ANO C
Mc 2,18-22
Comentário do Evangelho
Reinterpretação da prática do jejum
O tema da controvérsia é o jejum. Os discípulos de João e os fariseus estavam jejuando e os discípulos de Jesus, não. No evangelho segundo Marcos, nós não temos nenhuma notícia sobre a prática do jejum dos fariseus e dos discípulos de João. Lucas é quem nos informa que os fariseus jejuavam duas vezes por semana (Lc 18,12). O livro do Levítico prescreve o jejum para "o dia do perdão" (Lv 16,29-30). É bastante provável que se trate, aqui, de uma prática ascética individual, atestada na Escritura (2Sm 12,21; 1Rs 21,27 etc.), e que se visava estender a todas as pessoas. Seja como for, o nosso texto dá ao jejum um caráter cristológico: é em relação a Cristo, o esposo, que o jejum deve ou não ser praticado. Há, aqui, uma antecipação da paixão e morte de Jesus: "Dias virão em que o noivo lhes será tirado" (v. 20). As duas parábolas (vv. 21.22) de caráter sapiencial apontam para a incompatibilidade entre o novo trazido por Jesus e a rigidez e estreiteza de visão representada, sobretudo, pelos fariseus. O jejum não é abolido, mas reinterpretado, o que implica uma nova prática.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, a presença de Jesus na nossa história é motivo de grande alegria. Que a minha alegria consista em construir um mundo de amor e de fraternidade, como ele nos ensinou.
Fonte: Paulinas em 21/01/2013
Comentário do Evangelho
A centralidade de Cristo que determina e orienta o jejum
Trata-se de uma controvérsia sobre o jejum, seguida de dois ditados sapienciais. A questão apresentada a Jesus é sobre o comportamento dos seus discípulos, que não estavam jejuando. Em todo o Novo Testamento, este é o único trecho em que o leitor é informado de que os discípulos de João praticavam jejum. Quanto aos fariseus, jejuavam duas vezes por semana. A Lei de Moisés prescreve o jejum uma vez por ano, no dia do perdão dos pecados. É provável que, aqui, se trate de uma prática ascética de grupo e que os fariseus tivessem a pretensão de impô-la como regra para todo o povo. Seja como for, a controvérsia é ocasião para Jesus afirmar o critério cristológico do jejum. Nesta nova etapa da história da salvação, é a centralidade de Cristo que determina e orienta o jejum. Somente quando o noivo for tirado, alusão à morte de Jesus, é que será o tempo de jejuar. Os dois ditados sapienciais apontam para a incompatibilidade entre o velho e o novo. A revelação de Deus em Jesus Cristo exige deixar cair a rigidez na interpretação e na prática da Lei. Na interpretação que Jesus faz da Lei, é devolvida à misericórdia o seu lugar central.
Pe. Carlos Alberto Contieri
Oração
Pai, a presença de Jesus na nossa história é motivo de grande alegria. Que a minha alegria consista em construir um mundo de amor e de fraternidade, como ele nos ensinou.
Fonte: Paulinas em 19/01/2015
Vivendo a Palavra
Os fariseus e mesmo os discípulos do Batista tinham uma visão distorcida do jejum. Eles pensavam em cumprimento de um item do regulamento, mas, para Jesus, trata-se da luta contra nossas paixões, tendência para o mal. Trata-se do jeito de colocar em ordem os sentimentos e desejos, para servir ao próximo.
Fonte: Arquidiocese BH em 21/01/2013
VIVENDO A PALAVRA
Os fariseus e mesmo os discípulos do Batista tinham uma visão distorcida do jejum. Eles pensavam que se tratava apenas do cumprimento externo de um item do regulamento. Mas, para Jesus, jejum significa a luta contra nossas paixões, contra a nossa tendência para o mal. Trata-se do jeito novo de colocar em ordem os sentimentos e moderar os desejos e apetites egoístas, tudo para servir ao próximo.
