ANO C
SOLENIDADE DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, REI DO UNIVERSO
Ano C - Branco
“Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu reinado!” Lc 23,35-43
ABERTURA DA CAMPANHA NACIONAL PARA A EVANGELIZAÇÃO
DIA DO LEIGO
Ambientação
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Na conclusão do ano litúrgico recordamos a centralidade de Cristo na história da Salvação e O proclamamos Senhor do Universo. Ele nos convida a tomar lugar em seu reino de justiça e paz experimentando, agora, o início de Seu reinado. Esta é a missão da Igreja, vivenciada por todos os seus membros, de modo muito particular pelos leigos, chamados a testemunhar tal realidade nos mais diversos ambientes da sociedade.
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, hoje celebramos o último Domingo do litúrgico. Ao longo de todo o ano liturgico, inicado no primeiro domingo do Advento passado, contemplamos o Cristo que se fez homem por nós, por nós anunciou e tornou presente o Reino do Pai e, para nos dar esse Reino de modo definitivo, por nós entregou-se na cruz, morreu e ressuscitou, dando- nos de modo definitivo o seu Espírito Santo. Hoje, depois de termos contemplado todo este mistério, chegamos ao fim e proclamamos o Senhor Jesus como Rei do Universo. No Brasil, iniciamos a Campanha para a Evangelização e acolhemos, de modo particular, os leigos e leigas que, assumindo seu Batismo, colaboram por vocação com a missão da Igreja.
INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Cristo é chamado a dirigir o povo de Deus, a ser seu condutor; sua realeza é de origem divina e tem o primado sobre tudo, porque nele o Pai pôs a plenitude de todas as coisas. No entanto, o evangelho de Lucas apresenta a realeza de Jesus narrando a paródia da sua investidura como Rei dos Judeus na cruz, que lembra a outra paródia que se deu no pretório de Pilatos e narrada pelos outros evangelistas. A investidura real de Jesus se desenrola em torno da cruz, trono improvisado do novo Messias. Para tornar mais evidente essa aproximação, Lucas recorda a inscrição que encabeça a cruz, mas sem dizer que se trata de um motivo de condenação. Assim, a inscrição tem o lugar da palavra de investidura, como a do Pai que investe seu filho no batismo. Além disso, Lucas introduz aqui um episódio que se refere a outro lugar e lhe acrescenta uma frase com a qual a multidão espera que Jesus se manifeste como rei; mas ele não quer que sua realeza lhe advenha da fuga à sua sorte, e sim de sua fidelidade à ela!
FORMAÇÃO LITÚRGICA
“Creia que o melhor de Deus na sua vida ainda está por vir!”
Na Solenidade de Cristo Rei, em todas as Paróquias e outras igrejas e oratórios, diante do Santíssimo Sacramento exposto, convém renovar a Consagração do gênero humano a Jesus Cristo Rei do Universo prevista para este dia (Indulgência Plenária, cf. Enchir. lndulg. n. 27). Para receber Indulgências sempre é necessário a confissão, a comunhão e as orações nas intenções do Papa (Creio, Pai Nosso e uma Invocação à Virgem Maria).
CONSAGRAÇÃO DO GÊNERO HUMANO A JESUS CRISTO REI
Dulcíssimo Jesus, Redentor do gênero humano, lançai sobre nós que humildemente estamos prostrados diante do vosso altar, os vossos olhares. Nós somos e queremos ser vossos; e, a fim de podermos viver mais intimamente unidos a Vós, cada um de nós se consagra espontaneamente, neste dia, ao vosso Sacratíssimo Coração.
Muitos há que nunca Vos conheceram; muitos, desprezando os vossos mandamentos, Vos renegaram. Benigníssimo Jesus, tende piedade de uns e de outros e trazei-os ao vosso Sagrado Coração.
Senhor, sede Rei não somente dos fiéis que nunca de Vós se afastaram, mas também dos filhos pródigos que Vos abandonaram: fazei que estes retornem quanto antes à casa paterna para não perecerem de miséria e de fome. Sede Rei dos que vivem iludidos no erro ou separados de Vós pela discórdia; trazei-os ao porto da verdade e à unidade da Fé, a fim de que em breve haja um só rebanho e um só pastor.
Senhor, conservai incólume a vossa Igreja e dai-lhe uma liberdade segura e sem amarras; concedei ordem e paz a todos os povos; fazei que de um pólo a outro do mundo ressoe uma só voz: Louvado seja o Coração divino, que nos trouxe salvação; honra e glória a Ele por todos os séculos. Amém.
DISCÍPULOS DE CRISTO REI
O título de “Cristo Rei”, celebrado neste último Domingo do ano litúrgico, nos lembra muitas coisas. No Evangelho, Jesus foi chamado “rei dos judeus”, mas não aceitou ser rei à maneira dos outros reis. Diante de Pilatos, afirmou que é rei, mas que seu reino não é deste mundo.
Jesus mesmo falou numerosas vezes que veio ao mundo para anunciar o reino de Deus aos homens e convidar todos a tomarem parte nesse reino, maior bem que o homem pode desejar. Comparou o reino de Deus com muitas coisas: com a semente lançada em vários tipos de terreno e que produz frutos na proporção da qualidade do terreno; ou com uma rede lançada ao mar, que recolhe toda sorte de peixes; ou com um banquete ao qual todos são convidados, mas nem todos aceitam o convite...
