domingo, 25 de março de 2018

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 25/03/2018

ANO B


DOMINGO DE RAMOS DA PAIXÃO DO SENHOR

Ano B - São Marcos - Vermelho

“Bendito o que vem em nome do Senhor!”

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Damos início a Semana Santa e, com ela, adentramos o Mistério Pascal de Cristo. Em procissão, seguiremos os passos de Jesus, fazendo memória de sua entrada em Jerusalém. Renovamos nossa adesão ao seu projeto e, com ramos nas mãos, o aclamamos Senhor da Vida e da História. Alegres, abramos nosso coração e acolhamos o Deus bendito, Senhor que nos conduz ao Eterno Pai!

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Meus irmãos e minhas irmãs: durante as cinco semanas da Quaresma preparamos os nossos corações pela oração, pela penitência e pela caridade. Hoje aqui nos reunimos e vamos iniciar, com toda a Igreja, a celebração da Páscoa de nosso Senhor. Para realizar o mistério de sua morte e ressurreição, Cristo entrou em Jerusalém, sua cidade. Celebrando com fé e piedade a memória desta entrada, sigamos os passos de nosso Salvador para que, associados pela graça à sua cruz, participemos também de sua ressurreição e de sua vida.

INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Iniciamos hoje a Semana Santa e, com ela, queremos adentrar o Mistério Pascal de Cristo. Em procissão, seguimos os passos de Jesus, fazendo a memória de sua entrada em Jerusalém. Renovando nossa adesão ao seu projeto e, com nossos ramos nas mãos o aclamamos Senhor da Vida e da História. Escutando e participando do mistério de seu despojamento na Paixão, entramos em comunhão com o mistério de sua glorificação e aceitamos que a Páscoa se realize em nossa vida.

Mc 14,1-15.47

Vivendo a Palavra

Era necessário que o vaso de alabastro se partisse para exalar o perfume e o nardo puríssimo invadisse a casa inteira. A metáfora prefigura o grande mistério da nossa fé: Jesus morreria em breve, mas o seu corpo sofrido, descido ao sepulcro, ressuscitaria glorioso para permanecer para sempre entre nós como sinal e perfume do Reino de Amor.
Fonte: Arquidiocese BH em 01/04/2012 e

HOMÍLIA

Pe. José Luiz Gonzaga do Prado

DOMINGO DE RAMOS

A VITÓRIA PELA HUMILDADE E RESISTÊNCIA

I. INTRODUÇÃO GERAL

A história da Paixão de Jesus segundo Marcos, lida no domingo de Ramos este ano, inspira-se visivelmente nos cânticos do Servo de Javé. Esses quatro poemas, situados em diferentes lugares do Segundo Isaías (Is 42,1-7; 49,1-6; 50,4-9; 52,13-53,12), falam de um justo sofredor que vence pela coerência, que resiste a todo tipo de insulto, tortura e perseguição.
Se é contrário à violência, ele não pratica nenhum tipo de violência, mesmo sendo massacrado por ela. Se é contrário à opressão, “não quebra o ramo já machucado nem apaga o pavio fraco de chama”. Sua coerência e resistência acabam vencendo. O quarto cântico traz em seus versos a voz de Javé, que diz ser este o seu plano, o seu caminho, e faz também os opressores reconhecerem que estavam errados e que eles é que mereceriam tudo o que sofreu o Servo.
O texto da primeira leitura de hoje é bem característico. O Servo está atento à palavra de Deus dia a dia e sabe que não será derrotado. É o aparentemente fracassado que vence.
A leitura de Filipenses faz-lhe eco. Atento à palavra do Senhor, Jesus se mantém coerente até a morte, e morte de cruz, considerada pelo judeu (Dt 21,23) uma maldição.