Fonte: Arquidiocese BH em 21/01/2019
VIVENDO A PALAVRA
Jesus adverte à Igreja – aos que conviviam com Ele e a nós, os seus discípulos no início deste tormentoso Terceiro Milênio –, que os nossos vasos, ainda que moldados na Tradição, não devem estar repletos de tradicionalismo, mas preparados para receber o Vinho Novo que Ele trouxe e nos oferece: o Caminho da Justiça e da Fraternidade que conduz ao Reino do Pai Misericordioso. Seguir a Jesus de Nazaré é estar atento e participante na vida que flui de forma sempre criativa.
Fonte: Arquidiocese BH em 18/01/2021
Reflexão
Em todas as épocas, as pessoas sempre valorizaram as práticas religiosas, e, entre essas práticas, o jejum. Na época de Jesus, não era diferente. Por isso, os fariseus procuram Jesus e o questionam sobre a prática do jejum por parte dele e dos seus discípulos. Jesus nos mostra que as práticas religiosas só têm sentido enquanto são manifestações do relacionamento que temos com Deus, e que o Novo Testamento apresenta essa grande novidade em relação ao Antigo. Assim, percebemos que Jesus veio nos trazer algo realmente novo, e não apenas colocar rótulos novos nas coisas velhas que já existiam antes da sua vinda ao mundo.
Fonte: CNBB em 21/01/2013 e 19/01/2015
Reflexão
O jejum praticado por João Batista e pelos fariseus era uma atitude penitencial que supunha um Deus irritado com as pessoas e ao qual era necessário acalmar, e por isso elas se privavam de alimento. Eis que o Messias misericordioso já está presente, mas muitos não o percebem e continuam apegados a essa tradição, sem sentido religioso. Jesus não vem alimentar uma religião triste, em que os fiéis se obrigam a colecionar obras de reparação para agradar a Deus. É o tempo da alegria pela presença de Deus entre nós. Um Deus que perdoa pecados; que acolhe os marginalizados e os reintroduz na vida social. Um Deus que abre as portas do Reino aos povos do mundo inteiro. Esta é a novidade que Jesus traz, mas para essa novidade são necessárias mentes abertas, corações receptivos: “vinho novo em vasilhas novas”.
(Dia a dia com o Evangelho 2019 – Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp)
Fonte: Paulus em 21/01/2019
Reflexão
O jejum praticado por João Batista e pelos fariseus era uma atitude penitencial que supunha um Deus irritado com as pessoas e ao qual era necessário acalmar, e por isso elas se privavam de alimento. Eis que o Messias misericordioso já está presente, mas muitos não o percebem e continuam apegados a essa tradição, sem sentido religioso. Jesus não vem alimentar uma religião triste, em que os fiéis se obrigam a colecionar obras de reparação para agradar a Deus. É o tempo da alegria pela presença de Deus entre nós. Um Deus que perdoa pecados; que acolhe os marginalizados e os reintroduz na vida social. Um Deus que abre as portas do Reino aos povos do mundo inteiro. Esta é a novidade que Jesus traz, mas, para essa novidade, é necessário termos mentes abertas, corações receptivos: “vinho novo em vasilhas novas”.
Oração
Ó Mestre, deparas com a incompreensão dos discípulos de João Batista e dos fariseus. Eles jejuam e questionam por que teus discípulos não o fazem. Simples: és o “noivo” da nova comunidade, é preciso que todos te acolham e se alegrem. Teus adversários, “roupas velhas”, não percebem essa novidade. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2021 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp e Pe. Nilo Luza, ssp)
Fonte: Paulus em 18/01/2021
Reflexão
O jejum praticado por João Batista e pelos fariseus era uma atitude penitencial que supunha um Deus irritado com as pessoas e ao qual era necessário acalmar, e por isso elas se privavam de alimento. Eis que o Messias misericordioso já está presente, mas muitos não o percebem e continuam apegados a essa tradição, sem sentido religioso. Jesus não vem alimentar uma religião triste, em que os fiéis se obrigam a colecionar obras de reparação para agradar a Deus. É o tempo da alegria pela presença de Deus entre nós. Um Deus que perdoa pecados; que acolhe os marginalizados e os reintroduz na vida social. Um Deus que abre as portas do Reino aos povos do mundo inteiro. Esta é a novidade que Jesus traz, mas para essa novidade são necessárias mentes abertas, corações receptivos: “vinho novo em vasilhas novas”.
