod. Chigiano C.VIII. 235, escrito no
início do século XIV. Somente em 1903 o culto obteve a confirmação canônica.
Assim, as urnas contendo as relíquias das irmãs são expostas aos devotos e
peregrinos durante a celebração litúrgica. Contudo há um fato curioso que
ocorre nesta tradição desde o seu início. É que a maioria dos devotos só lembra
que é o dia da festa de santa Aurélia, e apenas a ela agradecem pela
intercessão nas graças alcançadas.
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