domingo, 25 de agosto de 2013

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 25/08/2013

25 de Agosto de 2013

Ano C


Lc 13,22-30

Comentário do Evangelho

O discípulo é chamado a fazer uma opção: entrar pela “porta estreita”

O texto do evangelho menciona a subida para Jerusalém (v. 22; cf. 9,51). Trata-se da parte central do evangelho segundo Lucas e que, mais que um trajeto geograficamente preciso, tem um valor simbólico e didático: são lições que Jesus dá aos discípulos na expectativa de sua “saída” deste mundo.
“Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam?” (v. 23). A salvação é um dom de Deus e compete somente a ele. Aos discípulos compete viver esta graça, configurando a sua vida à vida de Cristo.
O discípulo é chamado a fazer uma opção: entrar pela “porta estreita” (v. 24). A porta estreita é oposta à prática da iniquidade (v. 27). No evangelho segundo João, Jesus se apresenta como a porta das ovelhas (Jo 10,7.9): “Eu sou a porta. Quem entrar por mim será salvo” (Jo 10,9). É por Jesus que se alcança a salvação. Toda a sua existência terrestre e a sua vida gloriosa é que dão acesso ao Reino de Deus. Os que praticam “a iniquidade” (v. 27) são os que resistem a fazer a vontade de Deus; os que, pela dureza de coração, se opõem, perseguem Jesus; são aqueles para os quais a morte de Jesus é como uma “porta fechada” (v. 25). É evidente que Jesus falava de seus contemporâneos, dos que perderam a oportunidade de reconhecer o tempo da visita salvífica de Deus (cf. 1,6; 7,16). A vida de cada um, e o definitivo da existência humana, se decide diante “diante do dono da casa”, do Cristo Ressuscitado, pela adesão ou rejeição a ele. Mas a salvação não se restringe a um povo; a humanidade inteira é destinatária da salvação de Deus em Jesus Cristo: “Virão muitos do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e tomarão parte à mesa do Reino de Deus” (v. 29).
Não necessariamente os que foram chamados primeiro aceitarão participar do banquete do Cordeiro. Mas os últimos, os pagãos, têm também lugar assegurado, desde que aceitem entrar pela "porta estreita”.
Carlos Alberto Contieri, sj

ORAÇÃO
Pai, conduze-me pelo verdadeiro caminho da salvação que passa pelo serviço misericordioso e gratuito a quem carece de meu amor.

Vivendo a Palavra

Jesus lembra que estar perto nem sempre significa estar em comunhão. Estar unido ao Pai é praticar a Justiça, a fraternidade, a compaixão. É acolher os irmãos, especialmente o pobre, o discriminado pela sociedade, o diferente de nós e até o nosso adversário, promovendo o seu bem e orando por ele.

Meditação

Você tem consciência de que faz sua parte pelo Reino de Deus? - Há muita injustiça à sua volta? - Se você exerce algum poder sobre alguém, procura agir de modo justo? - Questiona-se sempre sobre o exercício do poder? - Procura proteger os simples, os humildes como deve?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R

Comentários do Evangelho


1 - ENTRAI PELA PORTA ESTREITA. – Olivia Coutinho - XXI DOMINGO DO TEMPO COMUM - Dia 25 de Agosto de 2013 - Evangelho Lc 13,22-30

A busca pela santidade, deve ser o nosso objetivo primeiro, o horizonte que não podemos perder de vista!
A todo instante, J sus nos convida a dar um sentido novo à nossa existência, uma única e fundamental direção, nos propondo algo de concreto: a santidade como meta para chegarmos à vida eterna! E quantas vezes, somos   indiferentes  a este  convite de Jesus! Por ora, podemos até querer  trilhar o caminho da santidade, mas não queremos romper com as coisas do mundo, com as estruturas de  pecado. Sem um rompimento, com estas estruturas, não tem como aderir à proposta de Jesus, ficamos só no superficial.
O caminho da santidade, que nos leva a vida eterna, é um caminho traçado por Deus e não por nós, para trilharmos este caminho, precisamos nos libertar dos nossos apegos, deixar de projetar a nossa vida tendo nós mesmos como referencia, para nos envolver no projeto de Deus, que tem como referencia, unicamente Jesus!
É importante refletirmos  quanto à consciência que devemos ter do nosso tempo de vida terrena, conscientizarmos de que este nosso tempo presente, deve ser um tempo útil à nossa caminhada rumo à eternidade,  pois este é o único  tempo que possuímos como espaço sagrado que Deus  nos concede, para buscarmos a nossa salvação.
Fomos criados e orientados por Deus a direcionar a nossa existência  como uma flecha que busca  o seu alvo, e o nosso alvo é o próprio Deus, Ele deve ser o nosso objetivo primeiro, Àquele que dá o verdadeiro sentido ao nosso existir.
O evangelho de hoje, vem nos acordar para uma realidade que não podemos fugir: a transitoriedade da nossa vida terrena, da vida que passa!
O tema que a liturgia deste domingo nos propõe, é a salvação! É preciso buscar a porta estreita, renunciar às  tantas portas largas existente neste mundo, portas convidativas  que tentam nos desvirtuar  dos bens eternos.
O texto chama a nossa atenção sobre importância de nos preencher de Deus, de fazermos  da nossa vida, um  santuário que acolhe a todos. Nossa salvação, passa pela pratica do amor e da Justiça, única condição para  sermos reconhecidos por Jesus.
Deus quer que todos sejam salvos! Foi para isso que Ele enviou o seu Filho ao mundo, Jesus  é a porta estreita por onde devemos passar!
Temos a tentação de achar que correndo atrás de Jesus para o louvor, para as celebrações, seremos os primeiros a chegar até ele, o que de nada adianta, se pelo caminho ignoramos os que estão caídos, necessitados de nossas mãos para reerguê-los!  Estes, os caídos,  serão os  últimos a chegarem até Jesus, mas serão os primeiros a entrar pela porta da eternidade. A chave desta porta estreita, são eles, a quem negamos a justiça e o amor!
A passagem pela porta estreita é uma graça, uma oferta do amor de Deus, que foi alcançada pelo sacrifício do seu Filho Jesus! O esforço para passarmos por esta porta, é no sentido do acolhimento a esta graça que aniquila o nosso egoísmo e o nosso egocentrismo.
Estar no caminho da santidade, rumo a eternidade, é estar configurado com o formato da porta estreita que é o próprio Jesus, Jesus, que se apresenta como a porta estreita, como o caminho, a verdade que nos liberta, que nos possibilita uma vida em plenitude!
“Senhor, são poucos os que se salvam?” Jesus, conhecedor do que está por detrás das palavras, não responde diretamente, Ele vai  mais além,  aproveita  esta pergunta, para fixar  o essencial!  A pergunta, é sobre números, mas  Ele responde sobre o modo de alcançar a salvação: “Entrai pela porta estreita…”
As palavras de Jesus, é  uma alerta para todos nós;  a Salvação é dom gratuito de Deus, não a alcançaremos por merecimento nosso, e sim, pela Sua misericórdia! O que  precisamos, é acolher esta oferta de amor, aderindo à proposta de Jesus, nos comprometendo com os valores do Reino.
Buscar a felicidade fora do plano de Deus, é  rejeitar a porta estreita,é optar pelas portas largas abertas pelo mundo.
FIQUE NA PAZ DE JESUS!

