quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA - 22/02/2023

ANO 


QUARTA-FEIRA DE CINZAS

- Dia de jejum e abstinência -

LANÇAMENTO DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2023

TEMA: “Fraternidade e fome”
LEMA: Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16)

Ano A Roxo

"Quando deres esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem elogiados pelos homens." Mt 6,2

Mt 6,1-6.16-18

Ambientação

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Iniciamos o tempo quaresmal em preparação à Páscoa do Senhor intensificando a busca pela conversão pessoal. Recordando que somos pó e ao pó retornaremos, supliquemos a misericórdia e compaixão do Altíssimo.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, o Senhor, Santo e Justo, nos reúne neste dia para darmos início ao grande caminho quaresmal que nos conduzirá à purificação de nossas vidas e à conversão de nosso coração. Serão quarenta dias de intensa escuta do Senhor, de jejum, de prática da caridade para que possamos viver plenamente, com Ele, a Páscoa. Como o Povo de Deus que outrora caminhou pelo deserto, nos dispomos como Igreja no Brasil a percorrer este caminho sintonizados com os apelos da Campanha da Fraternidade que, neste ano, nos convida a assumir o compromisso de combate à fome, como sinal visível de nossa fraternidade.

PENITÊNCIA, ORAÇÃO E AMOR FRATERNO

Com o rito da imposição das cinzas, iniciamos a Quaresma deste ano. Este “tempo favorável” nos é dado para que nos preparemos bem para a celebração da Páscoa, mediante as práticas que a Igreja recomenda especialmente para este tempo: o jejum, a esmola e a oração.
Mediante a prática voluntária do jejum, lembramos que “não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus”. Nossa vida neste mundo não se reduz a buscar as satisfações para nossos sentidos e os prazeres da vida. Temos fome e sede de coisas maiores, que Deus nos prepara e promete. Por isso, a Quaresma nos coloca estes questionamentos: afinal, o que pretendo para minha vida? Quais são minhas preocupações principais nesta vida? Busco a Deus, sinceramente? Dou atenção suficiente ao “alimento que dura para a vida eterna”, que mantém viva minha fé e orientada minha vida para o bem? Mediante a “esmola”, somos convidados à prática intensa da caridade e das obras de misericórdia, a superar nosso egocentrismo e a sermos sensíveis às necessidades do próximo. Amor verdadeiro a Deus vai sempre acompanhado de amor sincero ao próximo. Nossa tendência é fechar-nos em nós mesmos para cuidar apenas do que é nosso e dos nossos interesses. Ao nosso redor, há muito sofrimento e necessidade de todo tipo. Junto com a caridade, deve crescer em nós o senso da honestidade e da justiça em todas as nossas decisões e ações.
A oração é o terceiro conjunto de práticas da Quaresma. Jesus ensinou que é preciso rezar sempre e rezar bem: oração com fé, humildade sincera e confiança. O exercício da oração também é escuta atenta e acolhida da Palavra de Deus e cumprimento dos nossos deveres de religião. Como está a prática das orações diárias, da missa dominical, da observância dos mandamentos de Deus? Somos filhos e filhas de Deus e a vida cristã se expressa na relação filial com Deus, nosso Pai, e com as demais pessoas, que são nossos irmãos e irmãs.
Nesta Quaresma, a Campanha da Fraternidade traz novamente o tema crucial da fome para nossa reflexão, conversão e ação quaresmal. Infelizmente, ao nosso redor, muitas pessoas não têm alimento suficiente e isso é muito grave e não pode nos deixar indiferentes. A partilha fraterna e a prática pessoal e social da justiça podem ajudar a diminuir o sofrimento das pessoas que passam fome. Trata-se também de refletir sobre o desperdício de alimentos e, talvez, mudar algumas práticas que levam a isso.
Desejo a todos que esta Quaresma seja realmente um “tempo de conversão”, como ouvimos nesta Quarta-Feira de Cinzas: “convertei-vos e crede no Evangelho”. Conversão significa mudar atitudes e práticas que não estejam de acordo com o Evangelho e os ensinamentos da fé cristã. Desta forma, poderemos chegar, com o coração renovado e aberto, às celebrações da Páscoa. Que a Palavra de Deus nos oriente todos os dias em nosso caminho quaresmal.
Cardeal Odilo P. Scherer
Arcebispo de São Paulo

Comentário do Evangelho

Quaresma: tempo de graça e conversão

Com a celebração da Quarta-Feira de Cinzas, damos início ao tempo da Quaresma, "tempo de graça e reconciliação"; tempo que é um itinerário oferecido como oportunidade de uma profunda e verdadeira conversão; tempo que nos dispõe para celebrar a Páscoa de Jesus Cristo, mistério central da vida cristã. As práticas tradicionais do jejum, da esmola e oração, também recomendadas pela Igreja, são a expressão de nosso desejo e empenho de uma verdadeira conversão, apelo e tarefa não só de um tempo, mas um trabalho de toda a vida.
Carlos Alberto Contieri,sj
Orão
Pai, só te agradam as ações feitas na simplicidade e no escondimento. Que eu procure sempre agradar-te, enveredando por este caminho.
Fonte: Paulinas em 13/02/2013

Comentário do Evangelho

A conversão não é tarefa de um tempo, mas empenho de toda a vida.

Com essa celebração de caráter penitencial, tem início o tempo da Quaresma, tempo de graça e reconciliação que nos prepara para a comemoração anual do mistério pascal de Jesus Cristo. O texto prescrito para a Quarta-Feira de Cinzas, invariável nos três ciclos litúrgicos, começa por um alerta (v. 1), cuja exigência prática para a vida do discípulo e de toda a comunidade cristã é a rejeição da hipocrisia, como se verá nas considerações das práticas tradicionais de piedade (jejum, esmola e oração), aspectos importantes da vida religiosa no tempo de Jesus, também recomendadas pela Igreja. Essas práticas não podem alimentar a vaidade de uma religião puramente exterior – hoje, diríamos midiática – e se constituir num espetáculo público. Não podem levar ao auto-centramento, mas elas têm por finalidade levar as pessoas a saírem de si mesmas e voltarem-se para Deus, que vê no segredo do coração, e se disporem a servir generosamente seus semelhantes. O jejum, a caridade fraterna e a oração são a expressão do desejo de uma verdadeira conversão; a conversão não é tarefa de um tempo, mas empenho de toda a vida.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, só te agradam as ações feitas na simplicidade e no escondimento. Que eu procure sempre agradar-te, enveredando por este caminho.
Fonte: Paulinas em 05/03/2014

