segunda-feira, 12 de outubro de 2020

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 12/10/2020

ANO A


Jo 2,1-11

Comentário do Evangelho

Aquela que recebeu o favor de Deus.

O apreço pela Mãe de Deus entre os fiéis católicos é tal que ela assume os nomes dos lugares e situações em que a devoção tem origem (Fátima, Lourdes, Aparecida). A maternidade de Maria e o seu papel no desígnio salvífico de Deus só podem ser compreendidos à luz do mistério de Jesus Cristo. Maria é tida no evangelho segundo Lucas como aquela que recebeu o favor de Deus. Tal graça é a de gerar, segundo a carne, o Filho único de Deus (Lc 1,26-38).
Na releitura cristã de Ester para a festa de hoje, a súplica da rainha pela vida do seu povo (Est 7,3) é figura de Maria que se consagrou a Deus em favor do seu povo. Maria é para o cristão católico fiel intercessora. Mais ainda, ela é modelo do discípulo, pois é a mulher que escuta a palavra e a põe em prática.
Situado na parte do evangelho segundo João denominada “livro dos sinais” (Jo 1–11), o relato das bodas de Caná é considerado pelo próprio evangelista o “primeiro dos sinais” (v. 11), numa série de sete sinais. Dizer que se trata do primeiro sinal significa que ele é um sinal fundamental para compreender os demais. É preciso sempre ter presente que o evangelho é fruto da experiência pascal dos discípulos. No centro do relato está a pessoa de Jesus que inaugura os tempos messiânicos. Característica do relato das bodas de Caná é que se trata de uma narração simbólica e que, por isso, exige do leitor o esforço de ultrapassar a materialidade do que é narrativamente descrito e do imediatamente dito. As bodas evocam a Aliança de Deus com o seu povo (cf. Os 2,18-21; Ez 16,8; Is 62,3-5). Aliança passada e reiterada ao longo da história decorrida de Israel (Noé, Abraão, Moisés) e Aliança nova e definitiva em Jesus Cristo (cf. Mc 14,22-25; Mt 26,26-29; Lc 22,19-20). O vinho, símbolo da alegria e da prosperidade (Sl 104,15; Jz 9,13; Eclo 31,27-28; Zc 10,7), oferecido por Jesus é melhor do que o primeiro (cf. v. 10). Isto significa que, em Jesus Cristo, a Aliança atingiu a sua plenitude. A mãe de Jesus (vv. 1.3), que ele mesmo no relato designa de “mulher” (v. 4) é símbolo de Israel que espera, confia, suplica e vê realizada a promessa de salvação feita por Deus a seu povo. Na tradição cristã, a Mãe do Senhor é ícone da Igreja.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, teu Filho Jesus ofereceu-nos o bom vinho do teu amor e da tua graça. Que eu seja saciado por este dom celeste pelo qual me chega a salvação.
Fonte: Paulinas em 12/10/2014

Vivendo a Palavra

«Façam o que ele mandar.» A Mãe sente que é chegada a hora de entregar o Filho ao mundo. Abre mão do privilégio da convivência familiar em favor da missão, que ela pressentia, já estava pronta para acontecer. Maria é exemplo de desapego, de amor pelos irmãos e de entrega ao Plano do Pai Misericordioso a ser seguido por nós, que queremos ser Família de Deus.
Fonte: Arquidiocese BH em 12/10/2014

VIVENDO A PALAVRA

«Maria O colocou na manjedoura, pois não havia lugar para Ele dentro da casa.» O ‘Filho do Homem’ passou pela terra fazendo o bem a todos e sem ter possuído um simples lugar para recostar sua cabeça. Em nosso mundo contemporâneo, seria muito diferente? Maria, José e o Filho recém nascido seriam acolhidos? E comigo, a História seria diferente?

Reflexão

Jesus veio ao mundo para trazer a Boa Nova do Reino de Deus e firmar a Nova e eterna Aliança entre Deus e os homens através do mistério pascal. Assim, a água da purificação dos judeus, sinal do Antigo Testamento que está para terminar, será substituída pelo vinho da Nova Aliança que alegra os nossos corações e nos trás a salvação. E isso acontece numa festa de casamento, sinal das núpcias do Cordeiro e prefiguração da Igreja como esposa de Cristo. E o início de tudo foi a ação de Maria, que pede o milagre a Jesus, mas que com sua adesão ao projeto de Deus, abriu caminho para o início do Novo Testamento.
Fonte: CNBB em 12/10/2014

Reflexão

NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO APARECIDA

I. INTRODUÇÃO GERAL

Celebrar a festa de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, padroeira do Brasil, significa contemplar aquela que soube orientar sua vida na fidelidade ao projeto de Deus, defendendo e promovendo a vida do povo sofredor. O seu protagonismo está explicitado nas três leituras da liturgia de hoje. A primeira apresenta Ester. Atenta à difícil situação na qual se encontrava o povo, com sua originalidade e ousadia, ela se propõe ser mediadora eficaz para salvá-lo da opressão e da morte. . O Evangelho de João revela que o primeiro sinal público de Jesus foi realizado com a mediação de Maria, atenta às necessidades dos convidados de uma festa de casamento. O livro do Apocalipse apresenta a mulher como geradora de vida nova num contexto de perseguição violenta. A mulher, nos textos de hoje, retrata a comunidade de fé que se mobiliza a favor do povo em situação de necessidade, proporcionando-lhe condições de vida com paz e alegria. Tudo a ver com a celebração de Nossa Senhora Aparecida, a nossa Mãe negra, que apareceu a pobres pescadores em 1717 num contexto de escravidão dos negros. O povo brasileiro guarda-lhe profunda veneração. A solidariedade de Maria com as pessoas necessitadas e excluídas é importante indicativo para todos os que desejam caminhar na vida como discípulos e missionários de Jesus.

