terça-feira, 4 de agosto de 2020

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 04/08/2020

ANO A


Mt 15,1-2.10-14

Comentário do Evangelho

A cegueira é falta de compreensão do desígnio salvífico de Deus.

Trata-se de uma controvérsia entre os fariseus e os escribas, de uma parte, e Jesus de outra. Objeto da controvérsia é a regra de pureza que os discípulos de Jesus não cumprem ao comer sem lavar as mãos. “Tradição dos antigos” refere-se aos costumes que se pretende fazer remontar aos tempos de Moisés e cuja codificação escrita se dará por volta do ano 200 d.C., na Mishnah. Lavar as mãos não era uma questão de higiene pessoal, mas um gesto de purificação ritual com a finalidade de eliminar eventuais impurezas contraídas do contato com coisas imundas. Ao invés de responder diretamente a questão posta por seus opositores, Jesus interpela a multidão a compreender o essencial: não é a pureza ritual, externa, que importa, mas a pureza moral, o coração, a coerência da vida e da prática da religião. O v. 13, inspirado por Is 60,21, é um convite à paciência (cf. Mt 13,24-30), pois o que não é de Deus não permanecerá. O apego à tradição dos antigos, com a convicção de que isso os salvaria, faz dos fariseus guias cegos. Essa crítica Deus já fazia contra os responsáveis do povo (Is 29,9-12). A cegueira é falta de compreensão do desígnio salvífico de Deus.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, purifica meu coração de toda discriminação e de todo preconceito, de modo que eu possa levar os benefícios do Reino a todos os que de mim precisarem.
Fonte: Paulinas em 05/08/2014

Vivendo a Palavra

Jesus, que um dia proibira escandalizar os pequeninos, assume escandalizar os que se julgam doutores e os poderosos do Templo. Sua Lei é plantada pelo Pai no coração dos homens e não elaborada em reuniões de doutores. O mal sai dos corações e não no que nos vem de fora.
Fonte: Arquidiocese BH em 05/08/2014

VIVENDO A PALAVRa

A grande e inesquecível lição de hoje: a impureza não vem de fora, mas nasce no nosso coração! Sim, é dali mesmo, do mais íntimo de nós, de lá, onde o Pai quer estabelecer o Reino do Céu – que temos a liberdade de aceitar ou rejeitar… O nosso relacionamento com os irmãos, com a natureza, com nós mesmos e com o Pai (que tem ternura maternal), será consequência da nossa opção fundamental e dirá se somos trigo ou joio.

Reflexão

Doutores da Lei e fariseus se organizam e, de modo solene e oficial, partem para questionar Jesus. E fazem uma acusação grave: “Por que os teus discípulos desobedecem à tradição dos antepassados?” Na resposta para eles, Jesus inclui também a multidão e expõe um critério válido para todos os tempos e consciências: a impureza da pessoa não provém de um alimento, mas do íntimo da própria pessoa. Impuro é o ser humano com suas más intenções, egoísmo, injustiça… Impermeáveis, os fariseus saem como chegaram. A mensagem de Jesus não encontra acolhida neles, nem os leva a mudar de comportamento. Jesus então revela quem de fato eles são: “cegos guiando cegos”. Por não conhecerem o caminho, enganam os outros. Não são confiáveis.
Oração
Ó Jesus Mestre, os fariseus se preocupam com a limpeza das mãos, ao passo que tu salientas a importância da pureza interior. E recomendas que os discípulos e a multidão não sigam as orientações deles, pois “são cegos guiando cegos”. Não merecem crédito. Só tu és o nosso verdadeiro Guia. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2020 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp (dias de semana) Pe. Nilo Luza, ssp (domingos e solenidades))

Recadinho

Você sofre muito quando tem que aceitar coisas que não queria de modo algum? - Consegue ficar calado? - Protesta contra as injustiças que vê? - O que faz para superar os reveses da vida? - Seu coração procura externar só coisas boas?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Fonte: a12 - Santuário Nacional em 05/08/2014

Meditando o evangelho

JESUS E A TRADIÇÃO DOS JUDEUS.

