sábado, 2 de fevereiro de 2013

Carnaval

Carnaval

Carnaval vem de currus navalis, pois entre os gregos e romanos se fazia um préstito em torno de um enorme carro em forma de navio dedicado ao deus Dionísio ou Baco. Já no século VI antes de Cristo, de fato, entre os gregos, havia festividades semelhantes às que ocorrem hoje. Depois dos gregos, entre os romanos e os antigos celtas e  germanos havia análogas solenidades pela entrada do ano civil. Quando surgiu o cristianismo este deparou com tais comemorações que, inclusive, tinham um caráter penitencial, ou seja, queriam os pagãos expiar faltas  cometidas no ano anterior. A Igreja procurou dar uma nova mentalidade a tais festas, expurgando toda mitologia e superstição, bem como a orgia que muitas vezes predominava.
Portanto, não foi a Igreja quem instituiu o Carnaval, mas, pelo contrário, ela procurou dar novos rumos ao que já acontecia. Conseguiu, também, que o Carnaval ficasse restrito a três dias antes da Quaresma. No início os cristãos eram mais moderados. Com o passar do tempo, sobretudo no Brasil, tudo descambou para a dissolução dos costumes, mormente, nos bailes e nas Escolas de Samba em cujos desfiles predominam o nudismo e toda espécie de erotismo. Esquece-se que os Mandamentos dados por Deus a Moisés são a vereda da libertação. Entre eles estão o Sexto e o Nono Mandamentos: “Não pecar contra a castidade” e “Não desejar a mulher do próximo” (cf. Ex 20,2-17; Deut 5,6-21).
Jesus em inúmeras passagens de sua pregação urgiu o cumprimento destes preceitos. Isto foi muito bem entendido, tanto que diz São Paulo: “Nem os impudicos, nem idólatras, nem adúlteros, nem depravados, nem de costumes infames, nem ladrões, nem cobiçosos, como também beberrões, difamadores ou gananciosos terão por herança o Reino de Deus (l Cor 6,9; Rom 1l, 24-27).
Condena o Apóstolo a prostituição (1 Cor 6,13 ss, 10,8; 2 Cor 12,21; Col3,5). É preciso, de fato, sempre evitar os desvarios da carne.
Guardar castidade significa: fazer um reto uso das faculdades sexuais que Deus colocou no nosso corpo dentro do plano de Deus. Para isto é mister perceber qual é o sentido profundo e valor exato da sexualidade. Deus preceituou que homem deixaria o pai e a mãe e se uniria a sua mulher, formando uma só carne (Gên. 2,24). Ele havia dito: “Não é bom que o homem esteja só, far-lhe-ei uma auxiliar igual a ele (Gên. 2,18). O Criador abençoou Noé e seus filhos e lhes ordenou: “Sede fecundos, multiplicai, enchei a terra”(Gên 9,1). O sexo está destinado, portanto, à união e ao crescimento no amor, possibilitando a criação de uma nova vida humana. O sexo foi feito para o matrimônio e o matrimônio foi elevado à sua prístina dignidade por Jesus Cristo, como está claríssimo no Evangelho (Mt 5,32). Jesus proclamou: “Bem-aventurados os puros, porque eles verão a Deus”. Para purificação interior tempo precioso é o da Quaresma, na qual ressoam as solenes palavras do profeta Joel: “Convertei-vos ao Senhor vosso Deus, porque ele é benigno e compassivo, paciente e de muita misericórdia e inclinado a suspender o castigo” (Joel 2,13). Tempo de conversão, isto é, de total mudança de vida dentro do programa traçado pelo livro do Apocalipse: “Aquele que é justo, justifique-se mais, e aquele que é santo, santifique-se mais” (Ap 22,11). Conversão do pecado à graça, da tibieza a uma vida mais generosa e fervorosa. Tempo em que todo cristão se esmera por adornar sua alma e lhe dar aquela beleza interior que a torne capaz de receber a plenitude das bênçãos divinas no maior dia do ano, que é a data da Páscoa do Senhor. Quaresma, época de intensificação ascética, de retificação da vida, de uma fundamental renovação. Cabem de modo peculiar ao período quaresmal as palavras paulinas: “Eis aqui um tempo favorável; eis aqui os dias da salvação” (2 Cor 6,12).
Se é verdade que não há tempo, através do ano, que não esteja assinalado pelos benefícios divinos e no qual, por meio de sua graça, não tenhamos acesso à sua misericórdia, contudo, são estes uns dias especiais nos quais devemos trabalhar com mais ardor em nosso progresso espiritual e estimular nossos ânimos com uma mais intensa confiança no Pai misericordioso.
Côn. José Geraldo
Vidigal de Carvalho/CatolicaNetMariana – MG
 http://cleofas.com.br/carnaval/

Nenhum comentário:

Postar um comentário