O título de Cristo Rei lembra que Jesus Cristo está no começo, no meio e no final da história do mundo e de nossa salvação; que Ele é o Salvador de todos, o Mediador entre os homens e Deus, o Juiz a quem todos devem prestar contas da própria vida, Aquele que, finalmente, abre as portas do paraíso e da vida eterna a quem nele crê.
Mas a festa de hoje também lembra que somos todos discípulos do reino de Cristo e de Deus e, portanto, somos seus missionários e colaboradores para que o reino de Deus seja conhecido, anunciado e acolhido por todos. O reino de Deus é o maior bem para os homens e para o mundo. Quando ele é aceito, os homens vivem em paz, respeito, justiça e caridade neste mundo. Desaparecem os males que oprimem as pessoas e tiram a beleza e a vida do mundo e da convivência humana. Os males não pertencem ao reino de Cristo.
De fato, no mundo há muitos sinais de que um outro reino, que não é o de Cristo, também quer imperar. Jesus passou a vida fazendo o bem e lutando contra os males que oprimiam as pessoas. Em uma palavra, lutou para que fosse vencido o reino do Maligno e para que triunfasse o reino de Deus. Sua própria ressurreição é sinal de que o reino da maldade não terá a última palavra, mas sim, o reino de Deus.
Como discípulos de Cristo e cidadãos do seu reino, somos chamados hoje mais uma vez a nos empenhar na luta contra tudo o que se opõe ao reino de Deus. E podemos fazer isso de muitas maneiras. Especialmente os leigos, cujo dia comemoramos hoje, são discípulos e testemunhas do reino de Cristo e de Deus no meio do mundo. Que o Espírito de Deus conceda a todos a alegria e a coragem da fé cristã para que cada um viva sua vocação conforme o dom recebido.
Cardeal Odilo P. Scherer
Arcebispo de São Paulo
Comentário do Evangelho
“Meu reino não é deste mundo”.
A solenidade de nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, é a festa de encerramento do ano litúrgico.
Há nos evangelhos um único texto em que Jesus assume o título de rei: “O sumo sacerdote o interrogou de novo: ‘És tu o Messias, o Filho do Deus Bendito?’ Jesus respondeu: ‘Eu sou’” (Mc 14,61-62). De resto, Jesus rejeita para si o título de rei que pudesse identificá-lo com a esperança de restaurar a monarquia davídica e a libertação do país da dominação estrangeira. Jesus rejeita todos os títulos que poderiam fazer pensar no desejo de poder (Mc 1,25.34.44; 3,12; 5,43; 7,36; 8,26.30). O poder observado no mundo não é o vivido por Jesus e proposto aos seus discípulos: “Para vós, não será assim” (ver: Lc 22,24-27). Jesus se distancia de toda forma de poder e distingue a concepção de poder da comunidade dos discípulos com a comum dos “grandes deste mundo”. O que deve ser buscado por toda a Igreja é a prioridade do serviço: “O maior é aquele que serve” (Lc 22,27). Perguntado por Pilatos: “Tu és o rei dos judeus?” (Jo 18,33), Jesus responde: “Meu reino não é deste mundo” (Jo 18,36). A única realeza que Jesus aceita é a da cruz. Os evangelhos recordarão, então, a inscrição sobre a cruz: “Jesus de Nazaré, rei dos judeus” (Mt 27,37; Mc 15,26; Lc 23,38; Jo 19,19-22). A partir da cruz, sobre o título de rei, não paira nenhuma ambiguidade, pois a realeza de Jesus é o serviço até a entrega radical da própria vida, como ato de amor supremo. Jesus, Rei do universo, inaugura um modo de vida que não admite o gosto do poder, tal qual “as nações” o compreendem.
As três interpelações dos que zombavam de Jesus (vv. 35.37.39) lembram as interpelações do relato das tentações (cf. Lc 4,1-13). Isto pode nos fazer compreender que a cruz do Senhor é o lugar da tentação suprema que ele vence: “Pai, em tuas mãos eu entrego o meu espírito” (23,46). No relato das tentações como na paixão, a tentação é a mesma: usar o poder em benefício próprio, usar da condição de Filho de Deus e de Messias para si mesmo. O silêncio do Senhor sobre a cruz ante as interpelações e zombarias é expressão de sua rejeição de todo poder mundano que o desviasse de realizar a vontade do Pai. A cruz é o lugar em que se exerce a realeza tipicamente jesuânica: o poder de salvar, de dar a vida. À súplica do malfeitor: “... lembra-te de mim, quando começares a reinar” (v. 42), Jesus responde: “... hoje estarás comigo no Paraíso” (v. 43; cf. Lc 4,21).
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Espírito de fidelidade ao Pai, faze o Reino acontecer na minha vida, como aconteceu com Jesus, levando-me a viver na absoluta submissão ao querer do Pai.
Fonte: Paulinas em 24/11/2013
Vivendo a Palavra
Tenhamos bem claro que o título real que dedicamos ao Cristo nada tem a ver com os impérios deste mundo, mas ao Reino do Céu – que é dos pobres, mansos, puros, dos que sofrem por amor à justiça, dos que choram e são perseguidos. E busquemos nossa cidadania neste Reinado de Amor.
Fonte: Arquidiocese BH em 24/11/2013
VIVENDO A PALAVRA
Tenhamos bem claro que o título real que dedicamos ao Cristo nada tem a ver com os impérios deste mundo, com seus tronos, cetros, coroas e poder, mas refere-se ao Reino do Céu – que é dos pobres, mansos, puros de coração, dos que sofrem por amor à justiça, dos que choram e são perseguidos. E peçamos ao Pai Misericordioso que nos dê cidadania neste Reinado de Amor!