Vivendo a Palavra

Esmola, oração e jejum – são metáforas para indicar que as nossas relações com o próximo devem ser de compaixão e generosidade; com o Pai, de gratidão e verdade; e com nós mesmos de busca da santidade, isto é, assumirmos o Espírito Santo que nos habita. Sejam estes os desejos de nossa quaresma.
Fonte: Arquidiocese BH em 13/02/2013

VIVENDO A PALAVRA

Neste tempo quaresmal que iniciamos hoje – e segue por toda a vida! – vamos nos esforçar para orar, jejuar e partilhar nossos bens do jeito que o Evangelho nos ensina: sem alarde, sem esperarmos que sejamos reconhecidos, sem buscar lucros e nem gratidão, mas na humilde gratuidade que praticou e ensinou o nosso Mestre de Nazaré.
Fonte: Arquidiocese BH em 06/03/2019

VIVENDO A PALAVRA

Neste início da quaresma, Mateus revela o jeito de Jesus se relacionar consigo mesmo (jejum), com o próximo (esmola) e com o Pai (oração). Não se trata de atos praticados para serem vistos e admirados pelos companheiros de viagem, mas de atitudes de gratidão por sermos todos filhos muito amados de Deus, e da consequente relação fraterna entre todos os homens e mulheres de boa vontade.
Fonte: Arquidiocese BH em 26/02/2020

VIVENDO A PALAVRA

A esmola, o jejum e a oração são imagens, ou figuras, que Jesus usa para ensinar como devem ser nossas relações com o próximo, com nós mesmos e com Deus. Guardando a sobriedade, a transparência e a discrição, nós devemos ser solidários e generosos com o próximo; agradecidos e reverentes com o Pai; e conscientes da nossa dignidade de filhos muito amados e templos do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 17/02/2021

Reflexão

O verdadeiro espírito de conversão quaresmal é aquele de quem não busca simplesmente dar uma satisfação de sua vida a outras pessoas para conseguir a sua aprovação e passar assim por um bom religioso, mas sim aquele que encontra a sua motivação no relacionamento com Deus e busca superar as suas imaturidades, suas fraquezas, sua maldade e seu pecado para ter uma vida mais digna da vocação à santidade que é conferida a todas as pessoas com a graça batismal, e busca fazer o bem porque é capaz de ver nas outras pessoas um templo vivo do Altíssimo e servem ao próprio Deus na pessoa do irmão ou da irmã que se encontram feridos na sua dignidade.
Fonte: CNBB em 13/02/2013 e 05/03/2014

Reflexão

O ser humano tende a fazer propaganda das próprias boas obras. Jesus previne seus discípulos contra isso. Dar esmola, rezar, jejuar, receber as cinzas só para chamar a atenção sobre si mesmo não tem valor perante Deus. O que realmente conta é a atitude interior de conversão a Deus e aos irmãos. Por isso é que Jesus insiste: tudo se faça com discrição e humildade. Do contrário, podemos ficar reféns da aprovação dos outros para o que realizamos. Então caímos no perigo de dar aparência de virtude para algo que não passa de ostentação e exibicionismo. Desse modo, enganamos o próximo e a nós mesmos. Podem até nos aplaudir, mas isto seria uma recompensa fugaz e vazia. Importa a aprovação de Deus, que conhece o nosso íntimo e a quem nada passa despercebido.
(Dia a dia com o Evangelho 2019 – Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp)
Fonte: Paulus em 06/03/2019

Reflexão

Fazer o bem é atitude correta e louvável. Além disso, o benfeitor será recompensado por Deus, pois “o Pai que vê, no segredo, o recompensará”. A recompensa celeste cessa quando a pessoa faz publicidade de suas obras para receber aplausos. Jesus indica três boas obras que figuram como exemplos para as demais: dar esmola, jejuar e orar. Se forem acompanhados de reta intenção, e não simplesmente feitos para conquistar elogios e bajulações, esses gestos serão agradáveis a Deus e promoverão a fraternidade. Jesus nos adverte sobre o perigo, tão comum à natureza humana, de corrermos atrás da glória deste mundo. O que conta realmente é a conversão a Deus e aos irmãos e irmãs. Projeto para toda a Quaresma.
Oração
Ó admirável conselheiro e Mestre, Jesus, arranca do nosso coração a forte tendência de exibir nossas obras em vista de ganhar elogios e aplausos. Tu nos ensinas a realizar as boas obras de modo secreto, com a garantia de que não nos faltará a recompensa do Pai celeste. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2020 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp (dias de semana) Pe. Nilo Luza, ssp (domingos e solenidades))
Fonte: Paulus em 26/02/2020

Reflexão

A Igreja católica abre a Quaresma propondo o Evangelho de Mateus, o qual apresenta três práticas muito comuns em diversas religiões: a esmola (caridade), a oração e o jejum. Essas “boas obras” são ainda hoje práticas muito comuns para os cristãos. O Evangelho desta Quarta-feira de Cinzas chama a atenção para o jeito de vivê-las: de forma discreta, sem muito alarde e sem busca de aplauso, para não cair na tão propalada “teologia da retribuição”. Portanto, o que está em questão não são as “obras de piedade” em si, mas o uso que os “hipócritas” fazem delas. Esses hipócritas podem ser cada um de nós, motivo pelo qual devemos observar bem o que Jesus nos ensina no Evangelho de hoje. As três práticas apontadas por ele são como a síntese do nosso relacionamento e nosso compromisso com os outros (esmola), com Deus (oração) e com nós mesmos (jejum).
ORAÇÃO
Ó admirável conselheiro e Mestre, Jesus, arranca do nosso coração a forte tendência de exibir nossas obras com vista a ganhar elogios e aplausos. Tu nos ensinas a realizar as boas obras de modo secreto, com a garantia de que não nos faltará a recompensa do Pai celeste. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2021 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp e Pe. Nilo Luza, ssp)
Fonte: Paulus em 17/02/2021

Reflexão

O ser humano tende a fazer propaganda das próprias boas obras. Jesus previne seus discípulos contra isso. Dar esmola, rezar, jejuar, receber as cinzas só para chamar a atenção sobre si mesmo não tem valor perante Deus. O que realmente conta é a atitude interior de conversão a Deus e aos irmãos. Por isso é que Jesus insiste: tudo se faça com discrição e humildade. Do contrário, podemos ficar reféns da aprovação dos outros para o que realizamos. Então caímos no perigo de dar aparência de virtude para algo que não passa de ostentação e exibicionismo. Desse modo, enganamos o próximo e a nós mesmos. Podem até nos aplaudir, mas isto seria uma recompensa fugaz e vazia. Importa a aprovação de Deus, que conhece o nosso íntimo e a quem nada passa despercebido.
(Dia a Dia com o Evangelho 2023)