II.COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS

1. I leitura (Is 50,4-7)

Os quatro cânticos do Servo de Javé são da época do exílio, cerca de 400 anos antes de Cristo. Leem-se, na missa da Paixão do domingo de Ramos, alguns versículos do terceiro cântico, que vão bem ao cerne da questão. Falam de alguém que vence a violência, dela sendo vítima e resistindo, sem praticar violência e sem se sentir derrotado.
Em quem estaria pensando o autor dos poemas quando os escreveu? Tentaram identificar, mas não convenceram. Seria um personagem coletivo, figura dos exilados ou dos mais fiéis e mais pobres deles? Seria Jeremias, que, como o Servo, também se diz chamado por Deus desde o ventre da mãe?
Para quem foi feita a roupa não se sabe, o que se sabe é que ela ficou muito grande e não há quem a possa ocupar inteiramente. Já no tempo de Jesus havia expectativa de um Messias que correspondesse ao que dizem esses cânticos, um Messias sofredor. Para os evangelistas, a começar de Marcos, a roupa grande demais serviu bem para Jesus, ele realizou o Messias sofredor.
No trecho de hoje, o Servo é obediente, entendendo-se obediência como estar atento aos fatos para aí descobrir os apelos de Deus. Toda manhã ou todo dia, ele se põe como o mais atento discípulo para saber resistir e dar forças aos que são tentados a desanimar. Atento, ele se faz obediente até a morte, e morte de cruz, vai dizer Paulo.
Consciente de que esse é o caminho de Deus e de que Deus o defenderá, ele resiste a todo tipo de insultos e humilhações. O que é dito aqui brevemente se explicita nos outros cânticos, especialmente no último (Is 52,13-53,12).
As agressões e, do outro lado, o silêncio e a resistência que vão fazer os agressores reconhecerem seu erro e a vitória do Servo tornam-se inspiração para Marcos narrar a paixão de Jesus.

2. II leitura (Fl 2,6-11)

São Jerônimo, ao traduzir esse texto, sofreu influência dos debates de seu tempo sobre a divindade de Cristo. Onde o texto grego diz que Jesus não pensou que fosse usurpação “aquele ser igual a Deus” (to einai isa Theo), Jerônimo traduziu “ser ele igual a Deus” (se esse aequalem Deo). A igualdade com Deus seria a que Jesus já possuía. Isso complicou tremendamente as modernas traduções desse texto.
“Aquele ser igual a Deus” é o ser igual a Deus sugerido pela serpente aos primeiros pais. Paulo compara Jesus ao Adão primitivo, segundo os conceitos de seu tempo. Conforme escritos judaicos da época, o Adão primitivo era andrógino, tinha cem côvados (cerca de 50 metros) de altura e era a imagem ou forma de Deus. Pretendeu, porém, usurpar a igualdade plena com Deus, comendo a fruta do conhecimento do bem e do mal. Com esse pecado, deixou de ser a imagem ou forma de Deus.
Para Paulo, então, Jesus é o novo Adão, começo da nova humanidade. É forma ou imagem de Deus como o Adão primitivo, mas, ao contrário daquele, não pretendeu fazer da igualdade com Deus uma usurpação, esvaziou-se a si mesmo, assumindo a forma de escravo, apresentando-se como um ser humano comum.
Nas orientações à comunidade de Filipos (Fl 2,1-4), Paulo dizia que o que faltava para completar a sua alegria era que cada um se considerasse o último de todos e que não pensasse no seu interesse, mas apenas no dos outros. Pouca coisa, mas quem é capaz de se esquecer totalmente de si e assumir o último lugar? A resposta é Jesus, o novo Adão, começo da nova humanidade.
Aqui estamos no texto de hoje. A tradução do Lecionário, como a esmagadora maioria das outras, não deixa entrever que se trata de um paralelo entre Jesus e Adão.
Ao contrário do Adão primitivo, que pretendeu adquirir a igualdade com Deus raptando o fruto proibido, Jesus assumiu ser o último de todos (a morte de cruz era o pior que poderia acontecer a um judeu – cf. Dt 21,23) e sacrificou a própria vida pela humanidade. Só assim ele reverte a lei do pecado, ou seja, cada qual pretender ser igual a Deus, absoluto e senhor de tudo.
Obedecer tem que ver com ouvir, estar atento aos fatos. Obedecer é estar atento ao livro da vida e responder a ele coerentemente, mesmo que isso pareça ir contra o livro da Escritura que diz que um crucificado é alguém maldito por Deus.

