domingo, 31 de julho de 2016

LEITURA ORANTE DO DIA 31/07/2016



LEITURA ORANTE

Lc 12,13-21 - A verdadeira vida não depende das coisas


Saudação
- A nós, a paz de Deus, nosso Pai,
a graça e a alegria de Nosso Senhor Jesus Cristo,
no amor e na comunhão do Espírito Santo.
- Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo!
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Preparo-me para a Leitura, rezando com todos que navegam pela internet, com Santo Tomás de Aquino:
Concede-me, Senhor meu Deus,
uma inteligência que te conheça,
uma vontade que te busque,
uma sabedoria que te encontre,
uma vida que te agrade,
uma perseverança que te espere com confiança e
uma confiança que te possua, enfim. Amém.

1. Leitura (Verdade)
O que diz o texto do dia?
Leio atentamente, na Bíblia, o texto Lc 12,13-21, e observo pessoas, palavras, relações, lugares.
Um homem que estava no meio da multidão disse a Jesus:
- Mestre, mande o meu irmão repartir comigo a herança que o nosso pai nos deixou.
Jesus disse:
- Homem, quem me deu o direito de julgar ou de repartir propriedades entre vocês?
E continuou, dizendo a todos:
- Prestem atenção! Tenham cuidado com todo tipo de avareza porque a verdadeira vida de uma pessoa não depende das coisas que ela tem, mesmo que sejam muitas.
Então Jesus contou a seguinte parábola:
- As terras de um homem rico deram uma grande colheita. Então ele começou a pensar: "Eu não tenho lugar para guardar toda esta colheita. O que é que vou fazer? Ah! Já sei! - disse para si mesmo. - Vou derrubar os meus depósitos de cereais e construir outros maiores ainda. Neles guardarei todas as minhas colheitas junto com tudo o que tenho. Então direi a mim mesmo: 'Homem feliz! Você tem tudo de bom que precisa para muitos anos. Agora descanse, coma, beba e alegre-se.' " Mas Deus lhe disse: "Seu tolo! Esta noite você vai morrer; aí quem ficará com tudo o que você guardou?"
Jesus concluiu:
- Isso é o que acontece com aqueles que juntam riquezas para si mesmos, mas para Deus não são ricos.
Refletindo
A questão que o homem, no meio da multidão, expõe, leva Jesus a esclarecer que ele não veio para resolver interesses pecuniários ou de dinheiro. Para que acumular? O Mestre mais ensina a dar e partilhar do que a reclamar direitos. E toca a raiz do que vicia as relações humanas: o ter. Um grande profeta de nosso tempo, padre Alfredinho, dizia que “o que divide a comunidade é o dinheiro”. E o Salmo 49, salmo sapiencial sobre a condição do homem, recorda que a riqueza não é um seguro de vida. O rico da história que Jesus conta é um bom exemplo de confiança nas riquezas. No seu monólogo revela que seu horizonte é bastante pequeno: esta vida! A isto responde Deus: “Seu tolo. Esta noite você vai morrer”. Rico para Deus é quem ajuda o próximo, como diz o livro dos Provérbios: “Quem se compadece do próximo empresta a Deus” (Pr 19,17)

2. Meditação (Caminho)
O que o texto diz para mim, hoje?
Qual palavra mais me toca o coração?
Entro em diálogo com o texto.
Quais são minhas preocupações?
Cuido de assegurar a mim e à minha família uma vida digna ou me preocupo demais com o ter, acumular para o futuro.
Acaso o ter para mim é como um “seguro de vida”?
O meu horizonte termina nesta vida ou a cada dia, vislumbro o Reino que não tem fim?
Meditando
Os bispos, em Aparecida, disseram: “Segundo a Doutrina Social da Igreja, “o objeto da economia é a formação da riqueza e seu incremento progressivo, em termos não só quantitativos, mas qualitativos: tudo é moralmente correto se está orientado para o desenvolvimento global e solidário do homem e da sociedade na qual vive e trabalha. O desenvolvimento, na verdade, não pode se reduzir a um mero processo de acumulação de bens e de serviços. Ao contrário, a pura acumulação, ainda que para o bem comum, não é uma condição suficiente para a realização de uma autêntica felicidade humana”. A empresa é chamada a prestar uma contribuição maior na sociedade, assumindo a chamada responsabilidade social-empresarial, a partir dessa perspectiva”. (DAp 69).