(Dia a Dia com o Evangelho 2023)
Fonte: Paulus em 16/01/2023
Meditação
O jejum era manifestação de luto e de penitência. Havia um só dia de jejum obrigatório, mas gente piedosa acrescentava outros dias, alguns até dois dias por semana. Até aí, tudo bem. O que não estava certo era querer impor isso a todos como se fosse obrigação vinda de Deus. Nem estava certo imaginar que o jejum fosse a única maneira de manifestar conversão e aceitar a salvação. O melhor é, na verdade, a caridade e a prática da misericórdia.
Oração
Deus eterno e todo-poderoso, que governais o céu e a terra, escutai com bondade as preces do vosso povo e dai ao nosso tempo a vossa paz. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: a12 - Reze no Santuário - Deus Conosco em 16/01/2023
Meditando o evangelho
FALANDO DE FESTA
A intransigência dos fariseus, quanto à prática do jejum, foi firmemente rejeitada por Jesus. Para darem prova de piedade, certos fariseus e certos discípulos de João Batista exageravam na prática de jejuns não obrigatórios. E se admiravam por que os discípulos de Jesus não faziam o mesmo.
O jejum tem uma forte conotação de penitência, de recolhimento e de interiorização. Em torno desta prática, cria-se um clima especial que ajuda o jejum a atingir seu objetivo: levar a pessoa a se tornar senhora de si mesma, dominar seus instintos e suas paixões.
Embora desejando que os discípulos tivessem autocontrole, Jesus preferia que, em torno dele, houvesse um clima festivo de alegria. Daí ter falado de sua presença no meio deles servindo-se da metáfora da festa de casamento. Era assim que a piedade popular entendia os tempos messiânicos. Os ditados a respeito de vestidos e vinhos novos e velhos também situam-se neste ambiente de festa.
A presença do Messias Jesus deveria levar o discípulo a superar toda tristeza. Com o Mestre, renascia a esperança, pois a boa-nova do Reino descortinava um horizonte novo. Por conseguinte, seria insensato ficar multiplicando jejuns e penitências, quando era tempo de empenhar-se, festivamente, na vivência do amor e da fraternidade.
Fonte: Dom Total em 19/01/2015, 21/01/2019, 18/01/2021 e 16/01/2023
Oração
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Pai, a presença de Jesus na nossa história é motivo de grande alegria. Que a minha alegria consista em construir um mundo de amor e de fraternidade, como ele nos ensinou.
Fonte: Dom Total em 19/01/2015, 21/01/2019 e 18/01/2021
Oração
Deus eterno e todo-poderoso, que governais o céu e a terra, escutai com bondade as preces do vosso povo e dai ao nosso tempo a vossa paz. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Dom Total em 19/01/2015
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Quando se perde o melhor da Festa...
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Jejum no contexto desse evangelho significa uma interiorização para aquilo que há de vir, significa guardar toda a alegria para exultar-se quando vier Aquele que o nosso coração sonha e alimenta a esperança. Na Bíblia, que conta a experiência de Vida de um Povo com seu Deus, vira e mexe se compara o Reino com um grande banquete. Para o povo simples de Israel, principalmente os mais pobres, que tinham apenas uma refeição principal ao dia, imaginar um banquete já trazia alegria no coração além de água na boca. Banquetear-se é comer "até ficar triste" como diz o povo. Pois o Reino era assim anunciado, muita comida e bebida, carnes gordas e vinhos nobres.
Não podemos interpretar literalmente o texto Bíblico que faz essa comparação, senão vamos pensar que o Deus Cristão é aquele que enche o nosso estômago. Não é isso! Deus manifestado em Jesus é aquele que sacia toda nossa fome, preenche totalmente todo nosso ser fazendo-nos realizar plenamente a ponto de não sentirmos falta de nada nesta vida quando vivemos com ele a comunhão. Não é assim que saímos de um banquete? Barriga cheia totalmente satisfeitos... Dizem até que na cultura judaica, o convidado, em um gesto de gratidão e delicadeza deveria, ao final da refeição "arrotar" demonstrando assim a sua plena satisfação..
