SEXTA-FEIRA, 8 DE MAIO DE 2020, 7H48
Na Missa desta sexta-feira, 8, Francisco recordou o Dia Mundial da Cruz Vermelha e ressaltou que o Senhor consola sempre na proximidade, na verdade e na esperança
Da redação, com Vatican News
Papa Francisco durante missa na Capela da Casa Santa Marta
Foto: Vatican Media
O Papa Francisco presidiu a Missa na Casa Santa Marta, no Vaticano, na manhã desta sexta-feira, 8, da IV Semana da Páscoa e no dia da Súplica a Nossa Senhora de Pompeia. Na introdução, recordou o Dia Mundial da Cruz Vermelha: “Hoje, celebra-se o Dia Mundial da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho. Rezemos pelas pessoas que trabalham nestas beneméritas instituições: que o Senhor abençoe o trabalho delas, que fazem tanto bem”.
Na homilia, o Papa comentou o Evangelho do dia (Jo 14, 1-6) em que Jesus diz aos seus discípulos: “Não se perturbe o vosso coração. Tendes fé em Deus, tende fé em mim também. Na casa de meu Pai há muitas moradas (…) Quando eu tiver ido preparar-vos um lugar, voltarei e vos levarei comigo, a fim de que, onde eu estiver, estejais também vós”.
Este diálogo de Jesus com os discípulos – recordou Francisco – se realiza durante a Última Ceia: “Jesus está triste e todos estão tristes: Jesus disse que seria traído por um deles”, mas, ao mesmo tempo, começa a consolar os seus: “O Senhor consola os seus discípulos e aqui vemos como é o modo de consolar de Jesus. Nós temos muitos modos de consolar, dos mais autênticos, dos mais próximos aos mais formais, como aqueles telegramas de pêsames: ‘Profundamente consternado por…’ Não consola ninguém, é uma finta, é a consolação de formalidade. Mas como o Senhor consola? É importante saber isso, porque também nós, quando em nossa vida devemos passar momentos de tristeza” – ressaltou o Santo Padre –, devemos aprender a “perceber qual é a verdadeira consolação do Senhor”.
“Nesta passagem do Evangelho – observou – vemos que o Senhor consola sempre na proximidade, com a verdade e na esperança”. São os traços da consolação do Senhor. “Na proximidade, jamais distantes”. O Papa recordou “aquela bela palavra do Senhor: “Estou aqui, convosco”. “Muitas vezes” está presente no silêncio, “mas sabemos que Ele está presente. Ele está presente sempre. Aquela proximidade que é o estilo de Deus, também na Encarnação, fazer-se próximo de nós. O Senhor consola na proximidade. E não usa palavras vazias, aliás: prefere o silêncio. A força da proximidade, da presença. E fala pouco. Mas está próximo”.
Um segundo traço “do modo de consolar de Jesus é a verdade: Jesus é verdadeiro. Não diz coisas formais que são mentiras: ‘Não, fique tranquilo, tudo passará, nada acontecerá, passará, as coisas passam…’. Não. Diz a verdade. Não esconde a verdade. Porque Ele mesmo nessa passagem diz: ‘Eu sou a verdade’. E a verdade é: ‘Eu vou embora’, isto é, ‘Eu morrerei’. Estamos diante da morte. É a verdade. E diz isso simplesmente e também o diz com mansidão, sem ferir: estamos diante da morte. Não esconde a verdade”.
O terceiro traço da consolação de Jesus é a esperança. Diz: “Sim, é um momento difícil. Mas não se perturbe o vosso coração: Tende fé em mim também”, porque “na casa de meu Pai há muitas moradas. Vou preparar um lugar para vós”. Ele por primeiro vai abrir as portas daquela morada para onde nos quer levar: “Voltarei novamente e vos levarei comigo, a fim de que, onde eu estiver, estejais também vós”. “O Senhor volta toda vez que alguém de nós está em caminho para ir embora deste mundo. ‘Voltarei e vos levarei’: a esperança. Ele virá e nos tomará pela mão e nos levará. Não diz: ‘Não, vós não sofrereis, não há nada’. Não. Diz a verdade: ‘Estou próximo de vós, está é a verdade: é um momento difícil, de perigo, de morte. Mas não se perturbe o vosso coração, permanecei naquela paz, aquela paz subjacente a toda consolação, porque eu virei e pela mão vos levarei para onde eu estarei’.”
“Não é fácil – afirmou o Papa – deixar-se consolar pelo Senhor. Muitas vezes, nos momentos difíceis, nós nos enraivecemos com o Senhor e não deixamos que Ele venha e nos fale assim, com esta doçura, com esta proximidade, com esta mansidão, com esta verdade e com esta esperança. Peçamos a graça – foi a oração conclusiva de Francisco – de aprender a deixar-nos consolar pelo Senhor. A consolação do Senhor é verdadeira, não engana. Não é anestesia, não. Mas é próxima, é verdadeira e nos abre as portas da esperança.”