2 - É DIFÍCIL PASSAR PELA PORTA ESTREITA-José Salviano - 21º DOMINGO TEMPO COMUM - 25 DE AGOSTO - Evangelho - Lc 13,22-30 - São poucos os que se salvam?

'Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam?'
Prezados irmãos. Essa é a triste verdade, a dura realidade!
Apesar de Deus nos chamar diariamente à conversão, são poucos os que atendem ao chamado do Pai, e portanto, serão poucos os que se salvarão. E mesmo dentre esses poucos, entre os que procuram viver o Evangelho, há o perigo de se desviarem do caminho da casa do Pai, porque são tantos os cruzamentos, encruzilhadas e bifurcações, que encontramos pela frente, que  por mais que estejamos atentos e preparados, facilmente poderemos tomar o caminho errado e ir parar no lugar onde haverá choro e ranger de dentes.  Além disso, são tantas as distrações e atrativos à beira da estrada desta vida que nos convidam a dar uma paradinha,  e depois nos embrenhamos por uma trilha que aponta para uma praia paradisíaca, com prazeres ilimitados. E depois quando tentamos retornar à estrada da casa do Pai, é tarde demais! Buracos enormes, barreiras, e tantas trilhas que nos confundem e nos deixam totalmente perdidos...
A PORTA ESTREITA - O campo de futebol estava lotado. Jogo vibrante, as torcida gritando, era só emoções. De repente, um alarme de incêndio!  Gritos, correrias, uns sendo pisoteados, outros desmaiando,  e, por incrível que pareça, somente uma PORTA ESTREITA  se achava aberta.  Uma multidão querendo passar por um pequeno espaço, era pessoas se comprimindo, quebrando braços, dedos, rasgando a roupa, muitos machucados, e poucos conseguiram SE SALVAR!
Jesus mostra que a porta de entrada no Céu é estreita. E que para nos salvar, precisamos passar por ela, antes que seja fechada...  E não vai adiantar nada gritarmos e nos apresentar, dizendo: Senhor! Abre a porta para mim, eu fui o melhor catequista da paróquia! Ou, eu ia à missa todos os domingos até nos dias de chuva e frio! Ou, eu rezava o terço sempre que podia e ajudei a muitos que precisavam... Porque, infelizmente, poderemos ouvir uma voz que nos dirá: "Não sei de onde sois. Afastai-vos de mim todos vós que praticais a injustiça!" 
A injustiça é o que fazemos ou o que resultou do nosso relacionamento com o próximo, com nossa família, com nossos vizinhos, com nossos alunos, com o nosso professor, com nossos pais, com nossos filhos, com a nossa esposa, com nosso marido, nossos colegas de classe, de trabalho, em fim, com todos aqueles com os quais nós convivemos durante toda a nossa caminhada. Fomos justos? Desejamos para o outro exatamente o que desejávamos para nós? Repartimos quando podemos? Ajudamos, toleramos, socorremos, não falamos mal do irmão, da irmã?
Na hora da entrada no Céu, muitos de nós poderão dizer: Eu rezei todos dias!  Porém a nossa Consciência poderá nos alfinetar dizendo: Porém você não praticou a caridade nem foi justo com seus irmãos.  Você praticou uma fé incompleta. Só amou a Deus e a si mesmo, e ignorou o seu irmão! O seu próximo carente, desabrigado, doente, chato, mal vestido, ignorante, pobre...
Caríssimos. A porta estreita da vida são os sacrifícios que teremos de fazer para nos manter de pé diante do Senhor no dia do Juízo. A passagem estreita são as negações de nós mesmo, as entregas por amor ao Reino de Deus, a partilha do que temos com os necessitados, o esforço de desprendemos para suportar as coisas e pessoas que nos são  desagradáveis,  como por exemplo, rezar pelos nossos inimigos, tolerar os abusos dos nossos vizinhos, etc.
Para conseguirmos ser justos aos olhos de Deus, precisamos deixar de lado algumas coisas do nosso agrado egoísta, recusar muitas propostas do mundo que se nos apresentam como opções inteligentes que nos conduzem à felicidade total, mas no fundo não passam de enganações, de laços, armadilhas que acabam  nos levando para a porta larga da entrada do inferno.
E naquele dia, poderemos ser surpreendidos com um fato inusitado! Pois poderá acontecer, que "Virão homens do oriente e do Ocidente, do norte e do sul, e tomarão lugar à mesa no Reino de Deus. E assim há últimos que serão primeiros, e primeiros que serão últimos."
Você já pensou?  Aquele seu amigo que nunca foi  à missa, nunca rezava,  o último dos homens que poderia um dia ser salvo, conseguiu passar pela porta estreita e está agora no Reino dos Céus!
Enquanto você, o primeiro homem na escala da salvação eterna, você  que se julgava um católico praticante, ficou do lado de fora da porta estreita. Por que? Pergunta você, revoltado contra a justiça de Deus. Porque a lógica de Deus é diferente da nossa. Deus perdoa quem está realmente arrependido. Você se esforçava durante a sua vida para ser um católico praticante, porém lá no fundo, faltava algo que muito agrada a Deus. O cuidado no relacionamento  com o irmão, com a irmã.
Enquanto  que o seu vizinho era caladão, mais era caridoso, ajudava os necessitados, nunca falava mal dos outros, respeitava a todos, acreditava em Deus, apesar de não se manifestar ou de se anunciar como o mais justo dos homens. E apesar de não participar da Eucaristia freqüentemente, aquele homem foi salvo, pois a Justiça de Deus as vezes é surpreendente. O ladrão foi perdoado na cruz. Poderemos achar que Deus não agiu com justiça, o dia que um católico não praticante passar a nossa frente ao atravessar a PORTA ESTREITA!
Enquanto você, apesar de viver enfiado na igreja, brigava com todo mundo, por que  se dizia defensor da verdade,  esmola? Não! ele é vagabundo, e precisa se esforçar. Se eu lhe der dinheiro, ele nunca vai tomar jeito, nunca vai querer trabalhar...
Certo dia você ia indo para a missa e um irmão lhe pediu para empurrar o seu carro que não queria funcionar. O que você lhe disse? Sinto muito! Agora não posso. Estou indo para a missa e não posso me atrasar...
Don Henrique Soares explica muito bem que Cristo é a PORTA , por meio da qual entraremos no Céu.  Antes dele, só o sumo sacerdote entrava no Santuário, no Santo dos Santos. Depois de Jesus,todos nós poderemos entrar. Pelo menos deveríamos poder entrar, pois todos somos convidados, apesar de poucos serem escolhidos. No momento da  morte de Jesus, a cortina do Templo rasgou-se, e assim, todos nós teremos a ousadia de entrar no Santuário, passando através da cortina, através da humanidade de Jesus.Nós passaremos dessa Terra par o céu pelo corpo eucarístico de Cristo, Jesus é o caminho, a porta para entrarmos no Santuário, no Santo dos Santos, ou seja, o Céu.
Através da nossa união com Cristo, com o corpo eucarístico de Cristo, nós seremos merecedores do Reino dos Céus. Não nos esquecendo do irmão. Pois não adianta tentar se unir a Cristo se estamos distantes do irmão. Isso não é possível.  Porque ninguém se salva sozinho. Precisamos da existência do irmão carente para podermos praticar a caridade, e merecer passar pela porta que nos leva ao Pai.
Cristo, portanto, é a porta, o caminho a verdade e a vida.  Ele é o único meio de chegarmos ao Pai.  Comungar é permanecer em Cristo. "Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós."  Comungar freqüentemente é permanecer com Cristo, é permanecer em estado de graça, vivendo uma vida de santidade, e assim na hora derradeira, estaremos puros e limpos prontos para passar  pela porta estreita.
Bom domingo. Que Cristo hoje e sempre seja a nossa PORTA  de entrada no Céu.
José Salviano