Reflexão
CRISTO REI
UM REINO PREPARADO PARA NÓS
I. INTRODUÇÃO GERAL
Ao longo do ano litúrgico, fizemos a experiência com Jesus que veio “para servir e não para ser servido”. Hoje celebramos a sua elevação à condição de rei. Todos os espectadores da crucifixão esperam que Jesus se livre da cruz, pois é isso que faria qualquer um dos poderosos desse mundo. A prova da realeza ou do poder de Jesus seria o fato de safar-se da cruz. Mas o reino do qual Jesus é rei não é deste mundo, isso significa que a autoridade dele não vem da terra. É um reino diferente, não estabelecido pelas forças das armas, mas com outro tipo de poder, a saber, a doação da própria vida na cruz para nos libertar do pecado e da morte. Nós já participamos do reinado de Jesus Cristo. E enquanto esperamos sua plenitude no fim dos tempos, devemos nos comprometer com seus valores, vivendo o “já” e o “ainda não” desse reino que irrompeu na história.
II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS
1. Evangelho (Lc 23,35-43): Lembra-te de mim no teu reino
O trecho do evangelho de hoje nos mostra Jesus sendo crucificado entre dois malfeitores. Lucas o apresenta com traços típicos de um mártir que, com sua fidelidade e força de oração, obtém a salvação para seus perseguidores.
No Evangelho de Lucas, os que se encontravam com Jesus eram compelidos a fazer uma escolha: aderir ou rejeitar Jesus. Na hora de sua morte, ponto crucial do evangelho, o leitor é convidado a fazer sua escolha. Também aparecem aqui duas mentalidades que perpassaram todo o evangelho, duas maneiras de compreender o messianismo de Jesus. Entender a missão de Jesus é essencial para poder aderir ao seu projeto salvífico. São dois ladrões que representam duas compreensões messiânicas.
O primeiro ladrão representa aqueles que concebem um messias dotado de poderes prodigiosos, que deveria descer da cruz e libertá-los consigo. Assim, seria mais espetacular seu triunfo.
O outro ladrão é o oposto, pois reconhece em Jesus o enviado de Deus, um justo que não merecia estar ali. Este pede que Jesus se recorde dele quando estabelecer seu reino no momento “escatológico” (fim dos tempos).
A resposta de Jesus, suas últimas palavras, acentua o “hoje” de Deus: “Hoje estarás comigo no paraíso”. Quem acolhe Jesus participa de forma definitiva da vida em Deus, não em um futuro distante, mas no hoje. Ou seja, o futuro escatológico da salvação plena já está presente. O paraíso não é um lugar, mas participação na felicidade com Cristo (cf. Fl 1,23). Lucas prefere não identificar o reino geograficamente, pois este se faz “dentro” de cada um (17,21). O reino começa a acontecer na vida daquele que acolhe Jesus e se deixa conduzir por ele. Estar com Jesus não significa simplesmente estar em sua companhia, mas participar de sua realeza.
Na cruz, Cristo aparece dispondo, ele mesmo, da sorte eterna de um homem. E isto é poder de Deus. Em Jesus se manifesta todo o amor de Deus, que desce ao nível mais baixo para elevar a si a criatura humana. Esse é o poder do amor.
2. I Leitura (2Sm 5,1-3): Rei e pastor
Os anciãos, ou seja, os líderes das tribos de Israel reconhecem Davi como escolhido de Deus para “apascentar” e “chefiar” o povo. São esses os critérios para a escolha de Davi como “rei” de todo o Israel: (1) parentesco entre o rei e o povo (são uma só carne e ossos), isto é, o monarca vai agir com a mesma preocupação que um pai de família tem para com seus filhos; (2) experiência para defender as tribos contra os inimigos; (3) e principalmente, reconhecimento dos sinais divinos de que Davi fora escolhido por Deus para essa função de líder.
Em vez do verbo “reinar”, o texto de 2Sm 5,2b usa o termo “apascentar” ou “pastorear”, da mesma raiz (hebraica) de “acompanhar” e de “ser amigo”. A tarefa principal do “rei” é proteger, além de conduzir e de cuidar. Conforme Ez 34,23, o vocábulo “pastor” era aplicado aos reis. O texto litúrgico também destaca que Davi será “chefe”, no sentido hebraico isso significa que ele terá autoridade limitada e estará subordinado a outro poder, pois somente Deus é rei sobre Israel. A liderança era carismática, ou seja, escolhida por Deus, e o poder era exercido como representatividade.
O líder de Israel jamais seria um rei no sentido próprio do termo, mas um mediador entre Deus e o povo. E sua principal função era assegurar a realeza de Deus sobre as pessoas. Em relação ao povo, a mediação consistia em promover o bem-estar de todos por meio do exercício da justiça e da defesa militar. Em relação a Deus tratava-se, principalmente, de promover a obediência ao propósito divino expresso na aliança.
A verdadeira realeza, de Deus, tornava condicional a função do chefe do povo. O líder de Israel recebia a missão de governar, através de uma eleição popular unida à unção divina (um oráculo profético). Dessa forma o líder de Israel era escolhido por Deus e pelo povo.
Considerando-se que o único rei de Israel era Deus, a liderança tornava-se, também temporária. O rei poderia ser deposto a qualquer momento caso não exercesse adequadamente as funções para as quais tinha sido escolhido.
