terça-feira, 21 de janeiro de 2025

COLETÂNEA DE HOMÍLIAS DIÁRIAS, COMENTÁRIOS E REFLEXÕES DO EVANGELHO DO DIA, DE ANOS ANTERIORES - 21/01/2025

ANO C


Mc 2,23-28

Comentário do Evangelho

O sábado é dom de Deus

Uma vez mais, o sábado, e mais propriamente o descanso sabático, está no centro da controvérsia. "Por que eles (os discípulos) fazem no dia de sábado o que não é permitido?" (v. 24). Mas o que é permitido? Fazer o bem ou o mal, salvar uma vida ou perdê-la? (cf. Mc 3,4). A cena se passa numa plantação de trigo. Segundo os fariseus, era proibido arrancar as espigas de trigo no dia de sábado. Ora, a Torá autoriza a colheita de espigas, contanto que não se utilize uma foice: "Se entras nos trigais do teu próximo, poderás arrancar espigas com as mãos, mas não farás passar a foice na messe do teu próximo" (Dt 23,26). Jesus responde à objeção recorrendo ao exemplo de Davi (1Sm 21,1-10). A fome e a necessidade de manterem em boas condições a vida justificam a atitude de Davi. Trata-se de um exemplo de peso que justifica e ilustra a defesa de Jesus a seus discípulos. Os versículos 27 e 28, que concluem a controvérsia, lembram que o sábado é dom de Deus (Ex 16,29), tempo de recordar a escravidão e a libertação do Egito (cf. Dt 5,15). Por isso, o sábado é para o "Filho do Homem" tempo privilegiado de manifestação de seu poder salvador, poder de dar a vida, de fazer viver.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, ensina-me a ser fiel a ti, vivendo os Mandamentos, sem fanatismo, e sim com a liberdade de quem está em plena sintonia contigo.
Fonte: Paulinas em 22/01/2013

Comentário do Evangelho

O sábado é dom de Deus para seu povo

- O descanso sabático é a controvérsia mais recorrente nos evangelhos. Na Lei de Moisés há duas formas complementares para a prática do descanso sabático (Ex 20,8-12; Dt 5,12-16). Essas duas tradições oferecem a ocasião para a discussão entre Jesus, os fariseus e os doutores da Lei. Vale, aqui, a referência a Dt 23,26, em que, mesmo não mencionando o sábado, há a permissão ao viajante de entrar na plantação do outro, arrancar as espigas e comer os seus grãos para saciar a fome. Para os fariseus, no entanto, essa atitude, no sábado, não era permitida, pois violava o descanso sabático. Na sua resposta, Jesus evoca o caso de Davi (1Sm 21,1-10), tido em altíssima estima pelos judeus. O que justifica a atitude de Davi e a transgressão da Lei é a fome e a necessidade de preservar a vida em boas condições. O sábado é dom de Deus para que seu povo possa fazer a memória do dom da vida e do dom da libertação da casa da servidão. Essa memória celebrada no descanso sabático deveria ter como consequência prática a defesa da vida, a liberdade e a libertação, inclusive, da mentalidade de escravo. O sábado é, para o Filho do Homem, ocasião de valorizar e promover a vida e a liberdade.
Pe. Carlos Alberto Contieri
Oração
Pai, ensina-me a ser fiel a ti, vivendo os Mandamentos, sem fanatismo, e sim com a liberdade de quem está em plena sintonia contigo.
Fonte: Paulinas em 20/01/2015

Vivendo a Palavra

Jesus traz um jeito novo de viver a fé: com seus discípulos, anda pelos campos numa manhã de sábado, com leveza e alegria. Naturalmente saboreiam o trigo tenro que vão colhendo. Do outro lado, os legalistas: rígidos, tristes, prontos para apontar o pecado do outro. Qual é a nossa escolha? Como vivemos a fé?
Fonte: Arquidiocese BH em 22/01/2013

VIVENDO A PALAVRA

Jesus traz um jeito novo de viver a fé: com seus discípulos, andava pelos campos numa manhã ensolarada de sábado, com leveza e alegria. Saboreavam com naturalidade o trigo tenro das espigas que iam colhendo. Do outro lado, estavam os fariseus legalistas: rígidos, tristes, prontos para apontar o pecado do outro. Qual é a nossa escolha? Como vivemos a fé?
Fonte: Arquidiocese BH em 22/01/2019