II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS

1. I leitura (Est 5,1b-2; 7,2b-3): A mulher que salvou um povo

O livro de Ester, em sua forma atual, situa-se pelo II século a.C. Os judeus encontram-se sob o domínio grego. Os autores, porém, fazem uso de personagens da época da dominação persa (538-333 a.C.), como Assuero (ou Xerxes), rei da Pérsia no séc. V a.C. Na verdade, o livro é uma novela bíblica que reflete a situação do povo judeu num contexto de opressão estrangeira. A identidade da nação judaica está sob ameaça de destruição. Sabemos que a influência da ideologia grega no interior do judaísmo foi grande e provocou resistências radicais, até com métodos violentos como o da guerrilha dos macabeus. Também provocou grande dispersão de judeus para fora da Palestina, obrigados a conviver num mundo com valores estranhos à sua tradição de fé.
A história de Ester atualiza a proposta do Êxodo. O povo oprimido pode mudar a história. Existem caminhos de libertação que precisam ser abertos com inteligência e organização. Deus age por meio das pessoas aparentemente fracas. Ester é uma das mulheres que, ao longo da história de Israel, foram protagonistas de movimentos populares capazes de transformação social: as parteiras do Egito, Míriam, Débora, Judite… Leve-se em conta que, na época da redação do livro de Ester, as mulheres eram oficialmente excluídas de qualquer estância decisória. Pertenciam à categoria das pessoas impuras, conforme estabelecia o sistema sacerdotal de pureza. No entanto, por essas pessoas, Deus suscita projetos de vida e salvação para o povo.
Ester, fazendo uso de seus atributos femininos, com sabedoria e coragem, toma a iniciativa de enfrentar o poder que mata. O que a move não são interesses pessoais, mas a libertação do povo. Sua estratégia demonstra maturidade e consciência. Mesmo após conquistar a simpatia e a confiança do rei, a ponto de tornar-se rainha, não se deixa arrastar pelas tentativas de cooptação da parte de quem domina. Não aceita a oferta de riquezas; pelo contrário, usa agora de seu poder para garantir a vida de seu povo. Ester encarna a liderança que não trai o seu povo. Doa-se por inteiro e arrisca a vida para salvá-lo.

2. Evangelho (Jo 2,1-11): A mulher da nova aliança

O relato das bodas de Caná constitui uma releitura da aliança que Deus realizou com o povo de Israel. O compromisso de amor mútuo foi rompido por sucessivas infidelidades por parte de Israel, desde a opção pela monarquia até a organização do sistema sacerdotal de pureza. Não é por acaso que, logo após as bodas de Caná, Jesus se dirige ao Templo, onde, profeticamente, denuncia a exploração ali instalada e anuncia um novo Templo, que é ele próprio.
Na festa de casamento, Jesus é apresentado como o esposo da nova humanidade. O sistema judaico, organizado segundo os interesses de uma elite religiosa, esvaziou o sentido da antiga aliança; já não responde ao amor de Deus. A imposição de um legalismo excludente criou imenso vazio no coração do povo. Os seis potes vazios representam as festas judaicas (o Evangelho de João apresenta seis delas), que deveriam ser expressão de plena alegria pela presença amorosa e salvadora de Deus. No entanto, estão vazias, perderam o verdadeiro conteúdo que saciaria a sede que o povo tem de Deus.
A comunidade de João manifesta sua fé em Jesus como Deus-esposo que vem resgatar (Caná significa “adquirir”) sua esposa e oferecer-lhe o vinho do amor e da alegria. Essa festa de casamento, portanto, é a celebração da nova aliança. A esposa é o novo povo de Deus, formado pelas comunidades cristãs. A esposa é representada pela mãe de Jesus. Por isso Jesus se dirige a ela chamando-a de “mulher”. Ela executa um papel muito especial: percebe que naquela festa falta o essencial. Dirige-se a Jesus, pois sabe que dele vem a solução: “Eles não têm mais vinho”. Jesus lhe responde que sua hora ainda não chegou. O texto supõe que aquela mãe-mulher-comunidade entendeu perfeitamente e, por isso, confia em Jesus: “Fazei tudo o que ele disser”. Na cena seguinte, vemos Jesus-esposo dizendo de modo imperativo aos que serviam: “Enchei os potes de água”, e depois: “Tirai e levai ao mestre-sala”. Este provou sem saber de onde viera o melhor vinho. Porém, “os que serviam estavam sabendo”. O vinho em abundância simboliza o dom do amor de Deus para a humanidade. É a volta da plena alegria oferecida por Deus, que celebra com seu povo a aliança definitiva.
João faz questão de dizer que “esse foi o princípio dos sinais… e os discípulos acreditaram nele”. Até a “hora de Jesus” – o momento de sua morte e glorificação –, vários outros sinais serão por ele realizados. O tema da aliança contemplado no primeiro sinal serve como chave de interpretação para todos os demais. No final do evangelho, João vai dizer: “Esses sinais foram escritos para que vocês acreditem que Jesus é o Messias, o Filho de Deus. E para que, acreditando, vocês tenham a vida em seu nome” (20,31). Nesse mesmo evangelho, Jesus declarou: “Eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância” (10,10).
A mãe de Jesus, que aparece nas bodas de Caná como representante do novo povo de Deus, indica como podemos ser fiéis à aliança com Deus: permanecendo atentos às necessidades do povo, contando com a graça de Jesus presente no meio de nós e pondo-nos a serviço do seu projeto de vida em abundância para todos.