3 - Muitos tentarão entrar e não poderão.- Claretianos - Domingo, 25 de agosto de 2013 - 21º Domingo do Tempo Comum

Primeira leituraIsaias 66,18-21 - De todos os países trarão teus irmãos.
Salmo responsorial: 116 - Ide ao mundo inteiro e proclamem o Evangelho.
Segunda leitura: Hebreus 12,5-7.11-13 - O Senhor repreende aos que ama.
Evangelho: Lucas 13,22-30 - Muitos tentarão entrar e não poderão.

Jesus continua sua viagem a Jerusalém, passando por povos e aldeias nos quais ensinava. Nesse contexto nasce uma pergunta a Jesus: Senhor, são poucos aqueles que vão se salvar? A pergunta aponta para números: Quantos vamos alcançar a salvação, poucos ou muitos? A resposta de Jesus nos remete do “quantos” ao “como” nos salvamos. 
É a mesma atitude aparece no tema da parusia: os discípulos perguntam “quando” acontecerá o retorno do Filho do Homem e Jesus responde indicando o “como” preparar esse retorno, que fazer durante a espera (MT 24,3-4). Esta forma de agir de Jesus não é estranha nem pouco cortês; é a forma de agir de alguém que quer educar os discípulos e passar do plano da curiosidade para o da sabedoria, das perguntas ociosas que apaixonam o povo, aos verdadeiros problemas que levem ao Reino.
Então, neste evangelho Jesus aproveita a oportunidade para instruir os discípulos sobre os requisitos da salvação. Isto nos interessa a todos que estamos diante do mesmo problema. Pois bem, que diz Jesus a respeito da nossa salvação? Duas coisas: uma negativa e outra positiva; primeiro o que não serve e não basta, depois do que serve e basta para salvar-se. Não serve ou não basta para a salvação é o fato de pertencer a determinado povo, a determinada raça ou tradição, instituição, ainda que fosse o povo eleito do qual provém o Salvador: “Comemos e bebemos contigo e tu nos ensinaste em nossas praças... Não sei de onde sois”. 
No relato de Lucas, é evidente que os que falam e reivindicam privilégios são os judeus; no relato de Mateus, o panorama se amplia: estamos agora em um contexto de Igreja; aqui ouvimos cristãos que apresentam o mesmo tipo de pretensão: “Profetizamos em teu nome (ou seja em nome de Jesus), fizemos milagres... porém a resposta de Jesus é a mesma: não os conheço, afastem-se de mim (MT 7, 22-23).
Por isso, para salvar-se não basta o simples fato de ter conhecido a Jesus e pertencer à Igreja; é preciso mais coisas. Justamente esta “outra coisa” é a que Jesus pretende revelar com as palavras sobre a “porta estreita”. Estamos na resposta positiva, no que verdadeiramente assegura a salvação. O que leva à salvação não é um título de propriedade (não há título de propriedade para um dom como a salvação), mas uma decisão pessoal.
Isto é mais claro no texto de Mateus que propõe dois caminhos e duas portas – uma estreita e outra larga – que conduzem respectivamente uma à vida e outra à morte. Para construir essa imagem dos dois caminhos,  Jesus se inspira no Deuteronômio 30,15 e dos profetas (Jer 21,8); para os primeiros cristãos os dois caminhos foram espécie de código moral.
Há dois caminhos – lemos na Didaké -, um da vida e outro da morte; a diferença ente os dois caminhos é grande. Ao caminho da vida corresponde o amor a Deus e ao próximo: bendizer a quem maldiz, perdoar a quem te ofende, ser sincero, pobre; em suma, os mandamentos de Deus e a bem-aventuranças de Jesus. Ao caminho da morte correspondem, pelo contrario, a violência a hipocrisia, a opressão do pobre, a mentira; em outras palavras, o oposto, aos mandamentos e às bem-aventuranças. 
O ensino sobre o caminho estreito encontra um desenvolvimento muito pertinente na segunda leitura de hoje. “O Senhor corrigem ao que ama”. O caminho é estreito, não por algum motivo incompreensível ou por um capricho de Deus que se diverte fazendo-o dessa maneira, mas,  posto no meio do pecado, foi uma saída no meio de uma rebelião; o conflito da cruz é o meio pregado por Jesus e inaugurado por ele mesmo para remontar essa pendente e reverter essa rebelião e “tornar a entrar”. 
Porém, por que caminho “amplo” e caminho “estreito”? Acaso o caminho do mal é sempre fácil e agradável de percorrer e o caminho do bem sempre duro e fatigante? Aqui é importante agir com discernimento para não cair na mesma tentação do autor do salmo 73. Também a esse crente do primeiro testamento lhe havia parecido que não há sofrimento para os ímpios, que seu corpo está sempre sadio e satisfeito, que não se vêem agredidos pelos demais homens, mas que estão sempre tranqüilos, acumulando riquezas, como se Deus tivesse preferência por eles.
O salmista se escandaliza por isto, até o ponto de sentir-se tentado a abandonar seu caminho de inocência para fazer como os demais. Nesse estado de agitação, Jesus entra no templo e se põe a orar e, de repente, viu com toda a claridade: compreendeu “qual é sua finalidade”, ou seja, o fim dos ímpios e começou a louvar a Deus e a dar-lhe graças com alegria porque estava com ele. A luz se acende na oração e na reflexão sobre o das coisas e da própria vida. 
Retornemos ao fio do discurso; Jesus rompe o esquema e leva o tema ao plano pessoal e qualitativo. Não basta pertencer a uma determinada “comunidade”, ou estar ligado a uma serie de práticas religiosas que nos dão a garantia da salvação. O importante é atravessar a porta estreita, isto é, buscar um empenho serio e pessoal pela busca do reino de Deus, esta é a única garantia que nos dá a certeza de que se está no caminho que nos conduz à luz da salvação. Jesus repetiu muitas vezes este conceito: “Nem todos os que dizem Senhor, Senhor, entram no Reino dos céus, mas os que fazem a vontade do Pai que está nos céus”. 
Comer e beber o corpo e sangue do Senhor, escutar sua Palavra, multiplicar as orações... é importante, porém não é suficiente para alcançar a salvação, porque como afirma Deus por boca do profeta Isaías: “Deus não pode suportar falsidade e solenidade” (1,13). Ao rito se deve unir a vida, à religião deve-se impregnar toda a vida de oração, à liturgia deve-se ligar a prática da caridade; à liturgia deve abrir ainda à justiça e o bem, como falaram os profetas. O culto é hipócrita e é incapaz de levar-nos à salvação: o próprio Jesus afirma: “afastem-se de mim, operários da iniqüidade”. A importância maior está nas obras, expressão de uma vida coerente com a fé que professamos. 
A imagem que Jesus usa inicialmente é aquela da “porta estreita”, que representa muito bem o empenho necessário para alcançar a meta da salvação, o verbo grego usado por Lucas (agonizesthe) é traduzido por “esforçar-se”. Indica luta, uma espécie de agonia; inclui fadiga e sofrimento, que envolve a pessoa no caminho de fidelidade a Deus.  
A vida cristã inclui luta diária por elevar-se a um nível espiritual superior; é errôneo cruzar os braços e relaxar depois de ter assumido um compromisso pessoal com Cristo. Não podemos ficar parados em nossa fidelidade ao Reino de Deus.
Crer é uma atitude seria e radical e não se reduz a certos atos de devoção. Estes podem ser sinais de uma adesão radical; finalmente, ao Reino de Deus são admitidos todos os justos da terra que lutaram, que amaram e se esforçaram por sua fé com sinceridade de coração; isto significa que o cristianismo se abre a todas as raças, a todas as culturas, a todas as expressões sociais e pessoais, sem nenhuma restrição.
Oração: Ó Deus, vós quereis que todos os homens e mulheres se salvem e cheguem ao conhecimento da Verdade, inspirai-nos para que nos sintamos convictos de que vossa verdade é  mais ampla que a nossa, e ensinai-nos vossa paciência pedagógica, para que nosso testemunho de vós seja sempre amoroso, paciente, dialogante e disposto à escuta e ao aprendizado.