3. II Leitura (Cl 1,12-20): O reino de seu Filho bem amado
Esse hino da Carta aos Colossenses é um dos mais antigos cânticos de ação de graças do Novo Testamento. Muito anterior à própria epístola na qual hoje se encontra, era cantado durante a celebração da fração do pão, modo como a Eucaristia era chamada antigamente.
Como um dos hinos mais importantes do Novo Testamento, exalta a ação de Cristo como mediador da redenção e da nova criação e sua atuação no mundo em todos os tempos. A ressurreição de Cristo ocupa papel central, ela faz a conexão entre o senhorio de Cristo sobre a história, sobre o cosmos e sobre a igreja.
A afirmação inicial é que Deus fez um ato de libertação, quer dizer, resgatou a humanidade de uma situação de opressão, identificada com a expressão “império das trevas” ou “tirania das trevas”. Esse resgate implica num traslado que foi feito de uma tirania para o reino de seu Filho bem amado. Essa metáfora era repleta de sentido naquela época, já que uma situação oposta era muito corriqueira: ver uma multidão de pessoas sendo levadas cativas de um reino a outro.
O reino é descrito como pertencendo ao seu Filho bem amado, ou numa tradução literal, “Filho do seu amor”, ou seja, em quem Deus depositou todo o seu amor. Esse reino, assim descrito, é poder de Deus em ação a favor da humanidade por meio da vida de Cristo.
Esse traslado significa que o reino irrompeu na história, então não devemos esperar o final dos tempos para participarmos dele. Mas essa participação exige do ser humano um compromisso radical que poderá trazer conflitos com os antivalores do mundo.
Estamos esperando o pleno desabrochar do reino no fim dos tempos, mas a celebração de hoje nos exorta que já estamos no reino de Deus. Temos que viver o “já” e o “ainda não” de sua plenitude.
Aíla Luzia Pinheiro Andrade
Graduada em Filosofia pela Universidade Estadual do Ceará e em Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (Faje - BH), onde também cursou mestrado e doutorado em Teologia Bíblica e lecionou por alguns anos. Atualmente, leciona na Faculdade Católica de Fortaleza. É autora do livro Eis que faço novas todas as coisas – teologia apocalíptica (Paulinas).
E-mail: aylanj@gmail.com
Fonte: Vida Pastoral em 24/11/2013
Reflexão
QUE REINO QUEREMOS?
A solenidade de Cristo Rei, neste último dia do ano litúrgico, sempre coloca, frente a frente, dois reinos. Tanto Pilatos, que pergunta pelo reino de Jesus, quanto o ladrão crucificado ao lado do Mestre fazem pouco do seu reino. Para o primeiro, ser rei significa governar com força, com tirania, com violência, por meio de exércitos bem armados. Para o outro, ser rei significa comandar, executando atos mágicos, controlando os elementos da natureza, tudo em benefício próprio.
É aí que aparece Jesus. Jesus não é apenas um homem bem-intencionado. Ele é Deus! Deus que se faz humano para mostrar às pessoas o que é ser humano. A vida, a prática de Jesus, suas palavras e gestos explicitam o extremo significado do que é o humano. O ponto de chegada do humano é o próprio Deus. A prática de Jesus espelha o que Deus entende por humano.
Hoje já não há disputa entre os exegetas: o cerne da vida, da mensagem e da morte de Jesus é o reino. Em outras palavras, ele é o reino andando e falando entre nós. Somos levados a entender e assumir esse reino; para isso, porém, faz-se necessária profunda conversão. Ele só pode ser vivido quando abrimos mão dos valores do reino de Pilatos e do ladrão, dos sistemas econômicos que oprimem, da produção e do consumo de desejos que matam os pequenos e a natureza.
A animação das vivências deste mundo, da ordem temporal, é dever de cada batizado, mas, particularmente, dos fiéis cristãos leigos e leigas (cf. Lumen Gentium 31-38). Eles devem assumir suas responsabilidades na edificação daquele reino; devem viver à luz do paradoxo de um reino cujo rei é um crucificado; devem ser sinal de que o reino de Deus é não só uma possibilidade, mas uma necessidade. Ele se constrói na humildade daquele que, sendo tudo, de tudo se desfez por nós, mostrando-nos qual deve ser a nossa prática. Por isso, ele é o rei do universo e o paradigma de toda a nossa prática, de toda a nossa vida.
Carlos Signorelli
Membro da Comissão de Assessoria Permanente do CNLB
Fonte: Pauus em 24/11/2013
Reflexão
CRISTO REI!
Nós gostamos de enfeitar as imagens de Jesus Cristo com coroas cheias de pedras preciosas. Gostamos de colocar mantos cheios de detalhes dourados. Gostamos também de representar Nosso Senhor sentado em uma cadeira luxuosa, que chamam de “trono”. É nosso jeito de dizer que Jesus é o verdadeiro comandante, o chefe de nossa vida. É a ele que queremos honrar, obedecer, louvar. Queremos fazer sua vontade, cumprir seu mandamento, obedecer às suas leis. Esses costumes foram herdados dos tempos em que havia muitos reis; homens considerados poderosos por causa da riqueza que tinham, dos seus cavalos de guerra, dos soldados a seu dispor. Reis que, na verdade, comandavam o povo com base em sua força. Hoje há outras maneiras de exercer o poder, mas ainda há quem se julgue dono do mundo e da vida dos outros em razão dos bens que possui e da influência que exerce sobre a vida das pessoas.
