segunda-feira, 20 de julho de 2020

LEITURA ORANTE DO DIA - 19/07/2020



LEITURA ORANTE

Mt 13,24-30 - Joio no meio do trigo



Preparamo-nos  para a Leitura rezando ao Espírito,
com todos que se encontram neste ambiente:
Espírito de verdade, a ti consagro a mente e meus pensamentos: ilumina-me.
Que eu conheça Jesus Mestre
e compreenda o seu Evangelho
É Deus quem me ajuda, é o Senhor quem defende a minha vida. Senhor, de todo o coração hei de vos oferecer o sacrifício e dar graças ao vosso nome, porque sois bom (Sl 53,6.8).

1. Leitura (Verdade)
O que diz o texto do dia?
Lemos  atentamente o texto Mt 13,24-30.
Jesus contou outra parábola. Ele disse ao povo:
- O Reino do Céu é como um homem que semeou sementes boas nas suas terras. Certa noite, quando todos estavam dormindo, veio um inimigo, semeou no meio do trigo uma erva ruim, chamada joio, e depois foi embora. Quando as plantas cresceram, e se formaram as espigas, o joio apareceu. Aí os empregados do dono das terras chegaram e disseram: "Patrão, o senhor semeou sementes boas nas suas terras. De onde será que veio este joio?"
- "Foi algum inimigo que fez isso!", respondeu ele.
- E eles perguntaram: "O senhor quer que a gente arranque o joio?"
- "Não", respondeu ele, "porque, quando vocês forem tirar o joio, poderão arrancar também o trigo. Deixem o trigo e o joio crescerem juntos até o tempo da colheita. Então eu direi aos trabalhadores que vão fazer a colheita: 'Arranquem primeiro o joio e amarrem em feixes para ser queimado. Depois colham o trigo e ponham no meu depósito.' "
Refletindo
Jesus conta mais uma parábola de cunho agrícola. Compara o reino do céu como um semeador que semeia boas sementes de trigo. Conta que apareceu também um inimigo, à noite, sem que ninguém o visse, e semeou no meio do trigo uma erva ruim chamada joio. E foi embora. Tanto o trigo como o joio cresceram. O que fazer? Arrancar o joio? Não, diz o homem. Se arrancar o joio, pode arrancar também o trigo. Manda que deixem crescer os dois até a colheita. Então, poderão arrancar primeiro o joio e queimá-lo. Depois colherão o trigo que será armazenado. O que Jesus quer dizer com esta parábola?
Jesus lembra que é um desafio anunciar o Evangelho. Não devemos nos preocupar com aqueles que divulgam o erro. Deve-se ter o cuidado para não deturpar, distorcer a Palavra, transformando-a em erva daninha.
O grande biblista Carlos Mesters, assim comenta: "O joio e trigo crescem juntos. A Palavra de Deus que faz nascer a comunidade é semente boa, mas dentro das comunidades sempre aparecem coisas que são contrárias à Palavra de Deus. De onde vêm? Esta era a discussão.
A causa da mistura que existe na vida (vv.27-28a):. Um inimigo fez isso. Quem é este inimigo? O inimigo, o adversário, Satanás ou diabo (Mt 13, 39), é aquele que divide, que desvia. A tendência de divisão existe dentro de cada um de nós. O desejo de dominar, de se aproveitar da comunidade para subir e tantos outros desejos interesseiros são divisionistas, são do inimigo que dorme dentro de cada um de nós.
A reação diferente diante da ambiguidade (vv. 28b-30):. Diante dessa mistura do bem e do mal, alguns queriam arrancar o joio. Pensavam: “Se deixarmos todo o mundo dentro da comunidade, perdemos nossa razão de ser! Perdemos a identidade!” Queriam expulsar os que pensavam de modo diferente. Mas esta não é a decisão do Dono da terra. Ele diz: “Deixa crescer juntos até a colheita!” O que vai decidir não é o que cada um fala e diz, mas o que cada um vive e faz. É pelo fruto produzido que Deus nos julgará. A força e o dinamismo do Reino se manifestam na comunidade. Mesmo sendo pequena e cheia de contradições, ela é um sinal do Reino. Mas ela não é dona do Reino, nem pode considerar-se justa. A parábola do joio e do trigo explica a maneira como a força do Reino age na história. É preciso ter paciência e aprender a conviver com as contradições e as diferenças, mesmo tendo uma opção clara pela justiça do Reino"
(Do livro “Travessia: Quero misericórdia e não sacrifício” – Círculos Bíblicos sobre o Evangelho de Mateus – de Carlos Mesters, Mercedes Lopes e Francisco Orofino – Publicado pelo Centro de Estudos Bíblicos).

2. Meditação (Caminho)
O que o texto diz para nós, hoje?
Os bispos, em Aparecida, assim se expressaram "Desejamos que a alegria da boa nova do Reino de Deus, de Jesus Cristo vencedor do pecado e da morte, chegue a todos quantos jazem à beira do caminho, pedindo esmola e compaixão (cf. Lc 10,29-37; 18,25-43)." (DAp 32.)