3. II leitura (Ap 12,1.5.13a.15-16a): A mulher geradora de vida nova

O capítulo 12 do Apocalipse apresenta a situação de sofrimento pela qual passam as comunidades cristãs no final do século I, sob a opressão do imperador Domiciano. A mulher e o dragão representam dois projetos antagônicos: o de Jesus com as comunidades cristãs e o do império romano. Percebe-se aqui uma evocação do texto de Gênesis: “Porei hostilidade entre ti e a mulher, entre tua descendência e a descendência dela. Ela te esmagará a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar” (3,15).
A mulher é descrita como “um grandioso sinal no céu, vestida com o sol, tendo a lua sob os seus pés e, sobre a cabeça, uma coroa de doze estrelas”. São símbolos com profundo significado. A mulher aparece no céu, irradiando a gloriosa luz divina, revestida de grande poder cósmico. A coroa de doze estrelas tem relação com as tribos de Israel e o novo povo de Deus nascido da fé em Jesus Cristo. A mulher também representa Maria, a mãe de Jesus, o verdadeiro rei de toda a humanidade que subiu ao céu e está junto do trono de Deus.
O dragão é a antiga serpente, isto é, aquele que introduz o mal e a morte no mundo. Persegue a mulher e procura matá-la. O vômito do dragão atrás da mulher, tentando afogá-la, é o império romano, que, com força e poder, faz submergir todo o povo com sua ideologia. Não admite outros projetos. Por isso persegue especialmente os seguidores de Jesus. A terra, porém, engole o vômito do dragão, salvando a mulher. É a própria história que “engole” os impérios. Eles não são eternos; não são absolutos. Dentro de si carregam o germe da própria destruição.
A mulher, portanto, representa os pequeninos e fracos pelos quais Deus se manifesta ao mundo, oferecendo vida e salvação. Maria de Nazaré gerou o Filho de Deus, nosso salvador. As comunidades cristãs, seguidoras de Jesus, têm a missão de gerar vida e dignidade no mundo. Essa missão contrapõe-se aos projetos de morte impostos pelos poderosos. A mulher que, na fé e confiança em Deus, vence o dragão é símbolo de todas as pessoas empenhadas na defesa e promoção da vida contra todo tipo de opressão e exclusão.

III. PISTAS PARA REFLEXÃO

– Maria-mulher-mãe-esposa promotora da vida. Os textos bíblicos que a Igreja apresenta nessa liturgia especial em homenagem a Nossa Senhora Aparecida revelam o protagonismo da mulher na defesa e promoção da vida do povo. Contra toda submissão e passividade diante dos sistemas que oprimem, as mulheres se posicionam, agindo em favor das vítimas do poder e abrindo caminhos de libertação. Elas representam as comunidades cristãs e todas as pessoas de boa vontade que se entregam pela causa da justiça, da fraternidade e da paz no mundo contra toda opressão, mentira, corrupção… É oportuno refletir sobre os projetos antagônicos no Brasil, caracterizando a ação do “dragão” e da “mulher” hoje.
– Deus se revela aos pequeninos e age por meio delesNossa Senhora apareceu em 1717 a humildes pescadores, num tempo de escravidão dos negros. Solidária com os escravos, ela assumiu sua cor, sua dor e sua causa. Mãe de Deus, nossa mãe e companheira de caminhada, Maria continua indicando a missão que devemos assumir para que não venha a faltar o vinho do amor, do pão e da plena alegria para todas as famílias brasileiras: “Fazei tudo o que ele vos disser”. O que esse apelo de Nossa Senhora significa para nossas comunidades eclesiais?
Fonte: Vida Pastoral em 12/10/2014

Reflexão

DIZER NOSSA SENHORA APARECIDA

Dizer Nossa Senhora Aparecida já é uma prece, uma reza que brota do chão da vida. É uma oração de confiança, de consolo, de esperança. Quando a boca diz “Nossa Senhora Aparecida”, o coração do povo é confiança segura: a graça de Deus é a sua maior riqueza. A segurança não está nas posses, no acúmulo de dinheiro, na compra do carro do ano, na mansão de muitos cômodos e, por vezes, vazia de amor. Bem diz a sabedoria popular: “Sou rico das graças de Deus”.
Dizer “Nossa Senhora Aparecida” é sentir na própria vida o consolo da presença de Deus. Trata-se de consolo nascido do encontro íntimo do divino com o humano. Esse encontro não é mera divagação de ideias. É encontro com uma pessoa de verdade, de carne e osso, viva! Em Jesus Deus se inclina, rebaixa-se para ficar perto de nós. Dizer “Nossa Senhora Aparecida” é experimentar a presença de Jesus na realidade do mundo e na história de cada pessoa.
Dizer “Nossa Senhora Aparecida” é afirmar que somos o povo da esperança. Uma esperança capaz de sonhar junto, de caminhar junto e ver o sonho nascer lindamente e transformar-se em realidade. Tão lindo como o sol de um novo dia que desponta ou como a lua em suas fases, sobretudo quando fica cheia e aparece esplendorosa no céu, toda bela e gratuita. A esperança sempre teima e, ainda que haja medo no caminho, ela insiste, por isso vence. O povo cristão nunca perde a esperança.
Dizer “Nossa Senhora Aparecida” é reunir a confiança, o consolo e a esperança numa única palavra: amor. Aquele mesmo amor que move o coração da mãe de Jesus. Amor principalmente pelos que nunca são amados, os mais pobres e marginalizados, que têm no próprio corpo as marcas da crucificação. Dizer “Nossa Senhora Aparecida” é combater todo tipo de ódio. Nada de alimentar rancor, nem daqueles que nos causam algum mal. Dizer “Nossa Senhora Aparecida” é discordar dos que criminalizam os pobres, falam mal da música, da dança, da fala dos humildes. Dizer “Nossa Senhora Aparecida” é gritar contra todo preconceito, seja político, cultural, étnico, sexual. Nenhum preconceito. Nenhum!
Dizer “Nossa Senhora Aparecida” é não achar normal a morte estampada no jornal, humanos jogados nas calçadas, lágrimas de mãe que perdem os filhos para as drogas. Dizer “Nossa Senhora Aparecida” é não fazer dos pobres apenas estatística, número frio, vidas baratas. Dizer “Nossa Senhora Aparecida” é o grito dos sofredores: Somos humanos, dignos, temos sonhos, nossa vida é preciosa como a sua.
Pe. Antonio Iraildo Alves de Brito, ssp
Fonte: Paulus em 12/10/2014

Reflexão

VIVA A MÃE DE DEUS E NOSSA!

