quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

HOMÍLIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 07/02/2012

7 de Fevereiro de 2012

Marcos 7,1-13

Comentário do Evangelho

O questionamento sobre puro e impuro

Temos aqui um longo texto de contestação das observâncias judaicas. O questionamento é sobre a lei de pureza no comer com mãos impuras. A resposta de Jesus é abrangente, removendo o mérito das leis de pureza e das demais tradições opressoras. Abandonam a lei de Deus, lei do amor, pelas tradições dos homens, isto é, tradições ideologizadas, criadas para garantir interesses pessoais. As centenas de exigências de pureza implicavam situações que os pobres não tinham condições de observar devido a suas carências e necessidades. Assim os pobres eram humilhados como impuros e submetiam-se à exploração econômica das elites religiosas e sociais. As leis eram criadas para gerar a exclusão e submissão que abriam as portas para a exploração dos pobres.

José Raimundo Oliva



Vivendo a Palavra

Os regulamentos criados pelo homem são numerosos, complicados e pesados. A Lei do Senhor é simples – tão simples que nos custa muito compreendê-la – e leve: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo com a nós mesmos – ou: Viva plenamente e ajude o irmão a viver! Como Jesus ensinou.



Reflexão 
Jesus, citando o profeta Isaías, diz: 'Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim'. Precisamos saber se somos cristãos de palavras ou de coração. O cristão de palavras é aquele que vive uma religiosidade de cumprimento de preceitos, normas e rituais, que em nada difere dos rituais de alquimia e bruxaria que existem por aí; o que muda é que no lugar de abracadabra, fala frases bonitas com efeitos especiais. O cristão de coração é aquele que ama a Deus, ama os seus irmãos que são templos dele e procura servir a Deus no serviço aos irmãos e irmãs, na valorização da pessoa humana e promoção da sua dignidade. O cristão de coração fala pouco e nem sempre sabe falar bonito, mas ama muito, é solidário, generoso e fraterno.
O discípulo de Jesus não pode ser hipócrita