4 - É verdade que poucos irão se salvar? - Diac. José da Cruz - 21º DOMINGO DO TEMPO COMUM 25/08/2013

1ª Leitura - Isaias 66, 18-21
Salmo - Marcos 16,15 “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura”
2ª Leitura - Hebreus 12,5-7.11-13
Evangelho - Lucas 13,22-30

Quando medito este evangelho sempre me lembro do “Miudinho”, apelido de um amigo da minha adolescência, que era bem “robusto” para não dizer que ele era “gordinho”. Por conta da obesidade ganhou fama de ser o molenga da nossa turma onde era sempre o último nas brincadeiras ou "aprontações" que fazíamos. Certa ocasião ficou entalado em um tubo de concreto que ficava no final da rua, por onde entrávamos sorrateiramente por uma galeria em desuso, tendo acesso a um terreno que pertencia a Dona Assunta, e onde deliciávamos com a doçura das mangas e amoras.
O muro era alto e o portão antigo era inacessível, até o dia em que descobrimos a tubulação e passamos a utilizá-la sendo para nós uma aventura porque engatinhando, varávamos coisa de três ou quatro metros por baixo do muro. Ao ficar entalado na galeria, por causa de ser gordinho, e não saindo para frente e nem para trás, Miudinho armou o maior berreiro chamando a atenção da vizinhança e assim, fomos pegos em flagrante pela proprietária do terreno, enquanto que os moradores, com muito esforço conseguiram desentalar o coitado do Miudinho. Decidimos, a partir daquele dia, deixá-lo fora de nossas aventuras porque ele não conseguia ter agilidade para nos acompanhar. O reino do céu é meio parecido com aquele terreno baldio, palco das nossas aventuras e onde curtíamos a doçura da fruta madurinha á sombra de grandes árvores: o acesso é por uma passagem bem estreita...
A pergunta dos discípulos, feita a Jesus, se é verdade que poucos irão se salvar, deve-se ao fato de que a salvação, para eles, era uma espécie de troféu, com que Deus premiava os que faziam boas obras e observavam com rigor a lei e todos os demais preceitos religiosos. Nós cristãos, que pertencemos à igreja, devemos também pensar nisso e perguntar se iremos nos salvar... Jesus nos alerta que a passagem é bem estreita e requer certo esforço de quem se fez discípulo. Há uma porta larga do ritualismo e do seguimento da lei, há eventos religiosos que reúne milhares de pessoas, há igrejas cristãs de todas as denominações, cujos templos ficam lotados de fiéis nos finais de semana. Será que nesta religião sem compromisso, todos já têm o passaporte carimbado para entrar no reino?
Para passar pela porta estreita é preciso se fazer pequeno e ter no coração e na mente esta consciência de que a salvação é dom de Deus e não fruto das nossas obras ou práticas religiosas, quem pensa diferente disso é semelhante ao meu amigo Miudinho e vai acabar ficando “entalado” no seu egoísmo e orgulho. Mas ser pequeno também significa servir aos irmãos e irmãs, a palavra servir vem de servo, escravo, aquele que se rebaixa, que se curva diante do outro, Jesus fez isso no “Lava-pés”, fazendo uma tarefa que pertencia a um escravo, o que prefigurou o rebaixamento final que iria ocorrer em Jerusalém, para onde Jesus caminha decidido a entregar-se por todos.
Portanto, o amor que se rebaixa traduzindo-se em serviço é que faz de nós verdadeiros cristãos, Filhos do Pai, que nos vocaciona para o amor, irmãos de Jesus, servo maior com quem nos identificamos e por quem somos reconhecidos. Os que pensam que já estão salvos, com um pé na vaga do céu, só porque pertencem a esta ou aquela denominação religiosa, e são observantes zelosos de toda doutrina e preceito, irão certamente ficar bem desapontados porque o Senhor não os reconhecerá como diz o evangelho: “Nós não saíamos de sua casa, comíamos e bebíamos na tua presença...”. “Sumam”! Não sei quem são vocês! Não os conheço!”--- dirá o Senhor”.
Fachada e aparência de nada adiantarão, só serão acolhidos no banquete do reino, e reconhecidos pelo Senhor aqueles que o imitando, doarem-se inteiramente aos irmãos e irmãs, não importando qual igreja ou denominação religiosa. Os que estiverem “inchados” de orgulho e auto-suficiência, achando-se os primeiros, porque já estão dentro, irão bater com o “nariz na porta” e verão cheios de espanto e surpresa, os que eram os últimos, adentrarem por primeiro no banquete.
Nunca mais vi meu amigo “Miudinho”, dizem que ele emagreceu eliminando a gordura que tanto o incomodava. Que a religião seja para todos nós um compromisso de vida com Deus e com os irmãos, caso contrário não conseguiremos entrar no reino dos céus, pois como meu amigo Miudinho, acabaremos entalados na soberba e no egoísmo, e não passaremos pela porta estreita! Daí haverá choro e ranger de dentes...

