domingo, 30 de agosto de 2020

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 30/08/2020

ANO A



22º DOMINGO DO TEMPO COMUM

Ano A - Verde

DIA DO CATEQUISTA

“Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga.” Mt 16,24

Mt 16,21-27

Ambientação

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Ser cristão é configurar-se plenamente à Jesus, trazendo no coração os mesmo sentimentos do Mestre. Significa tomar a cruz cotidiana e percorrer as pegadas de Cristo. Hoje louvamos e bendizemos o Senhor pela vida dos catequistas, possam eles superar as dificuldades da missão e exercer com amor e fidelidade sua vocação.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, sejam bem-vindos! Hoje, dia do Senhor, nós, seus discípulos e discípulas nos reunimos ao redor do santo altar para bendizer ao Pai, por Jesus, na força do Espírito Santo. No desejo de sermos fiéis a Cristo, ofereceremos a Deus as nossas cruzes de cada dia, sobretudo aquelas que carregamos por causa do Evangelho. Queremos acompanhar o Senhor que caminha conosco, mesmo sabendo que dar testemunho de Jesus não é tarefa fácil no mundo de hoje. Que o Senhor una à oferta de sua vida, o nosso sacrifício de nos tornarmos, com Ele, oferta de amor.

INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: A primeira leitura é um trecho das "confissões", amarguradas e dolorosas, de Jeremias, por causa da hostilidade que o profeta encontra no exercício do seu ministério. São trechos característicos de Jeremias e muito importantes porque estão na origem de uma tradição literária sobre o tema do profeta perseguido. O ministério profético não é uma vocação a tranquilidade: é incômodo para quem fala e para quem ouve. Para Jesus, o sofrimento, a paixão e a morte não são um escândalo; são ao contrário e de certo modo, uma conseqüência da situação de pecado do homem e são algo que "deve" vir, um momento especial e determinante já prefigurado e prenunciado pelos profetas no plano salvífico de Deus.

“SE ALGUÉM QUER ME SEGUIR...”

No Evangelho de hoje, Jesus explica aos seus discípulos que deverá ir a Jerusalém e sofrer muito da parte dos anciãos, dos sumos sacerdotes, dos escribas, ser morto e ressuscitar no terceiro dia (Mt 16,21). Tudo parece mexer com o coração dos discípulos! Como é possível que o Cristo, o Filho do Deus Vivo, possa padecer até a morte? O apóstolo Pedro se revolta, não aceita este caminho, toma a palavra e diz ao Mestre: “Deus não pode querer isto, Senhor; isto não te acontecerá nunca! (v. 22)
Parece evidente a divergência entre o desígnio de amor do Pai, que chega ao ponto de doar seu Filho Unigênito à cruz para salvar a humanidade, e as expectativas, os projetos e os desejos dos discípulos. Este contraste se repete também hoje: quando a realização da própria vida se orienta somente ao sucesso social, ao bem estar físico e econômico, não se raciocina mais segundo Deus, mas segundo os homens (v.23).
Pensar segundo o mundo é colocar Deus à parte, não aceitar o seu projeto de amor, quase impedir-lhe de cumprir o seu sábio querer. Por isto, Jesus diz a Pedro uma palavra particularmente dura: “Afaste-se de mim Satanás! Tu és para mim um escândalo”. O Senhor ensina que o caminho dos discípulos é seguir a Ele, o crucificado. Em todos os três Evangelhos se explica este segui-lo a partir da cruz… o caminho do perder a si mesmo, que é necessário para o homem e sem o qual não é possível encontrar a si mesmo (Jesus de Nazaré, 2007,333).
Como aos discípulos, assim também a nós o Senhor faz um convite: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga” (Mt 16,24). O cristão segue o Senhor quando aceita com amor a própria cruz, que aos olhos do mundo parece uma derrota e uma perda de vida, mesmo sabendo que não a leva sozinho, mas com Jesus, dividindo o mesmo caminho de doação dele.
O servo de Deus Paulo VI, escreve: “Misteriosamente, o próprio Cristo, para arrancar do coração do homem o pecado de presunção e manifestar ao Pai uma obediência íntegra e filial, aceita morrer sobre a cruz. (Ex. Apost. Gaudete in Domino – 9 de maio de 1975).Aceitando voluntariamente a morte, Jesus leva a cruz de todos os homens e se torna fonte de salvação para toda a humanidade. São Cirilo de Jerusalém comenta: “A cruz vitoriosa iluminou quem se tornou cego pela ignorância, liberou quem era prisioneiro do pecado, levou a redenção a toda a humanidade”.
Confiemos a nossa oração à Virgem Maria e a Santo Agostinho, do qual hoje se faz memória, a fim que cada um de nós saiba seguir o Senhor no caminho da cruz e se deixe transformar pela graça divina, renovando o modo de pensar para poder discernir a vontade de Deus, aquilo que é bom, aquilo que o agrada e é perfeito (Rom,12,2).
Papa Emérito Bento XVI
(Angelus, 28/08/2011)

Comentário do Evangelho

Sem vencer o medo da morte não será possível ser livre para seguir o Senhor.

