Papa Francisco. Foto: Grupo ACI
REDAÇÃO CENTRAL, 26 Set. 13 / 03:32 pm (ACI).- Massimo Introvigne, sociólogo italiano
especialista no tema da liberdade religiosa, lamentou o "mal-estar"
suscitado em alguns católicos, depois das declarações do Papa Francisco à
revista italiana Civiltà Cattolica, e explicou que "o ensinamento moral
para o Papa vem depois do anúncio da salvação através da misericórdia de
Deus".
Introvigne indicou que "o modo de expressar-se em uma
entrevista não é o mesmo de uma encíclica: é muito fácil nos encontrar com
frases suscetíveis de serem tiradas do contexto e colocadas com malícia na
primeira página".
O sociólogo assinalou que é importante tentar compreender o
contexto no qual se dão as palavras do Papa, "para transformar também o
mal-estar em reflexão cultural e política, em vez de guarda-los no interior e
cuspi-los depois como veneno, como acontece com tantos comentários alterados
que proliferam na Internet".
O mal-estar suscitado, disse Introvigne "se manifesta quando
Francisco anuncia que não pretende falar muito ‘dos assuntos relacionados ao aborto,matrimônio homossexual
e ao uso de métodos anticoncepcionais’".
"Não afirma que não falará nunca, e de fato, de repente, no
dia 20 de setembro falou do aborto, com clareza, aos médicos católicos. Mas
disse que falará pouco disto, que deixará estes temas aos episcopados nacionais
–na Itália o Cardeal Bagnasco está se expressando com particular clareza– e
falou também que acha que algumas pessoas na Igreja falam muito deles".
O perito italiano indicou que "em um mundo muito afastado da
fé, Francisco pensa que o Papa deve partir novamente do primeiro anúncio",
o "das coisas elementares: que Jesus Cristo é Deus e veio para a nossa
salvação, que oferece a todos a sua misericórdia, que converter-se é possível,
que a conversão não é um esforço individual, mas passa sempre pela
Igreja".
"Francisco se preocupa em primeiro lugar do que "esta fé
é" e a anuncia através do rosto misericordioso do Senhor que oferece o seu
perdão a todos, também aos homossexuais, às mulheres que abortaram e aos
divorciados que voltaram a casar".
Introvigne assegurou que "não é que o anúncio moral não faça
parte da mensagem cristã, nem que Francisco pense em mudar a doutrina. Mas, o
ensinamento moral para o Papa vem depois do anúncio da salvação através da
misericórdia de Deus".
"A ditadura do relativismo ataca a moral para destruir a fé.
O Papa Francisco pensa que não deve aceitar esta opção do terreno de combate
feita para outros. Inverte a lógica do mundo e fala de outra coisa: anuncia a
compaixão e a misericórdia, ao mundo mostra Jesus misericordioso e crucificado,
convida todos a ficarem primeiro aos seus pés".
O sociólogo italiano apontou que "muitos estudos sociológicos
confirmam que são muitos, no mundo inteiro, os que se deixam comover por este
chamado do Papa Francisco".
"Outros, que podem estar chateados com as suas estratégias e
prioridades, poderão deixar-se entusiasmar no coração pelo magistério do Papa
Bergoglio: o convite a "sair" e anunciar a fé àqueles que não vão à
Igreja".
"Que o mundo necessite tantas coisas, mas que sem a fé não
possa sobreviver, era –depois de tudo– também o maior ensinamento de Bento
XVI", disse.
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