3. Evangelho (Mc 14,1-15,47)

O Evangelho de Marcos foi escrito muito próximo da chamada Guerra Judaica. Geograficamente próximo, na hipótese cada vez mais aceita de o evangelho refletir a vida dos cristãos da Galileia, de onde saíram os “bandidos”. Cronologicamente próximo, porque foi escrito exatamente entre a tomada de Jerusalém pelos “bandidos” e a destruição da cidade pelo exército romano.
Pequenos proprietários rurais da Galileia, que haviam perdido suas terras por causa dos altos impostos, da baixa fertilidade, do ano sabático (um ano sem plantar) e, especialmente, dos juros extorsivos cobrados pelos judeus ricos que lhes emprestavam dinheiro, passaram a viver de assaltos e a formar grupos de assaltantes. Refugiavam-se em grutas e gozavam da simpatia do povo, porque repartiam nas aldeias os alimentos tomados, por exemplo, de uma caravana romana que assaltavam. Eram chamados de “bandidos”.
No ano 66, eles se uniram e tomaram Jerusalém, onde estavam arquivados os documentos de suas dívidas e onde morava a maioria dos seus credores, os anciãos, membros do Sinédrio. Queimaram os documentos e mataram os anciãos e os sumos sacerdotes, colocando outros no lugar.
Jesus é preterido em favor de Barrabás e é morto entre dois bandidos, como se fosse mais um deles.
O evangelista tem também no pensamento os quatro poemas do livro de Isaías, os cânticos do Servo do Senhor, que falam de um justo e inocente que sofre e é massacrado exatamente por ser justo. Ele, porém, resiste, fica firme, até que os perseguidores reconheçam o próprio erro. Ele vence pela firmeza e coerência diante das violências sofridas.
A morte de Jesus já estava decidida pelas autoridades. A intenção era apenas pegá-lo quando menos se esperasse. Por isso mesmo, Jesus só ficava em Jerusalém durante o dia, à noite ia dormir fora da cidade. Havia um traidor entre os doze. Na preparação para a Ceia, Marcos deixa bem visível o aspecto clandestino da ida de Jesus à noite a uma casa da cidade para celebrar a Páscoa.
Ele é preso num lugar chamado Getsêmani, que significa espremedor de azeitonas. “Sem ordem de prisão e sem sentença ele foi detido, e quem se preocupou com a vida dele?” (Is 53,8).
O misterioso jovem, vestido apenas com um lençol sobre o corpo nu, que deixa o lençol nas mãos dos que prendiam Jesus e foge nu, parece significar aquele que tenta seguir Jesus coberto apenas com uma capa de discípulo, mas, à primeira ameaça, foge nu e desarmado, como falava Amós em 2,16.
“Como cordeiro levado ao matadouro ou ovelha diante do tosquiador, ele ficou calado, sem abrir a boca” (Is 53,7). “Apresentei as costas aos que me queriam bater, ofereci o queixo aos que me queriam arrancar a barba nem desviei o rosto dos insultos e dos escarros. O Senhor Deus é o meu aliado, por isso jamais ficarei derrotado” (Is 50,6-7).
O Salmo 22(21), oração de um doente que, curado, agradece a Deus, também inspira o evangelista. Jesus recita na cruz: “Meu Deus, meu Deus por que me abandonaste?” Lucas e João, para evitar mal-entendidos, não colocam nos lábios de Jesus essas primeiras palavras do salmo.
O salmo, porém, já aponta para a ressurreição: “Quanto a mim, para ele viverei, a ele servirá a minha descendência. Do Senhor se falará à geração futura; anunciarão sua justiça” (Sl 22,30-32).