Postado por: homilia
fevereiro 7th, 2012


Marcos hoje narra o problema apresentado a Jesus por alguns fariseus e mestres da Lei vindos de Jerusalém.
Sua intenção era descobrir se, na formação dada por Jesus a Seus discípulos, Ele os incitava à não observância da Lei. A fama do Mestre havia chegado à capital onde se supunha que a prática da religião fosse irrepreensível. Pelo que se dizia d’Ele, parecia que Seus ensinamentos não se enquadravam aos padrões religiosos da época e Suas orientações rompiam com o sistema religioso estabelecido.
Quem se tinha aproximado do Mestre com o intuito de desmascará-Lo, acabou sendo desmascarado por Ele. Tudo começou com a crítica feita aos discípulos: “Por que se sentam à mesa sem antes terem lavado cuidadosamente as mãos?” Era um costume fundado numa série de preconceitos. Um deles é que o contato exterior com as coisas pode tornar impuro o coração humano. Outro era o medo de ter tido contato com algum pagão e, por isso, ter contraído alguma impureza. A impureza interior explicava-se, pois, por um gesto puramente exterior.
Jesus pôs-se a demonstrar como a tradição considerada “exemplar” era, em última análise, caduca e podia ser inescrupulosamente manipulada. Exemplo disso era a forma desumana como muitos mestres da Lei e fariseus “piedosos” tratavam seus pais, distorcendo a Lei, a ponto de interpretá-la a seu favor. A impiedade era, assim, acobertada por uma falsa piedade. O Mestre Jesus procurava evitar que Seus discípulos fossem contaminados por essa mentalidade.
É muito grave quando Deus não apenas faz advertências a respeito da conduta do Seu povo, mas o acusa da gravidade de suas escolhas. Quando Jesus diz que “vós abandonais o mandamento de Deus para seguir a tradição dos homens” está apontando o núcleo inspirador de atitudes comprometedoras de um povo que se apresenta como religioso, guardião da prática religiosa correta. No entanto, desloca Deus friamente – e com uma convicção inquestionável – do Seu lugar insubstituível de centro da vida dos que creem.
Nada é tão grave quando o coração humano e sua inteligência passam a ser a única medida correta de arbitragem do que é certo e do que é errado. Tudo é possível quando cada pessoa, ancorada em práticas religiosas, ritualmente obedecidas com rigor, se torna a medida única e última de tudo. Os resultados são arbitrariedades e insolências, impiedades e maldades que eliminam tudo e todos os que não se localizam no enquadramento estreito desta pretensão humana.
O absurdo desse procedimento alcança o ápice de pretender “envolver” a Deus, colocando-se ao Seu redor, como os conterrâneos religiosos de Jesus fizeram com Ele, certos de Sua condição moral questionável, para apresentar questionamentos de tal modo a assumirem o próprio lugar de Deus ao julgarem o Senhor e Seus seguidores incorretos, desrespeitosos e sem autoridade.
O centro da questão para a disputa estabelecida com Jesus Mestre, fruto da posição pretensiosa assumida pelos fariseus e mestres da Lei, é o fato de os discípulos de Cristo comerem sem lavar as mãos. A tradição incluía abluções rituais. Havia um escrúpulo de se ter tocado coisas impuras antes da refeição com o consequente risco de contaminação. É bom entender que a higiene focalizada não se refere àquela necessária para que não se corra o risco de comprometimentos sanitários. A preocupação e a ritualidade assumida se deve a uma concepção de puro e impuro, segundo critérios muito próprios que chegam às raias do doentio e até perverso, criando preconceitos e transformando a vivência religiosa em maldosa consideração dos outros para verificar a quem condenar ou criar condições de desmoralizações. Jesus reage à tentativa de desmoralização que buscam aplicar sobre Ele. Na verdade, em Israel, um mestre não tinha autoridade se não conseguisse que os seus discípulos obedecessem à risca todos os preceitos e ritos previstos pela prática religiosa.
Certamente, com satisfação, que é o sentimento dos perversos e dos convencidos de sua oca dignidade moral, os interlocutores de Jesus pensavam ter encontrado um meio de desmoralizá-Lo e condenar os discípulos d’Ele. Este é o único caminho comum e sempre muito explorado dos hipócritas. Buscam conquistar autoridade e validar suas posições com a desmoralização dos outros, ainda que seja fruto de suas perversas e obscuras pretensões. Os honestos, de verdade, não necessitam atacar, destruindo os outros, para encontrar o seu lugar de autoridade e reconhecimento.
Jesus chama todos estes de hipócritas. Não são poucos. A hipocrisia se vence com algo mais que ultrapassa o simples cumprimento de ritos e normas que encobrem mentiras e interesses pessoais. Hipócrita é, pois, uma condição que define aquele que é capaz de fazer e falar sem deixar transparecer os enganos, critérios perversos e mentiras que estão sempre guardadas com força de cálculo no fundo do coração. A hipocrisia é uma verdadeira cultura que muitos dela vivem sem perceber, outros a adotam como artimanha para conseguir seus propósitos e não poucos se gabam das práticas que enganam os outros para alcançarem os próprios interesses, tantas vezes imorais, prejudiciais ao bem comum, perversos e maldosos para com os demais.
Jesus contrapõe a proposta de prática religiosa dos Seus conterrâneos. Não é uma simples contestação dos ritos, menos ainda um desleixo ou uma atitude de simplesmente contestar e desconsiderar, como ato de insolência e de arbitrariedade. O coração de Deus é misericórdia, amor, sinceridade a toda prova. Deus Pai não usa artimanhas. Quem usa artimanhas não é capaz de amar de verdade. Interessa alcançar os próprios propósitos, mesmo que estes sejam destrutivos e comprometedores do bem de instituições e de pessoas. Jesus reorienta o sentido da prática religiosa mostrando que sua essência, para dar vida aos ritos de não deixá-los cair numa complicada esterilidade, supõe um cuidado especial com o próprio coração.
O discípulo, então, é aquele que nutre no coração uma experiência inspirada nos sentimentos do coração de Deus. A interioridade é, na verdade, a força sustentadora da autêntica experiência de fé, de culto a Deus e de sinceridade no relacionamento com os outros. Jesus pede dos Seus discípulos esta construção e esta conquista. Aquilo que é de fora se sustenta autenticamente a partir do que está no fundo do coração. Manter as aparências e enganar é hipocrisia.
O discípulo de Jesus não pode caminhar na direção da hipocrisia. Isso só é possível na medida em que o discípulo compreende que o impuro não é o que entra nele, vindo de fora, explicou Jesus chamando para perto d’Ele a multidão. Impuro é o que sai do interior. Ele recorda em linguagem bem direta que o que sai do interior é que é impuro: as más intenções, imoralidades, roubos, assassínios, adultérios, ambições desmedidas, maldades, fraudes, devassidão, inveja, calúnia, orgulho, falta de juízo. Cristo conclui: “Todas estas coisas más saem de dentro e são elas que tornam impuro o homem”.
É fácil colocar capas, roupas e cores que indicam outras coisas, até nobres. O que vale é verificar o fundo do coração diante de Deus e da própria consciência. Deus não se engana. Ele, mais do que qualquer outro, conhece o que há de escondido em nosso interior.
Ao discípulo só resta uma alternativa: passar a limpo a própria interioridade, permanentemente, e escolher sempre o caminho do amor que resgata, nos recria, nos perdoa e nos reconcilia com Deus. Outra opção de que devemos a todo custo fugir é a hipocrisia, isto é, a condição de um povo que “louva com os lábios, mas o coração está longe de Deus”. O nosso coração deve ser verdadeiramente íntimo de Deus.
Padre Bantu Mendonça