5 - "a porta estreita da justiça" - Helena Serpa - 25 de agosto - Evangelho - Lucas 13, 22-30 - "a porta estreita da justiça"

Na Sua última peregrinação para Jerusalém, por onde passava Jesus ensinava às multidões dando-lhes suas derradeiras recomendações, visto que lá seria o ponto em que Ele, finalmente, coroaria a sua Missão de Salvador da humanidade. Alguém, então, fez a Ele uma pergunta que traduz o que todos nós também questionamos: "quem se salvará; são poucos ou muitos os que se salvam; todos se salvarão? Jesus nem respondeu àquela pergunta, por isso, também nunca iremos saber matematicamente o número de quem será salvo. No entanto, Jesus nos deu um direcionamento oportuno: "Fazei todo esforço possível para entrar pela porta estreita... muitos tentarão entrar e não conseguirão". A porta estreita é aquela que nos leva a praticar a justiça e o direito, portanto, significa a nossa adesão à salvação que Jesus veio nos dar. Implica também no nosso esforço em superar a nossa inclinação para uma vida fácil, livre dos problemas e dos sacrifícios pessoais e nos motiva a vivermos somente o prazer, o possuir, o poder. Precisamos nos questionar em todas as vezes que queremos conseguir as coisas com muita facilidade, sem empenho próprio, adotando o modelo que o mundo prega. Quando também, voltados somente para nós, esquecemo-nos de que a justiça é o parâmetro que Deus definiu para chegarmos ao céu. A justiça que precisamos praticar requer uma vida de renúncia de nós mesmos (as), à vivência do amor, do perdão, da bondade, da partilha e da solidariedade. Mesmo que tenhamos pregado em Nome de Jesus ou que estejamos servindo no Seu Santuário, mesmo que nos achemos servos e servas fiéis, se não praticarmos a justiça, não teremos lugar à mesa do reino de Deus e poderemos estar equivocados (as) correndo o risco de não sermos reconhecidos pelo “dono da casa”. Consequentemente a porta estreita é a justiça, que se traduz em humildade e serviço e na abstinência da nossa vontade própria, do domínio da nossa carne e de uma entrega absoluta ao Espírito Santo de Deus que nos conduz. 
– Como está a sua justiça? – Você tem procurado o caminho mais fácil, que exige menos esforço ou você tem sido fiel à Palavra e aos ensinamentos de Jesus que nos manda amar ao próximo como a nós mesmos (as)?
Helena Serpa
25 de agosto – 21º DOMINGO DO TEMPO COMUM

VOCAÇÃO UNIVERSAL À SALVAÇÃO

I. INTRODUÇÃO GERAL

São poucos os que vão ser salvos? Muitos cristãos vivem com essa pergunta angustiante, inculcada às vezes por pregadores insensatos.

Segundo Jesus, no evangelho, a salvação é para todos, vindos de todos os lados, dos quatro ventos, de perto e de longe. Só não é para os que se fecham na sua autossuficiência e nos seus presumidos privilégios. A primeira leitura lembra que Deus não apenas quis salvar o povo de Israel do exílio babilônico, como também o encarregou de abrir o Templo e a aliança a todas as nações. Quando Deus concede um privilégio, como foi a salvação de Israel do cativeiro babilônico, esse privilégio se torna responsabilidade para com os outros. Deus rejeita a autossuficiência.

Na reflexão/homilia, pode-se aprofundar o tema do chamamento universal combinado com a exigência de resposta generosa. “Deus não fechou o número, a nós cabe nos incluir nele” poderia ser um lema para inculcar no ouvido e no coração do povo celebrante.



II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS

1. I leitura (Is 66,18-21)

O fim da profecia de Isaías evoca a revelação universal da glória de Deus: uma “utopia”. Olhar para o futuro, como faz o profeta pós-exílico de Is 66, não é necessariamente fuga da realidade presente; pode também ser um passo ao encontro da realidade messiânica que vem de Deus. Trata-se do futuro criado por Deus! Ele envia mensageiros a todos os povos, até os mais distantes, os que nunca ouviram falar dele! Então farão subir a Sião esses povos e suas riquezas para santificarem o Senhor no Templo – alguns até como sacerdotes! O profeta vê Israel como o lugar da manifestação dos grandes feitos de Deus. De fato, a própria pessoa de Jesus, o judeu, será desse lugar.

2. Evangelho (Lc 13,22-30)

O evangelho de hoje deve ser entendido à luz da fé na salvação universal: a todos deve ser apresentado o convite do Reino. Algumas pessoas, preocupadas, perguntam a Jesus se são poucos os “eleitos” que vão participar do reino de Deus. Jesus não responde, mas evoca três imagens.

As duas primeiras imagens que Jesus evoca são “restritivas”: 1) a porta é estreita, mas a vocação, universal; porém é preciso esforçar-se (13,23-24; cf. 16,16); 2) em determinado momento a porta será fechada, e então será tarde para chorar por entrar (13,25-27). À preocupação apocalíptica de saber o número dos eleitos e as chances de entrar, Jesus responde: o número dos eleitos não importa; importa a conversão, esforçar-se para entrar e não ficar gracejando, exibindo um ar de interessado, sem nada empreender. Pois vem o momento em que o dono da casa se levanta e fecha a porta; então, não reconhecerá os que estiveram com ele nas praças só “de corpo presente”, sem dar audiência à sua palavra. Ora, a festa em si, ela está aberta a todos os que quiserem esforçar-se. Mas Jesus dirige uma crítica àqueles em cujas praças ele ensinou (13,26): deixaram-no falar, mas não obedeceram a seu apelo de conversão, talvez por estarem seguros de pertencer ao número dos eleitos. Eles são os primeiros que se tornam últimos, enquanto os últimos – os desprezíveis pagãos –, quando se convertem, se tornam os primeiros, para sentar com Abraão, Isaac e Jacó (que provocação para os judeus!) na mesa do banquete escatológico, vindos de todos os cantos do mundo.

Aparece aqui a terceira imagem: o banquete dos povos. Apesar da exclusão dos “primeiros”, que recusaram o convite, Deus realizará o banquete escatológico para todos os povos, incluindo os gentios (os “últimos”) (13,28-30). Portanto, Deus não é mesquinho, não prepara a festa para um número restrito, mas para todos. Espera, porém, o empenho da fé, vivida na caridade, como resposta à palavra da pregação: qualquer um que responder a essa exigência poderá participar. Para compreender melhor essa combinação entre o chamado universal e a exigência de disposição e empenho pessoal, pode-se ver a parábola do banquete universal segundo Mateus, seguida da parábola do traje de festa que se exige para participar (Mt 22,1-14).

