domingo, 3 de junho de 2018

LEITURA ORANTE DO DIA - 03/06/2018



LEITURA ORANTE

Mc 2,23-28 - A pessoa em primeiro lugar!


Preparo-me para a Leitura Orante, fazendo uma rede de comunicação
e comunhão em torno da Palavra com todas as pessoas que se
encontram neste ambiente virtual.
Rezamos, em sintonia com a Santíssima Trindade.
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém
Senhor, nós te agradecemos por este dia.
Abrimos, com este acesso à rede da internet,
nossas portas e janelas para que tu possas
entrar com tua luz.
Podes entrar, Senhor!
Ó Jesus Mestre, Verdade, Caminho, Vida, tem piedade de nós.

1. Leitura (Verdade)
O que diz o texto do dia?
Leio atentamente o texto na Bíblia:  Mc 2,23-28.
Num sábado, Jesus e os seus discípulos estavam atravessando uma plantação de trigo. Enquanto caminhavam, os discípulos iam colhendo espigas. Então alguns fariseus perguntaram a Jesus:
- Por que é que os seus discípulos estão fazendo uma coisa que a nossa Lei proíbe fazer no sábado?
Jesus respondeu:
- Vocês não leram o que Davi fez, quando ele e os seus companheiros não tinham comida e ficaram com fome? Ele entrou na casa de Deus, na época do Grande Sacerdote Abiatar, comeu os pães oferecidos a Deus e os deu também aos seus companheiros. No entanto, é contra a nossa Lei alguém comer desses pães; somente os sacerdotes têm o direito de fazer isso.
E Jesus terminou:
- O sábado foi feito para servir as pessoas, e não as pessoas para servirem o sábado. Portanto, o Filho do Homem tem autoridade até mesmo sobre o sábado.
Refletindo
Para Jesus, a pessoa tem prioridade. As coisas, os dias, inclusive o sábado, estão a seu serviço. Isto modifica a relação ou a escala de valores que se coloca no mundo. As coisas estão no seu justo lugar quando ajuda a pessoa humana ser conforme o Projeto de Deus. A lei está a serviço do bem.

2. Meditação (Caminho)
O que a Palavra diz para mim?
Qual é a minha escala de valores?
Meditando
Os bispos, em Aparecida, falaram de uma sociedade conforme a proposta de Jesus “A resposta a seu chamado exige entrar na dinâmica do Bom Samaritano (cf. Lc 10,29-37), que nos dá o imperativo de nos fazer próximos, especialmente com quem sofre, e gerar uma sociedade sem excluídos, seguindo a prática de Jesus que come com publicanos e pecadores (cf. Lc 5,29-32), que acolhe os pequenos e as crianças (cf. Mc 10,13-16), que cura os leprosos (cf. Mc 1,40-45), que perdoa e liberta a mulher pecadora (cf. Lc7,36-49; Jo 8,1-11), que fala com a Samaritana (cf. Jo 4,1-26).” (DAp 135).
Sinto-me uma pessoa próxima dos meus irmãos?
Sensibilizo-me com as necessidades das pessoas?
Como reajo ao ver tantos desabrigados pela chuva, sem casa, sem alimentos, num momento de dor pela perda de um familiar ou amigo?

3. Oração (Vida)
O que a Palavra me leva a dizer a Deus?
Rezo com toda a Igreja
Oração do leigo (no Ano Nacional do Laicato)
Ó Trindade Santa, /
Amor pleno e eterno, /
que estabelecestes a Igreja como vossa 'imagem terrena':
Nós vos agradecemos /
pelos dons, carismas, / vocações,
ministérios e serviços /
que todos os membros do vosso
povo realizam /
como “Igreja em saída”, /
para o bem comum, /
a missão evangelizadora /
e a transformação social, /
no caminho vosso Reino.
Nós vos louvamos /
pela presença e organização dos
cristãos leigos e leigas no Brasil /
sujeitos eclesiais, testemunhas de fé, /
santidade e ação transformadora.
Nós vos pedimos, que os batizados /
atuem como sal da terra e luz do mundo: /
na família, no trabalho, /
na política, e na economia, /
nas ciências e nas artes, /
na educação, na cultura e nos meios de comunicação; /
na cidade, no campo e em todo o planeta, /
nossa “casa comum”. Nós vos rogamos que todos contribuam /
para que os cristãos leigos e leigas /
compreendam sua vocação e identidade, /
espiritualidade e missão, /
e atuem de forma organizada na Igreja e na sociedade /
à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres.
Isto vos suplicamos /
pela intercessão da Sagrada Família,
/ Jesus, Maria e José, /
modelos para todos os cristão /
Amém!