Reflexão

«Guardai-vos de fazer a vossa esmola diante dos homens, para serdes vistos por eles»

Pbro. D. Luis A. GALA Rodríguez
(Campeche, México)

Hoje começamos o nosso recorrido à Páscoa, e o Evangelho nos lembra os deveres fundamentais do cristão, não só como preparação a um tempo litúrgico, mas em preparação à Páscoa Eterna: «Cuidado! não pratiqueis vossa justiça na frente dos outros, só para serdes notados. De outra forma, não recebereis recompensa do vosso Pai que está nos céus» (Mt 6,1). A justiça da que Jesus nos fala consiste em viver conforme aos princípios evangélicos, sem esquecer que «Eu vos digo: Se vossa justiça não for maior que a dos escribas e dos fariseus, não entrareis no Reino dos Céus» (Mt 5,20).
A justiça nos leva ao amor, manifestado na esmola e em obras de misericórdia: «Tu, porém, quando deres esmola, não saiba tua mão esquerda o que faz a direita» (Mt 6,3). Não é que se devam ocultar as obras boas, mas que não se deve pensar em elogio humano ao fazê-lo, sem desejar nenhum outro bem superior e celestial. Em outras palavras, devo dar esmola de tal modo que nem eu tenha a sensação de estar fazendo uma boa ação, que merece uma recompensa por parte de Deus e elogio por parte dos homens.
Bento XVI insistia em que socorrer aos necessitados é um dever de justiça, mesmo antes que um ato de caridade: «A caridade supera a justiça (…), mas nunca existe sem a justiça, que induz a dar ao outro o que é "dele", o que lhe pertence em razão de seu ser e do seu agir». Não devemos esquecer que não somos proprietários absolutos dos bens que possuímos, e sim administradores. Cristo nos ensinou que a autêntica caridade é aquela que não se limita a "dar" esmola, e sim que o leva a "dar" a própria pessoa, a oferecer-se a Deus como culto espiritual (cf. Rom 12,1) esse seria o verdadeiro gesto de justiça e caridade cristã, «de modo que tua esmola fique escondida. E o teu Pai, que vê no escondido, te dará a recompensa» (Mt 6,4).

Pensamentos para o Evangelho de hoje

- «Nestes dias, deve-se dar uma atenção especial no cuidado e na devoção ao cumprimento das coisas que os cristãos devem fazer em todos os momentos: assim viveremos, em santo jejum, esta Quaresma de instituição apostólica» (S. Leão Magno)

«Sabemos que este mundo cada vez mais artificial nos leva a viver uma cultura do "fazer", do "útil", onde inadvertidamente Igreja excluímos Deus do nosso horizonte. A Quaresma chama-nos a "despertarmos" para nos lembrarmos simplesmente que não somos Deus» (Francisco)

- «A Lei nova pratica os atos da religião: a esmola, a oração, o jejum, ordenando-os para “o Pai que vê no segredo”, ao contrário do desejo “de ser visto pelos homens”» (Catecismo da Igreja Católica, 1.969)

Reflexão

«Guardai-vos de fazer a vossa esmola diante dos homens, para serdes vistos por eles»

Rev. D. Manel VALLS i Serra
(Barcelona, Espanha)

Hoje iniciamos a Quaresma: «É agora o momento favorável, é agora o dia da salvação» (2Cor 6,2). A imposição da cinza —que devemos receber— é acompanhada por uma destas duas fórmulas. A antiga: «Lembre-se de que és pó e pó serás»; e a que introduziu a liturgia renovada do Concilio: «Converta-se e creia no Evangelho». Ambas as fórmulas são um convite a contemplar de uma maneira diferente —normalmente tão superficial— nossa vida. O Papa São Clemente I nos lembra que «o Senhor quer que todos os que o amam se convertam».
No Evangelho, Jesus pede a pratica da esmola, o jejum e a oração longe de toda hipocrisia: «Por isso, quando você der esmola, não mande tocar trombeta na frente, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem elogiados pelos homens. Eu garanto a vocês: eles já receberam a recompensa» (Mt 6,2). Os hipócritas, energicamente denunciados por Jesus Cristo, se caracterizam pela falsidade de seu coração. Mas, Jesus adverte hoje não só da hipocrisia subjetiva senão também da objetiva: cumprir, inclusive de boa fé, tudo o que manda a Lei de Deus e a Escritura Santa, mas fazendo de maneira que fique na mera prática exterior, sem a correspondente conversão interior.
Então, a esmola reduzida —à “gorjeta”— deixa de ser um ato fraternal e se reduz a um gesto tranqüilizador que não muda a maneira de ver o irmão, nem faz sentir a caridade de prestar-lhe a atenção que ele merece. O jejum, por outro lado, fica limitado ao cumprimento formal, que já não lembra em nenhum momento a necessidade de moderar nosso consumismo compulsivo, nem a necessidade que temos de ser curados da “bulimia espiritual”. Finalmente, a oração —reduzida a estéril monólogo— não chega a ser autêntica abertura espiritual, colóquio íntimo com o Pai e escuta atenta do Evangelho do Filho.
A religião dos hipócritas é una religião triste, legalista, moralista, de uma grande pobreza de espírito. Pelo contrario, a Quaresma cristã é o convite que cada ano nos faz a Igreja a um aprofundamento interior, a una conversão exigente, a una penitência humilde, para que dando os frutos pertencentes que o Senhor espera de nós, vivamos com a máxima plenitude de alegria e o gozo espiritual da Páscoa.