O profeta Jeremias viveu no período que, para Israel, foi como um buraco negro: o exílio na Babilônia, no século VI a.C. É por ocasião desse acontecimento terrível que Jeremias é chamado por Deus para ser “profeta das nações”. Jeremias resistiu o quanto pôde a responder afirmativamente ao chamado do Senhor. Cedendo à vontade de Deus, foi fiel até o fim. Sua missão fundamental foi a de denunciar a idolatria e a infidelidade dos dirigentes do povo, e o mal das nações estrangeiras. Em razão de sua fidelidade a Deus, ele foi perseguido e sua vida ameaçada pelos membros do próprio povo eleito de Deus. O texto de hoje, dito autobiográfico, retrata, por um lado, a angústia da perseguição e do abandono, mas, de outro, a experiência do cuidado e proteção de Deus. A presença de Deus na vida de Jeremias era como um fogo que queimava dentro do peito e não o deixava desistir da missão recebida de Deus.
O evangelho de hoje é a sequência da profissão de fé de Pedro. O anúncio da paixão, morte e ressurreição de Jesus é uma prolepse que tem por finalidade esclarecer os discípulos acerca do messianismo vivido por Jesus. A reação de Pedro revela o seu desapontamento: Jesus não é exatamente o Messias que ele pensava ter encontrado. A atitude de Pedro de dissuadir Jesus de prosseguir o seu caminho não é preocupação com Jesus. Além da ideia distorcida do Messias, é preocupação com a sua própria sorte. O Messias que Pedro segue não se exime do sofrimento. A palavra de Jesus a Pedro é dura, semelhante à usada contra a sugestão de satanás, quando das tentações no deserto (cf. Mt 4,1-11). Desejar sofrer é insanidade, mas quando o sofrimento é consequência da adesão a Deus, ele deve ser vivido na confiança, pois o Senhor permanece fiel, mesmo quando lhe somos infiéis. Seguir Jesus impõe superar, pela mesma graça de Cristo que se entregou pela humanidade, o medo da morte. Sem vencer o medo da morte não será possível ser livre para seguir o Senhor.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, coloca-me em sintonia com teu Filho Jesus, cuja morte resultou da fidelidade a ti, sem temer seguir o caminho que traçaras para ele.
Fonte: Paulinas em 31/08/2014

Vivendo a Palavra

O Evangelho mostra a face bem humana de Pedro: o desejo de evitar o sofrimento, que é, na verdade, inevitável. A fé nos leva a fazer da nossa própria cruz o caminho para testemunharmos que já vivemos neste mundo, ainda que não em plenitude, no Reino de Amor que o Pai tem preparado para nós.
Fonte: Arquidiocese BH em 31/08/2014

VIVENDO A PALAVRA

Se um de nós estivesse no lugar de Pedro, é bem provável que desse a Jesus conselho parecido. O que nos traz esperança e simpatia pela figura do Apóstolo é sua humanidade, sua semelhança com a nossa fragilidade. Como Pedro se converteu, também nós precisamos nos converter.
Fonte: Arquidiocese BH em 03/09/2017

vIVENDO A PALAVRa

Se algum de nós estivesse no lugar de Pedro, é bem provável que déssemos a Jesus um conselho parecido: «Deus não permita tal coisa, Senhor! Que isso nunca te aconteça!» O que nos traz esperança e simpatia pela figura do Apóstolo é sua humanidade, sua semelhança com a nossa fragilidade. Como Pedro se converteu, também nós precisamos nos converter. Contemplar o exemplo do Apóstolo faz nascer em nós a Esperança e a força para retornar ao Caminho do Reino, seguindo a Jesus de Nazaré.

Recadinho

Como segue a Jesus? - A vida lhe pede muitas renúncias? - As cruzes parecem-lhe pesadas demais? - Procura se questionar sempre se está de fato no caminho certo? - Consegue ser Cireneu ajudando seus irmãos a carregar a cruz?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Fonte: a12 - Santuário Nacional em 31/08/2014

Reflexão

I. INTRODUÇÃO GERAL

Pedro apóstolo, mesmo depois de sua indicação como chefe da comunidade de Jesus (evangelho de domingo passado), não entendeu que o caminho de Jesus é o caminho da abnegação de si – se preciso, até a morte. Se nem mesmo Pedro compreendeu isso, o que dizer da sociedade atual! A liturgia de hoje nos convida a refletir sobre a missão da comunidade de Jesus num mundo dominado pela realização imediata do desejo.

II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS

1. I leitura (Jr 20,7-9)

O primeiro texto da liturgia da Palavra de hoje apresenta o profeta Jeremias “seduzido” por Deus para um trabalho ingrato. Já desde o início, Jeremias não gostou da vocação profética (cf. 1,6). Seu temperamento sensível não era o de um lutador contra os abusos religiosos e sociais de seu tempo e, sobretudo, não servia para proclamar as catástrofes que viriam sobre Judá. Aliás, essas catástrofes se faziam esperar, mas não assim o escárnio e a perseguição que caíram sobre o profeta! Por isso, o profeta chega a amaldiçoar sua própria existência (cf. 15,10-21). Mas, sempre de novo, sua revolta o reconduz a seu Senhor.
Hoje em dia, há muitos que passar por profetas. Mas ser profeta não é fácil, tampouco seguir um profeta. Jeremias descreve sua vida de profeta como uma sedução. “Entrei numa fria”, diríamos hoje. Desde o começo, foi um tanto recalcitrante (cf. 1,6). Até quis fazer greve (cf. Jr 20,9), mas a voz de Deus era como um fogo ardente no seu peito. Não conseguia reprimi-la… Tal é a sorte do profeta. Deus não deixa o profeta em paz quando tem uma mensagem desagradável a ser transmitida. O profeta, sempre de novo, deverá ferir os ouvidos.