VIVENDO A PALAVRA

O comportamento leve e a alegria dos discípulos que acompanhavam Jesus pelos campos da Galileia naquela manhã ensolarada de sábado contrasta com a imposição de cumprir cegamente a letra da Lei e a vigilância que era exercida pelos fariseus sobre os seus seguidores e todo o povo. Sentimentos e contrastes que eram daquele tempo e, às vezes, teimam em persistir até hoje…
Fonte: Arquidiocese BH em 19/01/2021

Reflexão

Novamente entra em discussão a questão das práticas religiosas. O evangelho de hoje nos apresenta a questão do legalismo religioso e da verdadeira finalidade da religião. Muitas vezes, vemos que as religiões estão muito mais fundamentadas em proibições do que em motivações e na criação de novos relacionamentos das pessoas com Deus e das pessoas entre si. O resultado dessa mentalidade é que a religião se torna cada vez mais uma coisa odiosa e insuportável, e Deus aparece não como um Pai amoroso, mas como um carrasco autoritário. A verdadeira religião é aquela que cria valores e leva as pessoas à maturidade em todos os sentidos para que livremente possam optar por Deus.
Fonte: CNBB em 22/01/2013 20/01/2015

Reflexão

Apoiando-se na sua interpretação da Lei, os fariseus acusam os discípulos e repreendem Jesus por não observarem o sábado. Com essa atitude, os fariseus revelam mentalidade mesquinha, interpretando como colheita proibida o que era apenas matar a fome com algumas espigas. Jesus responde citando um fato bíblico do rei ilustre, Davi, fato que mostra o seguinte: em caso de necessidade, suspende-se a obrigação da Lei. Deus instituiu o repouso sabático para que a pessoa tivesse um dia de repouso e, portanto, de paz e alegria. Com o episódio aprendemos que não se deve ser mesquinho na interpretação das leis, mas colocá-las a serviço de Deus e do próximo. Ao dizer “o Filho do Homem é senhor também do sábado”, Jesus mostra que tem poder não só para explicar a Lei, mas também para interpretá-la.
(Dia a dia com o Evangelho 2019 – Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp)
Fonte: Paulus e22/01/2019

Reflexão

Apoiando-se na sua interpretação da Lei, os fariseus acusam os discípulos e repreendem Jesus por não observarem o sábado. Com essa atitude, os fariseus revelam mentalidade mesquinha, interpretando como colheita proibida o que era apenas matar a fome com algumas espigas. Jesus responde citando um fato bíblico do rei ilustre, Davi, fato que mostra o seguinte: em caso de necessidade, suspende-se a obrigação da Lei. Deus instituiu o repouso sabático para que a pessoa tivesse um dia de repouso e, portanto, de paz e alegria. Com o episódio aprendemos que não se deve ser mesquinho na interpretação das leis, mas colocá-las a serviço de Deus e do próximo. Ao dizer “o Filho do Homem é senhor também do sábado”, Jesus mostra que tem poder não só para explicar a Lei, mas também para interpretá-la.
Oração
Ó Jesus, Filho do Homem, os fariseus acusam teus discípulos de fazerem colheita no dia reservado ao descanso e ao culto divino. A realidade é que teus discípulos não estavam trabalhando, apenas matavam a fome. Então, apoiado na Escritura e Senhor até do sábado, rebates teus malévolos adversários. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2021 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp e Pe. Nilo Luza, ssp)
Fonte: Paulus e19/01/2021

Reflexão

Apoiando-se na sua interpretação da Lei, os fariseus acusam os discípulos e repreendem Jesus por não observarem o SÁBADO. Com essa atitude, os fariseus revelam mentalidade mesquinha, interpretando como colheita proibida o que era apenas matar a fome com algumas espigas. Jesus responde citando um fato bíblico do rei ilustre, Davi, fato que mostra o seguinte: em caso de necessidade, suspende-se a obrigação da Lei. Deus instituiu o repouso sabático para que a pessoa tivesse um dia de repouso e, portanto, de paz e alegria. Com o episódio, aprendemos que não se deve ser mesquinho na interpretação das leis, mas colocá-las a serviço de Deus e do próximo. Ao dizer “o Filho do Homem é senhor também do SÁBADO”, Jesus mostra que tem poder não só para explicar a Lei, mas também para interpretá-la.
(Dia a Dia com o Evangelho 2023)
Fonte: Paulus e17/01/2023

