segunda-feira, 18 de junho de 2012

Santos Gervásio e Protásio - 19 de junho

Santos Gervásio e Protásio
Século II

Entre os muitos méritos de santo Ambrósio, o grande bispo de Milão, está a exaltação e devoção de alguns mártires que ele encontrou por toda sua diocese. Construída no século I, a pastoral de Ambrósio parecia, ainda, abrigar muitos corpos, ocultos, de mártires das perseguições dos séculos precedentes.
Muito célebre se tornou a exumação dos mártires Gervásio e Protásio, depois de uma visão que Ambrósio teve, na qual lhe foi indicado o lugar de suas sepulturas. Ambos foram encontrados em 18 de junho de 386, quando suas lembranças já estavam se perdendo entre os fiéis. 
Ambrósio contou, mesmo, com o crédito de seu contemporâneo amigo Agostinho, o bispo de Hipona, que naquele período estava em Milão. No seu livro "Confissões", Agostinho escreveu: "Citado bispo teve uma revelação em visão sobre o lugar onde jaziam os corpos dos mártires Protásio e Gervásio, os quais por muitos anos haviam estado repousando incorruptos, para se apresentarem na hora oportuna e refrear a raiva de uma senhora real". 
Ele se referia à imperatriz Justina, que, apoiada por quase toda a corte romana, pretendia transferir Ambrósio para entregar a diocese aos hereges arianos. Mas teve de desistir, pois a comoção popular foi imensa com o traslado das relíquias, no dia seguinte, feita pelo bispo em intenção litúrgica, a exemplo das cerimônias de traslado litúrgico orientais. 
O acontecimento foi inacreditável, arrebatando uma multidão de fiéis, ocorrendo inúmeros milagres e graças. Os dois santos tiveram logo uma notável popularidade. Até mesmo propiciou um grande impulso em todo o mundo cristão do Ocidente, assinalando uma reviravolta decisiva na história da veneração e do culto aos santos e às suas relíquias para toda a Igreja. 
A tradição narra-nos que Gervásio e Protásio eram gêmeos e os únicos filhos de Vidal e Valéria, cidadãos da nobreza de Milão. Pais e filhos haviam sido convertidos pelo bispo são Caio. Em vista disso, mandaram construir a igreja de Milão, em 63. Mas depois Vidal e Valéria foram mortos testemunhando a fé, durante o governo do imperador Nero, em 68. 
Órfãos dos pais, os dois irmãos venderam todos os bens, entregaram o que arrecadaram ao bispo, para terminar a construção da igreja e distribuir aos pobres, e recolheram-se numa pequena casa afastada, onde passaram dez anos em orações e penitências. Denunciados como cristãos, foram torturados lentamente, e depois assassinados. Gervásio morreu sob os golpes dos chicotes e Protásio, além disso, foi decapitado. 
Os irmãos gêmeos Gervásio e Protásio, santos mártires, recebem a veneração litúrgica em 19 de junho, mesmo dia em que suas relíquias foram transferidas para a igreja de Milão, aquela construída por sua família. Em 1874, as relíquias de ambos foram transferidas e colocadas ao lado da sepultura de santo Ambrósio, na igreja a ele dedicada, também em Milão, Itália. 

São Gervásio & São Protásio
Gervaseandprotase.jpg
mártirio dos Santos Gervásio e Protásio num manuscrito do século XIV dC.
Mártires
Nascimento? em Mediolanum
Morteséculo II dC em Mediolanum
Veneração por
PrincipaltemploBasílica de Sant'Ambrogio, em Milão
Festa litúrgica
AtribuiçõesO flagelo, a maça e a espada.
Padroeiro:MilãoBreisach; ceifadores; invocado para descoberta de ladrões


Gervásio e Protásio


São Gervásio e São Protásio são mártires cristãos do século II dC e venerados como santos.
A sua festa é celebrada no dia 19 de junho pela Igreja Católica (rito latino), o dia em que suas relíquias foram transportadas até a catedral. Já na Igreja Ortodoxa Oriental e nas denominações católicas de rito oriental, a festa é no dia 14 de outubro, data tradicional da morte de Gervásio e Protásio.

Lenda


acta[1] pode ter sido expandida a partir de uma carta ("Epístola LIII") aos bispos da Itália, erroneamente atribuída à Santo Ambrósio. Elas foram escritas em um estilo muito simples, o que dificulta estabelecer uma data precisa para a composição. De acordo com elas, Gervásio e Protásio seriam filhos gêmeos de mártires. O pai deles São Vitálio de Milão, um homem de dignidade consular, teria sofrido o martírio em Ravena, possivelmente sob oimperador romano Nero. A mãe, Santa Valéria, morreu por sua fé em Mediolanum. Gervásio e Protásio foram então aprisionados e, presos, receberam a visita de São Nazário.
Acredita-se que os gêmeos foram flagelados e decapitados sob o comando de Anubinus (ou Astasius) e enquanto Caius era o bispo de Milão. Alguns autores atribuem o martírio à uma data sob o imperador Diocleciano. A principal crítica a esta data é que não é possível explicar como, se a data for esta, que o local do sepultamento e mesmo os nomes dos envolvidos tenham sido esquecidos no tempo de Santo Ambrósio, como ele afirma.