3.Oração (Vida)
O que o texto me leva a dizer a Deus?
Rezo com Charles de Foucauld:
Rezar é pensar em Deus, amando-o
Senhor, fala ao meu coração,
vem com tua ternura,
com a gentileza dos teus gestos
que não impõem nada às minhas decisões,
com atenção aos detalhes,
como sabes fazer,
com a divertida ironia
com que me levas na flauta,
com a decisão de quem sabe
dos seus interesses
mas conhece meu coração e perdoa.
Chegas silencioso
porque nunca te percebo,
revolucionário,
porque em silêncio
mudas as cartas e viras o jogo na mesa.
Vem me fazer companhia
para que juntos consigamos amá-lo,
esse nosso Pai,
com todo o coração,
com todo o intelecto,
com toda a vontade.
Rezar é pensar em Deus, amando-o.

4.Contemplação (Vida e Missão)
Qual meu novo olhar a partir da Palavra?
Vou olhar o mundo e a vida com os olhos de Deus.
Vou eliminar do meu modo de pensar e agir aquilo que não vem de Deus, que não é conforme o Projeto de Jesus Mestre.Disponho-me a dar e partilhar mais do que a reclamar direitos.

Bênção
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.

Ir. Patrícia Silva, fsp 
patricia.silva@paulinas.com.br
http://leituraorantedapalavra.blogspot.com.br/

Leitura Orante
18º domingo do tempo comum, 31 de julho de 2016

A TIRANIA DO EGO

E direi à minha alma: alma, tens muitos bens armazenados para muitos anos;
descansa, come, bebe, e festeja. (Lc 12,19)

Texto Bíblico: Lc 12,13-21

1 – O que diz o texto?

A parábola do “homem rico”, dominado pelo “ego possessivo”, é contada por Jesus a partir de uma demanda de alguém que d’Ele se aproxima e lhe suplica que resolva uma questão da partilha de bens com seu irmão, que lhe faça justiça. Como bom pedagogo, Ele parte de uma questão colocada por alguém e vai mais além da exterioridade da situação; ou seja, Ele vai à raiz dos problemas, que está no coração do ser humano.
O monólogo do “homem rico”, no Evangelho de hoje, revela que, tudo na sua vida, gira em torno do próprio eu: "meus celeiros", "meu trigo", "meus bens". Em sua vida, não existe espaço para Deus e para o próximo. Tudo é pensado em função de sua satisfação pessoal: solidariedade, partilha, misericórdia são palavras banidas de seu vocabulário.
Este homem reduz sua existência a desfrutar da abundância de seus bens. No centro de sua vida está só ele e seu bem-estar. Deus está ausente. Os empregados que trabalham em suas terras não existem. As famílias das aldeias que lutam contra a fome não contam.
Para Jesus é mais importante desmascarar a cobiça e a avareza que nos dominam que fazer valer os direitos na partilha da herança.
As palavras de Jesus, nesse sentido, são magistrais: “Tomai cuidado contra todo tipo de ganância...; a vida de um homem não consiste na abundância de bens” (v. 15).

2 – O que o texto diz para mim?

O Evangelho não me convida ao conformismo. O primeiro é a justiça, querida por Deus, pregada e vivida por Jesus: que todos tenham pão, moradia, saúde... fruto da comunhão, da solidariedade, novo nome da justiça; isso é o Reino, a Nova Humanidade. Mas pode ocorrer que quando tenho o justo, o que me corresponde como filha e irmã, ambiciono mais. Esta cobiça, pecado de raiz, nunca me permitirá descansar.
Segundo o Evangelho a pessoa cresce e se enriquece na entrega e na desapropriação. Porque só assim deixa refletir algo da maneira de ser de Deus. Nisso consiste também em ser “rico para Deus”.

3 – O que a Palavra me leva a experimentar?