Meditação

“Os discípulos começaram a arrancar espigas de trigo, enquanto caminhavam.” Como era permitido pela Lei, ao passar, os discípulos colhiam espigas de trigo, tiravam a casca e comiam os grãos. Era um jeito de enganar a fome que eles e Jesus já estavam sentindo. Tudo muito natural, menos na opinião dos que tomavam a Lei ao pé da letra e, pior ainda, queriam impor proibições e obrigações a respeito de tudo. Como se Deus quisesse mesmo só complicar nossa vida. É preciso ter o mesmo jeito de Jesus em nossas atitudes para com as pessoas. Será que estamos aprendendo?
Oração
Ó Deus, que chamastes ao deserto Santo Antão, pai dos monges, para vos servir por uma vida heroica, dai-nos, por suas preces, a graça de renunciar a nós mesmos e amar-vos acima de tudo. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: a12 - Reze no Santuário - Deus Conosco em 17/01/2023

Meditando o evangelho

SUPERANDO O LEGALISMO

Como no caso do jejum, os judeus também era exagerados no tocante ao repouso sabático. Por isso, escandalizam-se ao ver os discípulos de Jesus colher espigas de trigo para comer, enquanto atravessam um trigal em dia de sábado. O fanatismo pela observância da Lei impedia-os de fazer qualquer tipo de contemporização. Jesus ia na direção contrária, procurando mostrar-se fiel a Deus por outros caminhos, e ensinando seus discípulos a fazerem o mesmo.
Para o Mestre a finalidade da Lei era propiciar ao ser humano uma autêntica experiência de encontro com a vontade de Deus. Praticar seus preceitos de maneira puramente mecânica seria inútil. Este tipo de fidelidade exterior à vontade divina não era sinal de que a pessoa havia superado a tirania do egoísmo. Jesus pregava uma fidelidade criativa à Lei, de modo que, ao praticá-la, a pessoa pudesse atingir seu objetivo.
O Mestre apresentou dois motivos para justificar a permissão de colher espigas em dia de sábado. Em primeiro lugar, por ter acontecido coisa semelhante com o rei Davi, o qual, num dia de sábado, matou a fome com os pães consagrados que só aos sacerdotes era permitido comer. Além disso, as espigas não eram consagradas como os pães. Em segundo lugar, porque Jesus tinha autoridade, recebida do Pai, para agir como agiu. Se os discípulos estavam comendo para poder continuar a missão, por que censurá-los?
Fonte: Dom Total em 20/01/2015, 22/01/201919/01/2021 e 17/01/2023

Oração
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Pai, ensina-me a ser fiel a ti, vivendo os Mandamentos, sem fanatismo, e sim com a liberdade de quem está em plena sintonia contigo.
Fonte: Dom Total em 20/01/2015, 22/01/2019 19/01/2021

Oração
Deus eterno e todo-poderoso, que governais o céu e a terra, escutai com bondade as preces do vosso povo e dai ao nosso tempo a vossa paz. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Dom Total em 20/01/2015

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. Preservar a Vida é sempre permitido...
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Sábado para o Judeu é o dia do Descanso em Deus, é voltar para ele por inteiro, concentrando a mente e o coração em Deus, Criador e Libertador do homem. Por isso todas as outras tarefas tornam-se relativas inclusive o trabalho de colher espigas. Neste dia parava tudo, antecipava-se na sexta todas as tarefas e reservava o sábado somente para Deus. Era uma prática coerente com o que se acreditava, e muito bonita também entretanto...
Deus não é mais alguém distante, que fala misteriosamente a alguns Homens como Moisés, ou se faz anunciar pela boca dos profetas, mas Deus está ali, ao lado deles, caminhando com eles, comendo com eles, dormindo com eles, é um Deus de carne e osso, o verdadeiro e esperado "Emanoel", parceiro e caminhante, peregrino com o homem. Então, porque submeter-se á práticas antigas se Jesus já está ali com eles?
E onde Jesus está a Vida do Homem está em primeiro lugar, nenhuma norma ou lei precede a Majestosa Lei da preservação da Vida.
É isso que deve estar no centro das atenções no preceito sabático, não levando -se isso em conta, a religião torna-se um mero ritualismo, vazio e sem sentido. No centro da Religião está a Vida que Jesus nos deu. Por isso, os discípulos de Jesus, ao sentirem fome, colhem espigas mesmo sendo dia de sábado, a exemplo de Davi, o grande Rei prefiguração do Messias, que ao chegar com seus homens de um dos combates, sentiu fome e entrando no templo comeu dos pães da proposição que era consagrado a Deus.