Recadinho

Em que consiste ser humilde? - O exibicionismo está muito presente em nossas comunidades? - Procuro ser solidário com o próximo, ajudando-o a ouvir a voz de Deus que nos fala no íntimo do coração? - Que tipo de recompensa espero pelo bem que faço? - Quem me recompensará?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Fonte: a12 - Santuário Nacional em 05/03/2014

Meditando o evangelho

COMO AGRADAR A DEUS

A prática quaresmal da esmola, da oração e do jejum tem a finalidade de sintonizar-nos com a vontade do Pai, de forma a preparar-nos, da melhor maneira possível, para a celebração da Páscoa. As três práticas de piedade visam refazer nossa amizade com o Pai, enquanto discípulos de Jesus. Têm como objetivo tornar-nos agradáveis a ele. De onde a importância de serem vividas segundo as orientações dadas pelo Mestre Jesus.
Existem maneiras incorretas de dar esmolas, rezar e jejuar. Portando, vazias e inúteis. Isto acontece com quem se serve destes atos para fazer exibição de piedade, pretendendo passar por santos aos olhos dos outros. Mas, também, com quem dá esmola de maneira mecânica, sem comprometer-se com o gesto de dar; com quem transforma a oração num amontoado de palavras, sem interioridade nem unção; com quem jejua para cumprir um preceito, embora desconheça o valor de seu gesto.
O reverso da medalha corresponde à forma efetiva de agradar a Deus. Neste caso, a esmola será expressão da misericórdia que existe no coração de quem se faz solidário com a carência alheia; a oração consistirá mais em escutar do que em falar; o jejum corresponderá a um esforço sincero de controlar os próprios instintos e paixões, de forma a não desviarem o ser humano do caminho de Deus.
A melhor forma de agradar a Deus será pôr em prática tudo isto no humilde escondimento.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Pai, durante o tempo da Quaresma, buscarei ser agradável a ti, manifestando esta minha disposição por meio da esmola, da oração e do jejum feitos de maneira correta.
Fonte: Dom Total em 26/02/2020

Meditando o evangelho

A quaresma, que se inicia hoje, tem sua origem na tradição sacrifical do Primeiro Testamento, segundo a qual a reconciliação com Deus se faz pelo sofrimento. A penitência, que foi identificada com práticas de sofrimento, na realidade significa a mudança de vida, o abandono dos falsos valores oferecidos pelo mundo do consumismo, sob controle dos donos do dinheiro, para assumir novos valores que levam à promoção da vida neste mundo. Jesus nos chama para a sincera relação com Deus e com o próximo, nos desapegando das riquezas, partilhando com os pobres, confiantes na vida, no irmão, na bondade e na amizade. (Após a homilia, faz-se a bênção das cinzas)

A VERDADEIRA PIEDADE

A relação do ser humano com Deus acontece através de gestos concretos. A piedade bíblica valorizava, de modo especial, três práticas de piedade: a esmola, a oração e o jejum. A esmola manifesta a abertura de coração para o próximo, especialmente, para quem é pobre e depende da misericórdia alheia para sobreviver. Orar é entrar em comunhão com Deus, como superação dos limites humanos e como projeção para o Absoluto. O jejum coloca-se no nível da relação do ser humano consigo mesmo, evidenciando a capacidade de manter,  sob controle, as próprias paixões, os próprios sentimentos e, até mesmo, os instintos.
Jesus ensinou a seus discípulos uma maneira diferente de praticar a piedade, maneira que ele chamou de justiça. Tudo deve ser feito com a máxima discrição: a esmola deve ser dada sem ostentação; a oração verdadeira, feita no recesso do próprio quarto, de modo a ser Deus a única testemunha; o jejum, dissimulado com banhos e perfumes para se evitar toda aparência de abatimento. Quem age assim, é visto por Deus, que se dá conta de tudo, até mesmo do que se passa em segredo.
Jesus não aboliu as práticas de piedade. Pelo contrário, deu-lhes uma impostação nova. Esse é o modo concreto de vivê-las na perspectiva da justiça do Reino. A verdadeira piedade é, pois, um caminho excelente de encontro com Deus e com os irmãos.
Bênção das cinzas

PR: Caros irmãos e irmãs, roguemos instantemente a Deus Pai que abençoe com a riqueza da sua graça estas cinzas, que vamos colocar sobre as nossas cabeças em sinal de penitência. Ó Deus, que vos deixais comover pelos que se humilham e vos reconciliais com os que reparam suas faltas, ouvi como um pai as nossas súplicas. Derramai a graça da vossa bênção + sobre os fiéis que vão receber estas cinzas, para que, prosseguindo na observância da Quaresma, possam celebrar de coração purificado o mistério pascal do vosso Filho. Por cristo, nosso Senhor. AS: Amém. (Em silêncio, aspergir as cinzas com água benta. Após, os fiéis se aproxima pra receber as cinzas. O ministro diz, na imposição das cinzas) PR: Convertei-vos e crede no Evangelho.

(Após a homilia, faz-se a bênção das cinzas)

PR: Caros irmãos e irmãs, roguemos instantemente a Deus Pai que abençoe com a riqueza da sua graça estas cinzas, que vamos colocar sobre as nossas cabeças em sinal de penitência. Ó Deus, que vos deixais comover pelos que se humilham e vos reconciliais com os que reparam suas faltas, ouvi como um pai as nossas súplicas. Derramai a graça da vossa bênção + sobre os fiéis que vão receber estas cinzas, para que, prosseguindo na observância da Quaresma, possam celebrar de coração purificado o mistério pascal do vosso Filho. Por cristo, nosso Senhor.

AS: Amém.

(Em silêncio, aspergir as cinzas com água benta. Após, os fiéis se aproxima pra receber as cinzas. O ministro diz, na imposição das cinzas)

PR: Convertei-vos e crede no Evangelho.

Oração
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Senhor Jesus, ajuda-me a compreender o valor da esmola, da oração e do jejum feitos em segredo, para serem visto apenas pelo Pai.
Fonte: Dom Total em 06/03/2019 e 17/02/2021

Comentário do Evangelho

OBRAS DE PIEDADE

A religião judaica dava grande importância à esmola, à oração e ao jejum como práticas de piedade, embora não fossem expressamente prescritas pela Lei.
Os discípulos de Jesus, enquanto herdeiros da tradição judaica, tinham consciência do valor destas práticas como forma de expressar uma relação profunda com o próximo (esmola), com Deus (oração) e consigo mesmo (jejum). O cuidado de Jesus visava orientá-los sobre a maneira correta de praticá-las. A preocupação do Mestre ia além dessas três práticas tradicionais de piedade. Ele queria ensinar os seus discípulos como ser piedoso.
Existe uma maneira de ser piedoso com a preocupação de ser visto e louvado pelos outros. Era a preocupação própria dos hipócritas e exibidos. Mas existe também, outro modo de ser piedoso, que consiste em colocar-se em profunda comunhão com o Pai, que vê as coisas ocultas, e reconhece a sinceridade de coração de quem pretende ser-lhe agradável.
"Agir em segredo" não é o mesmo que fazer "ações secretas". Mesmo quando age em público, o coração do discípulo está centrado no Pai, e só ele procura agradar. Eventuais recompensas humanas são irrelevantes para ele, comparadas com as que o Pai lhe reserva.