Pois os discípulos de Jesus já estavam comendo e se arregalando em uma festança danada de boa, com a presença entre eles, do próprio Senhor, o Messias esperado por todos enquanto que os de João e os Fariseus ainda estavam á espera, fazendo jejum á espera do noivo e assim perdendo o melhor da festa... Enquanto estes vinham com o milho, os de Jesus já retornavam com o Fubá...
Por que isso acontecia? Não é porque os discípulos de Jesus eram mais espertos ou mais inteligentes, mas sim porque abriram o coração para acolher com alegria o Mestre Jesus que trazia algo de novo e inédito, que a velha religião não tinha para oferecer. Crer em Jesus de Nazaré e tornar-se discípulo exigias um desprendimento de todo pensamento antigo, da tradição religiosa do passado. E daí, os que se julgavam muito entendidos em religião, os Fariseus, não queriam abrir mão de suas convicções religiosas, era melhor ficar com o legalismo e o religiosamente correto do que correr o risco de perder a salvação.
Hoje o recado é muito válido a todos nós cristãos do segundo, a essência da verdadeira relação com Deus é o amor, a busca da justiça e da igualdade, o respeito e a valorização da vida humana, se não nos abrirmos e nos adequarmos para o método novo de evangelização e de anuncio do Reino na pós modernidade, ficando fechados em nossas velharias religiosas, com a mente e o coração trancados para os que pensam diferente, estamos pregando retalho de pano novo em roupa velha, o tecido não irá resistir.
A essência do Cristianismo é sempre a mesma, anunciamos Jesus Cristo, o mesmo de Ontem, de hoje e de sempre, mas precisamos usar os novos métodos nessa missão, senão vamos todos "mofar" em nossas igrejas, pastorais e movimentos, com nossas práticas espirituais que não levam a lugar nenhum repetindo assim o comportamento farisaico...
2. Por que os discípulos de Jesus não jejuavam?
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - comece o dia feliz)
Joanitas e fariseus jejuavam. Por que os discípulos de Jesus não jejuavam? A pergunta foi feita e a resposta dada pareceu um pouco enigmática. Jesus respondeu que os convidados não jejuam numa festa de casamento enquanto o noivo está com eles, e que um dia o noivo seria tirado e então jejuariam. Ele se referia a si mesmo. Ele é o noivo e os convidados são os seus discípulos. O jejum que eles farão um dia será estar sem Jesus. De fato, nunca estarão sem Jesus. Jesus não os deixará órfãos. Deixar de comer alguma coisa em determinados dias, por penitência, é bom e saudável, mas pode ser apenas remendo novo em pano velho. As mortificações têm por finalidade fortificar a nossa vontade e nos ajudar a viver com mais intensidade a vida cristã. Às vezes, porém, se tornam um tranquilizador de consciência, quando, na verdade, o que se precisa é de uma cura total, e não de um simples curativo. O exemplo sugere uma conversão radical e não medidas paliativas que podem ser enganadoras. O jejum penitencial faz bem, mas jejum ruim é estar sem Jesus.
Fonte: NPD Brasil em 21/01/2019
HOMILIA DIÁRIA
A tentação de remendar pano novo em roupa velha
Postado por: homilia
janeiro 21st, 2013
Nesta narrativa de Marcos, o destaque é a questão do jejum, uma das principais observâncias religiosas dos fariseus, que é mencionado seis vezes neste texto. Jesus, com seus discípulos, infringia esta prescrição legal, bem como a observância do sábado, conforme os Evangelhos registram com frequência.
O texto de hoje relata a terceira duma série de controvérsias com vários grupos judaicos, iniciada em Mc 2,1. Talvez, surpreendentemente, a discussão de hoje se deu não somente com os fariseus, mas com os discípulos de João Batista. Marcos fala disso porque os discípulos de João formavam uma comunidade que sobreviveu à morte do Batista, sem dúvida até o segundo século da nossa era (cf. Jo 3,25). O motivo foi porque os discípulos de Jesus não davam grande importância ao jejum – uma prática que, ao lado da oração e da esmola, era muita cara às tradições religiosas dos judeus. Aliás, práticas também que continuavam – e continuam – a ter muito sentido para os cristãos de então, e de hoje, se bem com ênfases e expressões diferentes.