4. Contemplação (Vida e Missão)
Qual meu novo olhar a partir da Palavra?
Sinto-me discípulo/a de Jesus.
Quero deixar-me conduzir pela lei do amor.

nção
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.

Ir. Patrícia Silva, fsp
ir.patricias@gmail.com

Leitura Orante
9º Domingo do Tempo Comum, 03 de junho de 2018


A INTRANSIGÊNCIA QUE NOS PETRIFICA

“...os fariseus, com os herodianos,
puseram-se de acordo contra ele, em como fazê-lo perecer.” (Mc 3,6)

Texto Bíblico: Marcos 2,23-3,6

1 – O que diz o texto?

No Evangelho deste domingo, Jesus desmascara uma patologia do espírito, uma enfermidade da alma, uma espécie de tumor social: trata-se da intransigência, que se expressa nas atitudes de preconceito, intolerância, fanatismo, racismo, indiferença, legalismo, moralismo..., matando na raiz toda possibilidade de encontros humaniza-dores, sobretudo com os “diferentes”.
O intransigente, precisamente porque é vazio de humanismo, deixa transparecer uma visão hermética e fechada da realidade. Esta visão atrofiada, a partir do lugar e da posição social ou religiosa que ocupam, os leva a um enfrentamento com outros por razões ideológicas, políticas ou religiosas, em lugar de compreender a perspectiva do outro e as verdades latentes que há em todo ser humano.
O evangelho deste domingo nos revela que o intransigente nunca se põe no lugar do outro; só ele tem razão. Isso porque ele pensa a partir da lei, mas não pensa a partir da situação e das necessidades dos outros. E com isso ele faz um triste favor a Deus, porque dá a impressão de que Deus prefere suas leis ou suas interpretações e não as carências dos outros.
O intransigente se converte em centro de sua fidelidade à lei; mas prescinde do ser humano.
Ao intransigente não lhe importa que o outro tenha fome no sábado, como tampouco lhe importa que esteja enfermo. O importante é o sábado e não a pessoa.
Mas Jesus pensa e age de outra maneira; primeiro é o ser humano e depois a lei; esta deve estar a serviço do ser humano.
Por isso, a presença de Jesus na sinagoga revela-se como um apelo e uma ocasião privilegiada para pôr em questão nosso confinamento religioso, nossas posturas fechadas, nossas visões sociais estreitas e preconceituosas... e abrir-nos à diversidade e ao diferente. Sem alteridade regenerante caímos no confinamento de uma pureza de ortodoxia, de uma ideologia segregadora, de um legalismo estéril, de uma doutrina impositiva. Confinamento que nos torna cegos aos valores e riquezas que vem de outras expressões humanas e religiosas. O modo de proceder de Jesus nos instiga a acolher a diversidade como expressão da inesgotável criatividade divina.

2 – O que o texto diz para mim?

O roteiro que rege todo intransigente é sumamente simples: consciente ou inconscientemente, divide a humanidade em dois grupos que considera radicalmente oposto. De uma parte, estamos “nós”, que nos encontramos na verdade e somos merecedores de atenção e cuidado, de respeito e inclusive admiração; de outra, se encontram “os outros”, aqueles que estão forçosamente equivocados porque pertencem a um grupo que pensa, sente, age... de maneira diferente. Só resta eliminá-los, ou afastá-los da presença para que não “contaminem” o ambiente com ideias e atitudes subversivas. Em outras palavras, o que transparece é isto: “nós” temos a verdade, “eles” estão no erro.
Sofrendo de uma falta total de compaixão ou empatia, o intransigente pode ser profundamente cruel para com os outros; com a lei na mão e no coração, ele alimenta um tribunal interior que julga, emite pareceres, condena..., acreditando ser fiel a Deus.
Os obsessivos e os intransigentes sempre criam problemas; e os intransigentes religiosos mais ainda, porque fundamentam sua intransigência em Deus.
A intransigência edifica uma barreira intransponível entre o “nós” e os “outros”. Ao negar sua condição de criatura de conviver junto aos diferentes, seus semelhantes, os intransigentes torna-se uma ilha sem vida e triste. Sua intransigência é sintoma de desumanização. E essa desumanização afeta e é prejudicial a todos. Todo mundo perde. Aos poucos, as pessoas se recolhem em seus medos, em suas inseguranças e começam a acreditar que os diferentes são seus inimigos. Da intransigência passa aos sentimentos hostis, aos discursos fascistas, às práticas fundamentalistas, à segregação...

