sábado, 1 de setembro de 2012

HOMÍLIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 02/09/2012

2 de Setembro de 2012 


Marcos 7,1-8.14-15.21-23


Comentário do Evangelho

O principal para Jesus

Jesus está diante de "inquisidores" enviados pelos chefes religiosos de Jerusalém à Galileia. Sua função é espiar Jesus e preparar o arquivo para a condenação. Todas as faltas devem ser anotadas. Então o questionam porque percebem que alguns discípulos seus comem com as mãos impuras. Estão infringindo a tradição dos antigos. Está em foco a questão da "tradição", que é mencionada seis vezes no texto. No caso atual estão sendo feridos os códigos de pureza, que eram um dos elementos fundamentais para definir a identidade étnica e nacionalista do povo, dentro da reivindicada característica de superioridade da eleição por Deus. Jesus remove estes princípios exclusivistas afirmando o essencial para Deus: a vida e o amor para todos. Com a citação do profeta Isaías, "é inútil o culto que me prestam, as doutrinas que ensinam não passam de preceitos humanos" (Is 29,13...), Jesus questiona como o apego à tradição humana leva a abandonar o principal, o amor ao próximo, que é o mandamento de Deus. 
Eram muitas "as leis e os decretos" a serem observados. Eles eram apresentados como o traço característico da superioridade do povo de Israel em relação aos outros povos (primeira leitura). Estas leis e decretos, apresentados como "Lei de Moisés", eram resultado de acréscimos sucessivos, ao longo do tempo, a partir do núcleo do Decálogo. Prevalecia neste conjunto de leis, criadas pelas elites religiosas do Templo de Jerusalém, a mera tradição humana que até chegava a opor-se ao verdadeiro projeto de Deus. Com sua ideologia estas leis geravam a humilhação e a submissão que abriam as portas para a exploração do povo fiel. 
Com uma inversão, Jesus revela que a impureza é, na realidade, o apego à materialidade do culto, relegando a segundo plano, ou omitindo-se, os gestos concretos de amor ao próximo, aos mais carentes e necessitados. "A religião pura e sem mancha diante de Deus e Pai é esta: assistir os órfãos e as viúvas em suas dificuldades e guardar-se da corrupção do mundo" (segunda leitura). 
A partir do alimento que, sendo ingerido, segue o destino comum, Jesus destaca que o contraste pureza x impureza não está no exterior, corpo, ou nos alimentos, mas no coração. Comumente o coração é apresentado como fonte de pensamento e emoção. Aqui o coração é apresentado como fonte de ação, boa ou má. Os fariseus, apegando-se às tradições humanas e interesseiras, afastam-se da justiça de Deus em seus corações. 

José Raimundo Oliva


Vivendo a Palavra

Tiago é claro em sua carta: “Religião pura é esta: socorrer os órfãos e as viúvas em aflição, e manter-se livre da corrupção do mundo.” São ações que nascem dentro de nós e não preceitos externos que somos obrigados a seguir para salvar aparências. Sigamos a lei do Amor, gravada em nosso coração.

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

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1. "A FONTE DO BEM E DO MAL"
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Na relação com Deus, o moralismo exacerbado é algo abominável, nascido no rigorismo de normas e preceitos, sendo um fardo insuportável que as pessoas vão arrastando vida afora, achando que isso as faz merecedoras da Salvação que Deus oferece. Os inventores dessas mil "regrinhas" para se conseguir a salvação, se deleitam em ensinar as pessoas a andarem, naquilo que eles têm a coragem de chamar de "caminhos do Senhor". A Santa Igreja tem o seu Código de Direito Canônico, que tem como objetivo ajudar o cristão membro da Igreja, a viver santamente desfrutando ao máximo da graça e santidade que Jesus oferece, entretanto, não é a pura observância dos cânones, que irá levar alguém a fazer a experiência de Deus em sua vida.

