“Envolver-se na política é uma
obrigação para o cristão. Nós não podemos fazer como Pilatos e lavar as mãos,
não podemos. Temos de nos meter na política porque a política é uma das formas
mais altas de caridade, porque busca o bem comum. Os leigos cristãos devem
trabalhar na política. A política está muito suja, mas eu pergunto: está suja
por quê? Por que os cristãos não se meteram nela com espírito evangélico? É a
pergunta que faço. É fácil dizer que a culpa é dos outros… mas, e eu, o que
faço? Isso é um dever. Trabalhar para o bem comum é dever do cristão”.
Note
que o Papa enfatizou que a política é uma das “formas mais
altas de caridade”, porque é por ela que um país é governado,
atendendo especialmente aos mais necessitados. Mas, se os políticos são
desonestos, essa caridade não existe. E a culpa, acima de tudo é do próprio
povo, porque é ele quem escolhe pelo voto seus governantes.
Na
sua Encíclica sobre o Evangelho da Alegria, o Papa Francisco repetiu: “A política, tão denegrida, é uma
sublime vocação, é uma das formas mais preciosas da caridade, porque busca o
bem comum” (Papa Francisco, EG, 205)
O
Papa Bento XVI já tinha dito:
“Reitero a necessidade e urgência
de formação evangélica e acompanhamento pastoral de uma nova geração de
católicos envolvidos na política, que sejam coerentes com a fé professada, que
tenham firmeza moral, capacidade de julgar, competência profissional e paixão
pelo serviço ao bem comum.” (Discurso ao CPL, Vaticano, 15 de novembro de
2008).
O
Concílio Vaticano II já tinha dito isso:
“Lembrem-se, portanto todos os
cidadãos ao mesmo tempo do direito e do dever de usar livremente seu voto para
promover o bem comum. A Igreja considera digno de louvor e consideração o
trabalho daqueles que se dedicam ao bem da coisa pública a serviço dos homens e
assumem os trabalhos deste cargo.” (Gaudium et Spes, 75).
E
o nosso Catecismo repete:
“A iniciativa dos cristãos leigos
é particularmente necessária quando se trata de descobrir, de inventar meios
para impregnar as realidades sociais, políticas e econômicas com as exigências
da doutrina e da vida cristãs. Esta iniciativa é um elemento normal da vida da
Igreja.” (n.899)
Na
“Christifidelis laici”, São João Paulo II disse:
“Para animar cristãmente a ordem
temporal… os fiéis leigos não podem absolutamente abdicar da participação na
«política», ou seja, da múltipla e variada ação econômica, social, legislativa,
administrativa e cultural, destinada a promover orgânica e institucionalmente o
bem comum.” (n.42).
Infelizmente
o demônio colocou na cabeça dos bons que a política é coisa de gente má; e ela
ficou muito dominada pelos maus. É preciso acordar desse pesadelo. Os cristãos
precisam ter uma participação ativa na política, não só como candidatos, mas,
principalmente promovendo bons políticos. O povo não sabe votar, não conhece os
candidatos; muitas vezes pega um papel de propaganda na rua, no dia da eleição
e dá o seu voto a qualquer um. Pior ainda são os que anulam o voto ou votam em
branco, jogando fora o direito e o dever sagrado de participar da vida da
nação. E assim, estão facilitando a eleição dos piores.
Hoje
com a internet, ficou mais fácil saber quem é político e quem é politiqueiro;
que quer trabalhar para o povo e quem quer trabalhar para si mesmo. Então, urge
que os cristãos informem seus irmãos e suas comunidades sobre quem não merece o
voto de um cristão.
Precisa
ficar claro que a política é boa, o que não presta é a politicagem; o político
é bom, o que não presta é o politiqueiro.
O
pior problema hoje do nosso país é que grande parte da população é alienada da
vida pública, não lê um jornal, uma boa revista, etc., se limita a ver
noticiário de televisão, e se deixa muitas vezes enganar por um favor que
recebe.
O
voto é sagrado; é a arma da democracia; mas se ele não for dado com
conhecimento de causa, com honestidade, sem se vender; a democracia fica doente,
e pode se tornar ditadura disfarçada.
O
Brasil carece de uma reforma política séria, onde se implante, por exemplo, o
voto distrital, se acabe com o tal “coeficiente eleitoral” que faz com que
muitos sejam eleitos com os votos de outros, etc. Mas tudo isso só acontecerá
quando houver uma mudança na qualidade dos nossos governantes, que governem de
fato para o bem do povo, e não deles.
Muitos
que hoje são eleitos, têm suas caríssimas campanhas políticas custeadas por
grandes corporações: sindicatos, igrejas, cooperativas, empresários, etc.
Depois de eleitos, vão trabalhar para o bem do povo? Não. Para o bem de quem os
custeou. Assim a política como caridade não existe; os lobbies a dominam. Então, é preciso termos
governantes eleitos de fato pelo povo, conscientizado, e não comprado com caros
investimentos. Cabe a cada cristão se conscientizar disso e conscientizar seus
irmãos para que não sejam manipulados, comprados e subjugados.
http://cleofas.com.br/o-catolico-e-a-consciencia-eleitoral/
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