COMENTÁRIO DO EVANGELHO

1. Quaresma: Tempo de Reflexão e Conversão
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

A quaresma, que se inicia hoje, tem sua origem na tradição sacrifical do Primeiro Testamento, segundo a qual a reconciliação com Deus se faz pelo sofrimento. A penitência, que foi identificada com práticas de sofrimento, na realidade significa a mudança de vida, o abandono dos falsos valores oferecidos pelo mundo do consumismo, sob controle dos donos do dinheiro, para assumir novos valores que levam à promoção da vida neste mundo. Jesus nos chama para a sincera relação com Deus e com o próximo, nos desapegando das riquezas, partilhando com os pobres, confiantes na vida, no irmão, na bondade e na amizade.
Fonte: NPD Brasil em 13/02/2013

COMENTÁRIO DO EVANGELHO

1. Quando orardes entra no teu quarto
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)

Iniciamos hoje o sagrado Tempo da Quaresma. Daqui a quarenta dias celebraremos a entrada de Jesus em Jerusalém. É a entrada triunfal do rei que se sentará no trono da cruz. Marcamos o início deste tempo litúrgico com um dia de jejum e abstinência de carne. Entramos com disposição, orientados pelo Evangelho que nos indica o caminho do jejum, da oração e da esmola. Três práticas salutares de preparação para a Páscoa.
Fonte: NPD Brasil em 06/03/2019

COMENTÁRIO DO EVANGELHO

1. Não pratiqueis vossa justiça na frente dos outros, só para serdes notados - Mt 6,1-6.16-18
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)

Começamos hoje o Tempo da Quaresma com o propósito de praticar silenciosamente o jejum, a oração e a esmola. Silenciosamente, sem a preocupação de que nos vejam. Encontre um meio para partilhar algum bem material com quem precisa. Dedique ao menos 15 minutos do seu dia à oração silenciosa, só você e Deus. Um pouco de mortificação fortalece a vontade e ajuda a viver a Quaresma de maneira mais consciente.
Fonte: NPD Brasil em 26/02/2020

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. Religião é por dentro...
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Hoje é Quarta Feira de Cinzas que marca o início do tempo quaresmal. Vivemos um tempo de muitas ostentações religiosas até mesmo em nossa querida e amada Igreja Católica, às vezes há muita fachada e pouca autenticidade no que fazemos e celebramos.
O evangelho de hoje, bem dentro desse clima penitencial que nos motiva á sincera conversão, nos ensina e nos recorda que a verdadeira religião é para dentro e não para fora.
Religião significa relação com Deus, algo muito íntimo e pessoal, e que consiste na prática de certas virtudes evangélicas, que não precisam e nem podem ser ostentadas diante das pessoas porque é perigoso buscarmos o nosso engrandecimento quando na verdade, a relação sincera com Deus sempre tem como ponto de partida uma postura de humildade.
A prática de uma religião ostensiva acaba esvaziando o verdadeiro sentido das nossas relações com Deus presente em Jesus. Os atos de piedade: esmola, oração e jejum, nas comunidades de Mateus acabaram se transformando em uma mera aparência, são ações que parecem ser piedosas, mas não o são, justamente porque ficam só nas aparências. Esmola parece uma palavra meio fora de moda, (nas grandes cidades há até faixas educativas nos cruzamentos das grandes avenidas, pedindo para não darmos esmolas) oração parece coisa de doido, pois em vez de falar com Deus, o homem fala consigo mesmo ou com os outros, trabalha a razão e deixa a mística de lado, crendo em um Deus mudo, cego e surdo, que parece que nada tem a dizer ao homem de hoje.
Jejum muito menos... A ordem não é esvaziar-se, a ordem é encher-se, empanturrar-se, satisfazer a todos os prazeres de maneira irracional e desenfreada como as lições do dia a dia no "Big Brother" da TV.
Vamos aproveitar o início de mais uma quaresma e reduzir a cinzas nosso homem velho, deixando que em seu lugar vá nascendo um homem novo, um homem que em seu coração se comunica com Deus em uma deliciosa intimidade, um homem novo que ao orar consegue também se abrir para escutar a Voz de Deus ecoando na sua consciência, determinando todos os seus atos e escolhas, um homem novo que consegue se abrir aos irmãos, não dando uma esmola do que lhe sobra, mas partilhando sua vida e seus carismas na comunidade, e finalmente um homem novo que jejua, porque tem a consciência e a certeza de que nossa única necessidade é DEUS, e todo o resto é dispensável... Até mesmo as necessidades vitais que um dia não iremos mais precisar, quando estivermos com Deus no amanhã da nossa História.

2. E o teu Pai, que vê no escondido, te dará a recompensa - Mt 6,1-6.16-18
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)

“Quando jejuar, perfume a cabeça e lave o rosto.” Esta é a orientação de Jesus no dia de hoje, que consagramos com o jejum e, no entanto, colocamos cinzas sobre a cabeça. Temos consciência de que não são as cinzas que o Pai quer ver. Ele vê o que em nós está oculto. Permanece a orientação de Jesus: não faça nada para aparecer. Converse com o Pai, partilhe seus bens, oriente a inclinação da natureza.
Fonte: NPD Brasil em 17/02/2021