O Sermão da Montanha, no sexto capítulo de Mateus (Mt 6,1-18), nos dá as orientações de Jesus sobre essas práticas, para evitar que caiam no formalismo e no vazio de serem somente práticas externas que não tocam no coração da pessoa humana. Atualmente, na Sexta-feira Santa por exemplo, lotam-se os restaurantes para comer bacalhau caríssimo, uma vez que comer carne vermelha é proibido! E assim, se cumpre a lei “na letra” mas não no espírito.
No trecho de hoje, Jesus não se concentra sobre o jejum como tal, mas sobre o simbolismo de jejuar ou não no contexto das bodas, ou casamento. A imagem do banquete de casamento tinha conotações messiânicas e a referência a Jesus como o noivo tem esse sentido. Com a vinda de Jesus , chegou a hora do casamento, ou seja, de um novo relacionamento entre Deus e as pessoas.
Mas também neste texto, bem no meio das controvérsias, se faz uma alusão clara à Cruz, ao destino de Jesus, pois “vão chegar dias em que o noivo será tirado do meio deles. Nesse dia, eles vão jejuar”. A fidelidade à vontade do Pai, na pregação da novidade da chegada do Reino de Deus, levará Cristo inevitavelmente à morte, pois o velho sistema politico-religioso é incapaz de adaptar-se à grande novidade da Boa Nova trazida por Jesus.
Por isso, Marcos termina o texto colocando duas frases sobre a relação entre o velho e o novo – o pano remendado e os barris de vinho. A Boa Nova, com as suas consequências sociais e religiosas, é como um pano novo que não pode remendar roupas velhas, e como barril novo que preserva vinho novo. Para acolher Jesus e o seu projeto, é necessário acabar com estruturas arcaicas de dominação e de discriminação. Quem procurar salvaguardar esquemas antiquados e injustos não vai conseguir vivenciar a Boa Nova.
Jesus veio exigir mudança radical, tanto no nível individual como social. Não veio “remendar” mas trazer algo novo – um novo relacionamento entre as pessoas, com Deus, consigo mesmos e com a criação.
A presença de Jesus entre seus discípulos e no mundo é motivo de alegria. É o próprio Deus da vida e do amor presente entre nós, dispensando as práticas cultuais que são feitas em busca de um deus oculto e distante.
Com as sentenças sobre remendo novo em roupa velha e vinho novo em odres velhos fica afirmada a novidade do movimento de Jesus, que se diferencia fundamentalmente da antiga prática religiosa legalista.
O desafio continua hoje : como é tentador “remendar”, ou seja, fazer somente algumas mudanças que não atingem o cerne das estruturas de exploração, nem a sua raiz na nossa própria pecaminosidade. Por isso, a sociedade hegemônica, taxando-se muitas vezes de “cristã”, sempre procura cooptar o Evangelho e a Igreja, para que não tenha que mudar. Quando a cooptação e o suborno sutil não funcionam, parte-se para a perseguição – por isso Marcos desde já aponta para a Cruz.
A sociedade moderna – sobretudo através da mídia – continua essa cooptação, disseminando uma religião “água com açúcar”, de “panos quentes”, dando espaço para movimentos religiosos alienantes, enquanto cala a voz dos profetas, ignorando-os ou até matando-os, como o sangue dos mártires do nosso tempo muito bem testemunha.
O Evangelho de hoje nos desafia para que façamos as mudanças radicais necessárias para acolher a Boa Nova, para sermos contraculturais, com Jesus: “Vinho novo deve ser colocado em odres novos”, que são os nossos corações.
Padre Bantu Mendonça
Fonte: Canção Nova em 21/01/2013
HOMILIA DIÁRIA
Não desanime na prática de suas orações
Temos que continuar com nossas orações, mesmo que seja em meio a muitas lágrimas. Você pode ter certeza de que elas serão consoladas, socorridas, amparadas pelo próprio Deus!
“Cristo, nos dias de sua vida terrestre, dirigiu preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas, àquele que era capaz de salvá-lo da morte. E foi atendido, por causa de sua entrega a Deus.” (Hebreus 5, 7)
Meditando a carta aos Hebreus no capítulo 5, nós encontramos um referencial de prece, de súplica, de intercessão e clamor a Deus. O próprio Cristo, nos dias de Sua vida, no meio de nós nesta Terra, fez da Sua vida uma constante súplica ao Pai.