2. Os discípulos, passando por um trigal, arrancaram espigas...
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - comece o dia feliz)

Era sábado e os discípulos, passando com Jesus por um trigal, arrancaram espigas para comer. Os fariseus os questionaram por que estavam fazendo no sábado o que não era permitido. Os discípulos, porém, tinham fome. Jesus, então, os defendeu dizendo que o sábado fora feito para o homem e não o homem para o sábado. Aos olhos de Deus, o que é permitido e o que é proibido? Os Dez Mandamentos ensinam com sabedoria o caminho certo que devemos trilhar nesta vida. Jesus confirma o que dizem e os resume no amor a Deus e ao próximo. Tudo o que é benéfico ao ser humano se transforma em louvor de Deus. Portanto, tudo o que é manifestação do amor fraterno é permitido, e é proibido tudo o que diminui o ser humano em sua dignidade e em suas necessidades. Quando não levamos em consideração a vida do outro e suas necessidades, quando não respeitamos o outro e diminuímos o seu valor, pecamos contra todos os mandamentos, porque pecamos contra o amor. Tudo existe em função do ser humano, inclusive os dias santificados e tudo o que é religioso. Por isso, todo e qualquer ser humano é senhor do sábado.
Fonte: NPD Brasil em 22/01/2019

HOMILIA DIÁRIA

Jesus, Senhor do sábado e de tudo mais

Postado por: homilia
janeiro 22nd, 2013

Marcos inicia seu Evangelho com o anúncio de João Batista que vem “preparar o caminho” de Jesus. Agora, os discípulos de Jesus começam a “abrir caminho”. Marcos, na primeira parte de seu Evangelho, coloca a “casa” como o lugar de formação e convívio das comunidades envolvidas pelo ministério de Jesus. Na segunda parte, quando vai se encerrando o ministério ao redor da Galileia, o destaque é o “caminho” para Jerusalém, onde se dará o confronto final com os chefes do Templo.
Ao longo do ministério na Galileia e vizinhanças, fica caracterizado o confronto com os chefes das sinagogas locais pelas infrações às regras de pureza, pela observância sabática, pelo jejum e pelo convívio social, bem como pela promulgação do perdão dos pecados. Jesus, por sua prática, revela que a necessidade está acima da Lei.
O que Jesus e os discípulos estavam fazendo em Marcos 2,23 seria perfeitamente lícito aos olhos dos fariseus se não fosse realizado no sábado (Deuteronômio 23,25). A Tradição oral determinava minuciosamente o que podia e não podia ser feito aos sábados. Havia até uma lista de 39 verbos (trabalhos) que não podiam ser feitos naquele dia. Quatro destes verbos (colher, debulhar, limpar e preparar) eram descrições de que os discípulos estavam fazendo ao comer.
Jesus combateu a tradição judaica muitas vezes, especialmente as tradições com respeito ao sétimo dia. Há uma grande quantidade de situações onde Jesus entrou em choque com os judeus nesta questão (Mc 3,1-6; Lc 13,10-17; 14,1-6; Jo 5,1-9; 16-17; 7,22; 9,1-14). A seita dos chamados essênios, por exemplo, proibia claramente que um homem tirasse de uma cisterna ou fosso um animal que ali tivesse caído (Documento de Damasco, 11.13-14). Jesus, e até mesmo a maioria dos judeus, achava isto um absurdo (Mt 12,11; Lc 14,5, também 13,15).
O Mestre citou o exemplo de Davi em 1Sm 21,1-6 para chamar atenção dos seus opositores ao fato que nem tudo pode ser resumido ou explicado pela tradição rabínica. Davi comeu os pães da proposição (Lv 24,5-9) numa situação de perigo de vida e não foi punido por isto. De fato, este evento ocorreu num sábado, dia no qual os pães eram retirados do tabernáculo, substituídos por outros e disponibilizados aos sacerdotes para seu alimento. Tal fato não prova que os pães da proposição podiam ser comidos por qualquer um; pelo contrário, a exceção prova a regra. Quebrar a lei de Deus quando houver necessidade não é o que Jesus ensina aqui. O que fica provado é que o modo rígido e legalista dos fariseus de interpretar a Lei não explicava tudo (Mc 2,25-26).
De fato, Davi só comeu os pães da proposição impunemente por ter Deus concedido a ele esta prerrogativa naquele momento. De uma forma similar, Jesus tem prerrogativas e autoridade superiores às da Tradição e da própria Lei judaica. Jesus está dizendo: “Se Davi teve autorização para quebrar o protocolo, muito mais o Senhor de Davi pode fazê-lo”.
