Os primeiros
evangelizadores enviados ao mundo encontram muitos povos pagãos que cultuavam a
"grande mãe" ou "deusa terra" representada por uma mulher
negra em vias de dar a luz, ou já com a criança nos braços.
As imagens das Virgens Negras surgiram
especialmente nestes lugares ligados à deusa terra. Atualmente existem
quatrocentas e cinqüenta delas em todo o mundo. A França possui o maior número
das encontradas na Europa, noventa e seis. A mais conhecida é a Nossa Senhora
de Chartres, venerada na catedral desta cidade, também, com o título de Nossa
Senhora Subterrânea.
Quando a França ainda era a antiga Gália, o povo
pagão celta, habitante da região de Chartres, venerava a deusa terra dentro de
um santuário subterrâneo. A tradição cristã narra que o cristianismo chegou com
os dois Santos mártires, Sabiniano e Potenciano, discípulos de São Pedro
Apóstolo, fundadores da Diocese de Chartres. A primeira igreja eles construíram
sobre o santuário subterrâneo, que foi mantido para homenagear a Virgem Mãe de
Deus, então representada na antiga imagem de Nossa Senhora de Chartres, e o
culto transformado em rito cristão.
O rei da França, Carlos o Calvo, em 876,
substituiu a velha igreja por uma maior e à ela doou à uma importante relíquia:
o véu usado por Virgem Maria. Em 1020, no lugar da igreja foi erigida a bela
Catedral da cidade. Destruída por um incêndio em 1194, só relíquia da Virgem se
salvou milagrosamente do fogo.
No mesmo ano teve início a reconstrução daquela
que se tornou a Catedral gótica mais famosa do mundo. Consagrada em 1260, a
Catedral de Chartres concentra a arte dos vitrais e a devoção religiosa mais
primitivas dos franceses, que se referem à ela simplesmente como "a
Catedral". O santuário mariano de Chartres e sua preciosa relíquia
sobreviveram aos confrontos religiosos, a Revolução Francesa e as duas Guerras
Mundiais.
Mas a imagem original de Nossa Senhora Subterrânea
não, esta foi destruída pelo exército de Napoleão, no século XVIII. Uma nova
imagem desta invocação mariana foi feita no século seguinte. E hoje representa
o testemunho concreto do amor e da ligação profunda que sempre uniu o povo da
França a Nossa Senhora Subterrânea, sendo muito festejada no dia 22 de dezembro.
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