Olhando para Ele vamos entender a importância da oração e da intercessão em nossa vida, porque se o próprio Cristo, Filho de Deus, Aquele que veio para ser Nosso Salvador, foi perseverante, constante e insistente nas Suas orações a Deus, se fazendo ponte entre nossa humanidade e Deus, Aquele que é o nosso Pai e Criador, da mesma forma nós precisamos aprender a sermos também intercessores e mediadores! Sim, sem desistir, sem desanimar, precisamos ser insistentes nas nossas orações e nas nossas súplicas ao Senhor.
A oração de Cristo foi feita com forte clamor e lágrimas. Aqui eu faço memória a tantas pessoas, sobretudo, mães e mulheres que, muitas vezes, transformam suas orações em verdadeiras lágrimas a Deus. A oração delas é, muitas vezes, um verdadeiro vale de lágrimas, não são lágrimas de desespero não! São as lágrimas de um coração aflito que deseja ser ouvido e consolado por Deus!
Eu me dirijo a você e lhe digo: Minha filha, as suas lágrimas chegam ao céu como as lágrimas de Cristo também chegaram ao coração do Pai! Não pense que a sua oração é a mais sofrida do mundo não, porque as lágrimas de Cristo se verteram em sangue no Horto das Oliveiras; o Seu suor chegou ao extremo da aflição, mas Ele se manteve firme na oração e na súplica.
Hoje aprendemos com Jesus que não podemos desanimar, não podemos esmorecer, não podemos nos entregar (no sentido de desanimar na prática de nossas orações). Temos que continuar com o forte clamor, mesmo que seja em meio muitas lágrimas. Você pode ter certeza de que a nossa alma será consolada, socorrida e amparada pelo próprio Deus!
Não desanimemos, apresentemos a Deus, dia e noite, as nossas súplicas. Assim como o Sumo Sacerdote Jesus Cristo fez, nós o fazemos: entregamos ao Pai as nossas orações!
Deus abençoe você!
Fonte: https://homilia.cancaonova.com/pb/homilia/nao-desanime-na-pratica-de-suas-oracoes/?sDia=19&sMes=1&sAno=2015 (19/01/2015)
HOMILIA DIÁRIA
O Evangelho de Cristo é sempre novo
O Evangelho nunca é velho, ele é sempre novo. A Palavra de Deus nunca é a mesma, ela é sempre nova
“Ninguém põe vinho novo em odres velhos, porque o vinho novo arrebenta os odres velhos e o vinho e os odres se perdem. Por isso, vinho novo em odres novos.” (Marcos 2,22)
O vinho é uma bebida saborosa e especial, mas não quero nenhuma fazer ligação do vinho apenas como bebida alcoólica. O vinho, que é bebido com moderação, é uma bebida muito importante.
O primeiro milagre de Jesus, que acompanhamos ontem, foi, justamente, transformar água em vinho. O exemplo que nos é dado, hoje, é para entender que não podemos pegar um vinho novo e colocá-lo em um vasilhame velho, porque ele vai perder o sabor e a qualidade. Do mesmo jeito acontece com a Boa Nova, com a novidade do Evangelho: se não tivermos um coração novo para recebê-lo, ele vai se perder.
A verdade é essa: a Boa Nova do Evangelho tem se perdido em corações que não se deixam renovar, que não se abrem, em mentes que ainda estão velhas e atrasadas. Não se trata de sermos aquela pessoa moderna, onde tudo é novidade. Não se trata disso, mas é se deixar renovar por Deus, é deixar-se convencer pelo Evangelho de que aquilo que sempre achamos que foi de uma maneira é ou pode ser de outro jeito. Ter uma mentalidade nova é deixar-se convencer e converter por Deus.
Passamos a vida inteira adquirindo a nossa forma de pensar, assumindo nossas ideologias e filosofias, passamos a pensar dessa maneira, mas é preciso deixar-se convencer e converter por Deus para que tenhamos a mentalidade do Evangelho. A graça d’Ele vai ser nova, vai nos renovar, a Palavra de Deus vai ser sempre nova em nossa vida.