Mateus ainda menciona o caso dos sacerdotes judaicos que trabalham no Templo em pleno sábado (Mt 12,5-7). Se o serviço no Templo exige a suspensão da lei do sábado para alguns, a obra de Jesus exige a suspensão da mesma lei, pois Jesus é maior que o Templo (Mt 12,6). Se o Templo era maior que o sábado e se Jesus era maior que o Templo, certamente era maior que o sábado, um dos grandes preceitos da Lei.
Em tudo isto, pode-se notar também que há prioridades dentro das prescrições da Lei e que há momentos em que um princípio maior supera outras regras menores. A citação de Os 6,6 aponta nesta direção. O ritual não é maior que a fidelidade; a Palavra do Cristo era maior que o ritual do sábado.
O provérbio “O sábado foi estabelecido (feito) por causa do homem, e não o homem por causa do sábado” é peculiar a Marcos, não sendo retomada por Mateus e Lucas. É difícil saber o motivo da omissão da frase nestes dois Evangelhos. O interesse pode ser simplesmente o de resumir Marcos, gerando espaço para introduzir outros materiais. Este é o costume de Mateus e Lucas. Outro motivo seria o de eliminar qualquer ambiguidade ou mau uso da frase nas comunidades receptoras das obras, embora seja muito questionável e difícil imaginar quais seriam estes maus usos do provérbio.
Mateus e Lucas, ao omitirem o provérbio que estamos estudando, colocaram toda a ênfase do episódio na frase: “O Filho do Homem é Senhor do sábado” (Mt 12,8 e Lc 6,5). Lucas, inclusive, por não mencionar (como faz Mateus) a questão do serviço do Templo, faz com que o leitor seja claramente induzido a entender a comparação que Jesus fez de si mesmo com Davi. Observe que Jesus, como Davi, era o ungido de Deus, que agia sob orientação divina e por causa disto tinha grande autoridade.
“O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado” é uma clara alusão à criação. Jesus usa o verbo na chamada voz passiva (‘foi feito’) para designar a ação de Deus. O Senhor criou o homem no sexto dia e estabeleceu o sétimo como dia de repouso.
A própria ordem da criação indica que o homem era o alvo do benefício do repouso sabático. Contudo, o modo rabínico de interpretar afastava o mandamento das intenções originais de Deus. O sábado, que era para ser um dom, um presente e um dia de refrigério, acabou sendo um dia de castigo, de opressão e de tensão devido à grande carga de mandamentos associados com ele e dos inúmeros preceitos reguladores. Esqueceram a função do sábado e ficaram apenas com a sua forma externa.
Este método de recorrer às origens e à criação para resolver questões é característico de Jesus. Na questão do divórcio, narrada em Mc 10,2-12, enquanto todos buscavam alguma “interpretação” que permitisse o divórcio, Jesus buscava a intenção original do Criador na instituição do primeiro casal (Mc 12,6-9).
Jesus arremata a questão dizendo: “De sorte que o Filho do Homem é senhor também do sábado” (Mc 2,28). No Evangelho de Marcos esta frase aparece como conclusão do texto, mas apresenta uma verdade que é anterior à argumentação. De fato, o ensino que Jesus é o Senhor do sábado – e de tudo mais – permite que Ele diga como que o mandamento do sábado deve ser obedecido. A razão para aceitar o ensino de Jesus é o fato d’Ele ser o Filho do Homem. Seu ensino não tem validade apenas por sua lógica ou por sua veracidade, mas sobretudo por causa de sua autoridade.
O modo de Jesus interpretar a questão é importante, pois a norma é Ele mesmo. A era messiânica já havia começado, e o conhecimento de quem era o Messias traria compreensão para saber cumprir a vontade de Deus.
Somos chamados a abrir caminhos, rompendo as cercas ideológicas ou materiais armadas pelo sistema de poder, para que o pão seja farto na mesa de todos.
Padre Bantu Mendonça
Fonte: Canção Nova em 22/01/2013

HOMILIA DIÁRIA

Você tem praticado a caridade?

Às vezes nos prendemos a coisas pequenas, criamos confusões por coisas tão insignificantes, que depois não levam a nada. Estamos nos esquecendo de praticar a caridade!