3 – O que a Palavra me leva a experimentar?

O princípio da diversidade me diz que no outro há verdade e que esta verdade deve ser reconhecida e entendida. Considerado sob o enfoque do ouvir sem preconceitos, do conhecer a diferença e do amar a verdade presente no outro, a “diversidade reconciliadora” supõe o diálogo fundado no amor.
Para que haja amor é preciso que haja diferenciação. No amor respeito a diferença do outro, amo a diferença do outro. Diferenciar não é separar; a unidade não é a uniformidade. A diferença não dispersa nem divide, mas provoca convergência crítica e favorece a unificação na diversidade.
Ao tornar absoluta uma verdade, o intransigente se condena à intolerância e passa a não reconhecer e a respeitar a verdade e o bem presente no outro. Não suporta a coexistência das diferenças, a pluralidade de opiniões e posições, crenças e ideias. Daí surge o conservadorismo radical, o medo à mudança, a violência diante da crítica, a suspeita, a vigilância, o controle autoritário...
A intolerância é uma expressão de atrofia espiritual que tem graves consequências na vida social e no desenvolvimento dos povos. É a incapacidade de aceitar os outros em razão de suas ideias, convicções ou crenças. É uma grave debilidade que torna impossível a coesão e a correta interação entre pessoas e grupos humanos. No fundo, tudo isso é expressão de um avassalador vazio existencial.

4 – O que a Palavra me leva a falar com Deus?

Senhor, a vida fanática e intolerante é uma vida sem sentido, carente de interesse e de originalidade.
Em um mundo polarizado por fanatismos de caráter muito diverso, tensionado por forças irracionais, tanto de origem religiosa como política, a educação do “sentido espiritual” da vida constitui uma urgência, frente a uma insistência mecânica de padrões de conduta e de modelos impostos pelos grandes meios de comunicação de massa.
A vida espiritual é abertura, receptividade e movimento. As grandes figuras da história espiritual nunca sucumbiram ao fanatismo e à intransigência. Foram benevolentes, compassivos e receptivos. Praticaram o diálogo com todos, sem discriminação alguma.
Há demasiadas divisões entre nós; há demasiadas condenações e violências (verbal e física); há demasiadas exclusões e marginalizações. E tudo simplesmente “porque não é dos nossos”, “porque não pensa como eu”... Posso pensar diferente, mas nem por isso tenho de me excluir; não sou dona da verdade; também os outros pensam e tem uma percepção diferente da realidade... Posso ter critérios diferentes, mas nem por isso tenho que criar muros que me separa. O diferente não deve excluir ninguém; o diferente pode ser uma fonte de enriquecimento mútuo.

5 – O que a Palavra me leva a viver?

Não a intransigência que impede a pessoa de viver, de ser presença no mundo, de ser espontânea e de viver mais intensamente.
Não a impiedade da intolerância frente ao “diferente” e o descalabro do racismo que envenena corações e fomenta as dinâmicas excludentes que envergonham a humanidade e não podem ser aceitas, pacificamente, pelos seguidores e seguidoras de Jesus.
Não ao racismo sutil; está presente lá no fundo uma grande praga que exige grande esforço para dela se livrar; vira sentimento que se justifica e dá forma a modos de falar, define posturas e cria as distâncias, rompendo a comunhão.
A diferença promove a unidade lúcida e criativa; por isso é valor a ser preservado e a ser desenvolvido, é potencial a ser ativado.
“O Espírito Santo cria a diversidade na Igreja. A diversidade é bela, mas o mesmo Espírito Santo faz também a unidade, para que a Igreja esteja unida na diversidade; para usar uma expressão bela: uma diversidade reconciliadora” (Papa Francisco).

Fonte:
Bíblia Novo Testamento – Paulinas: Marcos 2,23-3,6
Pe. Adroaldo Palaoro, sj

Sugestão:
Música: Olhares diferentes – Fx 04 (03:55)
Autor e Intérprete: Jorge Trevisol
Coro: Paulinho Campos, Vera Veríssimo, Sueli Gondim
CD: A dança do Universo
Gravadora: Paulinas Comep

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