2. Evangelho (Mt 16,21-27)

Com a profissão de fé messiânica, apresentada na liturgia de domingo passado, relacionam-se, nos três evangelhos sinóticos, a predição da paixão e o tema do seguimento de Jesus no sofrimento. Pedro mostra-se novamente porta-voz, mas, desta vez, da incompreensão diante do mistério. Que o Messias e sua Igreja devem sofrer é um ensinamento difícil de compreender e que terá de ser repetido e aprofundado sempre de novo.
Jesus sabia que esse era o seu caminho. Sabia que sua visão de Deus e do mundo não concordava com aquilo que o povo esperava, sobretudo os chefes. Pois é grande a diferença entre uma religião que só busca comprar o benefício de Deus (e, se possível, o céu) e uma fé que incansavelmente procura a vontade de Deus (seu incansável amor)! Quem não se quer converter da falsa segurança não pode tolerar a presença do incômodo profeta de Nazaré.
Simão Pedro, o mesmo que, pouco antes, proclamara a fé em Jesus Messias e, por isso, se tornara o responsável dos seus irmãos, ainda não entendia a sorte do profeta. Pensava ainda em termos de sucesso, não em termos de cruz. Afinal, é agradável termos igrejas cheias, obras funcionando bem, entrevistas na TV etc. Mas quem acha isso mais importante do que a fidelidade à Palavra de Deus – mensagem amarga, que deve ser proclamada até o fim – não é digno de Jesus Cristo. É um “adversário” dele (em hebraico, um “satanás”). Para seguir Jesus, é preciso sentir o que Deus sente e não o que as pessoas acham…
A partir daí, Jesus começa a falar do seguimento. Seguir Jesus é renunciar a si mesmo, isto é, aos próprios conceitos feitos e acabados. É assumir a própria cruz, a condenação humana, a degradação total… Diante da exigência da missão profética, querer salvar-se é perder-se (deixar de se realizar na missão de Deus). No modo como hoje traduzimos o texto, Jesus fala em “perder sua vida”, mas na língua original se dizia: “perder sua alma”, significando “alma” a vida em toda a sua profundidade e totalidade. Jesus não apregoa o desprezo da vida corporal em favor de uma alma puramente espiritual, como às vezes se entende a expressão “salvar a alma”. Corpo e alma constituem uma unidade, o ser humano que interessa a Deus inteiramente! Salvar a alma é realizar a própria vida autenticamente. E com “perder sua alma/vida” (aos olhos humanos), Jesus quer dizer: arriscar toda a sua vida. Arriscando-nos inteiramente por Jesus, salvamos nossa alma/vida de verdade e nos realizamos como filhos e filhas de Deus.
A fidelidade à mensagem de Deus nos põe diante de uma escolha: garantir o sucesso aos olhos do mundo (ganhar o mundo todo, que é, no fundo, perder a própria alma/vida) ou ganhar a própria alma/vida diante de Deus. Devemos escolher entre uma realização superficial (diante das pessoas) e a realização radical de nossa vida (diante de Deus). Ora, que podemos dar em troca dessa realização radical? E esta, que pode pôr em jogo até a nossa vida corporal, será sancionada pelo próprio Jesus, que entrou na glória porque pôs em jogo sua vida por nós.
Quem descobre a visão de Deus sobre a realidade (sobre a estrutura socioeconômica, a estrutura religiosa, o abuso ecológico, o esbanjamento dos bens vitais, o cinismo da guerra, a usurpação dos direitos humanos, o desprezo da verdade – tudo o que está em desacordo com Deus) fica, como os profetas, “assombrado” pela mensagem de Deus: só consegue “desfazer-se” dela proclamando-a… e correndo o risco da rejeição. A não ser que sufoque a própria alma num suicídio espiritual.
Neste evangelho, Jesus anuncia sua paixão e morte. Devemos entender bem isso. Jesus sabia que o esperava uma morte de profeta. Mas ele não procurava a morte. Ele morreu porque a fidelidade à palavra do Pai o levou a isso. Se os homens se tivessem convertido à sua palavra, ele não teria sofrido (cf. Mt 26,39-42)! Enfrentou até o fim a “dureza de coração” da humanidade, para dar seu testemunho do amor infinito de Deus.

3. II leitura (Rm 12,1-2)

Nos capítulos 1 a 11 da carta aos Romanos, Paulo descreveu a salvação pela graça de Deus (e pela fé do ser humano). Diante dessa “misericórdia de Deus” (Rm 12,1, início do trecho de hoje), Paulo propõe uma prática de vida que é o “culto razoável”, adequado: as recomendações morais de Rm 12-14. Falando segundo a compreensão judaica, Paulo compara a vida com um sacrifício. Sacrifício não é necessariamente destruição ou negação; significa que algo é transformado pela santificação. Nesse sentido, a vida do cristão é santificada, já não é como a do mundo. O cristão é crítico em relação ao mundo: assume o que é valioso e rejeita o que não o é. Assim, encarna a ação salutar de Cristo no mundo. Esta leitura de Rm 12,1-2 recebe uma luz particular do evangelho de hoje: oferecer-nos como hóstias vivas a Deus não é desprezar a nós mesmos, mas é “culto razoável”, cultivo coerente e consequente da vontade de Deus – sermos plenamente seus (seu povo, seus filhos, seus profetas), não nos conformando a este mundo, mas procurando conformidade com a vontade de Deus.