III. DICAS PARA REFLEXÃO

– A repetição anual, para não dizer semanal ou até diária, da celebração da Paixão do Senhor é necessária e indispensável para nos fazer entender o que significa a vitória do derrotado, o sucesso do fracassado, a glória da humilhação, a vida que nasce da morte. Nada melhor do que isso para derrotar a lei que impera sobre nós, a qual dá força a quem é forte, promete vitória ao mais poderoso, exclui como sentimentalismo tolo qualquer preocupação com as dificuldades do outro. Nessa mentalidade, os considerados incompetentes que se danem, ai dos vencidos!
– Acreditar em Jesus como salvação da humanidade é acreditar na vitória do vencido. Aquele que sacrifica tudo em favor dos outros e se coloca em último lugar é o maior fracassado no mundo governado pelos que se consideram “competentes” e poderosos. No entanto, é ele que vence e dá novo rumo à história.
Fonte: Paulus em em 01/04/2012

Mc 15, 1-39

Meditando o evangelho

A DIVINDADE ESCONDIDA

A paixão, tirada do conjunto dos eventos da vida de Jesus, é chocante. O evangelista não caiu na tentação de minimizar a tragicidade da experiência de Jesus nem, muito menos, esvaziá-la, apelando para a certeza da ressurreição.
No Getsemani, Jesus provou uma grande tristeza e ficou angustiado. Suspenso na cruz, fez a experiência do abandono por parte do Pai. Some-se a isto, a traição de Judas que, com um beijo, entregou-o a seus adversários. A tríplice negação de Pedro, incapaz de ser verdadeiro diante de uma empregada do sumo sacerdote. A fuga dos demais discípulos, atemorizados diante da sorte do Mestre. Toda uma trama armada para garantir uma sentença dada à revelia do acusado. A paixão, calcada na figura profética do Servo Sofredor, apresenta a figura de Jesus despida de qualquer dignidade, reduzida à condição de trapo humano.
Dois gestos, em relação a Jesus, são dignos de nota. A exclamação do militar romano, um pagão que fez uma leitura correta da paixão, reconhecendo ser Jesus, de fato, o Filho de Deus; e o gesto solidário de algumas mulheres que o seguiram até o fim.
Embora escondida, é necessário reportar-se à divindade para se compreender a paixão de Jesus. Caso contrário, sua morte teria sido um episódio irrelevante.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Senhor Jesus, como o oficial romano, confesso a tua condição de Filho de Deus crucificado. Que eu compreenda o verdadeiro sentido de tua paixão.