Íntegra da homilia
Este diálogo de Jesus com os discípulos se dá à mesa, ainda, na ceia (conf. Jo 14,1-6). Jesus está triste e todos estão tristes: Jesus disse que seria traído por um deles (conf. Jo 13,21) e todos percebem que algo de ruim aconteceria. Jesus começa a consolar os seus: porque um dos ofícios, “dos trabalhos” do Senhor é consolar. O Senhor consola os seus discípulos e aqui vemos como é o modo de consolar de Jesus. Nós temos muitos modos de consolar, dos mais autênticos, dos mais próximos aos mais formais, como aqueles telegramas de pesar: “Profundamente contristado por…” Não consola ninguém, é uma finta, é a consolação de formalidade. Mas como o Senhor consola? É importante saber isso, porque também nós, quando em nossa vida devemos passar momentos de tristeza, aprendemos a perceber qual é a verdadeira consolação do Senhor.
E nessa passagem do Evangelho vemos que o Senhor consola sempre na proximidade, com a verdade e na esperança. São os três traços da consolação do Senhor. Com proximidade, jamais distante: estou eu. Aquela palavra: “Estou eu, aqui, convosco”. E muitas vezes em silêncio. Mas sabemos que Ele está presente. Ele sempre está presente. Aquela proximidade que é o estilo de Deus, também na Encarnação, fazer-se próximo de nós. O Senhor consola na proximidade. E não usa palavras, aliás: prefere o silêncio. A força da proximidade, da presença. E fala pouco. Mas é próximo.
Um segundo traço da proximidade de Jesus, do modo de consolar de Jesus, é a verdade: Jesus é verdadeiro. Não diz coisas formais que são mentiras: “Não, fique tranquilo, tudo passará, nada acontecerá, passará, as coisas passam…” Não. Diz a verdade. Não esconde a verdade. Porque Ele mesmo nesta passagem diz: “Eu sou a verdade” (conf. Jo 14,6). E a verdade é: “Eu vou embora”, isto é: “Eu morrerei” (conf. vers. 2-3). Estamos diante da morte. É a verdade. E diz isso simplesmente e também o diz com mansidão, sem ferir: estamos diante da morte. Não esconde a verdade.
E este é o terceiro traço: Jesus consola na esperança. Sim, é um momento difícil. Mas “Não se perturbe o vosso coração (…) Tende fé em mim também” (vers. 1). Digo-vos uma coisa, assim diz Jesus – “Na casa de meu Pai há muitas moradas. (…) Vou preparar um lugar para vós” (vers. 2). Ele por primeiro vai abrir as portas, as portas daquele lugar através do qual todos passaremos, assim espero: “Voltarei novamente e vos levarei comigo, a fim de que, onde eu estiver, estejais também vós” (vers. 3). O Senhor volta toda vez que alguém de nós está em caminho para ir embora deste mundo. “Voltarei e vos levarei”: a esperança. Ele virá e nos tomará pela mão e nos levará. Não diz: “Não, vós não sofrereis, não é nada…” Não. Diz a verdade: “Estou próximo de vós, está é a verdade: é um momento difícil, de perigo, de morte. Mas não se perturbe o vosso coração, permanecei naquela paz, aquela paz subjacente a toda consolação, porque eu virei e pela mão vos levarei para onde eu estarei’.”
Não é fácil deixar-se consolar pelo Senhor. Muitas vezes, nos momentos difíceis, nós nos enraivecemos com o Senhor e não deixamos que Ele venha e nos fale assim, com esta doçura, com esta proximidade, com esta mansidão, com esta verdade e com esta esperança.
Peçamos a graça de aprender a deixar-nos consolar pelo Senhor. A consolação do Senhor é verdadeira, não engana. Não é anestesia, não. Mas é próxima, é verdadeira e nos abre as portas da esperança.
Comunhão espiritual e adoração
O Papa convidou a fazer a Comunhão espiritual com a seguinte oração: “Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento do Altar. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós!”.
Francisco terminou a celebração com adoração e a bênção eucarística. Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo, foi entoada a antífona mariana “Regina caeli”, cantada no tempo pascal: “Rainha dos céus, alegrai-vos. Aleluia! Porque Aquele que merecestes trazer em vosso seio. Aleluia! Ressuscitou como disse. Aleluia! Rogai por nós a Deus. Aleluia! D./ Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria. Aleluia! C./ Porque o Senhor ressuscitou, verdadeiramente. Aleluia!”.
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