III. PISTAS PARA REFLEXÃO: tomar a cruz e seguir Jesus

“Tomar a cruz e seguir Jesus”: essa é a lição do evangelho de hoje. Mas o que o mundo nos ensina é outra coisa. Hoje em dia não se tolera nada que restrinja o prazer e o poder: “É proibido proibir”. Privar-se de algum prazer é contrário ao que ensinam os grandes doutrinadores da sociedade – a publicidade, a televisão… “Chega desse cristianismo triste! Para que falar em cruz e sacrifício?”
No domingo passado, vimos que Pedro, com entusiasmo, proclamou a fé em Jesus Messias. Mas, no evangelho de hoje, Jesus começa a ensinar que “o Filho do homem” vai sofrer e morrer. Ao ouvir essas palavras, Pedro fica indignado. Jesus o repreende, porque pensa segundo categorias humanas e não segundo o projeto de Deus. E ensina-lhe que, para segui-lo, é preciso assumir a cruz. Séculos antes, Jeremias já experimentara a estranha lógica de Deus. Ele disse abertamente que Deus o “seduziu” para a tarefa ingrata de ser profeta (1ª leitura).
Os critérios humanos se opõem ao modo de proceder de Deus. O ser humano envereda pelo sucesso e pela eficiência, Deus pelo dom da própria vida. O caminho de Jesus e de seus seguidores é convencer o mundo do amor de Deus.
Deus não deseja “sacrificar pessoas” (como é praxe em estratégias militares, políticas e, mesmo, empresariais e acadêmicas…). Apenas deseja que sejamos testemunhas de seu projeto. Mas os que não concordam com esse projeto matam os profetas e os enviados de Deus que querem ser fiéis à sua missão. Exemplos disso não faltam em nosso mundo. Por isso, quando Pedro protesta contra a ideia da morte de Jesus, este o vê ao lado do grande “adversário”, satanás: “Vai para trás de mim, satanás, tu és uma pedra de tropeço para mim”. Pedro deve ir atrás de Jesus, em vez de desviá-lo para um caminho que não condiz com o projeto de Deus (satanás significa sedutor). Pedro pensava num Messias de sucesso, Jesus pensa no Servo Sofredor de Deus, que liberta o mundo por sua dedicação e pelo dom de si próprio até a morte.
A lição que Pedro recebe ensina-nos a olhar para Cristo, para ver nele a lógica de Deus; ensina-nos a olhar para os pobres, vítimas da estratégia do Adversário… Pois a sede de poder e a ganância produzem os porões da miséria.
Devemos analisar o sistema de Deus e o sistema do Adversário hoje. O sistema de Deus proíbe ao ser humano dominar seu irmão, porque Deus é o único “dono”; os sistemas contrários são baseados na dominação do ser humano pelo ser humano. Quem quiser ser mensageiro do Reino de Deus experimentará na pele a incompatibilidade com os sistemas deste mundo (2ª leitura). O mensageiro de Deus, seguidor de Jesus, será rejeitado pela sociedade como “corpo alheio”. Tomando consciência disso, vamos rever nossa escala de valores e critérios de decisão. A mania do sucesso, o prazer de dominar, de aparecer, de mandar… já não valem. Vale agora o amor fiel, que assume a cruz, até o fim.
Fonte: Vida Pastoral em 31/08/2014

Reflexão

Jesus nunca procurou esconder de seus seguidores a realidade a respeito de sua vida, nem tentou adocicar suas propostas para angariar mais seguidores. Ele não quer iludir ninguém. Assim também nesse texto, em que fala de seu destino trágico em Jerusalém e convida quem tiver coragem para segui-lo. Diante das revelações nada alvissareiras, Pedro, todo “corajoso”, chama a atenção do Mestre, dizendo que isso não pode acontecer. Jesus o convida a se colocar em seu lugar: ser discípulo aprendiz (“vá para trás de mim”); além disso, chama-o de “Satanás”. Em suas boas intenções, Pedro quer livrar Jesus da morte trágica em Jerusalém. Provavelmente pensou também em salvar a própria pele, pois, se isso acontece com o Mestre, os discípulos caminham para ter a mesma sorte. Pedro, portanto, procura desviar Jesus do seu projeto. O Mestre não deseja sacrifício a ninguém, mas também não promete “mar de rosas”, e quem quiser segui-lo terá de renunciar a regalias ou pretensões egoístas. Nada de pensar só na própria vida, ele diz.
Ó Jesus, incansável caminheiro, revelas a teus discípulos que terás um trágico fim em Jerusalém. Sem entender, Pedro tenta desviar-te desse doloroso final. Tu lhes explicas o valor infinito de tua morte redentora. E nos convidas a seguir-te, renunciando aos nossos projetos pessoais. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2020 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp (dias de semana) Pe. Nilo Luza, ssp (domingos e solenidades))