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. ACOLHAMOS NOSSO REI!
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Lembro-me quando Pedro Augusto Rangel elegeu-se primeiro prefeito da minha cidade de Votorantim recém emancipada, e o povo se aglomerava no jardim "Bolacha", onde ele passou com um grupo numeroso, a gente ficava na calçada em meio a multidão e acenávamos com a mão, enquanto que ele nos retribuía com acenos e sorrisos. Eu me senti orgulhoso por estar lá, apesar de ser um menino, pois o fato do prefeito ter retribuído o aceno, dava-me a nítida impressão de que ele olhava para mim. Essa troca de olhares, sorrisos, acenos, tudo é um sinal exterior daquilo que interiormente estamos sentindo. Eu na verdade não sentia nada, mas percebi que meu pai estava emocionado e dizia todo radiante “Esse é dos nossos, é do povão”.
O povo simples, postado á beira do caminho que levava a Jerusalém, se identificavam com Jesus de Nazaré, havia em todos aqueles corações, marcados pela esperança, um sentimento de alegria, porque o esperado reino messiânico estava chegando naquele homem: Jesus de Nazaré, montado em um jumentinho, para por um fim no reino da pomposidade. O mesmo sentimento presente no coração do povo estava também no coração do Messias, porém, a salvação e libertação que ele trazia era em seu sentido mais amplo.
A procissão do Domingo de Ramos exterioriza esse acolhimento, essa aceitação de Jesus, no coração e na vida de quem crê, mas precisamos tomar muito cuidado, para que o nosso canto de Hosana, não fique no oba-oba do entusiasmo momentâneo, pois proclamá-lo nosso Rei e Senhor, significa um rompimento com qualquer mentalidade ou cultura da modernidade, é a experiência profunda da conversão sincera, é a prática de uma espiritualidade que ultrapassa a religiosidade ou o simples devocional, e que nos coloca na linha do discipulado.
A ruptura se faz necessária justamente porque as vozes contrárias ao Reino, dos Poderes do mundo, tentarão sempre abafar ou distorcer a palavra de Deus. Por isso, o servo sofredor, apresentado por Isaias na primeira leitura, é alguém “duro na queda”, inflexível, convicto da missão, e que nunca se deixa “engambelar”, porque tem a língua sempre afiada, não para cortar a vida do próximo, mas para proclamar as Verdades de Deus, reconfortando os tristes e abatidos, despertando esperança no coração de todos os que o ouvem. Ainda é esse mesmo Deus que lhe abre ou ouvidos para que escute como discípulo.
Escutar como discípulo requer a disposição interior em doar-se totalmente por esta causa, por isso este Servo sofredor, que a igreja aplicou a Jesus, coloca toda sua confiança no Deus que vem ao seu auxílio, e que jamais o irá desapontar. Há ainda nessa liturgia, uma atitude que não deve faltar na vida de quem se dispõe a acolher Jesus Cristo como seu único Senhor e Salvador, é o esvaziamento, em grego “kênose”, que encontramos na segunda leitura dessa liturgia, quem quiser encher-se como um pavão, e alimentar a vaidade da santidade, nunca poderá ser discípulo autêntico, pois o Cristo que hoje acolhemos é o Cristo da vergonha e humilhação, é o Cristo rebaixado á condição de servo, é o Cristo que morre nu, pendurado em uma cruz, em uma morte vergonhosa e extremamente humilhante.
Acolher e ovacionar Jesus neste domingo de ramos é bastante comprometedor, por isso que a procissão expõe a fé da nossa igreja publicamente, acenar com os ramos, cantar nossos hinos de louvores e de Hosana, significa a disposição, a coragem e a fidelidade, para percorrer esse mesmo caminho, na firmeza inabalável, ainda que o mundo nos apresente tantos atalhos sedutores, onde podemos ser cristãos adocicados, ou se preferirem, cristãos de “meia tigela”, sem sofrimento e sem nenhum compromisso com o ensinamento do evangelho, como dizia um compadre na porta da igreja, em tom de brincadeira “Ser cristão é coisa muito boa, o que atrapalha é a cruz”, assim pensa a maioria dos cristãos da modernidade, e o próprio Pedro – Chefe da Igreja – também pensava, pois negou o mestre por três vezes, hoje se nega muito mais.
O evangelho da paixão nos mostra o elemento fundamental na vida do cristão: a oração, mas não aquela em que choramingamos diante de Deus, pedindo para que ele mude a nossa sorte, nos favorecendo em tudo aquilo que queremos, mas oração igual à de Cristo em sua agonia.
E finalmente, em um momento tenebroso, Lucas descreve a prisão de Jesus, como uma vitória momentânea das trevas sobre a luz. Jesus hoje continua preso, querem abafar o seu ensinamento, distorcer a essência do seu evangelho, amenizar as exigências do ser cristão, transformando-o em um cristianismo mais “light”. É bom durante a procissão de ramos, fazermos um questionamento: De que lado nós estamos? Senão, esta Semana chamada de Santa, será apenas mais uma entre muitas, cheia de piedade e devoção, e sensibilidade capaz de arrancar lágrima dos olhos, nada que uma boa dramatização teatral, também não consiga fazê-lo...
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail jotacruz3051@gmail.com