Maria, a mãe de Deus, o qual se fez homem em Jesus para nos salvar, é chamada por nós com muito carinho de Nossa Senhora. E ela, de fato é Nossa Senhora, não porque os poderosos deste mundo a fizeram poderosa, mas porque foi escolhida por Deus para uma missão especialíssima, ser a mãe do Salvador. Entretanto, mesmo tendo missão tão importante para realizar, a mãe de Jesus se destacou por duas atitudes importantes para todo ser humano, sobretudo para os cristãos: a humildade o serviço.
O primeiro gesto de humildade e serviço que prestou foi dizer ao mensageiro de Deus: “Eis a serva do Senhor, faça-se em mim como você me disse” (Lc 1,38). Para expressar o grande desejo de Maria de servir e a sua humildade, o evangelista Lucas narra também como, logo depois de receber a notícia do anjo, ela foi servir sua prima Isabel, grávida já havia seis meses. A beleza desse encontro e do serviço prestado por Maria é coroada com o cântico chamado “Magnificat”, no qual a mãe de Jesus louva a Deus que não se esquece dos humilhados e fez grandes maravilhas em sua vida. Nesse mesmo cântico aprendemos que devemos chamá-la “bem-aventurada”, feliz, agraciada.
Nossa Senhora recebeu de Deus graças especiais, mas em sua humildade pôs essas graças a serviço dos irmãos e irmãs. O episódio da festa de casamento em Caná da Galileia (cf. Jo 2,1-12) é exemplo claro do serviço de Maria à Igreja. Ela é aquela que está atenta às necessidades das pessoas e se põe à frente para ajudar, de modo que as pessoas possam receber as graças de Jesus Cristo, seu filho. Quando chamamos por Maria, ela nos leva a Jesus. Ensina-nos a fazer tudo o que ele manda.
Pelo bem que nos fez e nos faz, a mãe de Jesus é honrada no mundo inteiro, recebendo nomes, títulos, coroas. No Brasil, nós a chamamos Nossa Senhora Aparecida, porque, por meio de uma simples imagem de terracota, encontrada por pescadores, ela expressou o cuidado que tem por seus filhos e filhas. A pesca milagrosa foi a primeira de muitas outras graças que o povo brasileiro receberia daquela que se tornou sua protetora, sua padroeira.
Que, olhando para a imagem de Nossa Senhora Aparecida, as lideranças do nosso povo possam aprender as virtudes da humildade e do serviço. Nossos políticos procurem, a exemplo de Maria, dizer sim a tudo que faz bem ao povo; os ministros da Igreja estejam atentos ao bem dos irmãos e irmãs; os pais e mães saibam cuidar dos filhos e filhas de modo que cresçam com saúde e sabedoria.
Santa Maria, mãe de Deus, rogai por nós!
Pe. Claudiano Avelino dos Santos, ssp
Fonte: Paulus em 12/10/2014

Reflexão

O VINHO DA ALEGRIA E DA ESPERANÇA

O casamento é sempre momento de festa e júbilo, símbolo mais expressivo do amor e da comunhão de Deus com a humanidade. Em toda festa não pode faltar a bebida. O vinho é sinal de alegria e de amor. Na Bíblia, o matrimônio simboliza, no Primeiro Testamento, a relação de amor de Deus com a comunidade e, no Segundo Testamento, a união do Mestre com a Igreja.
Conforme o Evangelho de João, a água transformada em vinho é o primeiro sinal que Jesus realiza. Por sua intercessão, Maria move o coração do Filho e contribui para que o sinal aconteça. Em João, Jesus não realiza milagres, mas sinais, que apontam para algo profundo, além do que os olhos podem captar.
Nesse evangelho Jesus revela um Deus amigo. Não um Deus do castigo e do medo ou de uma religião baseada apenas em leis, mas um Deus próximo e misericordioso, que compartilha com seus filhos e filhas as alegrias e preocupações e se compraz com uma religião do cuidado e da festa.
Nossas celebrações talvez necessitem muito ainda do “bom vinho” para tornarem-se mais festivas, alentarem a vida e não se limitarem apenas a um “Senhor, Senhor” sem alma e sem amor. Não há como seguir Jesus sem cuidar da alegria e do amor entre as pessoas. É triste ver uma comunidade cristã sem entusiasmo.
Neste dia especial para o povo brasileiro, que celebra sua padroeira, com Nossa Senhora Aparecida queremos olhar nosso imenso Brasil e ver onde ainda falta o bom vinho da alegria e da esperança. Ela nos faça perceber também quem são os adversários do povo: os que não desejam que ele viva em festa e otimismo, não permitem que cresça e conquiste dignidade e lhe roubam o direito ao bem-estar e à felicidade Sim, de fato há muitos que desejam manter o povo sem o “bom vinho” que dá alegria e esperança e faz vislumbrar um horizonte de otimismo.
Pe. Nilo Luza, ssp
Fonte: Paulus em 12/10/2014

Reflexão

Pistas para a reflexão:

I leitura: Ester é mulher sensível aos problemas do povo.
II leitura: Maria é fonte de inspiração para vencer o mal e gerar o projeto de Jesus.
Evangelho: Maria nos ensina a ouvir e fazer o que Jesus pede.
Fonte: Paulus em 12/10/2014

Reflexão

As bodas de Caná representam o primeiro dos sete sinais no Evangelho de João. O autor não fala em milagres, mas em sinais, pois não quer exaltar o fato em si, mas o que está por trás dele: revelar a glória de Jesus para que os discípulos acreditem nele. Ele e seus discípulos foram convidados para um casamento, a mãe de Jesus também estava presente. Ao longo da festa, o vinho veio a faltar. A mãe de Jesus intercede ao Filho em favor dos noivos e dos convidados. Festa sem vinho (bebida) é festa incompleta, sem alegria. Jesus é apresentado como o noivo da comunidade. A mãe tem importante papel na família, na comunidade, em todos os lugares. Ela é perspicaz e sensível diante das necessidades. Aqui ela desempenha a função de convidar para fazer o que o Mestre pedir. Nós, católicos brasileiros, temos uma devoção e um carinho todo especial para com Maria, mãe de Jesus e nossa. Entre muitos outros títulos, no Brasil é conhecida como Nossa Senhora Aparecida. Ela olha com muito amor o povo brasileiro e intercede a Jesus para que nunca falte o vinho da alegria e da dignidade para seus filhos e filhas.
Oração
Ó Jesus, zeloso pastor das multidões sedentas de pão material e pão espiritual, graças te damos pela Virgem Maria, venerada pelo povo brasileiro como Nossa Senhora Aparecida. Aos habitantes do nosso país, concede, Senhor, tua confortadora presença e a constante proteção de tua e nossa querida mãe. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2020 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp (dias de semana) Pe. Nilo Luza, ssp (domingos e solenidades))

