Afaste o poder do mal de sua vida
“Naquele tempo, os mestres da Lei, que tinham vindo de Jerusalém, diziam que ele estava possuído por Belzebu, e que pelo príncipe dos demônios ele expulsava os demônios. Então Jesus os chamou e falou-lhes em parábolas: ‘Como é que Satanás pode expulsar a Satanás? Se um reino se divide contra si mesmo, ele não poderá manter-se. Se uma família se divide contra si mesma, não poderá manter-se. Assim, se Satanás se levanta contra si mesmo e se divide, não poderá sobreviver, mas será destruído’.” (Marcos 3,22-26)
Meus irmãos e minhas irmãs, os mestres da Lei tentaram, por muitas vezes, demonizar Jesus. Foram muitas as ocasiões nas quais esses mestres da Lei tentaram atribuir as obras de Jesus às obras do mal: Belzebu, o príncipe dos demônios. Esse gesto, muitas vezes, repete-se nos nossos círculos relacionais, especialmente no nosso ambiente religioso.
Que mania temos, muitas vezes, de demonizar aqueles que se opõem ao nosso jeito de pensar, o jeito de conceber o mundo e de nos relacionar com Deus. Quando demonizamos alguém, fica mais fácil eliminar o outro do nosso círculo confortável para viver. Demonizar o outro é tirar dele a sua estima e a sua credibilidade diante das pessoas.
Um ser humano não será nunca um demônio, por pior que seja o seu comportamento maléfico, a sua natureza permanecerá sempre a de um filho de Deus. Essa dignidade ninguém perderá nunca, nem cometendo o pior pecado da face da terra.
Um exemplo dessa realidade que estou dizendo: pergunte a uma mãe que tem, por exemplo, um filho num presídio. Dolorosamente, essa mãe vai visitar o que a sociedade chama de um bandido, um perdido, mas para ela permanece sempre um filho.
O Senhor se manifestou para tirar todo o mal da face da terra, do coração do ser humano
A responsabilidade social é inevitável, a punição de um ato é a garantia da ordem social que estabelecemos, mas nenhuma pena muda a natureza de nenhum ser humano. Não é um demônio, e sim uma pessoa.
Jesus passou por essa dura experiência de ser demonizado, de ser atribuído a ele as obras do mal; Jesus teve que passar por essa humilhação social. Até os Evangelhos nos deixaram colher do próprio demônio as afirmações sobre a pessoa de Jesus — não se esqueça disso —, que nos momentos de possessão, de exorcismo, o demônio disse em várias ocasiões quem era Jesus: “Tu és o filho de Deus”, “Tu és o Santo”. O próprio demônio, palavras vindas do próprio demônio, mas que continham a verdade sobre Jesus. A diferença é que o demônio não se submete a Jesus, nós sim sabemos quem Ele é e reconhecemos o seu lugar em nossa vida.
Tenhamos muito cuidado em não demonizar os nossos irmãos, porque o Senhor se manifestou para tirar todo o mal da face da terra, do coração do ser humano, para devolver para o ser humano a sua dignidade de filho de Deus, que ele não perde, mesmo cometendo qualquer pecado.
Sobre todos vós desça a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!
Padre Donizete Ferreira
Sacerdote da Comunidade Canção Nova.
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