Uma das características dominantes nas narrativas dos evangelhos é o registro da contradição entre a mensagem de Jesus e a tradicional mensagem dos chefes religiosos de Israel, particularmente representados pelos fariseus e escribas. Tal contradição, levantada por Jesus será o principal motivo para sua perseguição e morte. Mateus, no Sermão da Montanha já caracterizara esta contradição na sucessiva fala de Jesus, sempre com a introdução: "Ouviste o que foi dito aos antigos... eu porém vos digo...". Ao infringir a observância dos sábados e, agora, ao descartar os critérios legais de pureza, Jesus atinge e remove alguns dos principais fundamentos da doutrina da Lei. A reação imediata suscitada entre os chefes religiosos é de indignação, para, em seguida, passar ao projeto da morte de Jesus. A planta plantada pelo Pai é aquela que dá frutos de amor e misericórdia, na liberdade dos filhos de Deus que se empenham na construção de um mundo de justiça e paz.
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total).
Oração
Pai, purifica meu coração de toda discriminação e de todo preconceito, de modo que eu possa levar os benefícios do Reino a todos os que de mim precisarem.

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. A verdadeira purificação
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Lavar as mãos antes de comer, na nossa cultura é questão de higiene e saúde, porém, no emaranhado de leis do Judaísmo, relacionadas ao rito de purificação, deixar de lavar as mãos é algo inconcebível que se constitui em uma transgressão da Lei de Moisés. Os discípulos de Jesus não lavam as mãos porque não veem necessidade, Jesus é aquele que irá purificar a toda humanidade com a sua morte Redentora na cruz. A purificação das mãos com a água, é apenas um sinal prefigurativo da verdadeira e pura purificação.
Como se vê, os Fariseus e os Escribas estavam bem desatualizados, embora fossem conhecedores profundos da Lei e os Profetas contidos na Torá. Os Discípulos não tinham esse conhecimento, mas souberam ver algo novo e diferente em Jesus de Nazaré, unidos a ele e em comunhão de vida com ele, seus primeiros seguidores se aperceberam que era uma Relação Divina, e isso lhes foi revelado não pela carne, mas pelo próprio Deus.
A Revelação também acontecera ao Povo de Israel, principalmente na Lei dada a Moisés, entretanto, a Lei apontava um caminho, uma direção a seguir, os Escribas e Fariseus não souberam interpretar a Lei e os Profetas, não souberam ver em toda aquela bela tradição de Israel, uma prefiguração da Plenitude que viria em Jesus Cristo inaugurando um tempo novo onde Deus iria escrever a sua Santa Lei, não mais em tábuas de pedra, mas no coração do homem, fonte da Vida, das virtudes e dos desejos maus.
Por esta razão Jesus lhes adverte que esse tempo já chegou e o que torna puro ou impuro um homem é o que sai de dentro dele, bom ou ruim. Em outras palavras, a relação com Deus e com o Sagrado se dá no mais íntimo do ser humano, e não mais nos gestos exteriores ou nos rituais de purificação.  Essa exortação escandalizou os entendidos da Lei e os Profetas, que queriam colocar-se como guias e orientadores do povo, mas de nada sabiam, e por isso Jesus os chama de Guias cegos que guiam outros cegos.
Assim é o homem da pós-modernidade que se deixa conduzir apenas por aquilo que vê e apalpa, confia exageradamente no conhecimento e na ciência, achando que ali está a salvação da humanidade, quando na verdade não consegue enxergar um palmo adiante do nariz. O pior é que, na humanidade, sempre há em grande número os que preferem seguir por esses caminhos traçados por mãos humanas, que ao fim da jornada terminará no abismo em que o próprio homem cavou para si e seus seguidores, ao descartar em definitivo a Revelação Divina...

2. O que torna alguém impuro não é o que entra pela boca - Mt 15,1-2.10-14
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)

Os judeus que se tornaram discípulos de Jesus tinham vários problemas de observância religiosa a resolver. Havia muita sabedoria nas leis de Israel, e os escribas sabiam que era preciso proteger a fé do povo com tradições e preceitos bem determinados. No entanto, como costuma acontecer entre os seres humanos, o zelo exagerado e o medo da liberdade multiplicaram e pormenorizaram os preceitos. A observância religiosa não só se tornou pesada, mas também chegou a desviar do essencial. A proibição de alimentos e o cuidado com eles tinha sua razão de ser, mas estava encobrindo as verdadeiras intenções que brotam do coração. Daí então a afirmação de Jesus: “O que torna alguém impuro não é o que entra pela boca, mas o que sai da boca”. O que torna alguém moralmente impuro é o que sai de seu coração como intenção e projeto de vida. A palavra “intenção” indica o que pretendemos de verdade e o que motiva as nossas ações. A questão não está em comer ou deixar de comer, e sim no porquê você come ou deixa de comer. Visão clara do que se quer evita que se caia no buraco.