Essa mensagem não perdeu sua atualidade. O que Jesus recusa é o calculismo e a falsa segurança a respeito da eleição. Esta não responde a nenhum critério humano. É a graça de Deus que nos chama à sua presença. Diante desse chamado, todos, seja quem for, devem converter-se, pois ninguém é digno da santidade de Deus nem de seu grande amor. Ninguém se pode considerar dispensado de lhe prestar ouvido e de transformar sua vida conforme a exigência de sua palavra. Não existe um número determinado de eleitos (é bom repeti-lo, em vista de certas seitas por aqui). O que existe é um chamado universal e permanente à conversão. E esse chamado vale também para os que já vêm rotulados de bons cristãos. Pois a fé nunca é conquistada para sempre. É como o maná do deserto: se a gente o quer guardar até a manhã seguinte, apodrece (cf. Ex 16,20)! Quem não retoma diariamente o trabalho de responder à Palavra com autêntica conversão gritará em vão: “Senhor, participei de retiros e assisti a pregações, palestras e cursos em teu nome (e também comi e bebi nas tuas festinhas paroquiais)”. E também hoje os últimos poderão ser os primeiros: os que não vão à igreja porque não têm roupa decente, porque devem trabalhar, porque têm filhos demais ou, simplesmente, porque se sentem estranhos entre tanta gente de bem… Para chamá-los é que Jesus não ficou nos grandes centros, mas entrou nos bairros e vilarejos.

3. II leitura (Hb 12,5-7.11-13)

A segunda leitura apresenta um tema delicado: o sofrimento como pedagogia de Deus. Nossa atual condição humana é precária, “frágil” (Hb 5,15). O Filho de Deus participa dessa fragilidade, para nos ajudar. Ele conheceu tentação, sofrimento e morte: “aprendeu a obediência” (5,8). Do mesmo modo, os fiéis devem passar pela “escola” de Deus: assim chegarão à justiça, à retidão, à salvação. Deus nos educa para a vida (12,9-10).

Esse texto entra em choque com a mentalidade “esclarecida”. O texto diz que Deus “castiga” para nos educar: “Pois o Senhor educa a quem ele ama e castiga todo que acolhe como filho” (Hb 12,6; cf. Pr 3,11-12). Achamos horrível: Deus castiga, faz sofrer? Não. Educa-nos, como um bom pai educa seu filho, corrigindo-o. Essa é a resposta dos antigos para o escândalo do sofrimento, e do nosso povo simples também. Será que eles se enganam? Enquanto os eternos disputadores acusam Deus por permitir o sofrimento, os simples veem no sofrimento uma escola de vida. O importante não é de onde vem o sofrimento, a não ser que seja consequência da maldade. Importante é saber o que fazer com ele! Que o sofrimento existe é inegável. Muitas vezes, é causado pelos homens, mas nem sempre. A quem sofre importa menos explicar as causas do que dar um sentido ao sofrer. O sofrimento pode ter o valor de educação para uma vida que agrade a Deus, já que este, em Cristo, também o encarou. Não é errada tal valorização do sofrimento, já que não se consegue escapar dele, nem mesmo no admirável mundo novo da era tecnológica. Como cristãos, devemos aprender a viver uma vida nova, diferente da vigente. Isso não é possível sem sofrer. Porém, esse sofrimento não deprime, não torna fatalista, mas faz crescer a força para produzir frutos de paz e justiça: “Levantai, pois, as mãos fatigadas e os joelhos trêmulos; dirigi vossos passos pelo caminho reto!” (Hb 12,12).

(Um texto das cartas mais próximo das outras leituras seria 1Pd 2,9-10: somos chamados das trevas à luz.)



III. PISTAS PARA REFLEXÃO

Cristianismo instalado ou aberto? 

A vocação à salvação é universal, mas nem por isso todos os que a ouvem estão salvos. Existem muitos cristãos acomodados e seguros que fazem formalmente todo o prescrito, porém não assumem com o coração o que Jesus deseja que façam, sobretudo o incansável amor ao próximo. Eles ficarão de fora se não se converterem, enquanto outros, considerados pagãos, vão encontrar lugar no Reino. Os que só servem a Deus com os lábios e não com o coração e de verdade, o Senhor não os conhecerá!

Na América Latina, hoje, os que sempre foram os “donos” da Igreja estão se enterrando no materialismo, e os pobres – marginalizados da vida eclesial ou relegados a uma posição inferior – estão entrando nas comunidades e ocupando o lugar dos antigos donos. Apesar das tentativas de voltar ao “tradicional”, tanto o povo simples como a juventude pós-moderna estão dando outro aspecto a igrejas e capelas. Esvazia-se o comportamento chamado tradicional – porém alheio à verdadeira Tradição –, enquanto se abre espaço para um novo modo de ser cristão, mais jovem e mais simples, mais participativo e menos fechado, mais fiel, também, à primeira tradição cristã.

Contudo, essa chegada de um novo tipo de cristãos, muitas vezes “vindos de longe”, não significa que o ser cristão esteja ficando mais fácil. Pelo contrário, exige desinstalação. Exige busca permanente do que é realmente ser cristão: não apegar-se a fórmulas farisaicas, mas entregar-se a uma vida de doação e de amor, que sempre nos desinstala.

Então a questão não é se poucos ou muitos vão ser salvos. A questão é se estamos dispostos a entrar pela “porta estreita” da desinstalação e do compromisso com os que sempre foram relegados. A questão é se abrimos amplamente a porta de nosso coração, para que a porta estreita se torne ampla para nós também. Deus não fechou o número. A nós cabe nos incluir nele…