HOMILIA

Espiritualidade Bíblico-Missionária

Quarta-feira de Cinzas nos faz um grande e importante convite: iniciar nossa caminhada com Cristo, durante 40 dias, rumo à Páscoa. Essa caminhada com o Cristo tem sua exigência e por isso Ele nos diz: “Convertei-vos e crede no Evangelho”.
As Cinzas vêm nos alertar que é preciso prestar atenção em nossas atitudes e nos recordar nossa frágil condição humana. Somos pecadores! Precisamos nos dispor para o arrependimento, a conversão, a mudança de vida, a penitência, que é investir em si mesmo — essa coragem precisamos ter. Assim, vamos reconstruindo nossa existência e a dos irmãos e irmãs. Deus coloca diante de nós sua misericórdia e por meio dela podemos mudar nossa vida, pois ela nos traz o frescor de seu amor.
A conversão é uma exigência de nossa vida, pois continuamente teremos o que mudar em nós. Se estamos atentos em cada dia, o Senhor nos dá a graça de nos percebermos em nossas atitudes. Aliás, isso é muito exigente, pois quase sempre nos julgamos com razão. É nossa precariedade humana. Portanto, a conversão é uma meta a ser trabalhada em nossa vida inteira.
A Palavra de Deus e toda a Liturgia deste dia nos indicam os compromissos importantes da Quaresma: o jejum e a oração, a caridade e a Palavra de Deus, a mortificação (fazer morrer algo em mim que não é bom) e o amor aos pobres, o olhar atento e a mão estendida para acolher e servir. Isso é exigente, mas agrada a Deus, pois nos fará ter um coração aberto para o amor vivo, real, concreto, que vai ao encontro do irmão, da irmã, na sua realidade. Essa Liturgia nos faz viver realmente a fé e não ficar em devaneios que em nada colaboram para o bem.
O pecado é a grande indecência da humanidade. Hoje, até no meio dos cristãos, é uma realidade incompreendida. Infelizmente, ele não acabou, continua gerando suas vítimas; suas marcas estão aí e é possível vê-las a olho nu: opressão, injustiça, ódio, violência, lei da maior vantagem, falsidade, infidelidade, egoísmo, autossuficiência. São realidades diante de nossos olhos. É impossível negar, pois isso não é querido por Deus em nenhum momento. A conversão, portanto, é algo sério para nossa caminhada quaresmal, pois irá nos favorecer a experiência viva do amor ao Cristo. Com Ele alcançamos a ressurreição, a plenitude da vida.
Eis a grande chance que o Senhor nos dá: experimentar a alegria da salvação! Caminhemos, pois, com o Cristo e a Comunidade no caminho da vida que Jesus nos oferece sem cessar.
Redação “Deus Conosco”

HOMILIA DIÁRIA

Quaresma, tempo de reencontrar a amizade de Deus

Postado por: homilia
fevereiro 13th, 2013

Por ocasião do início deste tempo tão importante de oração e penitência na vida da Igreja que é a Quaresma, quero recordar as palavras do Santo Padre Bento XVI durante a Celebração da Quarta-feira de Cinzas há alguns anos:Hoje, e com esta Celebração Eucarística, vamos iniciar um caminho de verdadeira conversão para enfrentar vitoriosamente com as armas da penitência o combate contra o espírito do mal. Ao receber neste dia as cinzas sobre a cabeça, ouve-se mais uma vez um claro convite à conversão que pode expressar-se numa fórmula dupla: “Convertei-vos e acreditai no Evangelho”, ou “Recorda-te que és pó e em pó te hás de tornar”.
Precisamente devido à riqueza dos símbolos e dos textos bíblicos, a Quarta-feira de Cinzas é considerada a “porta” da Quaresma.
“Convertei-vos a mim de todo o vosso coração com jejuns, com lágrimas, com gemidos”.Com estas palavras inicia a Primeira Leitura, tirada do livro do profeta Joel (2,12). Os sofrimentos, as calamidades que afligiam naquele tempo a terra de Judá estimulam o autor sagrado a encorajar o povo eleito à conversão, isto é, a voltar com confiança filial ao Senhor dilacerando o seu coração e não as vestes. De fato, recorda o profeta, Ele “é clemente e compassivo, paciente e rico em misericórdia e se compadece da desgraça”(2,13).
O convite que Joel dirige aos seus ouvintes também é válido para nós. Não hesitemos em reencontrar a amizade de Deus perdida com o pecado; encontrando o Senhor experimentamos a alegria do seu perdão. E assim, quase respondendo às palavras do profeta, fizemos nossa a invocação do refrão do Salmo responsorial: “Perdoai-nos Senhor, porque pecamos”. Proclamando o Salmo 50, o grande Salmo penitencial, apelamos à misericórdia divina; pedimos ao Senhor que o poder do seu amor nos volte a dar a alegria de sermos salvos.
Com este espírito, iniciamos o tempo favorável da Quaresma, como nos recordou São Paulo na Segunda Leitura, para nos deixarmos reconciliar com Deus em Cristo Jesus. O apóstolo apresenta-se como embaixador de Cristo e mostra claramente como precisamente através d’Ele, seja oferecida ao pecador, isto é, a cada um de nós, a possibilidade de uma reconciliação autêntica.
“Aquele que não havia conhecido o pecado – diz o apóstolo – Deus o fez pecado por nós, para que nos tornássemos, nele, justiça de Deus” (2 Cor 5,21). Só Cristo pode transformar qualquer situação de pecado em novidade de graça. Eis por que assume um forte impacto espiritual a exortação que Paulo dirige aos cristãos de Corinto: “Em nome de Cristo suplicamo-vos: reconciliai-vos com Deus”; e ainda: “Este é o tempo favorável, é este o dia da salvação” (5,20; 6,2).
Enquanto Joel falava do futuro dia do Senhor como de um dia de terrível juízo, São Paulo, referindo-se às palavras do profeta Isaías, fala de “momento favorável”, de “dia da salvação”. O futuro dia do Senhor tornou-se o “hoje”. O dia terrível transformou-se na Cruz e na Ressurreição de Cristo, no dia da salvação. E este dia é agora, como ouvimos no Canto ao Evangelho: “Hoje não endureçais os vossos corações, mas ouvi a voz do Senhor”.O apelo à conversão e à penitência ressoa hoje com toda a sua força, para que o seu eco nos acompanhe em cada momento da vida.
A liturgia da Quarta-feira de Cinzas indica, assim, na conversão do coração a Deus a dimensão fundamental do tempo quaresmal. Esta é a chamada muito sugestiva que nos vem do tradicional rito da imposição das cinzas. Rito que assume um duplo significado: o primeiro relativo à mudança interior, à conversão e à penitência, enquanto o segundo recorda a precariedade da condição humana, como é fácil compreender das duas fórmulas diversas que acompanham o gesto.
Em Roma, a procissão penitencial da Quarta-feira de Cinzas parte de Santo Anselmo e conclui-se na basílica de Santa Sabina, onde tem lugar a primeira estação quaresmal. A este propósito é interessante recordar que a antiga liturgia romana, através das estações quaresmais, tinha elaborado uma singular “geografia da fé”, partindo da ideia que, com a chegada dos apóstolos Pedro e Paulo e com a destruição do Templo, Jerusalém se tivesse transferido para Roma. A Roma cristã era vista como uma reconstrução da Jerusalém do tempo de Jesus dentro dos muros da Cidade. Esta nova geografia interior e espiritual, ínsita na tradição das igrejas “estacionais” da Quaresma, não é uma simples recordação do passado, nem uma antecipação vazia do futuro; ao contrário, pretende ajudar os fiéis a percorrer um caminho interior, o caminho da conversão e da reconciliação, para chegar à glória da Jerusalém celeste onde Deus habita.
No Evangelho que foi proclamado, Jesus indica quais são os instrumentos úteis para realizar a autêntica renovação interior e comunitária: as obras de caridade (a esmola), a oração e a penitência (o jejum). São as três práticas fundamentais queridas também à tradição hebraica, porque contribuem para purificar o homem aos olhos de Deus (cf. Mt 6, 1-6.16-18).
Estes gestos exteriores, que devem ser realizados para agradar a Deus e não para obter a aprovação e o consenso dos homens, são por Ele aceitos se expressam a determinação do coração em servi-Lo com simplicidade e generosidade.
O jejum, ao qual a Igreja nos convida neste tempo forte, certamente não nasce de motivações de ordem física ou estética, mas brota da exigência que o homem tem de uma purificação interior que o desintoxique da poluição do pecado e do mal; que o eduque para aquelas renúncias saudáveis que libertam o crente da escravidão do próprio eu; que o torne mais atento e disponível à escuta de Deus e ao serviço dos irmãos. Por esta razão, o jejum e as outras práticas quaresmais são consideradas pela tradição cristã “armas” espirituais para combater o mal, as paixões negativas e os vícios.
A este propósito, apraz-me refletir convosco sobre um breve comentário de São João Crisóstomo: “Como no findar do Inverno – escreve ele – volta a estação do Verão e o navegante arrasta para o mar a nave, o soldado limpa as armas e treina o cavalo para a luta, o agricultor lima a foice, o viandante revigorado prepara-se para a longa viagem e o atleta depõe as vestes e prepara-se para as competições; assim também nós, no início deste jejum, quase no regresso de uma Primavera espiritual forjamos as armas como os soldados, limamos a foice como os agricultores, e como timoneiros reorganizamos a nave do nosso espírito para enfrentar as ondas das paixões. Como viandantes retomamos a viagem rumo ao céu e como atletas preparamo-nos para a luta com o despojamento de tudo” (Homilias ao povo antioqueno, 3).
Meu irmão, minha irmã, a partir destas palavras do Santo Padre, desejo que você tenha uma santa Quaresma!
Padre Bantu Mendonça
Fonte: Canção Nova em 13/02/2013