O problema está em que, com tantas regras e normas, muitas vezes inventadas por lideranças religiosas, pastorais, movimentos e associações, abafa-se na vida do cristão aquilo que é essencial, uma relação com Deus a partir do seu íntimo, isso é, a partir do coração, centro de decisão e da Vida. A pregação de que devemos fugir das coisas do mundo e só buscar as coisas de Deus, é perigosamente alienadora, pois agindo nessa linha, tudo aquilo que é humano, e que não faz parte da esfera do sagrado, torna-se profano e portanto, motivo de condenação ao pecador.

Conheci um deficiente visual, que tocava sanfona no Mercado Municipal, para ganhar uns trocados, e o seu repertório, bastante variado, agradava a todas as idades. No final do dia embolsava as doações e ia embora, todo feliz. Sempre alegre e extrovertido, era alguém feliz e que sabia fazer feliz as pessoas que o rodeavam para ouvir suas músicas ou suas histórias engraçadas. Um dia alguém o levou a uma igreja cristã e depois de algumas participações começou o processo de sua conversão, e daí, uma vez convertido, e tendo conhecido Jesus, foi orientado para que não mais tocasse aquelas músicas do mundo, que eram pecaminosas diante de Deus, e assim, o "Ceguinho da Sanfona" como era mais conhecido, mergulhou numa grande tristeza que acabou em depressão, nunca mais o vi.

Os Fariseus eram pessoas muito piedosas e fiéis ao judaísmo, mas entre eles havia os "fanáticos" que observavam rigorosamente todas as leis e normas, e adoravam impor o cumprimento da mesma aos demais. Os discípulos de Jesus andavam muito felizes por tê-lo encontrado, e a alegria era tanta que nem se importavam com certas regras, entre elas a de lavar as mãos antes de tomar refeições, e não o faziam por despeito ou por provocação aos Fariseus, é que realmente o encontro com Jesus de Nazaré despertara neles algo novo e inaudito, que nenhuma religião tinha ainda oferecido, era algo que vinha de dentro, do mais íntimo do seu ser, mas os Judeus do Farisaísmo cobraram de Jesus a observância da lei "Por que os seus discípulos não lavam as mãos antes de comer, como faz um judeu piedoso?". A novidade maravilhosa que Jesus oferecia, não era mais importante do que o cumprimento da lei.

Como é triste quando na comunidade as pessoas são cobradas por alguns, que se julgam justos e Santos, cobra-se conversão, exige-se coerência de vida, retidão de caráter, testemunho de vida, conduta moral irrepreensível, principalmente desprezar e fugir de tudo o que não é sagrado. Ocorre que as pessoas que não tem esse perfil, ou não são perseverantes acabam deixando a comunidade, uma vez que se sentem constrangidas por ficarem ouvindo "pelas costas" a respeito de sua vida "torta".

Jesus dá um basta a toda essa hipocrisia e coloca uma relação nova com o Pai, não mais a partir da conduta e aparência exterior, mas sim do coração, fonte do bem e do mal, sendo que o que dele provém é que determina as nossas ações, podendo contaminar com o mal, ou contagiar com o Bem. A partir dessa verdade, ninguém mais poderá ser julgado, uma vez que só Deus tem acesso ao coração humano, onde o seu amor de Pai, manifestado em Jesus, transborda o coração dos que nele crêem, fazendo-o irradiar esse amor por onde andam, pautando todas as suas decisões e atitudes, a ponto de São Paulo dizer, "que o amor é a plenitude da lei."

De que adianta saber lavar corretamente jarras e copos, ou tomar banho cada vez que se chega da praça, como os fariseus? Não freqüentar certos ambientes ou casas, evitar a companhia de certas pessoas, não ler certas revistas, não assistir certos filmes, mas ter o coração cheio de mágoa, rancor, amargura? E mais ainda, destilar o veneno da intriga, da desconfiança, provocar ou sentir inveja, ciúmes? Toda e qualquer preocupação com ações exteriores, só será edificante se o coração estiver convertido, caso contrário, ressoará em nossos ouvidos a severa advertência do Senhor, com relação ao Farisaísmo desde século "Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim". (22º. Domingo do Tempo Comum)
José da Cruz é Diácono da 

Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP


2. O que é principal para Jesus
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

VIDE ACIMA

Oração
Senhor Jesus, não permitas que eu me iluda, buscando uma pureza exterior, quando a que te agrada é a que provém do meu interior.