Pe. Johan Konings, sj
Nascido na Bélgica, reside há muitos anos no Brasil, onde leciona desde 1972. É doutor em Teologia e licenciado em Filosofia e em Filologia Bíblica pela Universidade Católica de Leuven (Lovaina). Atualmente é professor de Exegese Bíblica na Faje, em Belo Horizonte. Entre outras obras, publicou: Descobrir a Bíblia a partir da liturgia; A Palavra se fez livro; Liturgia dominical: mistério de Cristo e formação dos fiéis – anos A - B - C; Ser cristão; Evangelho segundo João: amor e fidelidade; A Bíblia nas suas origens e hoje.
E-mail: konings@faculdadejesuita.edu.br
25 de agosto: 21º domingo comum
A PORTA ESTREITA
A especulação sobre o número dos que se salvam não é novidade. Jesus também foi questionado sobre isso, e sua resposta deixa claro: em vez de especular sobre a quantidade dos que serão salvos, é fundamental esforçar-se para entrar por uma porta estreita, enquanto é tempo.
Trata-se, bem sabemos, de entrar na vida eterna, na plenitude do reino de Deus, no convívio dos que com o Senhor têm tudo para sempre. Até lá, agora é o tempo que temos para agir, para encontrar a porta estreita que leva à eternidade. Uma porta estreita que podemos chamar de justiça, misericórdia, fraternidade. O capítulo sexto do Evangelho de Lucas mostra quem nos conduz a essa porta: os pobres, os famintos, os tristes e os perseguidos. Indo a eles, chegamos à porta estreita. Estando com eles, sendo solidários com eles, poderemos atravessar a porta estreita, tendo deixado cair de nossa vida aquilo que é supérfluo e pesa no caminho: posses, títulos, arrogância, preconceitos e tudo o mais.
É que desta vida nada se leva, senão o amor que aqui tivermos vivido. Jesus, aliás, alerta-nos sobre o possível mal-entendido, que seria fatal: podemos praticar a injustiça acreditando estar na presença de Jesus, acreditando estar fazendo o bem. Um alerta contra a autossuficiência, contra o orgulho de nos considerarmos religiosos e de pensarmos que temos méritos diante de Deus. Pois, se a justiça que desejamos não se traduz em gestos concretos de amor misericordioso, então é apenas aparência, não é a justiça do reino de Deus, não nos leva à porta estreita.
Nosso Deus é o Deus pleno de misericórdia. A misericórdia exigente da porta estreita, que requer esforço para ser descoberta e alcançada e para não ser confundida com tantos portões abertos diante de nós, os largos portões do descompromisso e do menor esforço.
Pe. Paulo Bazaglia, ssp
 Cuidado com a porta aberta do mundo que não conduz ao Céu
Jesus vem para nos dizer que esse caminho fácil, essa porta aberta que o mundo tem, não nos conduz ao Reino dos Céus.
Jesus disse: “Fazei todo o esforço possível para entrar pela porta estreita, porque eu vos digo que muitos tentarão entrar e não conseguirão” (Lc 13,24).
Veja que a porta que nos dá acesso ao Reino de Deus é muito apertada, mas não impossível de ser atravessada. O que a torna difícil são nossas escolhas, porque sempre preferimos a facilidade, o caminho mais curto, o mais fácil, o mais sem exigências. Para entrar no Reino dos Céus nós precisamos passar pelas exigências que o Evangelho nos faz.
No mundo, é mais fácil passar a perna no outro, enganá-lo, pois aqui prevalece a lei do mais esperto, do que mais pode, daquele que consegue fazer isso ou aquilo sem se importar com os critérios.
Renegam-se os critérios éticos e morais; o que se leva em consideração é conseguir o que se quer sem se importar com os meios usados para conseguir chegar aos objetivos.
Muitas vezes, a deslealdade, a falsidade, a mentira, a hipocrisia, a vida dupla são vividas com muita facilidade e aceitas com cordialidade pelo mundo. Mas Jesus vem para nos dizer que esse caminho fácil, essa porta aberta que o mundo tem, não nos conduz ao Reino dos Céus.
Esse caminho que o mundo nos aponta pode parecer muito bonito, muito decorado e mais esplêndido, talvez seja por isso que a grande maioria das pessoas preferem andar por elas. No entanto, não podemos ser movidos pela maioria nem por pesquisas, mas pelos critérios evangélicos, os quais nos levam a querer renunciar, a viver uma vida digna e honesta, a ter princípios, a acreditar na pureza, a seguir a radicalidade evangélica onde precisamos ser radicais.
Que o Senhor, hoje, nos ensine a encontrar o caminho da salvação. Que nós, muitas vezes perdidos ao longo do caminho e ao longo da estrada, aprendamos com o Senhor que o caminho da salvação é o mais apertado, pois este nos garante a vida eterna.
Deus abençoe você.

Domingo XXI do tempo comum



LEITURA I Is 66, 18-21
LEITURA II Hebr 12, 5-7.11-13
EVANGELHO Lc 13, 22-30


O Evangelho deste domingo ajuda-nos a recordar a seriedade da nossa opção cristã. “Senhor, são poucos os que se salvam?”, Perguntam a Jesus. Ele responde: “Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, porque eu vos digo que muitos tentarão entrar sem o conseguir”.
Recordo que, nos momentos da minha vida em que andava um pouco afastado do Senhor, este trecho do Evangelho deixava-me muito preocupado. “Serei dos que se hão-de salvar?”, pensava. “Que será de mim quando aparecer diante do Juiz supremo? Como justificarei a minha conduta?”
Certamente, são perguntas que todos temos de fazer num momento ou noutro da vida. Uma reflexão deste estilo foi decisiva para a conversão de São Francisco Xavier, quando meditou sobre este versículo do Evangelho: “De que serve ao homem conquistar o mundo, se com isso perder a sua alma?” São Bruno, fundador dos cartuxos, decidiu abandonar tudo e encerrar-se quase para toda a vida no silêncio da contemplação, quando, por um fenómeno extraordinário, descobriu junto com os seus conterrâneos, que um professor muito admirado por todos, se condenara para sempre.
Com efeito, Cristo chama-nos à conversão enquanto é tempo. “Convertei-vos porque o Reino de Deus está perto!” Sim, o momento do encontro com Cristo está sempre perto de nós e poderá dar-se de forma inesperada, como um ladrão que assalta uma casa pela calada da noite. Os homens prudentes são os que se preparam para este encontro segundo os critérios do Evangelho e não segundo os juízos subjectivos de sua consciência: “mas eu não tenho pecados!”, “mas eu não faço mal a ninguém!”, “Ah, mas no fim de contas todos se salvam, Deus é tão bom; não é preciso ser fanático!”
Queremos saber quem é Deus? Queremos saber como será o juízo de Deus? Podemos ir à Revelação que Deus fez de si mesmo, podemos ir à Bíblia. Mas não só. A Bíblia está sujeita a muitas interpretações. Acudamos também à Tradição, ou seja, à Igreja, que nos ensinará como a Bíblia foi interpretada de forma contínua nestas questões, desde o tempo dos Apóstolos até aos nossos dias.
Desconfiemos quando ouvimos alguém dizer, seja leigo, seja sacerdote, seja teólogo, que a condenação eterna não existe. Para além de entrar em contradição flagrante com um grande número de textos do Novo Testamento, não segue a Tradição sem interrupção da Igreja, começando pelos Apóstolos. Pessoalmente, confio decisivamente mais no que me diz a Igreja e o seu catecismo, do que nas opiniões privadas, por mais doutas que sejam. A Igreja é mais sábia que nós, os homens...e isso por ter a assistência especial e infalível do Espírito Santo em matéria de doutrina e moral.
É verdade que a porta que conduz ao Reino é estreita e que Deus necessita da nossa boa vontade para nos salvar, no entanto, também o Evangelho deste domingo recorda que “hão-de vir do Oriente e do Ocidente, do Norte e do Sul, e sentar-se-ão à mesa no Reino de Deus”. No livro do Apocalipse, João teve o privilégio de contemplar um dos mais belos quadros que nos pinta a Bíblia: “Depois disso, eis que vi uma grande multidão, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas. Estavam de pé diante do trono e diante do Cordeiro, trajados com vestes brancas e com palmas na mão”. A porta é estreita, sim, mas não são poucos os que se salvam.
E porque hão-de vir tantos de tão longe, do Oriente e do Ocidente, de Norte e do Sul? É porque buscam um Juiz severo que os pode condenar eternamente? Não, é porque buscam Deus, ou seja, a Beleza em pessoa, o Amor em pessoa, a Bondade absoluta. É porque buscam quem já os foi buscar e morreu por eles na cruz. Afirmar a possibilidade da condenação eterna não é negar o Deus de amor. Antes pelo contrário: a condenação mostra bem que, sem o nosso Deus, fonte de toda a felicidade, a vida é um inferno. Converter-se nunca pode ser fugir das “chamas terríveis da condenação”...é buscar o amor. As “chamas” simplesmente mostram que não existe outra opção que o amor e que todos os outros caminhos, por mais atraentes que possam parecer não levam a nenhum lado.
Com esta certeza no coração, orientemos novamente as nossas vidas para Deus com redobrados desejos de corresponder ao seu amor, que tanto se preocupa por nos salvar. E peçamos ao Senhor que nos dê as forças para caminhar sem desfalecer. Digamos-lhe que não nos basta que Ele esteja no fim do caminho. Digamos-lhes que o queremos ao nosso lado, porque sabemos que sem Ele nada podemos e que com Ele até mesmo as veredas mais escarpadas não são caminhos desagradáveis. Até mesmo as noites mais escuras, com Ele por perto, parecerão dias claros. Sim, Senhor, vem a nós constantemente. Desde os primeiros raios do amanhecer, ao longo de toda a jornada, até bem dentro do repouso da noite, vem a nós Senhor Jesus!
FONTE: Pe. ulrish pais (Google+)
Sacerdote de Lisboa