2. Paixão de Jesus
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)

Lá fora se arma uma conspiração. Dentro, a traição está em andamento. Começam os últimos dias de Jesus. Procuram um meio para prendê-lo e matá-lo.
Em Betânia, há uma refeição na casa de Simão, o leproso. Uma mulher, anônima, unge a cabeça de Jesus com um perfume muito caro. Outros evangelistas dizem que a mulher ungiu os pés de Jesus. Quem unge a cabeça são os sacerdotes e os profetas. Judas encaminha a sua traição. No fim da tarde, celebra-se o primeiro dia da Páscoa judaica. No Cenáculo, Jesus celebra a primeira Missa e anuncia a traição de Judas. Tomou o pão e disse: “Isto é meu Corpo”. Tomou o cálice e disse: “Isto é o meu Sangue, o Sangue da Aliança”. Jesus anuncia a traição de Pedro.
No Jardim das Oliveiras, Jesus é o Cordeiro humilhado, que será levado ao matadouro. Judas chega com muita gente, com armas e paus. Dá um beijo em Jesus. Jesus é preso e todos os seus discípulos o abandonam e fogem. Um jovem enrolado num lençol é agarrado, mas foge também, nu. Acredita-se que este jovem seja Marcos, o evangelista. Não sobrou nada. O último dos discípulos escapou sem roupa.
Durante a noite: Jesus é julgado pelos judeus, e os judeus zombam dele como profeta. Pedro, que seguiu Jesus de longe, diz que não o conhecia. De manhã: Jesus é julgado pelos romanos, e os romanos zombam dele como rei. Jesus é crucificado e sofre a zombaria da multidão como Messias. Ao meio-dia: A terra se cobre de trevas e o véu do Santuário se rasga. Zombam dele ainda duas vezes, invocando Elias, o precursor do Messias. De tarde: um grito: “Por que me abandonastes?”. Outro grito, este forte, e a morte. O romano zombador reconhece: “Este é o filho de Deus!”. Antes do cair da noite: José de Arimateia, do Sinédrio dos judeus, cuida do corpo e o sepulta.
Por três vezes Jesus tinha anunciado a sua Paixão dolorosa, mas não foi compreendido pelos discípulos. Eles tiveram muita dificuldade em entender quem era Jesus. Pensavam estar seguindo um Messias poderoso como os poderosos deste mundo. Jesus, porém, já tinha dito: “Os chefes das nações as dominam e oprimem. Entre vocês não será assim”. Jesus vence o poder demoníaco, que é o poder deste mundo, agindo como o servidor de todos, a partir do último lugar. Jesus não permanece na morte. Ele ressuscitará e começará tudo de novo, num novo encontro com os discípulos na Galileia. O evangelista São Marcos vê Jesus em sua Paixão e Morte como um cordeiro manso e humilde, levado ao matadouro. É o Servo Sofredor que, abandonado, grita pelo Pai.

REFLEXÕES DE HOJE


25 DE MARÇO-DOMINGO DE RAMOS

VEJA AQUI MAIS HOMILIAS DESTE DOMINGO

HOMÍLIA DIÁRIA

Bendito o que vem em nome do Senhor!

