O culto à Nossa Senhora do
Parto, deriva dos primeiros séculos da era cristã. A primeira imagem que a
representa se encontra em Roma, num dos arcos do Cemitério Maior. O ícone é do
século IV e nele a Virgem está em posição orante, de braços abertos, com Cristo
Menino diante do peito. Também, é a pioneira tentativa de representar Maria
isolada na sua maternidade. Mas as controvérsias doutrinárias eram muitas,
causadas pelas heresias que proliferavam fora e dentro da Igreja. Por isso, em
431, no Concílio de Éfeso foi proclamado o dogma da divina maternidade de
Maria.
Como a imagem da Virgem orante do Cemitério Maior,
foi executada de acordo com a doutrina oficial ortodoxa, segundo a qual Cristo
e Maria eram "uma só carne", ela inspirou o ícone mariano mais
difundido em todo o Oriente e Ocidente, desde o período bizantino. Trata-se de
Nossa Senhora "Platytera", isto é, "mais plena dos céus",
que apresenta Maria orante com o Menino envolto num disco, simbolizando sua
maternidade.
Na Itália, a partir do período medieval, aparecem
as imagens da Virgem do Parto substituindo o símbolo do disco pela
representação natural da cintura alta e recurvada sobre o ventre ligeiramente
sobressalente de Maria, característica exclusiva da pintura Ocidental. Logo em
seguida veio da representação de Nossa Senhora no real estado de gestante. Nele
a Virgem aparece sozinha, de pé ou sentada, em posição frontal e visivelmente
esperando o Filho de Deus. O único elemento que a distingue de uma mulher comum
grávida, é o livro fechado apoiado no ventre, uma alusão ao Verbo Encarnado. O
livro de fato é uma representação do Velho Testamento e, portanto a Palavra de
Deus que, através de Maria, se encarna.
No concílio de Trento, entre 1545 e 1563, muitas
imagens sagradas foram consideradas não ortodoxas pela Igreja e acabaram na
mira dos inquisidores. Entre elas figuraram a Nossa Senhora do Parto, a Nossa
Senhora Platytera da Misericórdia e a Virgem do Apocalipse. Por isso, muitas
foram destruídas ou modificadas e, a partir do final do século XVI, delas não
ficou nenhum traço, na Igreja do Ocidente. As modificadas eliminaram a cintura
alta e ao invés do livro, a Virgem segura o Menino Jesus nos braços.
A mais famosa e conhecida, das poucas remascentes,
é a obra de 1460, atribuída ao pintor Pedro da Francesca. Desde então essa
Nossa Senhora do Parto, em pé, ficou exposta na capela do Cemitério dos
Monterchi, em Arezzo, região italiana da Toscana, que, em 1993, foi restaurada.
Porém, existe ainda uma imagem de Nossa Senhora do Parto sentada, venerada na
igreja de Cislago, ao norte de Milão, pintada por um artista anônimo, em 1530.
A devoção e o culto à Virgem do Parto, apesar das
divergências dos teólogos, quanto a representação de sua maternidade divina,
nunca foi abandonada pelo povo cristão. No Oriente, continuou sendo venerada
como a Mãe Platytera. No Ocidente, como Nossa Senhora do Bom Parto, com a
imagem modificada da Virgem com o Menino Jesus nos braços, sentada ou de pé.
Mas, homenageada em datas diferentes, conforme as localidades.
No Brasil existem poucas igrejas dedicadas à Nossa
Senhora com esse título. A mais conhecida fica no antigo povoado da Palhoça, em
Florianópolis, no estado de Santa Catarina. Construída em 1868, os habitantes
decidiram dedica-la à Nossa Senhora do Parto e a celebram no dia 08 de novembro.
http://www.paulinas.org.br/diafeliz/?system=maria&id=141
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