Comentário do Evangelho

Jesus vinha exercendo seu ministério na Galiléia, onde se misturavam gentios e colônias judaicas, e nas regiões gentílicas vizinhas. Agora, tendo chegado bem ao norte, em Cesaréia de Filipe, como que dando por encerrado seu ministério nestas regiões, Jesus toma a decisão de voltar ao sul e, atravessando a Galiléia, seguir o caminho de Jerusalém. Nesta nova etapa de seu ministério, Jesus decide fazer seu anúncio libertador e vivificante diretamente entre as multidões de fieis do judaísmo que acorriam a Jerusalém, para atenderem ao preceito religioso de cumprir o dever de celebrar a Páscoa. Esta era a principal festa religiosa da tradição de Israel, e era a ocasião de todos os fieis, particularmente os que moravam em regiões mais distantes, trouxessem suas ofertas e dízimos anuais ao Templo. Jesus tinha consciência de que os chefes das sinagogas e do Templo de Jerusalém tinham a intenção de, em algum momento oportuno, matá-lo. A pregação e a prática libertadora de Jesus suscitara o ódio destes chefes, que tinham garantidos sua autoridade e seu poder a partir da Lei opressora, elaborada ao longo da tradição de Israel. Agora, a ida a Jerusalém poderia ser fatal. Contudo Jesus não renuncia ao propósito de anunciar ao mundo, sem restrições, o projeto de Pai, de libertar o mundo de toda opressão e promover a vida plena para todos. Jesus, então, fala aos discípulos sobre as provações que o aguardam em Jerusalém. Ë o chamado "anúncio da Paixão". Este "anúncio" pode ter dois sentidos. Na perspectiva messiânica é o sofrimento necessário redentor, de acordo com a tradição do Primeiro Testamento. Porém pode significar a comum prática repressora dos poderosos deste mundo que não toleram e procuram destruir todo aquele que promove a libertação do povo oprimido, tal como foi Jesus em toda sua vida. Mateus, em seu evangelho, faz um contraste. Pedro, ao identificar Jesus com o Cristo, tinha uma revelação de Deus, era proclamado como pedra da Igreja, a as portas do inferno não prevaleceriam sobre ela (cf. 7 ago.). Agora, ao rejeitar o confronto de Jesus em Jerusalém, não tem a compreensão das coisas de Deus, é pedra de tropeço, e satanás. Jesus convida os discípulos a consagrarem sua vida à causa da justiça e da vida. Seduzidos pelo chamado de Jesus (primeira leitura), empenham-se em renovar as estruturas deste mundo conformando-o a tudo que é bom, justo, e agradável a Deus (segunda leitura)
Oração
Deus do universo, fonte de todo bem, derramai em nossos corações o vosso amor e estreitai os laços que nos unem convosco para alimentar em nós o que é bom e guardar com solicitude o que nos destes. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Dom Total em 31/08/2014

Meditando o evangelho

A MORTE INEVITÁVEL

Ao declarar a proximidade de sua morte inevitável, Jesus provocou desassossego entre os discípulos. Havia entre eles pontos de vista divergentes.
Tornava-se cada vez mais claro para Jesus que o esperava o caminho de sofrimento. Suas palavras e seus gestos poderosos provocavam a ira das autoridades religiosas. Embora muitos o acolhessem e o reconhecessem como Messias, havia também os que o rejeitavam e o odiavam.
Por outro lado, Jesus tinha consciência do caminho que o Pai lhe traçara, e não estava disposto a abrir mão da fidelidade exigida para percorrê-lo até o fim. As ameaças e as represálias não lhe infundiam medo, embora o horizonte não fosse muito animador. Perceber a proximidade da morte foi questão de bom senso.
Os discípulos, pelo contrário, deixavam-se guiar pelos ideais messiânicos mundanos. Esperavam ver Jesus revestido de glória e poder, ocupando o trono de Israel e implantando o Reino de maneira espetacular. Palavras como sofrimento e morte, e mesmo ressurreição, não tinham significado para eles. Pouco lhes interessavam! Suas preocupações  eram bem outras.
A reação espontânea de Pedro é uma mostra de sua mentalidade. Mas também a censura que Jesus lhe dirige revela o modo de pensar deste discípulo. Querendo convencer o Mestre a deixar de lado o pensamento de sofrimento e morte, Pedro levá-lo-ia para o caminho da infidelidade ao Pai. E isto Jesus não podia permitir.
(Dia a dia com o Evangelho 2020 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp (dias de semana) Pe. Nilo Luza, ssp (domingos e solenidades))
Oração
Pai, coloca-me em sintonia com teu Filho Jesus, cuja morte resultou da fidelidade a ti, sem temer seguir o caminho que traçaras para ele.

