João Paulo II
ROMA, 10 Abr. 14 / 11:37 am (ACI/EWTN Noticias).- O Cardeal Stanislaw Dziwisz, Arcebispo de
Cracóvia (Polônia), um dos colaboradores mais próximos do Beato Papa João Paulo
II, assegura que a santidade do Pontífice polonês esteve também marcada pelo
martírio.
Em um artigo intitulado “Uma vida com Karol”
publicado na edição de abril da revista “Luoghi dell'infinito” do jornal
italiano Avvenire, o Cardeal explica que no atentado que sofreu em 13 de maio
de 1981 “o sangue do Papa foi derramado” e “o Papa se aproximou ao martírio de
sangue”.
“Depois, o resto de seu pontificado esteve marcado por outro tipo de martírio:
o trabalho duro, o sacrifício, o consumir-se por Cristo e por sua causa, pela
qual o Salvador do homem veio à terra”, sublinhou.
O Cardeal Dziwisz destaca que em seus 27 anos de pontificado a santidade do
Papa Wojtyla se apresentou como “diversa”, e “polifônica”, porque se destacou
em muitos aspectos como “a santidade na oração, o serviço e o sofrimento”.
“Conheci Karol Wojtyla no seminário, aos 18 anos, em 1957. Ele era professor de
ética. Impressionava-nos seu conhecimento nesta matéria, assim como sua
espiritualidade e sua abertura mental para o próximo. Um ano depois foi nomeado
bispo auxiliar da Diocese de Cracóvia e algum tempo depois, assumiu a guia como
Arcebispo metropolitano”, recorda.
“Em 23 de junho de 1963 recebi das mãos do jovem Arcebispo Karol o Sacramento
do Sacerdócio. Então não imaginava que a história da minha vida e da minha
vocação estaria tão marcada pelo serviço para a Igreja ao seu lado.
Literalmente”.
Em 6 de outubro de 1978 chegou o ponto de inflexão para a vida do Cardeal
Dziwisz: O Cardeal Wojtyla tinha sido eleito no Conclave o novo Papa da Igreja
Católica. “Pediu-me que continuasse ajudando-o. Assim começou tudo”.
“Ninguém sabia quanto duraria, nem como seria o pontificado do Papa João Paulo
II, que chegou a Roma de um país longínquo, tanto do ponto de vista geográfico
como político. No país do Papa reinava um sistema comunista totalitário que lutava
contra Deus, a Igreja e o ser humano, com o objetivo de priva-lo do que é mais
importante”.
O Cardeal Dziwisz considera que com sua morte, o pontífice se converteu em um
“catequista” para toda a humanidade. “Acompanhei-o até o final, até o seu último
suspiro. Poder-se-ia pensar que era o final de tudo, mas em realidade, era o
princípio de uma nova história: a santidade. Por si só, a morte e os funerais
de João Paulo II se converteram em uma catequese emocionante para o mundo
inteiro”.
“Apenas Deus sabe o que aconteceu nos corações de milhões de pessoas. A
santidade do Papa começou naquele momento a lhes falar. A santidade do Papa é a
síntese de quem era ele, e o que conseguiu fazer”.
A oração de Karol Wojtyla
Para o Cardeal Dziwisz a oração é a chave para entender a personalidade de
Karol Wojtyla. “Desde jovem e os anos escuros marcados pela Segunda Guerra
Mundial, estava impressionado por Jesus Cristo. Cristo e o Evangelho entraram
em sua vida e o conquistaram. Desde então, este jovem discípulo do Mestre de
Nazaré começou um intenso caminho espiritual. Impôs-se um programa ao qual foi
fiel como sacerdote, Bispo e Papa”.
O Cardeal recordou que um dia de oração diária para o jovem Wojtyla iniciava
com “uma meditação seguida da celebração eucarística, além da que oficiava em
sua paróquia. Depois como Cardeal passava as horas da manhã na capela e
dedicado somente ao trabalho intelectual, em seus discursos, artigos e livros.
Junto ao altar do tabernáculo os meditava e escrevia. A oração se mesclava com o
trabalho criativo e se convertiam em uma só coisa. O mesmo acontecia durante as
longas viagens em automóvel. Orava e escrevia”.
“O programa cotidiano também incluía a Liturgia das Horas, e orações
tradicionais, como o Terço, as Ladainhas ao Sagrado Coração de Jesus, as
Ladainhas Lauretanas e também a Via Sacra. Manteve este programa inclusive no
Vaticano”.
“O Santo Padre orava todos os dias no seu quarto, segundo as indicações do
Evangelho… orava sozinho, mas também junto daqueles que lhe prestavam serviço.
Orava como só um pastor de verdade sabia fazer”, concluiu.
O Papa João Paulo II será elevado à glória dos altares da Santidade o próximo
27 de abril junto com o Beato Papa João XXIII, em uma cerimônia de canonização
dirigida pelo Papa Francisco na Praça de São Pedro. Espera-se que para a
ocasião milhões de pessoas viajem para a cidade de Roma.
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