Recadinho

Você pode dizer que Maria “guia seus passos?” Como? - Que lugar ocupa a devoção a Maria em sua vida? - Que tipo de devoção a Maria mais lhe agrada? - Você sabe transformar a ‘água da vida’ em ‘vinho novo’? - Você sabe ter sempre uma boa palavra e dar um bom testemunho de vida sempre?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Fonte: a12 - Santuário em 12/10/2014

Meditando o evangelho

ANTECIPANDO A HORA DE JESUS

Embora o milagre em Caná focalize a pessoa de Jesus, a de Maria tem também sua relevância. À primeira vista, sua presença, nas bodas, tem apenas a função de explicar porque Jesus e seus discípulos estavam ali presentes, como se o convite tivesse sido feito à família de Maria. Uma leitura mais atenta, porém, revela a importância de sua atuação, no desenrolar do milagre.
Maria é quem percebe a situação constrangedora dos noivos, diante da iminência de faltar vinho. Jesus é informado por meio dela, pedindo discretamente que intervenha. A resposta de Jesus parece ser negativa, uma vez que lhe assegura não ter chegado ainda a "hora" de se manifestar, publicamente, como Messias. Sem abrir mão de seu intento, ela orienta os empregados a seguirem as instruções de Jesus. Eles obedecem com inteira convicção. E o milagre aconteceu. Maria fez Jesus antecipar sua "hora"!
A piedade popular soube captar muito bem esta virtude de Maria. Por este motivo, a tem como intercessora por saber ser ela um caminho seguro para chegar até o Filho Jesus.
Sem dúvida, o momento mais importante da intervenção de Maria, no contexto do milagre, foi quando orientou os garçons para que seguissem à risca as ordens de Jesus. Resume-se, aqui, o ideal de sua vida: ver todas as pessoas aderindo, pela fé, a seu Filho.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Espírito Santo, revela-me a identidade profunda da Mãe do Salvador, que reconhecemos como intercessora e caminho seguro para chegar a Jesus.

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. Aparecida e o Vinho Novo
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Pertencemos a uma sociedade sacudida pela violência, diante da qual nos sentimos impotentes, onde predomina o sentimento de insegurança e medo, a chacina de jovens e adolescentes vai ganhando proporções alarmantes e assustadoras, há, por outro lado, uma falta de perspectiva por parte dos jovens, os escândalos de ordem moral, em instituições consideradas inabaláveis, são denunciados a cada dia pela grande mídia. Dizem que o Brasil, não tem mesmo jeito, porque a nossa origem lá na época do descobrimento, já estava podre e corrompida, e quem veio para cá era gente sem moral, sem escrúpulo e sem nenhum compromisso com a ética e a moral.
Na família, há centenas de casamentos de curta duração, uniões ilegítimas aumentam, o estado quer reconhecer como legítima, uma horrível caricatura da Instituição Familiar, desmantelam e desmoronam valores sagrados na ética e na moral cristã, se de um lado a humanidade avança em velocidade espantosa no mundo científico, tecnológico, nas comunicações e informática, por outro, as pessoas vão sendo acometidas de inúmeras enfermidades orgânicas e psicossomáticas, as coisas boas e os acontecimentos alegres duram pouco, e não conseguem nos livrar do peso das forças do mal, que vão nos levando para o caos em meio a desordem estabelecida.
Nem o fenômeno religioso consegue reverter esse quadro, os templos suntuosos cada vez mais lotados, tomados por uma multidão de coração vazio, que busca muitas vezes na espiritualidade algo que ela não pode dar: a solução de tantos problemas originados pelo pecado, como o egoísmo, a luxúria, a proliferação de falsas divindades que prometem vida, felicidade e liberdade, e que arrebanham a cada dia novos adeptos, arrastados impiedosamente para a desgraça e a morte, entre eles a Droga e a Prostituição, uns dizem que já chegamos ao fundo do poço, outros mais pessimistas, acham que o pior ainda não aconteceu. O fato é que certa tristeza tem invadido o coração do homem deste terceiro milênio.
Em uma sociedade assim, inquieta, insegura e temerosa, traumatizada por tanta dor e sofrimento, marcada pela injustiça e desigualdade, a V Conferência Geral do Episcopado Latino Americano e do Caribe, realizada de 13 a 31 de maio de 2007 em Aparecida, resgata o nosso papel de Discípulos e Missionários de Jesus Cristo, fazendo um forte apelo para que proclamemos aos homens a Verdade de Deus, revelada em Jesus Cristo, porém, o que leva alguém a ser cristão não é uma decisão ética ou uma grande idéia, , mas sim um encontro com um acontecimento, com uma pessoa: Jesus Cristo, que dá um novo horizonte à vida, e com isso uma orientação decisiva de se viver bem, vivendo em Deus. Foi essa a experiência dos primeiros discípulos, que os evangelhos nos apresentam, um encontro de fé com a pessoa de Jesus.
Neste dia de Nossa Senhora Aparecida – Padroeira do Brasil, o evangelho das Bodas de Caná é um convite a irmos ao encontro do único e verdadeiro amor de nossas vidas, Maria aparece como a intercessora e mediadora, aquela que sabendo olhar a necessidade dos irmãos, vai dizer ao Filho que está faltando algo essencial para uma festa.
A devoção popular é citada pelo documento de Aparecida, que tornou-se uma importante referência nas reflexões da Igreja, como um dos muitos elementos que propiciam esse encontro pessoal com Jesus Cristo e nesse sentido, considerando-se toda a história de Aparecida, desde o século XVIII, podemos afirmar sem medo, que Maria nunca deixou faltar no coração dos cristãos da América Latina, esse vinho novo da graça de Deus.
O Deus dos cristãos continua obstinado em seu amor pelos homens. Com a mediação de Maria, Jesus oferece em nossos conturbados tempos, o Vinho novo, de incomparável sabor, que não caiu do céu, mas surgiu a partir da água da purificação, Jesus transforma a antiga forma de se relacionar com Deus, no Judaísmo, em uma relação nova, onde basta ao homem crer e abrir o seu coração para esta graça que une para sempre Deus e o homem, solidificando a comunhão um dia rompida, e pela qual Jesus pagou com a vida ao morrer na cruz., descendo com o homem ao fundo do poço para de lá resgatá-lo e libertá-lo, vitorioso e ressuscitado, arrancando-o da vida sem graça, dominada pela morte do pecado, e devolvendo-o ao paraíso, na condição de Filhos e Filhas de Deus.
Esse processo de ressurreição é dinâmico e acontece todo dia, hora e momento, o Cordeiro Santo, Perfeito e Imaculado, se casa com a sua Igreja, tornando-a sem ruga e sem mancha, de modo que nem os pecados da Igreja conseguem abalar esta íntima comunhão. Esse casamento de Deus com o homem, na encarnação de Jesus, deverá ter um final feliz, porém, como povo da Nova Aliança, não teremos uma segunda chance, quem recusar esse amor e buscar os amores ilusórios e efêmeros, nos amantes e deuses da Modernidade, sentirá um dia na pele e no coração, a dor de ter perdido para sempre o autêntico e verdadeiro amor de sua vida.
Somos essa Igreja, a noiva do Senhor, por quem ele dá a vida, a espera da Lua de Mel, da Vida Eterna, para a qual ele nos conduzirá. Por hora, só é preciso uma coisa: FAZER TUDO O QUE ELE NOS DISSER, como nos pede Maria, Mãe de Jesus, a primeira a experimentar a delícia desse amor Divino.
Essa noiva das Bodas de Caná tem um rosto e um nome, é você, sou eu, são todos os que buscam a Deus em Jesus Cristo, é também o rosto de cada homem, desfigurado pela tristeza do pecado, a espera desse vinho da eterna alegria...