Percebemos que o odre envelheceu, que o coração envelheceu quando a pessoa escuta o Evangelho e diz: “Esse eu já sei o que é. Eu já conheço”. O Evangelho nunca é velho, ele é sempre novo, a Palavra de Deus nunca é a mesma, ela é sempre nova. As letras, as palavras podem até parecer sempre as mesmas, mas a ação é sempre nova.
Podemos escutar o Evangelho mil vezes, e mil vezes de forma diferente Deus fala, age e atua no meio de nós. Que tenhamos um novo coração para saber acolher a novidade de Deus a cada dia.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Fonte: Canção Nova em 21/01/2019
HOMILIA DIÁRIA
Mudemos as atitudes do nosso coração
“Ninguém põe vinho novo em odres velhos; porque o vinho novo arrebenta os odres velhos e o vinho e os odres se perdem. Por isso, vinho novo em odres novos.” (Marcos 2,22)
Todos nós gostamos do que é novo, gostamos de roupas novas, gostamos de novidades, gostamos de comprar coisas novas porque parece que as coisas novas nos renovam. Quando colocamos uma camisa nova, as pessoas olham e nós também nos sentimos bem porque estamos com uma coisa nova, mas é mera ilusão e engano.
Uma coisa nova só se torna nova a primeira vez que você usa, você até faz muito esforço para que aquilo que é novo não se desgaste e não se torne velho. É claro, você cuida para que o novo não se estrague. Mas entenda uma coisa: não é roupa nova, não é sapato novo, não é casa nova e o carro novo que vão renovar a nossa vida.
Até podemos respirar novos ares, faz bem para nós, nós até podemos, por necessidade, mudar para uma casa nova ou para uma nova realidade, mas entenda uma coisa: a pessoa será a mesma. Eu sou o mesmo aqui, acolá, e em qualquer lugar. O que muda são as minhas atitudes, são as minhas disposições interiores em encarar até aquilo que é velho e transformar em novo, por isso, não há novidade que nos transforme. O que nos transforma é a Boa Nova que faz nova todas as coisas na nossa vida e em nosso coração.
É com o coração novo que vamos permitir que o Evangelho faça diferença em nossa vida
Aqui não é trocar a roupa, mas trocar o coração; não é trocar a aparência, mas é trocar a disposição do coração. É ser novo na forma de falar, de agir, de proceder. É ter atitudes novas para que o novo, de fato, nos renove. O sonho de todas as pessoas é se tornarem renovadas, fazem cirurgias, procedimentos, procuram limpeza de pele e tratamentos. Que beleza! Procure cuidar mesmo da sua saúde, mas volto a dizer que nada disso vai te renovar se você não renovar as suas atitudes e posturas.
Os religiosos da época de Jesus não foram renovados porque não tiveram atitudes novas para acolher a verdadeira novidade do Evangelho, se fecharam, se trancaram em suas posturas, em suas tradições e costumes, se trancaram em sua maneira de enxergar o mundo e as coisas, e o vinho novo, que chegou, arrebentou no coração deles, porque não tinham um coração novo para acolher o novo de Deus.
Que a graça de Deus não se perca, que a graça de Deus seja nova em nossa vida, que a novidade de Deus renove as nossas estruturas interiores. É com o coração novo, tendo postura nova, tendo uma capacidade nova de acolher, de ouvir, de amar e perdoar, é assim que vamos permitir que o Evangelho faça diferença em nossa vida.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Fonte: Canção Nova em 18/01/2021
HOMILIA DIÁRIA
O jejum levará você a uma relação profunda com Cristo
“Então, vieram dizer a Jesus: ‘Por que os discípulos de João e os discípulos dos fariseus jejuam, e os teus discípulos não jejuam?’ Jesus respondeu: ‘Os convidados de um casamento poderiam, por acaso, fazer jejum, enquanto o noivo está com eles? Enquanto o noivo está com eles, os convidados não podem jejuar. Mas vai chegar o tempo em que o noivo será tirado do meio deles; aí, então, eles vão jejuar.” (Marcos 2,18-20)
Bem, meus irmãos, hoje nós temos como temática desse Evangelho a realidade do jejum. Os discípulos de João e os fariseus estão preocupados com a observância do jejum; em vez de se preocuparem com os frutos do jejum na própria vida, incomoda-lhes o fato de outros não o fazerem.