COMENTÁRIO DO EVANGELHO

1. Que poderá alguém dar em troca da própria vida?
(O comentário do Evangelho aEste é o meu filho amado, escutai-o!baixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)

Pedro recebeu o primado, isto é, ele é o primeiro dos Apóstolos e deve pastorear o rebanho de Cristo, que é a sua Igreja. A ele foram dadas as chaves do Reino dos Céus. O evangelista nos fez participar deste alegre acontecimento na semana passada. Hoje, dando continuidade a seu relato, ouvimos Jesus fazer o primeiro anúncio de sua Paixão e Morte. Vemos a reação de Pedro, presenciamos a reação de Jesus e aprendemos que os seguidores de Jesus renunciam a si mesmos e carregam a cruz. Jesus anuncia sua Paixão, Morte e Ressurreição. Isso deve acontecer em Jerusalém. Pedro reage: “Deus o livre disso, que isso não lhe aconteça”. Amor por Jesus, sem dúvida alguma, mas também reflexo de uma visão equivocada do Messias. Pedro tinha dito que Jesus é o Messias. O que significava isso para Pedro? Certamente Pedro não pensava num Messias sofredor, rejeitado, cuspido, crucificado. O mesmo Jesus que antes chamara Pedro de pedra sobre a qual a Igreja estava sendo edificada, chama-o agora de “satanás”.
Pedro não está pensando as coisas de Deus, e sim as coisas dos homens. O pensamento de Pedro é mundano. Ele tem que aprender a renunciar a si mesmo, tomar a cruz e seguir Jesus como discípulo. Jesus manda Pedro ir para trás dele, que é o lugar de quem segue o Mestre. Na frente, ele se torna pedra de tropeço para o próprio Jesus. Jeremias parece refletir os sentimentos de Pedro. “Seduziste-me, Senhor”, diz o profeta. “Eu me encantei com o Senhor, decidi segui-lo, esperei tanta coisa – O que? Poder deste mundo? – e o Senhor me oferece a cruz e a permanente situação de discípulo, de aluno? Acho que fui seduzido, fui enganado.” A vida de Jeremias é feita de desentendimentos e de sofrimentos por causa da Palavra de Deus que ele deve anunciar.
A tentação do desânimo é muito grande. Ele sente, porém, a Palavra de Deus como um fogo que o queima por dentro. Tenta se desfazer dessa Palavra e não consegue. Ela é mais forte do que ele. Humildemente ele confessa que não está sendo capaz de aguentar. No seguimento de Jesus Cristo, numa comunidade real, visível, feita de gente que se relaciona, há muitas funções. Todos, porém, são discípulos e são sempre discípulos, alunos, que estão aprendendo a vida toda, não importa a função que tenham. Todos são seguidores de Jesus morto, crucificado e ressuscitado. O último lugar é o lugar de Jesus e do discípulo.
A função não dá automaticamente o pensamento de Deus. Pedro ainda pensava como os homens. Paulo nos adverte de não assumir o esquema do mundo, e sim o de Deus. Estamos no mundo, aquele que Deus criou, e no mundo que é a sociedade organizada por nós, homens e mulheres. Os valores desta sociedade nem sempre são os valores de Deus. Ela se organiza em sistemas que caracterizamos com nomes como capitalista, neoliberal, socialista, comunista, democrático. Tais sistemas propõem seus valores, que, às vezes, contêm veneno. A consciência crítica do cristão procura discernir entre o que é pensamento de Deus e pensamento dos homens. Para isso somos também convidados a uma transformação, renovando nossa maneira de pensar e de julgar, o que será uma ação constante na nossa vida. Busquemos Deus e nos agarremos a ele porque, com poder, sua mão nos sustenta. Apesar das dificuldades, sabemos que seremos saciados como num banquete de festa.
Fonte: NPD Brasil em 03/09/2017