No evangelho de hoje, vemos Jesus reinando na cruz. Ele estava ali, como um bandido, ladeado por dois malfeitores. Não estava vestido como os poderosos do seu tempo. Na verdade, nunca se vestiu como eles. Não tinha seguranças nem tropas humanas a seu serviço. Ao contrário, andava rodeado de gente pecadora. Frequentava festas. Muitos diziam que ele era beberrão e amigo de prostitutas e de outros pecadores. Jesus tinha um jeito bem diferente de reinar. Reinar, para ele, não era comandar exércitos ou vencer batalhas humanas, mas aliviar o sofrimento das pessoas. Comandar, para Jesus, era dar pão a quem tinha fome, libertar homens e mulheres dos demônios que os afligiam. Ele não teve medo do que diriam dele por conversar com a mulher pecadora ou ir à casa de Zaqueu, considerado um traidor do povo.
Não é errado cobrir as imagens de Jesus e dos santos com coroas, mantos bonitos. Isso manifesta nosso amor, nosso carinho pelo Senhor e por aqueles que seguiram seus passos. No entanto, é indispensável lembrar que arrumar andores e enfeitar imagens não é o mais importante para quem quer seguir Jesus. Segui-lo é pôr-se a serviço de todos, procurando fazer o bem, dando espaço ao amor e deixando de lado sentimentos de rancor.
Jesus, reinai sobre nós! Amém!
Pe. Claudiano Avelino, ssp
Fonte: Paulus em 24/11/2013
Reflexão
A Igreja conclui o ano litúrgico com a solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo. O evangelho proposto para essa solenidade é Jesus prestes a morrer na cruz. É na cruz que ele é reconhecido Rei e Salvador da humanidade. Mesmo depois de condenado e prestes a morrer na cruz, Jesus continua sendo caçoado e zombado. É o destino do servo justo e fiel. Por três vezes o evangelho repete: “salva-te a ti mesmo”. Essa expressão mostra muito bem a opção que Jesus fez: preocupou-se com o bem-estar e a salvação dos outros e se manteve fiel ao Pai, mesmo sabendo o fim que o esperava. Jesus é reconhecido rei justamente porque se preocupou com os outros. A exemplo do Mestre, toda autoridade – religiosa, política ou civil – deveria se colocar a serviço dos mais necessitados. A partir da cruz, acontece a salvação de todos os que aderem ao projeto de Jesus: “hoje mesmo você estará comigo no paraíso”. A morte do justo conquista os pecadores. Com esse gesto de Jesus, todos – justos e pecadores – podem alimentar a esperança de salvação. Diariamente pedimos que o Pai nunca nos abandone. Mesmo nas piores condições em que possamos nos encontrar, temos a certeza de que Deus não se esquece de nós, seus filhos e filhas.
(Dia a dia com o Evangelho 2019 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp)
https://www.paulus.com.br/portal/liturgia-diaria/dia-24-domingo-13#.XdyT6-hKiUk
Recadinho
https://www.paulus.com.br/portal/liturgia-diaria/dia-24-domingo-13#.XdyT6-hKiUk
Recadinho
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Fonte: a12 - Santuário Nacional em 24/11/2013
Meditando o evangelho
ESTE É O REI DOS JUDEUS!
A crucifixão de Jesus constituiu-se em um trauma para os discípulos. Eles esperavam que seu Mestre fosse um Messias-rei glorioso, cheio de poder, capaz de pôr fim à opressão romana. Por isso, diante do Crucificado, viram esvair-se todas as suas esperanças.
Contudo, a inscrição afixada no alto da cruz - "Este é o rei dos judeus" - era verdadeira. Efetivamente, Jesus era "rei dos judeus", mas seu reino era bem diferente daquele que os discípulos e os adversários esperavam.
Uns e outros não conseguiam perceber a dinâmica de salvação em que estava envolvida a morte de cruz. Ali, Jesus estava salvando toda a humanidade, por ser o Cristo de Deus, o eleito. A crucifixão resultava de sua fidelidade total ao Pai, Senhor de sua existência. Isto significava que a vontade divina sempre fora o imperativo na vida do Filho de Deus. O Reino do Pai tornara-se o Reino de Jesus. Reino articulado no querer divino, e não na força das armas, da violência, das conquistas, da opressão. Por conseguinte, os judeus e todos os que quisessem salvar-se, deveriam aderir a este Reino, cujo Rei é Jesus.
Os dois ladrões, também crucificados com o Mestre, revelaram duas atitudes contrastantes diante desse Rei: um o rejeitou como fraco e impotente; o outro o acolheu e o reconheceu como sendo vítima da injustiça. A este Jesus acolheu em seu Reino!
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total).
Oração
Espírito de fidelidade ao Pai, faze o Reino acontecer na minha vida, como aconteceu com Jesus, levando-me a viver na absoluta submissão ao querer do Pai.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. O Reino começa hoje
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Intrigante o diálogo dos dois ladrões e o diálogo de um deles com Jesus e que termina com uma afirmativa belíssima, que pode ser a motivação maior deste Evangelho na Festa de Cristo Rei. Hoje mesmo estarás comigo no paraíso.
Imaginamos que o assim chamado Bom Ladrão, foi acolhido no céu logo após sua morte ali na cruz, ao lado de Jesus. Entretanto a afirmativa acena para um Reino que começou ali na cruz e que irá se consumir na Vida Eterna. O leitor poderá até pensar: mas que começo trágico desse Reino, que perspectiva pode ter um reino, que no seu início tem seu idealizador morto com requintes de crueldade no madeiro da cruz, morte humilhante e vergonhosa? Nem seus seguidores mais fiéis estavam ali, apenas um deles junto as mulheres...