“O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado.” (Marcos 2, 27)

Nós hoje estamos acompanhando, meus irmãos e minhas irmãs, em Nosso Senhor Jesus Cristo, mais um daqueles embates que os fariseus querem provocar por causa das palavras e ações de Jesus. E agora, ao verem Jesus passar no campo dos trigais em dia de sábado, e Seus discípulos arrancarem as espigas para se alimentarem delas, sabemos que aquilo foi motivo de escândalo para os fariseus.
Nosso Senhor Jesus Cristo vem, mais uma vez, trazer ao coração deles o perfeito entendimento daquilo que é a Lei de Deus, porque nós podemos olhar as leis e os conhecimentos que temos do Senhor e conhecer apenas as letras. Quantas pessoas são versadas na Bíblia, são conhecedoras de doutrinas, de ensinamentos, de códigos do direito canônico, são conhecedores disso e daquilo, mas não conhecem a essência da Lei de Deus.
A essência da Lei de Deus se chama caridade; e não há lei maior, não há lei que possa estar acima da caridade, não importa se ela é praticada no sábado, não importa se é no templo ou fora dele. O importante é que todas as nossas ações sejam revestidas pelo amor. Primeiro por um profundo amor a Deus; nada de legalismo. Algumas vezes nos prendemos a coisas pequenas, criamos confusões por coisas tão insignificantes que depois não levam a nada. Temos nos esquecido de praticar a caridade!
No meio de nós, muitas pessoas têm compreendido de forma muito errada o nosso amado Papa Francisco. Ele não veio para mudar nenhuma lei da Igreja, nenhum ensinamento de Cristo; ele não veio para mudar a doutrina que temos e que conhecemos. Mas sim para ensinar aquilo que Cristo sempre quis nos ensinar: que o amor está acima de qualquer lei!
Sim, muitas vezes, nós criamos tantos legalismos e tantos preceitos na Igreja que nos esquecemos do essencial: acolher a todos, amar a todos. Por vezes criamos tantas situações que fechamos as portas de nossas igrejas para que as pessoas possam entrar. A Igreja tem um lugar muito especial para todas as pessoas; para os ex-casados, para os excluídos, para as pessoas de qualquer opção sexual.
A Lei de Deus, que ilumina os corações e é apresentada por intermédio do amor de cada um de nós, transforma as vidas, a começar pelas nossas, que muitas vezes nos prendemos tanto aos legalismos e às formas e fechamos o Reino de Deus para os outros e também para nós.
Nós não desprezamos nada nem mudamos nada, nem uma uma vírgula sequer dos mandamentos da Lei ou da Palavra de Deus. Mas não podemos deixar de pegar o espírito da Lei, que se chama: amor, caridade. Que ela [caridade] ilumine nossas práticas, nossas ações e nossa pastoral! Que o Espírito de Cristo esteja em nós!
Deus abençoe você!

HOMILIA DIÁRIA

Jesus é Senhor de todas as coisas, Ele é Senhor da nossa vida

Jesus é Senhor de toda lei; é o Senhor do sábado e, também, é o Senhor da nossa vida

“O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado. Portanto, o Filho do Homem é senhor também do sábado.” (Marcos 2, 27-28)

