A devoção de Nossa Senhora
Odigitria surgiu na cidade de Constantinopla, no governo do imperador
Justiniano. Entretanto a antiga tradição narra que sua origem procede da Síria,
do primeiro século do Cristianismo. Segundo a narrativa, a imagem desta
invocação seria uma das três pintadas por São Lucas, o Evangelista, que viveu
neste país. Porém este seria um ícone milagroso, pois quando lhe faltaram as
forças e tendo a pintura da imagem para concluir, São Lucas implorou ajuda
celestial da Santíssima Mãe e o próprio ícone concluiu a pintura da obra.
Depois da morte de São Lucas, o ícone da Mãe de
Deus foi colocado para veneração dos fiéis na igreja de São Pedro em Gálata, na
Síria. Durante o Império Romano-Bizantino, antes da metade do século VI, a
imperatriz Eudóxia enviou o referido ícone mariano, para Constantinopla para a
imperatriz Santa Pulquéria que o colocou na mais bela igreja dedicada à Mãe de
Deus que mandara construir, chamada de Ton Odegon, que em grego significa
"da guia".
Assim surgiu o título mariano
"Odighitria" que em grego quer dizer "Ela que indica o
Caminho". Porém, para alguns estudiosos ele derivaria do fato que os
guias, ou melhor os "odighos", dos exércitos se recolhiam neste
mosteiro para rezar; para outros, seria por causa do nome da igreja de
Constantinopla que conservava o ícone da venerada imagem mariana, obra de São
Lucas.
Contudo, para a tradição este título se refere de
fato ao milagre atribuído à Virgem Maria, que guiou dois cegos até a sua igreja
em Constantinopla onde recuperaram a visão. Só com o tempo
"Odighitria" adquiriu um significado exclusivo para este ícone, em
função da posição do braço de Maria que indica o Filho como: "Caminho, Verdade
e Vida".
A partir de 716, quando o imperador Leão III, o
Isauriano, assumiu o trono, esquecido das graças obtidas por intercessão da
Santíssima Virgem, iniciou a perseguição às imagens sagradas. Mas esta devoção
já havia se espalhou por toda a cristandade do Ocidente, que em muitos lugares
recebeu o título de Nossa Senhora de Constantinopla.
No sul da Itália, em Bari, cidade vizinha de
Nápoles, o título grego foi abreviado para Idria ou Itria. Os registros antigos
mostram que no século VIII, dois sacerdotes com receio da destruição da cópia
do ícone de Constantinopla, venerado pelo povo barese como Santíssima Maria de
Idria, embarcam para Roma, levando o ícone escondido. Mas uma tempestade
impediu o navio de partir e a imagem retornou para a igreja. Hoje a população de
Bari a festeja como Padroeira da cidade.
A cópia deste ícone que se encontra na Catedral de
Bari, se tornou a relíquia mais antiga desta invocação mariana, existente em
todo mundo.
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