2. Fazei tudo o que ele vos disser! - Jo 2,1-11
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)

“Ó Mãe Aparecida, se a senhora resolveu o problema da falta de bebida numa festa, será que não quer resolver os meus problemas também, que são muito mais complicados, são problemas de um brasileiro!?” Hoje celebramos a padroeira do Brasil. Há quem queira que ela seja declarada padroeira só dos católicos. Se fizerem isso, é certo que ela não obedecerá, porque ela obedece à Palavra do Pai. Ela continuará cuidando de todos, sem distinção de raça e religião. A falta de vinho não era tão sem importância para os noivos e sua família, que podiam estar muito constrangidos. Que Nossa Senhora olhe por todos os constrangidos!

Homilia da Solenidade de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, por Pe. Paulo Ricardo


Maria, medianeira de todas as graças

Neste Domingo, celebra-se, no Brasil, a Solenidade de Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Todas as leituras apresentam o mistério da intercessão de Maria Santíssima, culminando com o Evangelho, que narra o milagre das bodas de Caná.
No começo desta reflexão, é importante destacar que, quando se fala da mediação de Nossa Senhora, não se fala da mesma coisa que fazem os santos, quando intercedem. A intervenção de Maria possui uma peculiaridade, que está ligada ao seu papel único na obra da salvação. Desde o início, a Igreja tem consciência de que, embora seja um só o redentor do gênero humano, Jesus Cristo, essa redenção se operou com a colaboração direta da Virgem Santíssima. É por isso que, assim como São Paulo chama Jesus de “novo Adão” [1], a Igreja – por meio de padres como São Justino, Santo Inácio, Santo Irineu, Tertuliano etc. – nunca hesitou chamar Maria de “nova Eva”, pois, assim como um anjo visitou uma virgem, no Gênesis, para perder a humanidade, outro anjo visitou outra virgem, na plenitude dos tempos, para salvá-la.
Por isso, pode-se chamar Maria de “corredentora”. Assim como um fruto, ao mesmo tempo que vem de Deus, vem da árvore de que foi colhida, a redenção dos homens foi feita por Nosso Senhor, mas também por intervenção de Maria, que gerou a humanidade de Cristo.
É possível considerar a redenção sob dois aspectos: objetiva e subjetivamente. Objetivamente, Cristo morreu e derramou o Seu sangue por todos os homens, para que todos fossem salvos. Subjetivamente, como “o cálice da salvação humana (...), se não for bebido, não cura” [2], nem todos os homens de fato se salvam, não por um defeito do resgate operado por Jesus, mas pelo mau uso da liberdade humana. Na redenção objetivamente considerada, Maria Santíssima age como “corredentora”, pois, estando aos pés da Cruz, entrega o seu Filho pela salvação humana; e, subjetivamente falando, age como “medianeira de todas as graças”, já que, assim como gerou Cristo uma vez em seu ventre, é ela quem O gera para sempre nas almas. Como medianeira, a sua missão é justamente gerar os membros do Corpo Místico de Cristo. Na Cruz, Nosso Senhor entrega todos os cristãos à sua custódia, quando diz a São João: “Eis a tua mãe” [3].
Assim, absolutamente todas as graças que vêm aos homens passam pelas mãos de Maria. Foi o que Nossa Senhora das Graças revelou a Santa Catarina Labouré, em 27 de novembro de 1830, na França, quando, estendendo as suas mãos para baixo, fez sair raios delas, demonstrando a abundância de graças que irradia para todos os homens. Importa sublinhar que Nossa Senhora é medianeira não por necessidade, mas simplesmente por privilégio divino. Deus, onipotente, podia muito bem remir a humanidade de outro modo. No entanto, escolheu precisar do consentimento de uma mulher, a Virgem Maria.
De fato, várias passagens do Velho Testamento – como o trecho do livro de Ester, da primeira leitura, e o Salmo 44 – prefiguram a intermediação de Nossa Senhora na obra da salvação. No Novo Testamento, então, são inúmeros os exemplos de sua ação providencial: na Visitação [4], realiza-se o primeiro milagre da graça, quando, ao ouvir a voz de Maria, São João Batista exulta no seio de Santa Isabel, a ponto de a Tradição da Igreja dizer que, naquele momento, o santo precursor do Messias foi perdoado do pecado original; nas bodas de Caná, lembradas neste Domingo, dá-se o primeiro milagre na ordem da natureza, quando, por intercessão de Maria, Jesus transforma a água em vinho; e, por fim, em Pentecostes, quando as Escrituras dizem que os discípulos “perseveravam na oração em comum, junto com algumas mulheres – entre elas, Maria, mãe de Jesus” [5], a oração da Virgem Santíssima é providencial para a vinda do Espírito Santo sobre a Igreja.
Importa explicar, à luz da passagem do casamento de Caná, que a oração da Virgem não age para “contrariar” a vontade de Cristo. Santo Tomás de Aquino ensina que “não oramos para mudar o que foi disposto pela providência divina, mas para que façamos o que Deus dispôs para ser realizado devido à oração dos santos”; “a nossa oração não objetiva mudar aquilo que foi disposto por Deus, mas conseguir d’Ele, pelas orações, o que Ele dispôs” [6]. A oração de Nossa Senhora, de modo especial, foi escolhida por Deus para mediar todas as Suas graças. E, embora essa verdade ainda não tenha sido definida solenemente pela Igreja, todos os tratados tradicionais de mariologia e os Papas do século XX falam de Maria como “medianeira de todas as graças”. Também respaldam esse título as inúmeras manifestações de piedade e amor à Virgem por parte do povo cristão, em todo o mundo, pelo que se confirma o adágio: “lex orandi, lex credendi – a lei da oração é a lei da fé”.
Ao celebrar a solenidade da Virgem de Aparecida, queremos pedir a sua intercessão por nosso país e colocá-lo debaixo de seu manto, especialmente nestes dias de eleições. Embora a Igreja não se deva meter em política partidária, é importante recordar o discurso do Papa Bento XVI, há quatro anos atrás, no qual ele advertia que, “quando (...) os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação das almas o exigirem, os pastores têm o grave dever de emitir um juízo moral, mesmo em matérias políticas” [7]. Não se pode esquecer que o partido que nos governa tem feito muito, há muito tempo, pela legalização do aborto e pela destruição da família.
Que Nossa Senhora Aparecida, Imperatriz do Brasil, governe o destino de nossa nação!