Para entendermos as afirmações de Jesus no Evangelho de hoje, não podemos olhar para o sábado apenas como mais um dia da semana. Pois, nesse contexto, o sábado, na verdade, quer dizer algo que é muito sagrado, é a Lei Sabática, ou seja, o sábado como dia de repouso, como um dia que foi consagrado ao Senhor na lei judaica.
Os judeus levaram isso tão ao pé da letra, que o sábado ficou maior do que Deus. Eles, muitas vezes, deixaram de amar, de respeitar a Deus em tantas outras coisas, mas o sábado não violaram de forma nenhuma. De modo que, se uma pessoa estivesse doente no dia de sábado, aquela pessoa morreria, não podia fazer nada por ela, porque era dia de sábado. Essa é uma forma radical de se interpretar alguma coisa, por isso, Jesus, no Evangelho, nos diz que o mais importante não é essa lei, esse mandamento, o mais importante é Ele.
Nós podemos ser pessoas assim, que fazem as orações, cumprem os preceitos: “Olha eu não posso falar com ninguém, não posso ver ninguém, porque estou fazendo as minhas orações”. Porém, temos de fazer as nossas orações, mas o mesmo que Jesus diz do sábado, que ele foi feito para o homem, a oração também foi feita para o homem. Isso para que o homem possa, por meio dela, servir a Deus. E, acima de tudo, Jesus é o Senhor de todas as coisas.
Não basta as práticas, é preciso comunhão, pois podemos ter as práticas sagradas, mas não ter comunhão com o Sagrado. E, ter comunhão com o Sagrado, ter comunhão com Deus, é deixar que Deus nos conduza, que Ele nos direcione, que Seu Espírito aja em nós. Não é para cair no extremo do relaxo, fazer de qualquer jeito, de qualquer forma; e nem no extremo do rigorismo, onde sou aquela pessoa rigorista, que leva todas as coisas a ferro e fogo.
Pois, a graça de Deus nos leva a ter misericórdia com os outros, conosco mesmo, pois, às vezes, estamos fazendo a nossa oração e estamos muito mal, então, fazemos uma oração mesmo estando mal; não uma má oração, e sim uma oração do jeito que estamos, com o nosso coração árido, e apresentamos a Deus a nossa aridez. Essa nossa oração será até mais fecunda, do que aquela oração onde achamos que estamos cheios de entusiasmo. Porque, nos apresentamos para Deus, com o coração reto e sincero e nos deixamos ser guiados por Ele.
Para não virar um hipócrita da lei, um hipócrita religioso, precisamos nos deixarmos ser guiados pelo Espírito, para saber que Jesus é Senhor de toda lei; é o Senhor do sábado e, também, é o Senhor da nossa vida.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Fonte: Canção Nova em 22/01/2019

HOMILIA DIÁRIA

A Lei do Senhor é para nos colocar mais próximos d’Ele

“O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado. Portanto, o Filho do Homem é senhor também do sábado.” (Marcos 2,27-28)

Sabe, muitas vezes, as pessoas estão escravas de mentalidades ultrapassadas. Não que não tenhamos preceitos e leis para serem observadas – e como elas precisam ser observadas. Sejam as leis humanas, as leis que regem a vida humana: temos leis de trânsito, leis civis, temos leis que tornam a vida humana, a convivência humana justa, sensata e agradável.
Temos a Lei de Deus que nos ordena a vivermos retamente para Deus e para os irmãos. Mas, entenda: toda lei é feita para o homem e não para o homem ser escravo da lei, de modo que você cumpre a lei, mas não vive o espírito da lei.
É muito bom que você, por exemplo, obedeça a sinalização de trânsito, ande na velocidade regulamentada, que obedeça ao sinal quando ele é vermelho, mas é importante que você pare para socorrer alguém quando está passando alguma necessidade. É importante que você saiba desviar-se para não atropelar o outro ou evitar um acidente mesmo que você esteja certo. É importante que você não seja cego na forma de observar a lei. É importante que essa lei esteja, acima de tudo, a serviço da vida.

O Filho do Homem é o Senhor do sábado, é o Senhor da lei e o Senhor da nossa vida

A Lei Divina é assim também, porque não basta guardar o sábado como os judeus guardavam e, muitas vezes, ignoravam a vida humana, o ser humano, o cuidado para com a pessoa humana. Não basta dizer que sou um homem de Deus, uma pessoa de Deus se não vivo uma relação de liberdade e amor para com Deus na observância da própria Lei de Deus.
Não basta guardar a Lei de Deus para amá-Lo, porque, muitas vezes, sou aquela pessoa reta e correta, mas não escuto a Deus, não escuto aquilo que Ele está me direcionando, me inspirando, aquilo que Ele está moldando e mudando dentro de mim.
Toda Lei do Senhor é para me colocar mais próximo d’Ele, não é para transformar a lei em imperativo para aquilo que são meus pensamentos, minhas ideias, meus ideais, minhas ideologias e filosofias. O Espírito sopra onde quer e é só o coração novo que abre para acolher que é possível ser guiado por aquilo que a lei nos orienta. Portanto, não se deixe escravizar, mas permita que a lei possa nos libertar a cada dia da nossa vida.
O Filho do Homem é o Senhor do sábado, é o Senhor da lei e o Senhor da nossa vida. Permitamos que Jesus seja o Senhor da nossa vida e das nossas atitudes.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Fonte: Canção Nova em 19/01/2021