Para São Lucas, que realça a Salvação a toda humanidade, a cruz inaugura o Reino e o retorno do paraíso, não só daquele ladrão arrependido, mas de toda humanidade e assim, a derrota humilhante é na verdade a vitória. O Amor é mais forte que a morte! O Reino é o Amor, e o Amor é o Reino. O tempo do Amor, da Justiça e da Paz está definitivamente inaugurado entre os homens e Deus manifestado em Jesus de Nazaré, começa o seu Reinado que não terá fim, ao contrário do Império que o condenou.
Jesus manifestou o Amor da plenitude junto com a Misericórdia, nos ensinamentos e palavras, nas ações sempre a favor da Vida. Os príncipes dos sacerdotes, os soldados e um dos ladrões, não viram Nele nada disso pois cada um tinha sua divindade, os Príncipes dos Sacerdotes seguiam a Santa Lei de Moisés, os soldados viam deus no Imperador, e o Ladrão que o desafia com impropérios, nem consegue ver ou sentir deus em algo ou em alguém, ele fez sua opção pelo mal e já se conformou com ele, não vendo mais nenhuma saída para sua vida.
O outro Ladrão não é melhor que os demais, mas consegue, do meio da sua maldade que o havia condenado, enxergar que há um Bem naquele Homem, vendo nele algo que vislumbre o próprio Deus... Ele não fez mal algum, portanto, vê com nitidez o Bem nas ações de Jesus. Foi o seu primeiro ato de Fé em Jesus Cristo, acreditando no Bem que ele veio nos trazer, não vendo Nele nenhum Mal.
Muitas vezes até cremos em Cristo mas não conseguimos vislumbrar suas ações do Bem em nosso meio. Onde está então o Reino de DEUS, que Jesus inaugurou em nosso meio? Seria ingenuidade querermos enxergá-lo só dentro da nossa Igreja.
Aonde houver alguém se doando, se entregando por amor, vivendo a esperança e a misericórdia em suas relações, aonde houver gente vivendo o perdão, aonde houver gente lutando pela Vida, brigando pela Justiça, a Paz e a Igualdade, ali estará Cruz do Senhor, ali estará o Reino, não ainda em sua forma definitiva.
Que palavras saem de nossa boca, clamor humilde mas cheio de esperança, como daquele ladrão, ou maledicências e impropérios, como aqueles que desafiavam o Cristo na Cruz?
Viva Cristo Rei!
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail jotacruz3051@gmail.com
2. Hoje estarás comigo no Paraíso - Lc 23,35-43
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)
Todos os anos encerramos o ano litúrgico com a solenidade de Cristo, Rei do universo. Muitos o veem apenas como um crucificado. Nós o vemos como o Senhor da História. Não o vemos como um senhor que domina. Nós o vemos como o bom pastor, preocupado com o bem-estar de suas ovelhas. No entanto, sabemos que um dia ele separará as ovelhas dos cabritos, para que sua bondade faça justiça.
Pedimos a ele que dê aos cabritos a graça de se converterem em ovelhas antes do julgamento final, para que todos possam participar do banquete do Reino. Todos nos colocamos diante do trono de Deus e prestamos contas da nossa vida com a firme esperança de receber a coroa da glória. Na cruz, acima da cabeça de Jesus, havia um letreiro “Este é o rei dos judeus”. O letreiro fazia parte da zombaria dos soldados que gritavam: “Se és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo”, como se Jesus precisasse de salvação! Mais verdadeiro foi o malfeitor, com ele crucificado, quando disse “Salva-te a ti e a nós!”. Nós, sim, precisamos de salvação!
No Evangelho de Lucas, Jesus crucificado é apresentado como o “rei dos judeus”. Na verdade, Jesus ultrapassava o mundo dos judeus e se expandia sobre a humanidade como o rei do universo. Aparentemente, na cruz estava um condenado comum. Na realidade, por trás e acima das aparências, o condenado comum é “a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação”. Tudo o que existe “foi criado por meio dele e para ele”. Assim Jesus é apresentado por Paulo aos colossenses: “Em tudo ele tem a primazia”. O letreiro de zombaria acaba sendo verdadeiro, não apenas em relação aos judeus, mas em relação ao mundo inteiro.
Ele, Jesus, é o Senhor do Universo, o Senhor da História. Ele é Cristo Rei. Seu reinado, porém, não é de ostentação e dominação. Em seu trono de cruz ele “reconcilia consigo todos os seres, os que estão na terra e no céu, realizando a paz”. Seu reino, eterno e universal, é reino da verdade e da vida, da santidade e da graça, da justiça, do amor e da paz, como é proclamado no Prefácio da festa de Cristo Rei. Seu reinado não é de superioridade e desprezo.
Ao contrário, na cruz, ele entra em diálogo com o malfeitor crucificado e lhe promete o paraíso. Jesus, nosso rei messiânico, realiza plenamente toda a esperança de Israel. Ele é o descendente de Davi, o pastor do povo, ungido rei de Israel na presença do Senhor. Não será, porém, apenas descendente de Davi. Seu reinado não é deste mundo e sua função não é aumentar território ou conquistar hegemonia sobre os demais povos.