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. A loucura da Cruz
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Domingo à tarde, um sol de lascar! Clima propício para uma praia ou piscina, ou deitar-se em uma rede na varanda e ficar de “papo pro ar” até o anoitecer. Tenho uma amiga que pode fazer isso e eu até a invejo, entretanto, em algumas tardes de domingo, ela se reúne com uma galera da faculdade, para visitar asilos e orfanatos, levam alimentos que arrecadam junto a comunidade, formaram um conjunto musical, ela mesma toca sanfona e dá até gosto quando vão ao asilo e fazem os velhinhos e velhinhas rodopiarem pelo salão, no baile que vai até a tardezinha.
É um grupo que não pertence a nenhuma igreja em particular, e o irmão mais velho dessa minha amiga,  comenta que a irmã é maluca, pois após uma semana de exaustivo estudo e trabalho nada mais justo do que relaxar no domingo, usufruindo das propriedades que tem: uma bela chácara e ainda uma casa na praia. Minha amiga talvez não sabe, mas ela está no caminho certo do discipulado. Carregar a cruz e renunciar-se a si mesmo – é ser capaz de ir além, em um amor sem medidas.
Qualquer cristão que trabalhe e estude a semana inteira e que no domingo vai à missa, a tarde, com todo direito e razão, conforme a lógica humana, irá descansar, em alguma atividade de lazer ou esporte. A renúncia proposta por Jesus vai nesse sentido: ultrapassar os limites da normalidade renunciando algo que é de direito. Nos evangelhos há muitas exortações de Jesus, que vão nesse sentido, “Se alguém lhe roubar a túnica, dá-lhe também a  capa”, “Se alguém lhe obrigar a andar cinquenta passos, anda com ele outros cem” e o mais difícil de todos “Amai os vossos inimigos, rezai por eles e abençoai-os e não os amaldiçoeis”.
Poderíamos dizer que ser cristão, é estar acima da média, na relação com o próximo, pois quem permanece na mediocridade do estritamente necessário, não pode dizer que é discípulo.
Talvez um outro exemplo que poderá nos ajudar a compreender melhor o altruísmo da cruz, seja um atleta olímpico, que tem sempre como meta quebrar até o próprio recorde: qual atleta que vai deixar seu país, indo para as Olimpíadas pretendendo uma classificação bem modesta? Atleta que pensa dessa maneira, dificilmente irá algum dia ao podium. Cristão que não se doa, não se entrega, e que não é capaz de carregar as pequenas cruzes do dia a dia, não pode atribuir-se o título de discípulo.
O amor humano é limitado e finito, pode até se acabar um dia, mas o amor Cristão não tem limites e nem medidas, vai sempre além, São Francisco de Assis poderia até ser Santo, sem precisar fazer o que fez, despojar-se de tudo que tinha e era seu por direito, até mesmo a roupa do corpo. O próprio Deus, para salvar a humanidade, não poupou nem o seu Filho querido, e diante disso, a mesquinhez humana questiona: será que precisava tanto?
A parábola do Bom Samaritano não deixa nenhuma dúvida a esse respeito, o Samaritano não apenas parou, para ver o que estava acontecendo com o homem caído à beira da estrada, mas foi muito além, cuidando das suas feridas, colocou-o no próprio animal, transportou para a Hospedaria mais próxima e não contente, pediu ao Hospedeiro que cuidasse dele, que na volta pagaria todas as despesas.
Nesse sentido, o discípulo é como um atleta olímpico, que ao cumprir a lei do amor, quebra todos os recordes. Claro que a modernidade se opõe a esse modo de pensar, até se ensina em algumas culturas para que a pessoa pratique o bem, mas há um limite. Poderíamos dizer que aí está a grande diferença entre o pensamento dos homens, que coloca um limite para o amor, e o pensamento de Deus, que rompe todos os limites, vivendo o amor ágape.
O apóstolo Pedro se opõe a esse modo de pensar e agir de Jesus, para ele, a ação messiânica de Jesus não precisa passar por tão grande sacrifício, pois não é essa a vontade de Deus. É por causa dessa última afirmação que Pedro é chamado de Satanás por Jesus, que significa aquele que é contra o projeto de Deus, que criou o homem e o chamou para viver a vocação do amor em toda sua plenitude, Deus não é um masoquista que gosta de ficar vendo o homem sofrer, o sofrimento é conseqüência da rejeição, que no tempo de Jesus, e na modernidade, o homem manifesta, recusando-se a viver aquilo que é essencial para quem quiser ser discípulo e merecer o nome de Cristão.
A recusa e rejeição ocorrem porque uma vida assim, de entrega total pela causa do reino, implica em uma grande perda, exatamente como pensa o irmão da minha amiga, que aos olhos do mundo PERDE seu precioso tempo de lazer e descanso, nas tardes de domingo, só para ver um sorriso no rosto de tantos velhinhos e velhinhas, que a amam de paixão, e até reclamam que ela deveria ir ao asilo mais vezes.
“Quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la, e quem perder a sua vida, por causa de mim, vai ganhá-la”
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP

2. Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e siga-me - Mt 16,21-27
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)

Jeremias se encantou com seu Deus. Deixou tudo para servi-lo e anunciar de forma profética a Palavra de Deus. Deus o seduziu e ele se deixou seduzir. O resultado foi uma grande decepção. Zombaram de Jeremias e o perseguiram. O sofrimento do profeta foi tão grande que ele quis desistir, mas, no meio do desânimo, sentiu um fogo ardente penetrar seu corpo. Não foi o fogo da dor e do desânimo. Foi a presença do amor de Deus dando-lhe coragem e impulsionando-o a continuar, apesar do sofrimento e das contradições.
Ninguém entendeu ou quis entender o que Jesus estava dizendo, quando anunciou que ia sofrer e morrer em Jerusalém. No entanto, ouvindo o que ele disse, queremos renunciar a nós mesmos, segui-lo e estar com ele onde ele estiver aqui na terra, para estarmos com ele lá no céu. Para isso decidimos também tomar a cruz e carregá-la com coragem. Nossas decisões, porém, sofrem a marca da limitação humana. Necessitamos ter diante dos olhos o exemplo do Senhor que vai à nossa frente, que está sempre se entregando por nós na cruz e continua ressuscitando. Não podemos parar no caminho nem desanimar. Voltar sempre ao Evangelho é condição para que Cristo viva em nós, senão o esquema do mundo nos engana e nos domina com facilidade.
Mary Ann Rademacher, escritora e artista, escreveu que “a coragem nem sempre ruge. Muitas vezes a coragem é a voz silenciosa no fim do dia, que diz: ‘Vou tentar de novo amanhã’”. Dizer isso não é resultado da nossa força de vontade. É resultado do impulso do Espírito, do fogo que se reacende dentro de nós. Nosso trabalho consiste em manter vivas as motivações, renovar as utopias, sonhar com o impossível. É bom reexaminar os valores que povoam nossa mente e renová-los, como ensina Paulo aos romanos, a fim de podermos “discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, agradável e perfeito”.
No Evangelho da semana passada, Jesus disse a Pedro: “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas […] Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja […] Eu te darei as chaves do Reino dos Céus”; e hoje, continuando a leitura da semana passada, Jesus se volta para Pedro e lhe diz com veemência: “Vai para trás de mim, satanás! Tu estás sendo para mim uma pedra de tropeço, pois não tens em mente as coisas de Deus, e sim, as dos homens!”. Iluminado por Deus, Pedro tinha feito uma profissão de fé verdadeira: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Agora, movido pelo medo do sofrimento e pelo desejo natural de honra e glória, Pedro não quer ouvir que Jesus vai a Jerusalém para sofrer e morrer na cruz. Mais tarde Pedro compreenderá o que Jesus queria dizer, quando for sua vez de dar testemunho e morrer também ele crucificado.
Com Pedro somos todos eternos discípulos, sempre aprendendo que é preciso renunciar a si mesmo, tomar a cruz e seguir Jesus com paciente perseverança. Nossa conduta, nosso modo de ser, nossas obras mostrarão os valores que povoam nossa mente, se caminhamos atrás da cruz de Cristo ou atrás de ilusões passageiras. O julgamento será feiro, o juiz será Jesus que, na sua bondade, já nos diz agora: “Perca sua vida por causa de mim para encontrá-la”. Se, como ele, nos tornarmos prestadores de serviço longe do poder e da glória deste mundo, parecerá que nossa vida foi perdida, quando, na realidade, ela foi encontrada e salva para sempre.