3. O QUE SAI DO CORAÇÃO
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

Uma antiga denúncia profética foi retomada por Jesus. O profeta Isaías teve a perspicácia de perceber o descompasso entre o culto faustoso praticado no templo de Jerusalém e as violências e injustiças que campeavam na cidade. O louvor proclamado com os lábios não correspondia às maldades praticadas com as mãos. O apego exagerado a certas tradições religiosas não chegava a gerar a conversão do coração.

Algo semelhante passava-se com uma ala do farisaísmo no tempo de Jesus. A veneração afetada dos fariseus às normas legais não os impedia de dar vazão às suas más intenções. Aí se revelava o que eram por dentro. A piedade exterior era fachada de um interior cheio de perversidade. A observância escrupulosa das normas de pureza mostrava-se inútil, pois não chegava a atingir seu verdadeiro objetivo: tornar a pessoa internamente pura para Deus.

O discípulo do Reino, no pensamento de Jesus, faz o caminho inverso ao dos fariseus. Sua preocupação maior consiste em não se deixar contaminar pelas malícias que brotam do coração. Pouco lhe importam as coisas exteriores. Comer sem ter lavado as mãos é menos importante do que sentar-se à mesa e partilhar o pão com os necessitados. Ser muito atento na limpeza das louças e talheres só tem sentido se tiver o respaldo de uma vida centrada na prática do amor e da justiça.

Oração
Senhor Jesus, não permitas que eu me iluda, buscando uma pureza exterior, quando a que te agrada é a que provém do meu interior.

02.09.2012
22º Domingo do Tempo Comum — ANO B
(VERDE, GLÓRIA, CREIO – II SEMANA DO SALTÉRIO)
TEMPO DE AMAR E LER A BÍBLIA - SETEMBRO: MÊS DA BÍBLIA
__ "Este povo me honra com os lábios, mas o coração está longe de mim." __




 2 de setembro: 22º DOMINGO COMUM
CONSERVAR OU MUDAR?


Ao longo da caminhada cristã, ficamos presos a certas normas e abandonamos outras

Conservamos as que presumimos serem as melhores, as fundamentadas no evangelho, e 

abandonamos aquelas que já caducaram e não dizem mais nada aos dias atuais.


Nem sempre é fácil fazer a escolha mais acertada. Muitas vezes nos agarramos à “doutrina 

tradicional da Igreja”, mas esquecemos a fundamentação bíblica ou descuramos do dever de 

nos adequar aos novos tempos. O Vaticano II foi grande janela que se abriu no século 

passado, mostrando a necessidade de adequação. Uma tradição só é válida se nos ajuda a 

observar os mandamentos, ou seja, a viver intensamente o projeto de Jesus.


Nossas tradições – que nós criamos – servem para “disfarçar nossa perversidade” ou nos 

ajudam a manter o coração unido a Deus e aos irmãos? Ainda hoje encontramos, no seio das 

comunidades, “fariseus” e “legisladores” que pretendem ditar normas de conduta ou ficam 

presos a certas leis já superadas e esquecem o fundamental e irrevogável: o amor a Deus e 

ao próximo.


O farisaísmo não é privilégio do passado, mas tentação a nos ameaçar continuamente. Não 

estamos livres das pragas que mancham a Igreja: o legalismo, o preconceito, a exterioridade; 

um cristianismo meramente ritualista e superficial; maior preocupação em obedecer 

passivamente às normas recebidas do que em dar uma resposta pessoal e comprometida 

aos chamados de Deus e aos apelos dos irmãos.

Ser fiel observante de “regrinhas” dá a sensação de dever cumprido e até de prestígio diante 

de Deus. Isso é muito mais fácil do que construir a própria vida no amor e na liberdade de 

filhos e filhas de Deus, disponíveis para as necessidades do próximo. O amor para com Deus 

e com os irmãos não tem regras predeterminadas. Não podemos esquecer que a verdadeira 

religião passa pelo próximo. A religião pura e santa aos olhos de Deus é esta: assistir órfãos 

e viúvas, isto é, as pessoas excluídas, renegadas pela sociedade. Não é difícil descobrir onde 

estão os “órfãos e as viúvas” de nossa sociedade.