Seu trono é a cruz. Nela ele derruba os muros que separam os povos e mata em seu próprio corpo a inimizade radical que existe entre as pessoas. Seu reino é diferente e nós somos os militantes desse reino. Ele estabelece para sempre a sede da justiça no trono de Davi. Nossa natureza, inclinada ao poder e à vaidade, gosta de se sentar ao lado do trono de quem domina. O trono de Jesus é a cruz, que nossas igrejas têm encimada sobre o altar para nos livrar da tentação da prosperidade da glória deste mundo.
HOMILIA
A FESTA DO AMOR DOAÇÃO
Cristo é nosso Rei por aclamação. Jesus durante toda a sua atividade pública falava do seu Reino. E o apresentou como uma pedra preciosa e um tesouro num campo: bens preciosos escondidos; o que torna bastante interessante e desafiadora a busca deste reino, e não impossível a sua descoberta para quem o procura. O tesouro, obviamente, é o próprio Jesus; e, no Evangelho de hoje, vemos claramente como este tesouro está escondido, pois, é preciso ver com os olhos da fé para entender que um homem pendurado numa cruz, que sofre por horas a condenação à morte com uma das penas mais humilhantes, parecendo nada mais que um derrotado, um perdedor, rejeitado e desprezado, seja verdadeiramente um Rei. Para a lógica do mundo, isto é um absurdo.
Esta lógica é a dos chefes judaicos. Enquanto o povo observava tudo aquilo com grande dificuldade de compreensão, os chefes do povo caçoavam de Jesus, dizendo: “a outros ele salvou. Salve-se a si mesmo, se, de fato, é o Cristo de Deus, o escolhido!”; mas, no fundo, não acreditavam naquilo que diziam, por isso mesmo, o provocavam e o insultavam. Também os soldados faziam algo semelhante, mas como não eram judeus, até o chamavam de “rei dos judeus”, e pediam que ele se salvasse por si só. Pediam para que ele mostrasse o seu poder. Até mesmo a escrita colocada sobre a cruz: “este é o rei dos judeus”, era uma maneira de ofensa. Nesta mesma direção, um dos malfeitores que estava sendo crucificado junto com Jesus, o insultava pedindo com ironia pra que Jesus salvasse a si mesmo e a eles também, os dois malfeitores.
Realmente, a cruz põe uma grande interrogação sobre toda a obra precedente de Jesus, pois parece desmentir claramente tudo aquilo que ele fez e disse. Uma pessoa que está pendurada numa cruz preste a morrer, como pode salvar a outros? Quem depende da sua ajuda, vendo aquela cena, só poderia rir, encontrar uma outra ajuda ou se desesperar. É uma imagem bem diferente da que temos de rei na nossa mente. E agora?
Aparece, então, uma última fala que parece até um milagre. Pelo menos um dos presentes, diretamente envolvido na situação, já que também está sendo crucificado, compreende estar pertinho do tesouro da sua vida. É o outro malfeitor, que nós o chamamos “bom ladrão”, o qual consegue compreender aquele tesouro de graça, mesmo só nos últimos momentos de sua vida. Ele reconhece que aquele homem crucificado, que não desce da cruz, mas morre nela, é o seu Rei salvador. Ele tem fé em Jesus Cristo. Sua oração testemunha isto: “Jesus, lembra- te de mim quando entrares no teu reinado”; é o que pede a Jesus condenado ao seu lado, que está sofrendo a mesma terrível morte vergonhosa. Ele está convencido de que Jesus não fez nada de mal e por isso, não merece morrer; e, que, por isso, Jesus não acaba com a morte, mas que é através dela que ele entrará no seu reino.
Assim, Jesus, com um último “decreto real” afirma, e assegura ao malfeitor que pediu o seu amor que ele provará da alegria do seu reino: “em verdade eu te digo, ainda hoje estarás comigo no paraíso”. Jesus entrou no paraíso com um malfeitor, que na cruz conseguiu a fé. Que imagem forte! É uma imagem como esta que nos conscientiza claramente que nunca devemos condenar ninguém, nem a nós mesmos, mas sempre estar dispostos a aceitar o tesouro de Deus: o seu amor incondicional por nós. Na cruz, a obra de Jesus chega ao ponto mais alto. O crucificado mostra não ser um rei que garanta o bem estar terreno. Não salvou a si mesmo da cruz. Não nos preserva nem das enfermidades nem da morte. O seu poder refere-se a nossa vida com Deus. Jesus salva da queda do afastamento de Deus e reconduz à comunhão com ele. Quem busca isto nele, será salvo por ele, mesmo que seja um malfeitor. A festa de Cristo Rei, é a festa do deste amor que se doou por toda a humanidade.
Espírito de fidelidade ao Pai, faze o Reino acontecer na minha vida, como aconteceu com Jesus, levando-me a viver na absoluta submissão ao querer do Pai.
Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla
Fonte: Liturgia da Palavram em 24/11/2013
Liturgia comentada
Deus é o Senhor do tempo. Para Ele, mil anos são como um dia (cf. Sl 90, 4). Sendo um Deus eterno, tudo acontece para Ele em um eterno HOJE. Nossa relação com o Senhor é sempre no presente. O passado já nos escapou. O futuro, nem sabemos se virá. A cada instante, vivemos para Deus em seu HOJE.
Foi assim com o ladrão, no Calvário, ao lado de Jesus. É verdade que nos acostumamos a chamá-lo de “bom ladrão”, talvez por oculto preconceito contra os demais ladrões. De fato, não havia muito coisa boa em um homem que passara a vida no crime. O infeliz não acumulara virtudes que pudesse apresentar a Jesus, na hora extrema, como uma espécie de fatura a ser cobrada. Em resumo, ele apenas devia... Uma conta impagável...