REFLEXÕES DE HOJE

30 DE AGOSTO-DOMINGO


HOMILIA DIÁRIA

Em Deus encontramos sentido para nossa vida

Deus quer dar sentido a nossa vida, Ele não quer que a percamos nem que vivamos perdidos

“Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga. Pois, quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la” (Mateus 16,24-25).

Deus quer que encontremos o sentido para nossa vida, mais do que isso, Ele quer dar sentido a nossa vida, Ele não quer que a percamos nem que vivamos perdidos. Nossa vida precisa de sentido e direção.
Quem encontra o sentido e a direção para sua vida? Quem sabe fazer pouco caso da sua vida. Alguns podem pensar: “Como vou fazer pouco caso da minha vida? Ela é o dom mais precioso que eu tenho!”. É verdade! A vida é o dom mais sublime, temos que cuidar, amar, querer bem demais e ser responsável por ela. Só não podemos viver uma vida apegados às coisas ou às situações. Nós precisamos sempre desamarrar da vida para que ela cresça, floresça e vá adiante.
Muitas pessoas não saem do estágio um da vida, mas Deus quer que nós atinjamos o estágio máximo dela. No entanto, isso só acontecerá quando soubermos nos desapegar de nós mesmos. Somos apegados a querer as coisas do nosso jeito. “Fico só daquele jeito. Aprendi assim. Tem de ser assim e não pode ser de outro jeito”.
Não crescemos, não aprendemos mais, não amadurecemos na vida; e quando não amadurecemos, ficamos para trás no crescimento, na capacidade, naquilo que podemos fazer. Renunciar a si mesmo não quer dizer não ter vontade própria; renunciar a si mesmo quer dizer: “Eu não coloco a minha vontade em primeiro lugar. Eu sei sacrificar a minha vontade. Sei que, muitas vezes, não estou certo. Eu sei que, muitas vezes, é preferível ceder aqui para que o melhor aconteça, para que a paz seja edificada, para que o diálogo seja construído”.
Renunciar a si mesmo quer dizer: “Eu não sou o centro do mundo. Eu não sou sempre o dono da razão nem preciso ser”. Renunciar a si mesmo quer dizer trabalhar pela paz, pelo diálogo, pelo entendimento, pela compreensão. É tomar a cruz de cada dia para seguir Jesus. Não é viver um cristianismo, um seguimento de Jesus de forma superficial, mas sim um cristianismo de rosas e flores, onde parece que seguir a Deus é ver tudo florido, é ter “paz e amor” em tudo.
A paz é o amor de Deus em nós, é saber que enfrentamos as cruzes, as dificuldades, os problemas e os desafios, é saber que a vida precisa ser vivida, a cada dia, com a intensidade que ela exige, e que as dificuldades que temos pela frente não são maldições, não acontecem, porque Deus se esqueceu de nós. Elas acontecem, porque estamos vivendo, e viver a vida é uma luta a cada dia, é abraçar a nossa cruz, assumir o que precisamos sem fugir das nossas responsabilidades.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova
Fonte: Canção Nova em 03/09/2017

Oração Final
Pai Santo, faze-nos agradecidos pelos dons que nos emprestas para serem partilhados. Entre eles, a Vida – com suas alegrias e dores. Que façamos dela o nosso caminho para, desde agora, saborearmos o teu Reino de Amor. Pelo Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão, que contigo reina na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 31/08/2014

ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, eu quero seguir Jesus. Dá-me Tua força para que eu renuncie aos interesses pessoais e mergulhe na doce aventura de partilhar com os irmãos de caminhada os dons que me deste e me foram trazidos por Jesus, Teu Filho e nosso Irmão, que contigo reina na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 03/09/2017

oRAÇÃO FINAl
Pai, que tanto desejo amar, eu quero seguir ao Cristo Jesus. Dá-me tua força para que eu renuncie aos mesquinhos interesses pessoais e mergulhe na suave aventura de partilhar com os irmãos de caminhada os dons que me emprestas e me foram trazidos pelo Espírito Santo. Eu peço, amado Pai, pelo mesmo Jesus, o Cristo teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo reina na unidade do Espírito Santo.

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