É interessante porque, muitas vezes, a nossa experiência cristã passa por essa tentação; a nossa experiência religiosa, muitas vezes, de fixar o nosso olhar no outro e deixamos de experimentar o que Deus está fazendo em nós.
Hoje, gostaria também de falar com vocês sobre essa realidade do jejum, porque o jejum cristão tem elementos que vão muito além do fato de não comer carne ou não comer um outro alimento, é muito mais do que isso.
A Lei Eclesiástica diz para nós que: “Nos dias prescritos, os fiéis se dediquem de modo especial à oração, façam obras de piedade e caridade, renunciem a si mesmos, cumprindo mais fielmente as próprias obrigações” (cf. Cân.1249)
A essência do jejum é a relação com o Esposo, que é Cristo
Veja, o jejum não pode ser uma prática vazia e isolada dessas outras realidades, porque jejum é um crescimento em todos os aspectos, da caridade, na piedade, na renúncia a si mesmo e no cumprimento fiel de todas as nossas obrigações.
A Mãe Igreja estabeleceu que todas as sextas-feiras são um dia penitencial, e ela diz que, nesses dias, os fiéis se abstenham de carne ou de outro alimento ou pratiquem alguma forma de penitência, principalmente obra de caridade ou exercício de piedade. Isso precisa ficar bem claro para nós, porque, muitas vezes, nós não lemos nas entrelinhas o que a Igreja diz: abstenham-se de carne ou de outro alimento ou pratiquem alguma forma de penitência, principalmente a caridade e o exercício de piedade.
Por exemplo, numa sexta-feira, se você não pode se abster de algum alimento ou carne, você pode fazer uma Via-sacra, rezar uma Via-sacra com piedade e devoção; você cumpriu a sua sexta-feira penitencial! Porque a Lei Eclesiástica para nós, aqui do Brasil, nos deu essa possibilidade de mudar a abstinência da carne por uma outra obra. Então precisamos nos abrir também a essa realidade.
Mas o importante é que o cerne do jejum — e o Evangelho de hoje nos dá essa indicação muito bonita — , é a relação com o Esposo; o miolo, a essência do jejum é a relação com o Esposo, que é Cristo. A ausência do alimento nos remete à ausência do Esposo, a presença do alimento nos indica a presença do Esposo.
Então, o jejum precisa nos levar a essa relação íntima com o Cristo; quando tiramos um alimento, lembramo-nos também da ausência do Esposo, e quando nós fazemos festa, quando vivemos uma Solenidade e podemos comer determinado alimento, lembramos da festa, que é a presença do Esposo no meio de nós.
Peçamos ao Senhor a graça de usufruir dessa prática espiritual tão bela, mas com profundidade.
Sobre todos vós, desça a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!
Padre Donizete Ferreira
Sacerdote da Comunidade Canção Nova.
Fonte: Canção Nova em 16/01/2023
Oração Final
Pai Santo, dá-nos força e coragem para enfrentar nossas paixões e oferecer todas as nossas forças interiores para o bem dos companheiros de viagem. Queremos seguir o exemplo do Cristo Jesus, teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo reina na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 21/01/2013
ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, dá-nos sabedoria e coragem para enfrentar nossas paixões e oferecer todas as nossas forças interiores, os talentos e os bens materiais que nos emprestas, para servir aos companheiros de viagem. Queremos seguir o exemplo do Cristo Jesus, teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo reina na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 21/01/2019
ORAÇÃO FINAL
Pai amantíssimo, que és a Fonte da Salvação Eterna, faze-me um barril novo, vazio, purificado e receptivo, para acolher com alegria, guardar com cuidado e distribuir com generosidade o Vinho Novo da Boa Notícia – a chegada em nós e entre nós do teu Reino de Amor, sabendo que Ele ainda precisa ser conquistado. Por Jesus Cristo, teu Filho e nosso Irmão, que contigo reina na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 18/01/2021
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