Pe. Nilo Luza, ssp
PONTOS DE REFLEXÃO
I LEITURA. Dt 4,1-2.6-8.
O povo da primeira Aliança está para receber como oferta a “Terra Prometida”, depois de quarenta anos de fatigante peregrinação no deserto, onde encontrou provas e tentações de todos os géneros. Deus oferece-lhe agora como guia e salvaguarda a Sua própria Palavra.
São “leis” e “preceitos” destinados a iluminar o coração e a mente no encontro com Deus, com os irmãos e com os estrangeiros. Começa assim um “tempo novo”, numa “terra nova”, lugar de culto e de louvor a JAVE, mas também ocasião de amor e de respeito pelos irmãos e pelos pobres. O próprio Deus é o garante. Ele propõe e promete mais uma vez a Israel que o acompanha e o protege com a “nuvem luminosa” da Palavra, escutando todos os seus pedidos. Ele fará sentir a Sua luminosa presença, mediante uma predileção contínua e uma misericórdia renovada e paciente.
Abre-se assim para o povo da Aliança um caminho do suspirado sabor de fidelidade e de observância, fundado na escuta obediente a um pacto. Afastar a fácil pretensão de “acrescentar ou suprimir” seja o que for. Tudo isto, depois, não minimizará a liberdade acabada de conquistar ao sair do Egito, mas será sinal de “inteligência”  e de “sabedoria”, não só perante as suas consciências, mas também perante os outros povos.
II LEITURA Tg 1,17-18.21b-22.27
“Feliz o servo que restitui todos os seus bens ao senhor Deus porque Lhe pertencem”, assim dizia São Francisco numa das suas admonições. Acerca deste ponto é importante não nos deixarmos enganar: tudo o que de verdade temos de bom é “dom” de Deus.
Ele é o “Pai das luzes”, criador dos luminares celestes, mas também de todos os bens do espírito. Obviamente, Deus não muda e não produz trevas e escuridão! Ele fez-nos a dádiva da existência, exercendo assim a Sua paternidade para connosco, e iluminando o nosso caminho com a Sua “palavra”, que é luz de “verdade”, para que tornássemos aos Seus olhos “primícias das Suas criaturas”. A Palavra manifesta a verdadeira face de Deus, e revela a nova Lei, que é “lei de liberdade” e, ao mesmo tempo, “lei régia”. Abre-se para nós uma ocasião impensável, que afinal é fonte única e promissora de salvação e de vida nova.
Uma situação tão feliz não deve conduzir-nos a uma escuta distraída e superficial da palavra, mas sim tornar-nos “cumpridores” convictos dela. De outro modo, quem se decide por uma vida ociosa, engana-se a si mesmo e também aos irmãos. Esta é a religião, entendida como relação e diálogo, que Deus Pai considera pura e genuína: cuidar dos pequeninos e dos “órfãos”, sem se manchar nem se deixar contagiar pelas coisas deste mundo.
EVANGELHO. Mc 7,1-8.14-15.21-23
A página do Evangelho apresenta um novo debate cerrado entre Jesus, os “fariseus” e os “escribas2 acerca de algumas “tradições” consideradas pelo Senhor como humanas, e por isso julgadas fruto da invenção de todos os que estão longe de Deus, embora se julguem perto d´Ele. Uma tradição só se pode considerar positiva e válida se estiver colocada no “hoje de Deus” e como auxílio na prática dos Mandamentos. É este o novo critério que Jesus apresenta aos Seus interlocutores, consideradas pessoas que “honram a Deus com os lábios, mas o seu coração está longe d´Ele”.
É sabido que os fariseus-os “puros” no significado etimológico da palavra-, e em geral todos os hebreus, respeitem uma tradição antiga: não comem sem antes cumprirem o rito de “lavar as mãos até ao cotovelo”. Mesmo quando voltam de fora de casa, por exemplo, “do mercado”, não se sentam à mesa sem antes se purificarem. Há ainda outras coisas- mais pequenas- a que eles se prendem escrupulosamente, como a limpeza dos “copos”, dos “jarros” e das “vasilhas de cobre”. Poder-se-ia dizer: isto não tem mal nenhum! Mas o mal não está tanto nas precauções, ditadas também pelas regras da limpeza e da higiene, mas sim quando se limitam ao aspeto externo e se esquece o dado mais importante, o “coração”, julgado pelo homem da Bíblia o centro dos afetos, das motivações e da própria atuação da pessoa.
Jesus portanto dá razão ao profeta Isaías que tinha, no passado, definido como “hipócritas” os israelitas, porque a sua astúcia e esperteza eram capazes de deixar de lado o “mandamento de Deus”, escudando-se por detrás das simples “tradição dos homens.
As “leis” têm o seu lugar numa experiência religiosa, enquanto sinais indicadores de um caminho a percorrer. No entanto, é preciso que o crente tenha o discernimento suficiente para dar à “lei” um valor justo, vendo-a apenas como um meio para chegar mais além no compromisso com Deus e com os irmãos. A finalidade da nossa experiência religiosa não é cumprir leis, mas aprofundar a nossa comunhão com Deus e com os outros homens sendo, eventualmente, ajudados nesse processo por “leis” que nos indicam o caminho a seguir.
Padre José Granja