Bastou, no entanto, uma simples petição: “Jesus, lembra-te de mim quando vieres como rei!” De imediato, ouviu a resposta: “Ainda HOJE estarás comigo no Paraíso”.
Sei que os honestos protestam: “Não é justo! Afinal, de que me valeu praticar a virtude? De que me adiantaram tantos terços rezados em cima de grãos de milho? Que proveito me veio de ter fugido das farras e bebedeiras, se esse bandido chega ao fim e recebe o perdão?”Uma reação típica do filho mais velho da parábola, incapaz de se alegrar com a acolhida amorosa que o Pai acabava de dar ao irmão caçula... E a terrível ilusão de que o céu seria algo merecido e, enfim, concedido por um Deus obrigado a pagar nossos investimentos. Como se o céu – isto é, a salvação – não fosse pura graça, puro dom!
De passagem, uma observação para aqueles que ainda crêem em reencarnações, como necessário regresso ao mundo para pagar pecados e crimes de vidas anteriores, até chegar à purificação produzida pelos sofrimentos. Se existiu alguém, neste mundo, que de fato precisaria voltar e “pagar”, era aquele miserável ladrão. No entanto, diante de sua humilde súplica, toda a “conta” foi zerada. Naquele mesmo HOJE, estaria no Paraíso com Jesus. Como fica, afinal, a crença na reencarnação?
Não se merece a salvação. Não acumulamos créditos a serem cobrados do Senhor. “É por graça que fostes salvos” – diz o Apóstolo (cf. Ef 2, 5).
Orai sem cessar: “Junto ao Senhor se acha a misericórdia!” (Sl 130 [129], 7)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
santini@novaalianca.com.br
Fonte: NS Rainha em 24/11/2013
REFLEXÕES DE HOJE
24 DE NOVEMBRO-DOMINGO
HOMILIA DIÁRIA
O reinado de Jesus é para sempre
Nós temos um único Rei, o único que jamais perderá a majestade. O reinado de Jesus é para sempre, é universal, é para toda eternidade.
“Ele é a Cabeça do Corpo, isto é, da Igreja. Ele é o princípio, o Primogênito dentre os mortos; de sorte que em tudo ele tem a primazia, porque Deus quis habitar nele com toda a sua plenitude e por ele reconciliar consigo todos os seres, os que estão na terra e no céu, realizando a paz pelo sangue da sua cruz” (Cl 1,18-20).
Meus irmãos e minhas irmãs, no dia de hoje, encerramos o Ano Litúrgico com a celebração da grande Solenidade de Cristo Rei do Universo. O Senhor é o princípio e o fim de todas as coisas, por isso a Liturgia coroa o ano com a festa de Cristo Rei.
O que celebramos hoje? O reconhecimento do senhorio de Jesus, o reconhecimento da autoridade de Cristo sobre todo o universo, porque o Pai, no princípio de todas as coisas, criou tudo para Ele, n’Ele e com Ele. É para Cristo que todas as coisas voltam. Ele veio até nós, deu Sua vida por amor a nós e, hoje, está glorioso à direita do Pai.
Nós, hoje, adoramos, glorificamos, exaltamos a majestade de nosso Senhor Jesus Cristo; ao mesmo tempo, entregamos nossa vida nas mãos d’Ele, consagramos a vida de cada um de nós ao senhorio de Jesus. Não basta reconhecê-Lo como o Senhor do universo, precisamos reconhecê-Lo como o Senhor da nossa vida e proclamarmos, com a nossa boca e com o nosso coração: “Jesus é o Senhor da minha vida, é o Rei. A minha vida está nas mãos d’Ele”.
Para tudo, neste mundo, há um rei: o rei da música, do futebol, do rock… Um rei para cada situação. Mas nós temos um único Rei, o único que jamais perderá a majestade, Aquele que reina sobre toda soberania que há no mundo. Os outros reis são mortais, frutos da imaginação, da carência humana. O reinado de Jesus é para sempre, é universal, é para toda eternidade.É ao Senhor Jesus que submetemos a nossa casa, a nossa vida e a nossa família. Entreguemos aos cuidados d’Ele a nossa casa com todo coração, com toda alma, toda mente. Proclamemos: “Na nossa casa, Jesus é o Senhor”.
Que Jesus comece o Seu reinado em todos os lares que abrirem suas portas para Ele. Que o Senhor, realmente, faça o Seu Reino acontecer. Por isso O reconhecemos como nosso Senhor e submetemos a nossa vida ao senhorio e à autoridade d’Ele.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Oração Final
Pai Santo, ao fim de mais um ano litúrgico, nós damos graças pela vida e pela fé que conservamos neste tempo. E te pedimos, Pai amado, que nos concedas o dom da perseverança no caminho da conversão que tentamos seguir, com o Cristo Jesus, teu Filho que hoje aclamamos nosso Rei, e contigo reina na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 24/11/2013
ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, ao fim de mais um ano litúrgico, nós damos graças pela vida e pela fé que conservamos neste tempo. Nós Te pedimos, amado Pai, que nos concedas o dom da perseverança no caminho da conversão que tentamos seguir, com o Cristo Jesus, teu Filho que hoje aclamamos nosso Rei. Por Ele, o mesmo que contigo reina na unidade do Espírito Santo.
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