Liturgia de 25.08.2013 - 21º DTC - A Porta Estreita




LEITURA ORANTE

Lc 13,22-30 - O que significa entrar pela porta estreita





Preparo-me para a Leitura Orante, rezando com todos os que se encontram neste espaço de oração:
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Creio, Senhor Jesus, que sou parte de seu Corpo.
Trindade Santíssima
- Pai, Filho, Espírito Santo -
presente e agindo na Igreja e na profundidade do meu ser.
Eu vos adoro, amo e agradeço.

1. Leitura (Verdade)
O que diz o texto do dia? 

Leio atentamente o texto na minha Bíblia: Lc 13,22-30 - A porta estreita
Jesus atravessava cidades e povoados, ensinando na sua viagem para Jerusalém. Alguém perguntou:
- Senhor, são poucos os que vão ser salvos?
Jesus respondeu:
- Façam tudo para entrar pela porta estreita. Pois eu afirmo a vocês que muitos vão querer entrar, mas não poderão.
- O dono da casa vai se levantar e fechar a porta. Então vocês ficarão do lado de fora, batendo na porta e dizendo: "Senhor, nos deixe entrar!" E ele responderá: "Não sei de onde são vocês." Aí vocês dirão: "Nós comemos e bebemos com o senhor. O senhor ensinou na nossa cidade." Mas ele responderá: "Não sei de onde são vocês. Afastem-se de mim, vocês que só fazem o mal." Quando vocês virem Abraão, Isaque, Jacó e todos os profetas no Reino de Deus e vocês estiverem do lado de fora, então haverá choro e ranger de dentes de desespero. Muitos virão do Leste e do Oeste, do Norte e do Sul e vão sentar-se à mesa no Reino de Deus. E os que agora são os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos
A vida cristã não é possível para pessoas acomodadas e medíocres. É exigente. Jesus diz isto quando nos fala da porta estreita como caminho para a vida. Porta estreita é renunciar a algo que me parece prazeroso, mas de consequências negativas que podem prejudicar a mim ou a outras pessoas. Porta estreita pode ser fechar-me a propostas fascinantes mas que não são transparentes, ocultando corrupção, desvios, más intenções. Porta estreita pode ser renunciar a querer apenas me beneficiar, excluindo outras pessoas de participar de bens que Deus concedeu a todos. Porta estreita é manter-me em silêncio para não criticar nem julgar as pessoas com quem convivo. Jesus não fala de uma grande avenida. Ele próprio é o Caminho. Olhemos para sua prática e aprenderemos por onde devemos passar. Não mudemos de Caminho para não corrermos o risco de perder o endereço e assim, também nós nos perdermos. Nem nos deixemos fascinar pelas portas amplas e escancaradas. Elas podem ser atraentes, mas nos conduzir ao engano e não, a Deus.

2. Meditação (Caminho)
O que o texto diz para mim, hoje?
Fala-me Jesus de atitudes cristãs que deve assumir qualquer pessoa que é batizada, entre elas, eu. Nada de mediocridade.Seguir Jesus Cristo implica também a cruz. Os bispos, na V Conferência disseram: “Hoje se considera escolher entre caminhos que conduzem à vida ou caminhos que conduzem à morte (cf. Dt 30.15). Caminhos de morte são os que levam a dilapidar os bens que recebemos de Deus através daqueles que nos precederam na fé. São caminhos que traçam uma cultura sem Deus e sem seus mandamentos ou inclusive contra Deus, animada pelos ídolos do poder, da riqueza e do prazer efêmero, a qual termina sendo uma cultura contra o ser humano e contra o bem dos povos latino-americanos. Os caminhos de vida verdadeira e plena para todos, caminhos de vida eterna, são aqueles abertos pela fé que conduzem à “plenitude de vida que Cristo nos trouxe: com esta vida divina, também se desenvolve em plenitude a existência humana, em sua dimensão pessoal, familiar, social e cultural”. Essa é a vida que Deus nos participa por seu amor gratuito, porque “é o amor que dá a vida”. Estes caminhos frutificam nos dons de verdade e de amor que nos foram dados em Cristo, na comunhão dos discípulos e missionários do Senhor” (DAp 13).

3.Oração (Vida)
O que o texto me leva a dizer a Deus? 
Rezo, espontaneamente, e, se for pela manhã, faço a:
Oração da manhã
Senhor, nós te agradecemos por este dia.
Abrimos nossas portas e janelas para que tu possas
Entrar com tua luz.
Queremos que tu Senhor, definas os contornos de
Nossos caminhos,
As cores de nossas palavras e gestos,
A dimensão de nossos projetos,
O calor de nossos relacionamentos e o
Rumo de nossa vida.
Podes entrar, Senhor em nossas famílias.
Precisamos do ar puro de tua verdade.
Precisamos de tua mão libertadora para abrir
Compartimentos fechados.
Precisamos de tua beleza para amenizar
Nossa dureza.
Precisamos de tua paz para nossos conflitos.
Precisamos de teu contato para curar feridas.
Precisamos, sobretudo, Senhor, de tua presença
Para aprendermos a partilhar e abençoar!

4.Contemplação (Vida e Missão)
Qual meu novo olhar a partir da Palavra?
Meu novo olhar é atento aos ensinamentos de Jesus, à discernir no meu dia para escolher entre as portas que se abrirem, a porta estreita.

Bênção
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém. 
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém. 
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém. 
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém. 

Ir. Patrícia
Silva, fsp
http://leituraorantedapalavra.blogspot.com.br/
http://www.paulinas.org.br/diafeliz/?system=evangelho&action=busca_result&data=25%2F08%2F2013

Oração Final
Pai Santo, que nos chamaste ao teu Reino enviando-nos o Filho Unigênito, inunda-nos com o teu Espírito para que compreendamos que desde agora nós já vivemos nele quando praticamos a justiça e construímos uma Igreja acolhedora, solidária e misericordiosa para todos os irmãos. Por Jesus Cristo, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.


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