Leitura Orante 

Preparo-me para a Leitura, 
rezando com todos os internautas, 
ao Espírito: 

Espírito de verdade, 
a ti consagro a mente e meus pensamentos: ilumina-me. 
Que eu conheça Jesus Mestre e compreenda o seu Evangelho. 

1. Leitura(Verdade) 

O que diz o texto. Leio atentamente na minha Bíblia: 
Mc 7,1-13. 

Observo que Jesus propõe ter uma ordem de valores na vida. Como também, um forte senso de justiça. Nem sempre existe este equilíbrio na vida das pessoas. Nem coerência. Jesus lembra: "com a sua boca este povo diz que me respeita, mas na verdade o seu coração está longe de mim". E, parece falar aos dias de hoje: "Vocês abandonam o mandamento de Deus e obedecem a ensinamentos humanos ". 

2. Meditação (Caminho) 

O que o texto diz para mim, hoje? 

Qual lugar Deus ocupa na minha vida?
 Meu coração está próximo de Deus? 
Onde está Deus? 
Se não estiver no 1o. lugar, e presente em todos os outros momentos, alguma coisa está errada e deve ser revista. 

Os bispos, em Aparecida, recordaram: 

"A importância única e insubstituível de Cristo para nós, para a humanidade, consiste em que Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida. "Se não conhecemos a Deus em Cristo e com Cristo, toda a realidade se torna um enigma indecifrável; não há caminho e, ao não haver caminho, não há vida nem verdade", disse Bento XVI. No clima cultural relativista que nos circunda, onde é aceita só uma religião natural, faz-se sempre mais importante e urgente estabelecer e fazer amadurecer em todo o corpo eclesial a certeza de que Cristo, o Deus de rosto humano, é nosso verdadeiro e único salvador." 
(DAp 22). 

3.Oração (Vida) 

O que o texto me leva a dizer a Deus? 

Rezo, espontaneamente, com salmos ou outras orações e concluo: 

Espírito vivificador, a ti consagro o meu coração: 
aumenta em mim o amor a Jesus, Vida da minha vida. 
Faze-me sentir filho amado do Pai. 
Amém. 

4.Contemplação (Vida e Missão) 

Qual meu novo olhar a partir da Palavra? 

Meu novo olhar é para reconhecer o lugar de Deus acima de tudo na minha vida. 

Bênção 

- Deus nos abençoe e nos guarde. 
Amém. 

- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. 
Amém. 

-Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. 
Amém. 

- Abençoe-nos Deus misericordioso, 
Pai e Filho e Espírito Santo. 
Amém. 

I. Patrícia Silva, fsp 

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