HOMILIA DIÁRIA

Peça ao Senhor um coração misericordioso

“‘Olha! Por que eles fazem em dia de sábado o que não é permitido?’ Jesus lhes disse: ‘Por acaso, nunca lestes o que Davi e seus companheiros fizeram quando passaram necessidade e tiveram fome? Como ele entrou na casa de Deus, no tempo em que Abiatar era sumo sacerdote, comeu os pães oferecidos a Deus, e os deu também aos seus companheiros? No entanto, só aos sacerdotes é permitido comer esses pães’.” (Marcos 2,24-26)

Vejam, meus irmãos e minhas irmãs, mais uma realidade não é permitida, mais uma atenção posta sobre a regra; agora, trata-se do dia de sábado. Ontem, vimos sobre a temática do jejum; agora, a temática se desloca para o sábado.
Para o judeu, o sábado é um dia sagrado, dia de repouso, o dia de Deus, o dia que deve ser santificado; coisas, certamente, muito justas. Mas Jesus dá a sua explicação a partir de um fato bíblico que está no primeiro Livro de Samuel, no capítulo 21. Estamos no Evangelho de hoje, onde os discípulos de Jesus passam no meio daquelas plantações, nos campos de trigo e são repreendidos por causa desse ato.
Mas a explicação que Jesus dá, apoiada no Livro de Samuel, não é para justificar uma transgressão, mas é para afirmar uma lógica nova, que não é aquela da exterioridade, da mera aparência, mas do verdadeiro valor.

Nosso Senhor soube, justamente, aplicar a Lei Divina a cada coração

Veja o perigo dos moralismos que se multiplicam, muitas vezes, no meio de nós, e muitas vezes da caridade que se deixa de praticar cada vez mais. A caridade que se esfria e o moralismo que se acentua, cada vez mais, é um sinalizador para revermos as nossas atitudes, as nossas posturas, os nossos julgamentos.
Quanta visão míope sobre as práticas religiosas, do mesmo modo como faziam os fariseus e os mestres da Lei! Muitas vezes, nos dias de hoje, nós vemos repetir esta conduta míope sobre as práticas religiosas. A pessoa, às vezes, nem sabe que relação tem o que ela faz com Deus, o que ela pode tirar e usufruir daquela prática religiosa, mas faz por uma repetição, faz, muitas vezes, por um modismo, faz por uma realidade mecânica, porque vê outros fazerem, mas não mergulha profundamente no significado daquela prática.
Cada caso é um caso. Como vou dizer, por exemplo, para uma velhinha que mora na roça: “Vá à missa todo domingo”, sabendo que existem regiões do nosso país em que, naquele lugar, se celebra a Eucaristia uma vez por mês, uma vez a cada ano? Então, preciso também ter um coração misericordioso e respeitar também o pastoreio daquela região, e saber que não posso colocar nos ombros daquela pessoa uma exigência que é feita para pessoas que estão na cidade, para as pessoas que são consagradas, para pessoas que têm o dever de ir à missa diariamente. Então, temos que olhar sempre, com muita misericórdia, cada situação.
Paremos de projetar os nossos rigores nas pessoas menos instruídas; paremos de colocar, na conta de Jesus e na conta da Igreja, os nossos escrúpulos e o nosso perfeccionismo. Porque Nosso Senhor soube justamente aplicar a Lei Divina a cada coração, olhando para cada coração e para cada realidade. Que o Senhor nos conceda essa graça!
Sobre todos vós, desça a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!
Padre Donizete Ferreira
Sacerdote da Comunidade Canção Nova.
Fonte: Canção Nova em 17/01/2023

Oração Final
Pai Santo, ensina-nos a gratidão pela vida e pela fé que Tu nos ofereces. Dá-nos coragem para partilhá-las com leveza e alegria com os companheiros que peregrinam conosco por este planeta encantado, seguindo o Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão, que contigo reina na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 22/01/2013

ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, ensina-nos a gratidão pela vida e pela fé que Tu nos ofereces. Dá-nos coragem para partilhá-las com leveza e alegria com os companheiros que peregrinam conosco por este planeta encantado, seguindo o Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão, que contigo reina na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 22/01/2019

ORAÇÃO FINAl
Pai amado, que és a nossa Luz e Salvação, livra-nos da tentação de julgar e condenar os irmãos. Faze-nos conscientes de que nossa missão primeira é cuidar da conversão pessoal, de nos tornarmos, a cada dia, seguidores mais próximos de Jesus, teu Filho e nosso irmão, que viveu fazendo o Bem a todos. Por Ele, que ressuscitou dos mortos e contigo vive e reina na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 19/01/2021

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