O canto de Maria, resposta ao hino de Isabel, é
conhecido sob o nome de Magnificat. Maria, louvada, orienta todo o seu canto
para Deus, que ela glorifica do primeiro ao último versículo. É a perfeita
característica de Maria: ela torna a centrar-se sempre ou no seu Filho Jesus,
como em Caná, ou em Deus, como é o caso aqui. Nos lugares de peregrinação, onde
ela é honrada, celebra-se a Eucaristia, proclama-se a Palavra e, continuamente,
anuncia-se e louva--se o seu Filho.
O Magnificat inscreve-se nos salmos de louvor;
nessa grande corrente, entre os chamados cânticos novos. Um cântico novo era um
salmo improvisado, tecido de uma sequência espontânea de citações bíblicas. Com
efeito, Maria aqui é como uma Bíblia aberta. É a teóloga protestante France
Quéré que o diz no seu livro Maria. O seu canto desliza de uma citação a outra,
como se todo o Antigo Testamento quisesse fazer-se presente na voz de Maria e,
mediante ela, passar ao Novo Testamento.
Mas, se o Magnificat é um canto improvisado, então
podemos perguntar-nos que retrato espontâneo e cotidiano de Deus Maria guarda em
si, como reflexo que é do retrato que emerge neste canto da jovem mulher que o
improvisa.
O retrato de Deus é muito rico, cujos matizes
principais se explicitam em seguida:
É um Deus salvador. Não é salvador teórico, por
ouvir dizer, ou de experiência e convicção repetidas no povo de Israel; é um
Salvador pessoal. “Deus, meu Salvador”. É fácil adivinhar quem é esse Salvador
para Maria, pois ela ouviu do anjo que o nome do seu Filho é Jesus: Deus que
salva, Deus Salvador.
É o Deus habituado a fazer maravilhas. Maria olha
o que está para lhe acontecer. É extraordinário. Ela torna-se mãe do Filho de
Deus. É a maravilha das maravilhas que Deus fez para o seu povo: a libertação
da escravidão do Egito, o dom da Aliança, da Lei, a assunção de Israel como
povo e propriedade particular de Deus, povo santo, povo de sacerdotes... O Deus
das maravilhas dá em abundância vida, liberdade, nobreza.
Isso é próprio de um Deus cuja natureza é ser
santo: “Santo é o seu nome”. Tudo o que Deus faz em Maria, tudo o que ele faz
em favor do povo, é porque ele é Santo.
Deus escolhe os pequenos. Ele dispersa os
soberbos, ele derruba os poderosos, ele despede os ricos de mãos vazias. Davi e
Acab sabem-no bem, quando se prevalecem do poder contra os fracos e vão no rumo
dos crimes. Deus os humilha por meio dos seus profetas e os ameaça de
destruição. Os salmos recordam, muitas vezes, esta escolha em favor dos
pequenos e contra os homens de coração de ferro.
Maria, lendo a história do seu povo, proclama que
Deus está presente, é ativo, preocupa-se com os seus. Ele já é no Antigo
Testamento aquilo que será no Novo Testamento, o Emanuel, aquele que caminha
com o seu povo.
No seu canto, Maria percorre toda a história de
Israel e se une a Abraão, o pai que recebe as promessas. Deus é o Deus fiel. O
que ele prometeu a Abraão ele o realiza de geração em geração e o leva ao seu
termo no menino que se forma nela.
Sobretudo, para Maria, Deus é o Deus de amor. Toda
a história da humanidade está constantemente envolta por seu amor, como o
mostra o quadro a seguir, que encerra sete ações: a perfeição do agir de Deus.
Quando ela reza, contempla o rosto de Deus, quando
então já sonha ver o rosto do seu Filho.
Do livro Maria dos Evangelhos, de Paulinas Editora.
Maria!Nossa Luz!
ResponderExcluirMaria! Nossa Luz!
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