3. Oração (Vida)
O que o texto nos leva a dizer a Deus?
Rezamos, com toda a Igreja, o Salmo 85(86)

Ó Senhor, vós sois bom, sois clemente e fiel!

1. Ó Senhor, vós sois bom e clemente, / sois perdão para quem vos invoca. / Escutai, ó Senhor, minha prece, / o lamento da minha oração! – R.
2. As nações que criastes virão / adorar e louvar vosso nome. / Sois tão grande e fazeis maravilhas: / vós somente sois Deus e Senhor! – R.
3. Vós, porém, sois clemente e fiel, / sois amor, paciência e perdão. / Tende pena e olhai para mim! / Confirmai com vigor vosso servo. – R.

4. Contemplação (Vida e Missão)
Qual  nosso novo olhar a partir da Palavra?
Nosso novo olhar coincide com o olhar da Igreja que afirma: "Que a alegria da boa nova do Reino de Deus, de Jesus Cristo vencedor do pecado e da morte, chegue a todos quantos jazem à beira do caminho, pedindo esmola e compaixão (cf. Lc 10,29-37; 18,25-43)." (DA,32.)

nção
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.

Ir. Patrícia Silva, fsp
https://leituraorantedapalavra.blogspot.com/

Leitura Orante
16º DOMINGO TEMPO COMUM, 19 de Julho de 2020



ACEITAR O JOIO NOS HUMANIZA

“Deixai-os crescer juntos até a colheita!” (Mt 13,30)

Texto Bíblico: Mateus 13,24-43

1 – O que diz o texto?

Jesus costumava contar parábolas com frequência e as pessoas gostavam de ouvi-lo; suas parábolas brotavam do chão da vida, estavam carregadas de vida e comprometiam as pessoas a viverem de um modo diferente, deixando-se inspirar por Aquele que é Fonte da Vida. Como relatos instigantes, as parábolas faziam emergir uma nova imagem de Deus e uma nova imagem do ser humano.
Sabemos que as imagens, que cada um guarda em seu interior, tem um peso e marcam a vida: elas podem fazer adoecer ou ativar uma vida sadia, podem alimentar medos ou despertar coragem, podem estreitar a vida ou expandi-la.... Todos têm experiências das funestas consequências das falsas imagens de Deus, que acabam alimentando, em cada um, uma autoimagem atrofiada e paralisante. Jesus, com suas parábolas provocativas, desejava quebrar tais imagens nocivas e substituí-las por outras saudáveis.
Para isso, Ele usa uma pedagogia para nos provocar e dirigir nossa atenção para algo específico, que nos inquieta: quando nos sentimos incomodados com Suas imagens, isso significa que estamos sendo confrontados com imagens falsas de Deus e de nós mesmos, petrificadas em nosso interior. Algum aspecto nosso, que até então havia permanecido na sombra, é iluminado; agora somos capazes de nos ver de modo diferente. Essa transformação interior, de nossa visão e de nossos sentimentos, não pode ser alcançada por meio de meras palavras de ensinamento. Para isso, precisamos da arte das parábolas, pois elas desvelam, põem às claras, situações e modos fechados de viver, visões distorcidas, falsas verdades, ideias atrofiadas, crenças vazias..., que nos dão uma sensação de segurança e temos resistências em abrir mão de tudo isso.
Como muitas outras parábolas, também a do “joio e do trigo” é um relato provocativo. Não só porque parece ir contra o “senso comum”, que aconselha arrancar o joio que impede o crescimento do trigo, mas porque é também uma resposta às críticas que o próprio Jesus recebia por sua atitude com relação àqueles que a religião tinha excluído. Não em vão Ele foi acusado de ser “amigo de publicanos e pecadores”.
Por outro lado, a parábola pode deixar transparecer as inquietações da comunidade de Mateus, preocupada por separar com clareza os “bons discípulos” daqueles que não eram. Como tantos grupos humanos, a tentação é marcar uma linha divisória, entre o “trigo” e o “joio”. Essa separação, no interior da comunidade cristã, acaba se projetando nas relações sociais, políticas, econômicas, culturais..., criando “muros” e “fronteiras” que esvaziam o processo de humanização.
Pois bem, seja porque se refira à vida histórica de Jesus, seja porque se tenha adaptado para responder a alguma polêmica comunitária posterior, o certo é que a mensagem da parábola não deixa lugar a dúvidas: “deixai crescer um e outro até a colheita!”.

2 – O que o texto diz para mim?