Referências:
Cf. Rm 5, 17-18.
Sínodo de Quiercy, maio 853: DS 624.
Jo 19, 27.
Cf. Lc 1, 39-56.
At 1, 14.
Suma Teológica, II-II, q. 83, a. 2.
Fonte: Reflexões Franciscanas em 12/10/2014

HOMILIA

Fazei o que Ele vos disser.

Pai,
teu Filho Jesus ofereceu-nos o bom vinho
do teu amor e da tua graça.
Que eu seja saciado por este dom celeste
pelo qual me chega a salvação.

JESUS VAI A UM CASAMENTO

No terceiro dia”: eis que, desde o começo, o Evangelista apresenta uma colocação temporal. Por que terceiro dia? O terceiro dia, na tradição hebraica, era o dia da Aliança, quando Deus manifestou-se no monte Sinai, segundo o livro do Êxodo. Portanto o evangelista coloca este texto, desde o começo, na perspectiva da Aliança, porque, e veremos, vai propor em Jesus a nova Aliança.
Houve uma festa de casamento”. Sabemos que o relacionamento entre Deus e o seu povo era simbolizado como um casamento: Deus o esposo e Israel a esposa. “Em Caná da Galiléia, e a mãe de Jesus estava aí”. Aparece pela primeira vez este personagem que depois repetido por três vezes, porem sempre sem nome. Quando os evangelistas – sem dúvida S. João sabia que o nome da mãe de Jesus era Maria – apresentam a figura de uma pessoa, porem sem o nome dela, significa que são personagens representativos. E veremos qual é o significado deste personagem que é a mãe de Jesus. Enquanto a mãe pertence a este casamento, a esta aliança, Jesus não. Jesus foi convidado: “Jesus também tinha sido convidado para essa festa de casamento, junto com seus discípulos”.
Eis agora o drama: “Faltou vinho”. No rito do casamento, o momento alto era quando os esposos bebiam no mesmo copo de vinho; o vinho é o símbolo do amor. Então, neste casamento, que é símbolo da aliança entre Deus e o seu povo, falta a elemento mais importante: falta o amor. “Faltou vinho e a mãe de Jesus lhe disse: ‘Eles não têm vinho’!“. A mãe não diz, como estamos acostumados a ler nas velhas traduções “Não tem mais vinho”. O vinho nunca esteve. E tampouco diz: “Não temos vinho”, porque o Israel fiel sempre conservou com Deus este relacionamento de amor. Portanto sempre existiu o vinho do amor. A mãe de Jesus se preocupa com a massa do povo “Não têm vinho” e portanto chama a atenção de Jesus sobre a situação do povo.
Jesus respondeu: "Mulher, que existe entre nós? Quer dizer o que importa isso para mim e para você?” É bastante estranho que Jesus fale desta forma chamando-a com o nome de “mulher” que se usava para uma pessoa casada.
No evangelho de João, Jesus dirige sua palavra com este termo “mulher” a três personagens femininos que são as figuras das esposas da aliança. A primeira é esta que estamos comentando, é a mãe, é a esposa fiel do Antigo Testamento do qual provem o Messias o próprio Cristo, o próprio Jesus. A segunda é a samaritana a esposa infiel, a adúltera que o esposo reconquista com a oferta de um amor muito maior. Por fim a terceira será Maria de Mágdala – Madalena - a esposa da nova aliança. Portanto, Jesus se dirige com esta expressão para declarar o papel dela de esposa da aliança. “Minha hora ainda não chegou", a hora da aliança de Jesus será quando derramará o seu sangue na cruz. A nova aliança não será como a antiga, feita de sangue de touros, mas com o próprio sangue de Jesus, quer dizer do próprio filho de Deus. “A mãe de Jesus” – pela terceira vez aparece este termo – o numero três na simbologia hebraica significa o que é completo, o que está cheio – “disse aos que estavam servindo”: e aqui o evangelista usa o termo “diáconos” que significa não aqueles que devem servir, mas aqueles que servem livremente por amor e se colocam voluntariamente a serviço dos outros. "Façam o que ele mandar." As palavras da mãe de Jesus, a sua ordem, repetem aquilo que o povo disse a Moisés depois da aliança” Tudo o que o Senhor mandar fazer nós o faremos”.
“Havia aí seis potes de pedra”, o numero sete indica a totalidade, o numero seis indica a imperfeição. Portanto, há algo de imperfeito. Estes potes pois, são de pedra e não de barro, portanto pesados, imóveis. Para que deviam servir estes potes? “Para os ritos de purificação dos judeus”. No texto original não existe a palavra ‘rito’. Fala-se simplesmente de “purificação dos judeus”. Eis aqui, no centro do episódio, o evangelista aponta o motivo pelo qual falta o amor. Porque falta o amor? Porque um relacionamento com Deus alicerçado só sobre a observância da lei fazia sentir o povo sempre indigno, sempre culpado... E sabemos quando nos sentimos sempre culpados, não podemos experimentar o amor de Deus. Eis o problema que existe neste casamento onde falta o vinho, falta o amor: é a purificação quer dizer uma religião, uma lei que fazia sempre sentir as pessoa indignas e sempre culpadas. Alem do mais, o evangelista afirma que deviam conter seiscentos litros ou mais e portanto sempre esta capa pesada da purificação.
E agora a intervenção de Jesus: “Encham de água esses potes”. Os potes não vão conter nunca a água da purificação. Será o próprio Jesus que irá fornecer a verdadeira água da purificação. "Agora tirem e levem ao mestre-sala". Aparece pela primeira vez um personagem importante que é o mestre-sala. Nestes almoços que podiam ter a duração de uns dias, havia um encarregado que devia vigiar o desenrolar da festa e , sobretudo devia ficar atento às provisões. No entanto este personagem importante não percebe que está faltando vinho.
Os chefes não se dão conta da situação do povo, que está sem amor. Para eles não interessa. No entanto Jesus diz: ”Agora tirem e levem ao mestre-sala". E eles levaram. “Este provou a água transformada em vinho”; os odres não conterão nunca vinho, símbolo do Espírito que Jesus vai efundir, mas a água se torna vinho quando é haurida dos potes. De fato o texto diz: “Os que serviam estavam sabendo, pois foram eles que tiraram a água”, portanto nos odres tem água, mas quando sai se transforma em vinho, porque o vinho é o dom de Jesus. É a nova aliança alicerçada sobre o amor.
Este provou a água transformada em vinho, sem saber de onde vinha e exclama: “Todos servem primeiro o vinho bom e, quando os convidados estão bêbados, servem o pior. Você, porém, guardou o vinho bom até agora."
Senhor Jesus, que Maria me conduza sempre a ti e me leve a descobrir em ti o caminho da salvação que o Pai nos ofereceu.
Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla
Fonte: Liturgia da Palavra em 12/10/2014