Reitor da Basílica dos Congregados, Braga.

A pureza deve começar pelo coração

Postado por: homilia

setembro 2nd, 2012


Jesus se encontrava no meio de conflitos que a Sua prática provocava. Então, os chefes dos judeus enviam uma delegação para investigar e “bisbilhotar” a vida pessoal de Jesus. A intenção dos fariseus e doutores da Lei era ver se Ele transgredia a Lei e a tradição, ou seja, se transgredia a Torá e as inúmeras prescrições orais, pois ambas tinham o mesmo valor – visto que provinham de Deus – e mexer no aparato legal era opor-se a Deus ou querer igualar-se a Ele.
O problema em discussão era sobre o lavar ou não as mãos conforme Levítico 15,11. Quem não lavava as mãos antes de comer desrespeitava as tradições, pois tudo o que era comprado no mercado devia ser purificado na hipótese de ter sido contagiado por uma pessoa ritualmente impura. Antes fosse assim, para evitar doenças contagiosas como as que enfrentamos em nossos dias. Mas não. A tradição judaica tinha barreiras e preconceitos em relação aos pagãos, que eram suspeitos de impureza. E, por falta de lógica divina nestes rituais, Jesus quebra a barreira citando Isaías 29,13 e chamando os doutores da Lei de hipócritas.
A resposta de Jesus é abrangente, descaracterizando o mérito das leis de pureza e das demais tradições opressoras. Dirige-se à multidão e pede que ouça e entenda. E explica que a impureza não está nos objetos e nas pessoas, mas é uma consequência das opções de vida das pessoas, e vem do coração. Logo em seguida, faz uma lista do que traz a verdadeira impureza aos homens: más intenções, imoralidades, roubos, assassinatos, adultérios, ambições desmedidas, maldades, fraudes, devassidão, inveja, calúnia, orgulho e falta de juízo.
No Evangelho deste 22º Domingo do Tempo Comum, somos convidados a tomar consciência de que algumas práticas sobre a higiene são importantes, mas não mudam a natureza do homem. Veja por exemplo: hoje cães e gatos são tratados com todas as normas de higiene, vão aos salões de beleza, são levados aos parques de diversão e… não mudam de natureza.
Não é o “shampoo” ou o “desodorante” que purificam o homem, como apregoava o costume farisaico e, hoje, o faz a publicidade comercial e nossa sociedade consumista. Ter mãos limpas não significa ter um coração limpo. Um grande sorriso pode muito bem esconder uma antipatia. Palavras bonitas, muitas vezes, buscam somente reconhecimento e aplausos. A maioria dos nossos políticos tem uma linguagem cheia de demagogia, que não expressa o que sentem e fazem.
É preciso que acolhamos com muita atenção as palavras de exortação de São Tiago (Segunda Leitura). Não basta só ouvir a Palavra do Senhor, mas é fundamental colocá-la em prática, para não nos iludirmos e deixarmos a Palavra correr em nossas veias. A hipocrisia estava em apenas ouvir a Palavra e não praticá-la: “um povo que louva a Deus com os lábios, mas tem o coração distante Dele”. Jesus denuncia a manipulação da Palavra de Deus pelos fariseus e afasta o formalismo exterior da religião judaica. Não vai contra a Lei de Moisés nem contra a tradição autêntica, mas denuncia a hipocrisia. De fato, os fariseus denunciam os discípulos porque não lavam as mãos antes das refeições, segundo uma tradição rabínica do Talmude.
As abluções não existiam por simples motivos higiênicos, mas porque eram símbolos da pureza moral, necessária para se aproximar de Deus. Porém, os fariseus viam somente o lado externo da aproximação de Deus, não levando em consideração o Salmo 23,3-4:“Quem subirá ao monte do Senhor, ou quem estará em seu lugar? Quem tem mãos inocentes e coração puro”. A pureza de coração era a condição para participar do culto e ver o rosto de Deus. A pureza deve começar pelo coração, como afirma o Salmo 23, pois é dele que procedem as coisas más.
O coração do homem continua sentindo os mesmos impulsos de impureza, como egoísmo, intenções desvirtuadas, a degradação do amor humano e uma “avalanche” de impureza e sensualidade. Hoje campeia, sobretudo, a obscenidade. Obsceno é uma palavra que vem do antigo texto grego e romano e significava aquilo que, por respeito aos espectadores, não devia ser representado em cena por pertencer à intimidade pessoal. Mesmo aquela civilização pagã, que tinha normas morais relaxadas, entendia que certas coisas não deviam ser feitas diante de outras pessoas.
Senhor Jesus, não permita que eu me iluda buscando uma pureza exterior, quando a que Lhe agrada é a que provém do meu interior. Amém.
Padre Bantu Mendonça
Leitura Orante