HOMILIA

LAVAR O CORAÇÃO E NÃO AS MÃOS

A planta plantada pelo Pai é aquela que dá frutos de amor e misericórdia, na liberdade dos filhos de Deus que se empenham na construção de um mundo de justiça e paz.
Todo o nosso ser como planta do Pai se estiver virado para Deus, não precisaremos lavar as mãos e também não haverá lugar para as trevas nos nossos corações. Porque a Luz Divina unifica-nos, chama-nos a uma vida sempre mais verdadeira: as máscaras, que permanecem mesmo no casal, no relacionamento entre namorados, entre filhos e pais, entre parentes, colegas, vizinhos e amigos cairão progressivamente. A ambigüidade dos nossos propósitos, dos nossos comportamentos, a distância entre o que dizemos ou fazemos desaparecem naturalmente. Se o desejo profundo que nos faz viver é primeiro que tudo o desejo do alto, o olhar que dirigimos ao nosso cônjuge e sobre todos os que me referi acima, está acima dos outros, vem de Deus, será purificado de qualquer ambição, despojado de vontade e mãos abertas, para se tornar um olhar respeitoso e maravilhado pelo mistério do outro. Agora uma coisa que não pode acontecer comigo e nem contigo é a desconfiança o olhar maliciosamente nas ações dos outros. Ver nelas algo para derrubar, para levar vantagens próprias e egoísticas, aí está o problema. Será que, me pergunto, fico reparando demasiadamente nas ações das outras pessoas? E me esqueço que nem tudo o que brilha é ouro? E que as coisas nem sempre são o que me parecem ser?
Meu irmão, minha irmã. Não adianta viver de aparências diante dos homens, pois Deus vê a intenção que trazemos no coração. Algumas vezes nos preocupamos com as práticas exteriores como os fariseus no evangelho de hoje: Por que é que os seus discípulos comem sem lavar as mãos, desobedecendo assim aos ensinamentos que recebemos dos antigos?, e esquecemos de olhar para o nosso interior que precisa tanto de conversão. Jesus nos deixa bem claro: Não é o que entra pela boca que faz com que alguém fique impuro. Pelo contrário, o que sai da boca é que pode tornar a pessoa impura. Portanto é o mal que sai do coração. É isso sim que prejudica a vida do homem. Por isso é que Jesus nas bem-aventuranças diz. Felizes os puros de coração. Devemos ter muito cuidado com as palavras que falamos e com as nossas ações. Peçamos sempre a Deus que faça de nós instrumentos de edificação na vida de nossos irmãos, pois fomos chamados para promover o bem que se fundamenta na rocha da fé.
Procura guiar os que estão ao meu redor para qual caminho? A felicidade nunca está onde a pomos, e, nunca a pomos onde estamos. Que tipo de felicidade procura o nosso mundo ? Será que a encontra? Onde ? Em quê? Onde estará o Caminho da felicidade ? Onde o podemos encontrar ? Não está e nem pode estar fora de nós. Ela está dentro de nós mesmo. Santo Agostinho diz que não podemos procurar Deus longe de nós. Deus está dentro de nós no nosso coração, na voz intima da nossa consciência. E se o nosso coração estiver limpo, se a nossa consciência for límpida, nela tudo será puro e sendo puro seremos obedientes à voz da consciência que é a do próprio Deus. É dela que o Profeta Isaías faz o anúncio como sendo aquele que nos trará a felicidade, que nos indicará o caminho para que possamos ser felizes. Vamos, portanto escutar com os ouvidos e com o coração e não com as mãos lavadas como os fariseus induziam o povo.
Senhor daí-me a graça de sempre lavar, não as mãos ao me aproximar da Vossa mesa, mas sim o coração. Para que Tu entrando nele o possas transformar num verdadeiro templo, onde vos possa louvar, adorar, bendizer e agradecer a graças que me tendes concedido todos os dias.
Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla
Fonte: Liturgia da Palavra em 04/08/2015

Oração Final
Pai Santo, dá-nos um coração puro e alegria nos olhos por nos sentirmos filhos muito amados. E mais, Pai amado, coragem para testemunhar ao mundo esse teu Amor inefável que nos enviou o Filho Unigênito, Cristo feito carne em Jesus de Nazaré – que contigo reina na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 05/08/2014

ORAÇÃO FINAl
Pai misericordioso, dá-nos a ousadia de seguir a Jesus de Nazaré, ultrapassando a letra da Lei, que mata, para encarnar o seu Espírito, que dá Vida. Ajuda-nos, amado Pai, a garimpar dentro dos nossos corações o Mandamento do Amor que ali escreveste, para acolhê-Lo e vivê-Lo, como o fez e nos ensinou a fazer o mesmo Cristo Jesus, teu Filho feito nosso Irmão Maior, que contigo vive e reina na unidade do Espírito Santo.

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