HOMILIA DIÁRIA

Que Nossa Senhora da Conceição Aparecida abençoe a nossa pátria

Que Nossa Senhora da Conceição Aparecida abençoe nossos jovens, nossas famílias, nossas crianças e nossa pátria neste momento tão difícil e importante!

“Sua mãe disse aos que estavam servindo: ‘Fazei o que ele vos disser!’” (João 2,5).

Amado irmão e irmã em Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, o domingo hoje amanhece para nós no esplendor e na graça de celebrarmos Nossa Senhora da Conceição Aparecida, a Padroeira de toda a nação brasileira, Mãe de todos os brasileiros.
Se há uma coisa que nos faz nos orgulhar de sermos filhos desta pátria é pela Mãe que temos! Maria que assume o rosto, que assume a face da Senhora Aparecida, é a Mãe de todos nós. Aquela história maravilhosa dos pescadores que encontraram a imagem da Virgem Maria – primeiro o corpo, depois a cabeça e por fim a graça daquela pesca abundante, o que nos remete justamente ao Evangelho de hoje, no qual narra que faltou o vinho no casamento. Eles encontraram primeiro Maria, o coração, a cabeça e a compreensão da Mãe, que viu que não havia mais vinho. Uma vez que numa festa de sete dias o vinho já havia acabado, esta corria o risco também de acabar. Que tragédia e que dor se isso acontecesse!
Maria Santíssima é aquela que intercede, é aquela que faz a ponte junto ao seu Filho Jesus, ela mesma disse: “Eles não têm mais vinho”. Quando Jesus diz a ela: “A minha hora ainda não chegou” é porque ainda não era o momento [de cumprir Sua missão], mas Ele entende o pedido e a intercessão da Mãe. Maria diz aos serventes: “Fazei tudo o que ele vos disser”.
A Mãe olha para todos nós hoje, seus filhos e filhas, filhos de Deus, para todos nós discípulos de Jesus e nos diz: “Faça tudo o que Jesus disser”. O grande milagre da vida é isso, o grande ensinamento de Maria, da Mãe de Deus, para nós é fazer tudo o que Jesus nos disser e estarmos atentos à hora da graça, ao Kairós de Deus em nossa vida.
Eles [os serventes] encheram as talhas como Jesus havia mandado, e sabemos que a graça transbordou e a água foi transformada em vinho.
Maria, a Mãe de Deus, nossa intercessora, a medianeira de todas as graças, quer hoje nos ensinar a ouvirmos a voz do seu Filho, a sermos dóceis e obedientes a Ele. Nossa Senhora intercede por nós, ela pede pelas nossas necessidades, é como a rainha Ester, medianeira do seu povo – como ela tem sido a medianeira de todo o povo brasileiro.
Que a Mãe de Deus, Nossa Senhora da Conceição Aparecida, abençoe a nossa pátria, abençoe nossos jovens, abençoe nossas famílias, abençoe nossas crianças e abençoe o Brasil neste momento tão difícil e importante que ele vive. E nos aponte o caminho para que o Brasil seja cada vez mais uma terra abençoada e próspera, e seja sempre a terra de Santa Cruz.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Fonte: Canção Nova em 12/10/2014

Oração Final
Pai Santo, faze-nos sábios para discernir os valores. Que privilegiemos os que são permanentes e pertencem ao teu Reino, e os usemos, com os bens que passam, para ajudar os companheiros desta vida a encontrar o Caminho, a Verdade e a Vida – o Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão, que contigo reina na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 12/10/2014

ORAÇÃO FINAL
Pai tão amado, a contemplação da vida simples e virtuosa de Maria nos causa encantamento. Que as atitudes dela, mais do que esse deslumbramento, nos ajudem e deem coragem para segui-la pelos Caminhos da Vida, fazendo a nossa opção radical pela solidariedade aos irmãos pobres, excluídos, doentes, angustiados e tantas outras faces que são, hoje, as manifestações do Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão, que contigo vive e reina na unidade do Espírito Santo.

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