Postado por: homilia
abril 1st, 2012

Desde o princípio da Quaresma preparamo-nos com obras de penitência e caridade. Neste Domingo de Ramos, a Igreja recorda a entrada de Nosso Senhor Cristo, em Jerusalém, para consumar o Seu mistério pascal. Por isso, em todas as Missas essa entrada do Senhor na Cidade Santa é comemorada, tanto com a procissão como com a entrada solene antes da Celebração Eucarística principal ou com a entrada simples antes das outras Missas.
Foi para realizar esse mistério da Sua Morte e Ressurreição que Jesus Cristo entrou na Cidade Santa. Por isso, recordando com fé e devoção essa entrada triunfal nesse local sagrado, acompanharemos o Senhor, de modo que, participando agora da Sua cruz, mereçamos um dia ter parte na Sua Ressurreição.
A leitura atenta da Paixão de Cristo suscita uma inevitável pergunta: quem foram os responsáveis pela morte de Jesus, os judeus ou os romanos?
Na Morte de Jesus misturaram-se motivos políticos e religiosos, embora a responsabilidade mais direta caia – de acordo com a narração evangélica – sobre as autoridades judaicas daquele tempo e não sobre todo o povo.
Porém, a leitura do Evangelho, com um olhar de fé, acaba por descobrir outros responsáveis pela Morte de Cristo, ou seja, todos nós.
Ele foi abatido pelas nossas iniquidades (cf. Is 53,3). Todos nós podemos ouvir, dirigidas a cada um de nós pessoalmente, as palavras que o profeta Natã dirigiu a Davi quando este lhe perguntou quem foi o malvado que matou a única ovelha do pobrezinho. Ele responde:“Esse homem és tu!” (II Rs 12,7).
Sim, foi você. Fui eu. Fomos todos nós. Cada homem é responsável pela Morte de Cristo. Não estão sozinhos Judas que O atraiçoou, Pedro que O negou, Pilatos que lavou as mãos e a multidão que repetiu: “Crucifica-O!”, os soldados que repartem entre si as vestes do Condenado, os ladrões criminosos. Estamos todos nessa situação de responsabilidade.
Mas não podemos ficar aqui. Sabemos não só que Jesus morreu verdadeiramente e foi sepultado. Sabemos também que ressuscitou ao terceiro dia, subiu e está sentado à direita do Pai. Morreu pelos nossos pecados e ressuscitou para a nossa salvação.
Desde hoje temos de olhar já para o Domingo de Páscoa. Mas para que este olhar não seja um sentimento vazio, precisamos levá-lo verdadeiramente a sério, isto é, morrer, por intermédio do arrependimento e da confissão dos nossos pecados – sobretudo os pecados mortais – e assim ressuscitar para a vida da Graça.
“Bendito seja o que vem em nome do Senhor!” A liturgia do Domingo de Ramos é como que um pórtico de ingresso solene na Semana Santa.
Esta liturgia associa dois momentos entre si contrastantes: o acolhimento de Jesus em Jerusalém e o drama da Paixão; o “Hosana!” de festa e o grito repetido várias vezes: “Crucifica-O!”; a entrada triunfal e a derrota aparente da morte na Cruz. Assim, antecipa o “momento” em que o Messias deverá sofrer muito, será morto e ressuscitará no terceiro dia (cf. Mt 16,21), e prepara-nos para viver em plenitude o mistério pascal.
Portanto, “Solta gritos de júbilo, filha de Jerusalém! Eis que o teu rei vem a ti” (Zc 9,9). Jerusalém, a cidade em que vive a memória de Davi rejubila ao receber Jesus. A cidade dos profetas, muitos dos quais nela sofreram o martírio por causa da Verdade. A cidade da paz, que ao longo dos séculos conheceu a violência, a guerra e a deportação.
De certa forma, Jerusalém pode ser considerada a “cidade-símbolo” da humanidade, sobretudo no dramático tempo em que vivemos neste Terceiro Milênio. Por isso, os ritos do Domingo de Ramos adquirem uma particular eloquência. Ressoam confortadoras as palavras de Zacarias: “Exulta de alegria, filha de Sião! Solta gritos de júbilo, filha de Jerusalém! Eis que o teu rei vem a ti: ele é justo e vitorioso, humilde, montado num jumento. O arco de guerra será quebrado. Proclamará a paz para as nações” (Zc 9,9-10). Hoje estamos em festa, porque Jesus – o Rei da Paz – entra em Jerusalém.
“Verdadeiramente este homem era o Filho de Deus!” Ouvimos de novo a clara profissão de fé, pronunciada pelo centurião, que “O viu expirar daquela maneira”. Daquilo que viu, surge o testemunho surpreendente do soldado romano, o primeiro que proclamou que aquele Homem crucificado “era o Filho de Deus”.
Senhor Jesus, também nós vimos como sofreste e como morreste por nós. Fiel até ao extremo, Tu nos libertaste da morte com a Tua morte. Senhor Jesus, como o oficial romano, confessamos a Tua condição de Filho de Deus crucificado. Que nós compreendamos o verdadeiro sentido de Tua paixão e possamos professar: VERDADEIRAMENTE ESTE HOMEM ERA FILHO DE DEUS!
Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor, o Rei de Israel. Hosana nas alturas!
Padre Bantu Mendonça
Fonte: Canção Nova em 01/04/2012

Oração Final
Pai Santo, diante do mistério do Cristo – encarnado em Jesus de Nazaré, que viveu, amou apaixonadamente, morreu, ressuscitou e permanece eternamente conosco – faze-nos crianças encantadas e agradecidas. Não permitas, Pai querido, que nos acostumemos com a Verdade, mas que sigamos o Caminho de Jesus, nosso Irmão, que contigo reina na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 01/04/2012

ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, faze-nos crianças encantadas e agradecidas diante do mistério do Cristo encarnado em Jesus de Nazaré, que viveu, amou, morreu, ressuscitou e permanece eternamente conosco. Não permitas, Pai querido, que nos acostumemos com a Verdade, mas que sigamos pela Vida afora o Caminho de Jesus, nosso Irmão que contigo reina na unidade do Espírito Santo.

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