Na vida, eu preciso de algumas seguranças. E aspiro condições dignas de vida. Mas, há uma linha que separa a necessidade verdadeira da ansiedade imposta, a segurança do necessário e a insegurança do excesso e do abuso. Há uma tentação muito humana que a mim habita: a de ter mais, acumular sempre, apossar-se de tudo... Parece que não me satisfaço nunca com aquilo que consigo. Tudo revela-se insuficiente, e o impulso por acumular – riquezas, bens, relações ou experiências – se converte em voracidade.
Esta carência existencial é reforçada pelo ambiente no qual vivo, marcada pelo consumismo; a publicidade continuamente me impõe a ideia de que só tem valor quem tem e acumula bens e riquezas.
Nesse ambiente, vou alimentando uma espécie de ego, vivendo centrada em mim mesma e separada do resto do mundo. Tal ego é possessivo. Muitas vezes manifesta-se como um desejo insaciável de dinheiro e de bens. Daí a obsessão pela riqueza. Toda a minha economia está baseada na poderosa força impulsionadora do interesse individual. O ego exacerbado quer controlar o seu mundo: pessoas, acontecimentos e natureza. A partir da riqueza, ganha força a busca do poder e do domínio sobre os outros.
O ego compara-se com os outros e compete pelos elogios e pelos privilégios, pelo amor, pelo poder e pelo dinheiro. É isso que me torna invejosa, ciumenta e ressentida em relação aos outros. Também é isso que me torna hipócrita, dominada pela duplicidade e pela desonestidade.
Esse ego não confia em ninguém a não ser em si mesmo. É essa falta de confiança que me torna tão insegura. Fico inevitavelmente cheia de medos, preocupações e ansiedades. O meu ego, ou individualismo egoísta, torna-me solitária e temerosa.
O ego não ama ninguém além de si, atendendo apenas às suas próprias necessidades e à sua própria gratificação. Sofrendo de uma falta total de compaixão ou empatia, ele pode ser extraordinariamente cruel para com os outros.

4 – O que a Palavra me leva a falar com Deus?

Senhor, de onde vem tanta avareza e cobiça? Onde se encontra a raiz do instinto de posse?
Posso dizer que por detrás desse impulso de acumulação se esconde uma experiência de empobrecimento humano. Na origem da avareza, parece existir um vazio afetivo, uma infantil experiência de insegurança e, em último termo, uma desconexão de minha verdadeira identidade.
O vazio afetivo “exige” ser preenchido compulsivamente: esta é a fonte da ansiedade, que se traduz em variadas dependências, uma das quais, pode ser a afeição desordenada pelo dinheiro ou pelos bens materiais. Neste sentido, a cobiça ou avareza é esforço – inútil e estéril de preenchê-lo.
A avareza, enquanto necessidade ilimitada de acumular, se explica – como todos os comportamentos egóicos – a partir da desconexão de minha verdadeira identidade. O que sou em minha identidade profunda – é Plenitude. Mas, quando me distancio de meu “eu profundo” ou o ignoro, começo a viver como ser separada e carente, em luta permanente e esgotadora por dissimular aquela carência que creio ser. Mendigo migalhas – “ajunto tesouros para mim mesma” – sem reconhecer que já sou “rica diante de Deus”.

5 – O que a Palavra me leva a viver?

Estar sempre alerta para não me deixar determinar pelo dinamismo da cobiça.
Viver confiando nas mãos providentes do Deus Pai, Mãe, buscando o Reino Utopia como o mais importante.
Investir numa única fortuna: a do amor, do favorecimento da vida, a do descentramento de si mesmo em favor do serviço ao outro, o das obras em favor dos mais pobres e desfavorecidos...
Deixar cair minha falsa identidade, tomar distância do ego e, pacificar e aquietar o meu interior, fazer-me consciente da Plenitude que sou.
Descobrir a nobreza de minha identidade profunda, identidade unitária e partilhada, a salvo de ladrões, enfermidades e mortes.
Desmascarar meu ego com todas as suas maquinações e duplicidade.
Só uma pessoa esvaziada de seu ego pode transformar-se e transformar a realidade.

Fonte:
Bíblia Novo Testamento – Paulinas: Lc 12,13-21
Pe. Adroaldo Palaoro, sj – reflexão do Evangelho
Desenho: Osmar Koxne

Sugestão:
Música: Sem Deus – Fx 07 (3:36)
Autor: Pe. João Carlos
Intérprete: Pe. João Carlos
CD: Pe. João Carlos - Profetas
Gravadora: Paulinas Comep

Sugestão:
Música: Valores – Fx 09 (2:58)
Autor: Pe. Zezinho, scj
Intérprete: Fabio Carneirinho
CD: O pregador e o sanfoneiro
Gravadora: Paulinas Comep
http://www.paulinas.org.br/radio/?system=news&id=13345&action=read

Nenhum comentário:

Postar um comentário