Mc 7,1-8.14-15.21-23 – A partir do coração



Preparo-me para a Leitura, invocando a Santíssima Trindade:



Em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo.

1. Leitura (Verdade)

O que diz o texto do dia?



Leio atentamente, na Bíblia, o texto: 
Mc 7,1-8.14-15.21-23, 
e observo pessoas, palavras, relações, lugares.



Alguns fariseus e alguns mestres da Lei que tinham vindo de Jerusalém reuniram-se em volta de Jesus. Eles viram que alguns dos discípulos dele estavam comendo com mãos impuras, quer dizer, não tinham lavado as mãos como os fariseus mandavam o povo fazer. (Os judeus, e especialmente os fariseus, seguem os ensinamentos que receberam dos antigos: eles só comem depois de lavar as mãos com bastante cuidado. E, antes de comer, lavam tudo o que vem do mercado. Seguem ainda muitos outros costumes, como a maneira certa de lavar copos, jarros, vasilhas de metal e camas.) Os fariseus e os mestres da Lei perguntaram a Jesus:
- Por que é que os seus discípulos não obedecem aos ensinamentos dos antigos e comem sem lavar as mãos?
Jesus respondeu:
- Hipócritas! Como Isaías estava certo quando falou a respeito de vocês! Ele escreveu assim:
"Deus disse: Este povo com a sua boca diz que me respeita, mas na verdade o seu coração está longe de mim.
A adoração deste povo é inútil, pois eles ensinam leis humanas como se fossem mandamentos de Deus."
E continuou:
- Vocês abandonam o mandamento de Deus e obedecem a ensinamentos humanos.
Jesus chamou outra vez a multidão e disse:
- Escutem todos o que eu vou dizer e entendam! Tudo o que vem de fora e entra numa pessoa não faz com que ela fique impura, mas o que sai de dentro, isto é, do coração da pessoa, é que faz com que ela fique impura.
Porque é de dentro, do coração, que vêm os maus pensamentos, a imoralidade sexual, os roubos, os crimes de morte, os adultérios, a avareza, as maldades, as mentiras, as imoralidades, a inveja, a calúnia, o orgulho e o falar e agir sem pensar nas conseqüências. Tudo isso vem de dentro e faz com que as pessoas fiquem impuras.