HOMILIA DIÁRIA

Com toda a intensidade da nossa alma, nos voltemos para o Senhor

Que este Tempo Quaresmal abra as portas do nosso coração, para que nela a graça do Senhor

“Agora, diz o Senhor, voltai para Mim com todo o vosso coração, com jejuns, lágrimas e gemidos; rasgai o coração, e não as vestes; e voltai para o Senhor, vosso Deus; Ele é benigno e compassivo, paciente e cheio de misericórdia” (Joel 2, 12-13)

Começamos, hoje, com a Quarta-Feira de Cinzas, o tempo da graça, o Tempo Quaresmal. E a Palavra de Deus nos faz um convite muito explícito, nos convida a voltarmos para o Senhor, nosso Deus. E, nos voltarmos para o Senhor, é nos voltarmos inteiros para Ele. Podemos até dizer: “Eu nunca me afastei do Senhor”, mas não está inteiro n’Ele, não está mergulhado n’Ele.
Agora é o tempo favorável, agora é o tempo da graça. É a hora e o tempo de Deus realizar, em nosso coração, a conversão de que tanto precisamos. Seja do pecador que está longe, distante; seja de quem se sente menos pecador e um pouco mais santo; sempre existem reparos a serem feitos em nossa vida e em nossa espiritualidade.

“Rasgai o vosso coração”

Primeiro, aquilo que orienta a Palavra: “Rasgai o vosso coração, e não as vestes”. O povo, muitas vezes, rasgam as vestes, andam até sem elas, como andaram nesses dias todos de carnaval. Mas o importante não é isso, o importante é o coração aberto, rasgado, dilacerado, para que, ali, a graça de Deus possa acontecer.
“Voltai-vos para mim, com jejuns e lágrimas”, tanto uma coisa quanto a outra são importantes. As lágrimas do arrependimento, alguém já disse que não sejam “lágrimas de crocodilo” mas que sejam lágrimas de sinceridade, de contrição, de tomada de consciência.
Por isso, esse tempo da graça precisa ser vivido na intensidade do significado que tem para a nossa conversão. Não podemos abrir mão da penitência, ou seja, reparar os males da vida para compreendermos a direção à qual a nossa vida pode vir a andar.
Que este Tempo Quaresmal abra as portas do nosso coração, para que nela a graça de Deus possa entrar. E, com toda a intensidade da nossa alma, nos voltemos para o Senhor, porque Ele quer nos conduzir neste tempo de graça. Uma boa Quaresma para todos nós!
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Fonte: Canção Nova em 06/03/2019

HOMILIDIÁRIA

O tempo da Quaresma

Quando orardes, não sejais como os hipócritas, que gostam de rezar em pé, nas sinagogas e nas esquinas das praças, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo: eles já receberam a sua recompensa. (Mt 6,5)

Pela graça de Deus, começamos, hoje, este tempo da graça, que é o tempo quaresmal, é o tempo oportuno, é o tempo da bênção que o Senhor mesmo nos dá para que rasguemos o nosso coração, a fim de que nele o Senhor possa entrar para renovar, para santificar, fazer novas todas as coisas.
Não olhemos o tempo da Quaresma como um tempo pesado, como tempo daquela penitência dura em que vamos ter de ficar de molho. Não! Olhemos o tempo da Quaresma como o tempo de renovação da alma, do espírito, do coração e das relações humanas. Olhemos este tempo como oportunidade de estreitarmos os nossos laços de amor e comunhão com Deus.  Para isso, são três os elementos que a Quaresma nos oferece: primeiro, a cura da nossa alma, da nossa relação conosco, da nossa própria intimidade humana.
O jejum, que nos é oferecido como remédio, é, na verdade, a graça de recuperarmos a nossa própria autoestima de lidarmos com a nossa natureza, muitas vezes, seduzida pelas vaidades, pelo orgulho, pela soberba. Jejum é, acima de tudo, a disciplina interior; e nenhum alimento, nem as vaidades, nem as necessidades humanas podem estar acima do nosso autocontrole e da disciplina para com a vida.
O tempo da Quaresma nos convida a estreitarmos os nossos laços de amor, de amizade nos relacionamentos que nós temos com a humanidade, com as outras pessoas. Esmola não é como nós entendemos no sentido muito comum da palavra, que é darmos o que sobra, socorrermos apenas o necessitado; esmola é muito mais do que isso, esmolar-se é dar-se, é oferecer-se para o outro, é preocupar-se com o outro, é tirar o melhor de si para socorrer as necessidades dos irmãos.

