No século VII, quando a
Espanha foi ocupada pelos árabes muçulmanos, o Bispo de Andújar, da região de
Andaluzia, mandou esconder a imagem da Santíssima Virgem, no alto inacessível
da Serra.
Séculos mais tarde, quando a região já fôra
reconquistada pelo rei São Fernando III, ela foi encontrada. A aparição ocorreu
na noite de 12 de agosto de 1227, para o pastor João Alonso de Rivas que
recolhia seu rebanho. Ele foi surpreendido por uma estranha luz acompanhada do
som incessante de um sino que vinha do pico da Cabeça, nome dado ao ponto mais
alto da Serra Morena. Intrigado subiu a montanha e avistou a imagem de Nossa
Senhora entre duas rochas.
João pensou em retira-la de lá, mas como nascera
com o braço direito atrofiado, percebeu que isto lhe era impossível. Então
aconteceu o milagre. Ao tocar a imagem, como prova de sua aparição, a Virgem
curou o braço do pastor. Ele levou a Sagrada Imagem para o centro da vila e
entregou ao pároco da igreja de Santa Maria Maior, onde foi depositada. Assim,
todo o povo pôde testemunhar o milagre da "Senhora da Cabeça", logo
escolhida para padroeira de Andújar.
O culto chegou ao Brasil com a família de Martim
Corrêa de Sá, fundador da cidade do Rio de Janeiro, no século XVII. Casado com
uma espanhola da região de Andaluzia, ele aprendeu essa devoção com a esposa.
Assim, aqui na colônia mandou construir a primeira capela para Nossa Senhora da
Cabeça, no terreno de sua propriedade. Hoje, com mais de quatrocentos anos, é a
mais antiga que o Estado possui.
Foi no Brasil que os devotos começaram a recorrer
à essa invocação para solucionar os males físicos ou emocionais que afligem o
cérebro. Depois, para confirmar as graças concedidas, os fiéis ofereciam
ex-votos em forma de cabeças de cera, colocadas aos pés da sua imagem na ex-catedral
do Rio de Janeiro. Motivo pelo qual, na representação brasileira da imagem de
Nossa Senhora da Cabeça ela traz na mão esquerda uma cabeça de cera, masculina.
Muito diferente da original espanhola de Andújar, que nunca esteve associada a
essa parte do corpo humano.
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