Em volta de Jesus estão os fariseus e os mestres da Lei. Os fariseus observavam estritamente a Lei e, ainda, ampliavam a aplicação das leis. Isto tornava muito difícil observá-las. Este rigorismo fazia com que se perdesse de vista o “espírito” das normas ou leis. É o que diz Jesus no Evangelho, quando afirma: “com a sua boca diz que me respeita, mas na verdade o seu coração está longe de mim”. Os doutores da Lei, também chamados rabis ou mestres, interpretavam a Lei e a aplicavam ao dia-a-dia.Jesus não havia freqüentado nenhuma escola rabínica, mas os discípulos o chamavam de Mestre. No Evangelho ele se revela um verdadeiro Mestre. Não se deixa dominar pelo legalismo farisaico, por aqueles que se julgavam os mais entendido, sabedores de tudo, preocupados com o formalismo. Diz com firmeza que é de dentro do coração que saem as impurezas e maldade:” os maus pensamentos, a imoralidade sexual, os roubos, os crimes de morte, os adultérios, a avareza, as maldades, as mentiras, as imoralidades, a inveja, a calúnia, o orgulho e o falar e agir sem pensar nas conseqüências”. Em outras palavras, Jesus diz que o importante é a conversão do coração.

2. Meditação (Caminho)


O que o texto diz para mim, hoje?


Jesus, no Evangelho de hoje, nos convida a não nos iludir, buscando pureza exterior e aparências de pessoas que tudo explicam e entendem, inferiorizando os irmãos e lhes impondo observâncias que nada significam em termos de conversão para Deus.

A conversão é um dos aspectos do discípulo missionário, que acontece só após um encontro com Jesus Cristo. Os bispos na Conferência de Aparecida disseram: 
“A Conversão é a resposta inicial de quem escutou o Senhor com admiração, crê nEle pela ação do Espírito, decide ser seu amigo e ir após Ele, mudando sua forma de pensar e de viver, aceitando a cruz de Cristo, consciente de que morrer para o pecado é alcançar a vida. “ (DAp 178,b).


Como cultivo a minha observância religiosa: 

procuro ser fiel a Deus, vivo em contínua conversão, ou me preocupo com práticas rotineiras, sem muita transformação de vida?


3.Oração (Vida)
O que o texto me leva a dizer a Deus?


Rezo, espontaneamente, com salmos ou outras orações e concluo:


Vem, ó Espírito Santo, e dá-me um coração novo.

Dá-me um coração puro, treinado no amor,
um coração grande,
aberto à Palavra de vida,
“um coração grande e forte,
para a todos amar, a todos servir, com todos sofrer;
um coração feliz de palpitar com o coração de Deus.”


Ó Jesus Mestre, Verdade, Caminho e Vida, tem piedade de nós.


4.Contemplação (Vida e Missão)
Qual meu novo olhar a partir da Palavra?


"Somos chamados a encarnar o Evangelho no coração do mundo",  dizem nossos pastores. (Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2008-2009, no 21). 
Como vou viver esta exigente missão?
Meu novo olhar, em vista desta missão, é de grande humildade para perceber o que em mim deve mudar para que o Evangelho possa antes fazer parte da minha vida e depois , pelo meu testemunho ser proclamado ao mundo


Ó Jesus Mestre, Verdade, Caminho e Vida, tem piedade de nós.

Bênção 


- Deus nos abençoe e nos guarde.
 Amém.

- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.

-Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.

- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.


Sugestão 
Mês da Bíblia 
Setembro 2012
Inspirado noEvangelho de Marcos.

O tema é: Discípulos Missionários a partir do Evangelho de Marcos,
e o lema é: Coragem! Levanta-te! Ele te chama
Divulgue na sua comunidade.
Deus abençoe esta sua missão de discípulo missionário.

Ir. Patrícia Silva, fsp 



Oração Final
Pai Santo, que toda a nossa vida seja uma oração – encontro consciente contigo, que sabemos estar presente em nós e entre nós. Que nossa prece jamais seja um amontoado de fórmulas e gestos vazios para parecermos melhores do que somos. Inspira-nos, Pai Amado, pelo Cristo Jesus, teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo reina em unidade com o Espírito Santo.

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