Santo Ambrósio e os santos




Gervásio e Protásio.
Santo Ambrósio, em 386 dC, fez construir uma magnífica basílica em Mediolanum, hoje chamada de Basílica de Sant'Ambrogio. O povo pediu que ele a consagrasse da mesma forma solene que era realizada emRoma, o que ele prometeu fazer se ele conseguisse obter as necessárias relíquias. Em um sonho, lhe foi mostrado o lugar onde elas poderia ser encontradas. Ele ordenou que a região, fora da cidade, fosse escavada, no cemitério da igreja de São Nabor e São Félix, que então então eram ossantos padroeiros de Mediolanum. Lá, foram encontrados as relíquias de Gervásio e Protásio. Numa carta, Santo Ambrósio escreveu:

Eu encontrei os sinais corretos e, quando foram trazidos alguns sobre os quais pusemos nossas mãoes, o poder dos mártires sagrados se tornou tão manifesto que, enquanto eu ainda permanecia em silêncio, um deles foi tomado e se prostrou frente ao sepulcro sagrado. Nós encontramos ali dois homens de maravilhosa estrutura, como de antigamente. Todos os ossos estavam perfeitos e havia muito sangue.
— Carta de Santo Ambrósio sobre a descoberta das relíquias[2],

Santo Agostinho, ainda um catecúmeno, presenciou estes fatos e os relata em suas grandes obras, "Confissões" (IX, vii) e Cidade de Deus (XXII, viii), assim como em seu "Sermão 286". Outra fonte é a obra sobre a vida de Ambrósio escrita por São Paulino. Ele morreu em 397 dC e foi enterrado na basílica ao lado dos mártires, como último desejo.Ambrósio então removeu as relíquias e as depositou na Basílica de Fausta (hoje a Igreja de São Vitálio e São Agrícola[2]. Durante os dias seguintes, segundo os textos, muitos milagres foram realizados, algo que seria prova do favor divino no contexto da grande luta que estava ocorrendo entre Santo Ambrósio e a imperatriz ariana Justina[3]. Sobre a sua visão, a descoberta das relíquias e os milagres que se seguiram, Santo Ambrósio escreveu para sua irmã, Marcelina.

Veneração




A cripta da Basílica de Sant'Ambrogio. A urna em prata com as relíquias de Ambrósio, Gervásio e Protásio.
Imediatamente após a descoberta das relíquias por Santo Ambrósio, o culto dos irmãos mártires se espalhou pela Itália e diversas igrejas lhes foram dedicadas em PáviaNola e outros lugares. Na Gália, existem igrejas dedicadas a eles (cerca de 400), em Le MansRuão e Soissons. No Louvre, em Paris, está agora a famosa pintura dos santos feita por Lesueur (m. 1655), que ficava na igreja dedicada a eles em Paris. De acordo com o "Liber Pontificalis", o Papa Inocêncio I (402-17 dC) dedicou uma igreja a eles em Roma. Posteriormente, o nome de São Vitálio, pai deles, foi adicionado ao título desta igreja (Basílica de São Vitálio). E bem no início, os nomes dos irmãos foram inseridos na Litania dos Santos.
Em 835 dC, Angilberto II, bispo de Milão, colocou as relíquias dos três santos (os irmãos e Ambrósio) num sarcófago de pórfiro, onde eles foram encontrados em janeiro de 1864[4]. Uma tradição alega que após a destruição de Milão por Frederico Barbarossa, seu chanceler Rainald of Dassel levou as relíquias e as depositou em Breisach, na Alemanha, e de onde algumas foram parar em Soissons. A alegação é rejeitada por Milão[5].

Referências

  1.  "Acta Sanctorum" Junho, IV, 680 e 29.
  2. ↑ a b Letter of St. Ambrose of Milan on the discovery of the Relics of Sts. Gervasius and Protasius (em inglês). Página visitada em 05/12/2010.
  3.  Williams, D. H.. Ambrose of Milan and the End of the Arian-Nicene Conflicts (em inglês). Oxford: Clarendon Press, 1995. discute o "inventio" e o "depositio" das relíquias como sendo o gesto maior no triunfo de Ambrósio sobre os arianos.
  4.  Civiltà Cattolica, 1864, IX, 608, e XII, 345
  5.  Biraghi, Civiltà Cattolica, 1864, IX, 608, and XII, 345.

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