Olhemos o tempo da Quaresma como o tempo de estreitarmos os nossos laços de amor e comunhão com Deus

Quaresma é tempo de sairmos de nós para irmos ao encontro do outro, por isso caprichemos na caridade, no amor fraterno, caprichemos mesmo nas nossas relações com a sociedade ferida, machucada por causa do pecado, e prestemos, sobretudo, atenção ao que a Campanha da Fraternidade está nos dando: são muitos os sofredores, são muitos os que estão nas nossas esquinas, ao nosso lado e ao nosso redor, precisando do nosso amor e da nossa caridade fraterna.
A terceira indicação é a nossa relação com Deus. Como precisamos crescer na comunhão com o Senhor! E não há caminho mais sensato, coerente, concreto e real do que a oração; não é a oração para aparecer, não é a oração para que nos vejam com o terço nas mãos, com a Bíblia para lá e para cá; é aquela oração que fazemos quando entramos no nosso quarto, onde nos recolhemos na intimidade para com o Senhor, e buscamos, no silêncio da meditação da Palavra, viver a comunhão com Deus. Por isso, caprichemos na via da oração, caprichemos para estreitar os nossos laços de amor para com o Senhor nosso Deus, porque Ele vem ao nosso encontro e quer, cada vez mais, ter intimidade conosco. Nós precisamos nos abrir para ter intimidade com Ele.
Que Deus nos dê uma santa e abençoada Quaresma para crescermos na via espiritual, no nosso relacionamento com Deus e com o nosso próximo.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Fonte: Canção Nova em 26/02/2020

HOMILIDIÁRIA

Precisamos exercer o amor caridade

“Ficai atentos para não praticar a vossa justiça na frente dos homens, só para serdes vistos por eles” (Mateus 6,1).

Na sociedade das aparências, que é o mundo em que vivemos, muitas vezes nos preocupamos com aquilo que é aparente, e não com aquilo que é real, essencial e verdadeiro. Por isso, iniciando este tempo da graça, que é o Tempo Quaresmal, somos chamados por Deus a nos despirmos de todas as nossas máscaras e fantasias, a nos despirmos de tudo aquilo que não é autêntico em nossa vida para nos purificarmos pela graça de Deus.
Como está nos dizendo a profecia de Joel, o importante não é alguém rasgar as suas vestes, mas rasgar o coração, dilatá-lo na presença de Deus, para que este coração seja renovado e purificado pelo amor divino.
Aquele que se relaciona com Deus relaciona-se por via da oração verdadeira e autêntica, aquela oração que é feita no segredo. Sim, fazemos muitas orações que são públicas, e elas têm seu valor, mas a oração que agrada a Deus é aquela em que nos retiramos para o nosso interior, para o nosso quarto, o nosso cantinho, onde estamos só nós e Deus. Precisamos, mais do que nunca, caprichar na oração pessoal, na oração em que nos colocamos na presença do Senhor Nosso Deus.

O amor caridade não é o amor a quem escolhemos amar, mas, com o Espírito de Cristo, amarmos a todos cuidando

Precisamos corrigir muitas coisas em nós, por isso a penitência é um caminho de conversão nas próprias más inclinações que temos dentro de nós, nos pensamentos, nos sentimentos; e uma das penitências com certeza recomendadas é o jejum.
Não façamos jejum para fazer propaganda, não façamos jejum para engrandecer, façamos jejum para nos penitenciarmos e, sobretudo neste tempo, para exercermos o autodomínio e o autocontrole. Como precisamos da prática do jejum! Precisamos alcançar os frutos do jejum na vida. A disciplina na língua, no olhar; a disciplina dos ouvidos, dos sentimentos, dos afetos. Por isso, o jejum deve ser cada vez mais um elemento purificador da nossa alma e dos nossos sentidos.
Ao nosso lado estão os irmãos que precisam de nós, e nós precisamos cuidar uns dos outros, a começar pelos que estão mais próximos, na nossa convivência e na nossa família. Mas ao nosso lado existem muitas pessoas sofrendo, padecendo, e precisamos exercer o amor caridade, que é o amor cuidado, amor responsabilidade, que não é o amor a quem escolhemos amar, mas com o Espírito de Cristo amarmos a todos cuidando.
A esmola é uma expressão da caridade que significa: cuidar daquilo que o outro precisa, mas não é aquela esmola onde damos alguma coisa que sobrou, que não queremos mais, onde queremos nos livrar da pessoa. Precisamos nos converter para saber cuidar das dores e dos sofrimentos dos nossos irmãos.
Que, neste Tempo Quaresmal, Deus rasgue o nosso coração para que a Sua graça nos converta. Uma boa e santa Quaresma a todos nós!
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Fonte: Canção Nova em 17/02/2021

Oração Final
Pai Santo, faze de nossa vida uma grande preparação para recebermos o teu abraço misericordioso. Ajuda-nos, Pai amado, a viver desde esta quaresma que hoje iniciamos o jejum, a esmola e a oração que nos foram ensinados pelo Cristo Jesus, teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 13/02/2013

ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, o apóstolo Paulo nos diz que “é agora o momento favorável.” Faze-nos atentos aos sinais que tua Providência coloca em nosso caminho e que eles nos ajudem a fazer da vida uma permanente quaresma – tempo de oração, jejum e partilha – preparando-nos para viver no Reinado do Amor. Por Jesus, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 06/03/2019

ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, nós nos jogamos em teus braços como filhos confiantes. Conduze-nos por este tempo de penitência quaresmal para celebrarmos – ao final desses dias, – a Ressurreição do Cristo. Que vivamos o clima de fraternidade em nossas comunidades e sejamos sempre agradecidos pelo Dom do Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão, que contigo reina na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 26/02/2020

ORAÇÃO FINAL
Pai, nós nos encantamos porque Tu ouves os pobres e os simples. Venha a nós a tua Compaixão! Inspira-nos para que este caminho quaresmal que iniciamos hoje marque a nossa vida como tempo de conversão e nos prepare para a alegria da Páscoa de Jesus que, com certeza, também será a nossa Páscoa – a entrada plena e eterna em teu Reino de Amor. Pelo Cristo, teu Filho amado que se fez humano em Jesus de Nazaré e hoje, ressuscitado, contigo reina na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 17/02/2021

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