A atitude sábia de deixar o “trigo e o joio crescerem juntos”, me remete precisamente ao que tenho de fazer com o meu próprio “joio”: aceitá-lo, acolhê-lo, integrá-lo, reconhecê-lo como meu, sem reduzir-me a ele e sem me deixar determinar por ele. Tal atitude implica um crescimento em integração e em humildade. Por mais estranho que pareça, a aceitação do “joio” me humaniza, pois me faz descer de meu pedestal egoico feito de exigência, perfeccionismo e de complexo de superioridade – e aproximar-me de meu ser verdadeiro.
Quanto mais eu me conheço e conheço o Sol que me habita (Deus), mais me integro e mais me humanizo.
Humanizar-se, não no sentido de ser mais virtuoso, brilhante, bem-sucedido, perfeccionista... Humanizar-se é também a capacidade de acolher-se frágil, vulnerável e, ao mesmo tempo, ativar a vigor, ser criativo, resistir, poder traçar caminhos... Fazer a síntese entre ternura e vigor.
Não pretendo, pois, arrancar o joio; demonstrar com minha vida que, ser trigo, é mais humano.
Minha vida está repleta da graça divina. Vivo mergulhada na Graça que me santifica.
Ser santa é viver em plenitude minha humanidade. É aprender a descobrir e a redescobrir a “presença de Deus em tudo e tudo em Deus” (S. Inácio).

3 – O que a Palavra me leva a experimentar?

Já foi dito que o ser humano nunca é tão grande como quando sabe reconhecer e aceitar sua fragilidade, sua limitação...  Reconhecer e aceitar sua própria “humanidade”, diante de Deus e dos outros, significa percorrer um caminho em direção a uma visão positiva, madura e profunda de si mesmo.
Com isso, já não desperdiço as minhas energias para tentar, inutilmente, afastar de mim algo que faz parte de minha vida e que devo aprender a integrar, a preencher de sentido, a transformar...
Às vezes, no mal que quero extirpar, há um bem que não sei descobrir.
Com efeito, tenho sempre a tentação de querer extirpar logo e totalmente o “joio” do meu coração, arriscando-me a arrancar com ele, pela raiz, os germes do bem que estão crescendo com dificuldade e que exigem uma atitude muito diferente, isto é, paciência e delicadeza, capacidade de intuição e clarividência, disponibilidade para alimentar uma sadia tolerância para comigo.
Todo este processo de integração interior se faz visível na integração com os outros com quem convivo.
Parece claro que, o ser humano, fica incomodado com o “diferente”, com aquele que sente, pensa e crê de outra maneira. Se a isso agrega a necessidade de “ter razão”, característica do ego, poderia explicar a origem de tantas intolerâncias, fanatismos, juízos, processos inquisitoriais e condenações... Tanto as religiões, como os grupos sociais, insistem em ter tudo bem clarificado e estabelecido, para evitar sobressaltos. Detrás de tudo isso, o que se busca é assegurar a sobrevivência e defender-se da ameaça da insegurança ou da necessidade de mudanças. Sair das próprias posições e convicções, no campo religioso, social, político, cultural... é, para muitos, um processo doloroso.

4 – O que a Palavra me leva a falar com Deus?

Senhor, a parábola do (joio e trigo) é um chamado à tolerância e à paciência. A virtude da tolerância não é sinônima de “bonzinho amorfo”, nem constitui um relativismo suicida. Tolerância é respeito e valorização da pessoa, acima das diferenças, acima das atitudes contrárias e inclusive, segundo Jesus, frente às agressões recebidas: “Amai vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem”.
A personalidade fanática tende a ver a realidade dividida completamente em duas: tudo é branco ou preto, verdadeiro ou falso, bom ou mau, “trigo e joio”; para ela, não existem outras tonalidades. Por isso, ela se converte em juiz implacável que “salva” ou “condena”, assume atitudes fascistas ou nazistas, com a ilusão da raça pura, da ideologia pura, da religião pura...
Niels Bohr, um dos grandes iniciadores da física quântica, afirmou que “o oposto de uma verdade profunda pode ser também outra verdade profunda”. E para ele não se tratava de uma crença ou de uma opinião pessoal, mas de uma constatação, fruto de seus experimentos com partículas subatômicas.
Há um fato inegável: ninguém é igual a outro, todos tem algo que se diferencia. Por isso existe a biodiversidade, milhões de formas de vida. O mesmo e mais profundamente vale para o nível humano. Aqui as diferenças mostram a riqueza da única e mesma humanidade. Posso ser humana de muitas formas e devo ser tolerante, como toda a realidade é tolerante. A intolerância será sempre um desvio e uma patologia e assim deve ser considerada.

5 – O que a Palavra me leva a viver?

O rigorismo não faz parte do caminho da Graça; o caminho da graça se chama compreensão e tolerância. A melhor resposta é dar a oportunidade para que o trigo amadureça; a melhor solução é abrir possibilidade para que o joio seja transformado. É questão de saber esperar. E disso, o amor é especialista.
- Frente ao “joio” presente em meu interior, que atitudes assumo: auto-julgamento? moralismo? intransigência?
- E frente ao “outro”, que “pensa, sente e ama de maneira diferente”, como eu me  situo?

Fonte:
Bíblia Novo Testamento – Paulinas: Mateus 13,24-43
Pe. Adroaldo Palaoro, sj

Sugestão:
Música: Joio e trigo – fx 07
Autor: Ir. Lucia Silva, imc
Intérprete: Ir. Magnólia C. e Silva
CD: Partilha
Gravadora: Paulinas Comep
Duração: 02:43

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