sábado, 15 de junho de 2024

Bem-aventurada Nhá-Chica - 14 de junho


Bem-aventurada Nhá Chica

Dia 14 de junho celebramos a bem-aventurada Nhá Chica

Francisca de Paula de Jesus, a Nhá Chica, é a primeira bem-aventurada negra do Brasil. Leiga, ela não pertencia a nenhuma ordem religiosa. Analfabeta, não lia a Bíblia, mas aplicava no dia a dia o amor ao próximo e a caridade, o que a fez ser conhecida como "Mãe dos Pobres".
Nhá Chica nasceu em São João Del Rei (MG) mas viveu a maior parte da sua vida em Baependi (MG), onde morreu no dia 14 de junho de 1895. Desde então, os relatos de cura por intercessão de Nhá Chica são vários.

O milagre

O processo de beatificação começou em 1993, mas foi em 1995 que o processo ganhou um capítulo decisivo. Em julho daquele ano, a professora Ana Lúcia Leite descobriu que tinha um problema congênito no coração. Na véspera de fazer uma cirurgia, ela sentiu uma forte febre e exames posteriores revelaram que o problema havia desaparecido. Ana Lúcia havia rezado a Nhá Chica e considera que foi curada por intermédio dela.

Venerável

Em 1998, o provável milagre foi enviado ao Vaticano. Em janeiro de 2011, o Papa Bento XVI aprovou as virtudes heroicas da religiosa e designou o título de Venerável a Nhá Chica. Em outubro do mesmo ano, a comissão médica da Congregação das Causas dos Santos do Vaticano aprovou o milagre atribuído a Nhá Chica, concordando que a cura não tem explicação científica. A comissão de cardeais do Vaticano atestou o milagre em junho de 2012 e no mesmo mês, o Papa Bento XVI assinou o decreto de beatificação de Nhá Chica.

Beatificação

Em 30 de abril de 2004, os bispos brasileiros reunidos na 42ª Assembleia Geral de Bispos do Brasil (CNBB) assinaram um documento pedindo pela beatificação de Nhá Chica. O documento que reuniu 204 assinaturas de Bispos de 25 estados brasileiros foi encaminhado pela Diocese de Campanha ao então Papa João Paulo II.
No dia 8 de junho de 2010, no Vaticano, deram parecer favorável às Virtudes da Serva de Deus Nhá Chica, e no dia 14 de janeiro de 2011, Papa Bento XVI aprovou as suas Virtudes Heroicas: castidade, obediência, fé, pobreza, esperança, caridade, fortaleza, prudência, temperança, justiça e humildade.
Em 14 de outubro de 2011 o Milagre foi reconhecido. A comissão médica da Congregação das Causas dos Santos analisou o milagre ocorrido por intercessão da Venerável Nhá Chica em favor da senhora Ana Lúcia. Todos os 07 médicos deram voto favorável: a cura não tem explicação científica.
O Estudo do Milagre pela comissão de Cardeais da Santa Sé aconteceu em 05 de junho de 2012. O Papa Bento XVI promulgou o Decreto da Beatificação de Nhá Chica, sendo que a cerimônia oficial aconteceu no dia 04 de maio de 2013, em Baependi.
Na ocasião, disse o arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo:
"A celebração dessa festa enriquece e perpetua o tesouro de nossa fé católica, convidando cada um a inspirar-se neste exercício de fé. É o mesmo percurso seguido pelos que ganharam a condição de patriarcas, profetas, mártires, santos, amigos de Deus, cidadãos e cidadãs com as marcas da eternidade, comprometidos com a vida e com a justiça. Esse exercício é o que, pela fé, possibilita uma importante certeza: as coisas visíveis provêm daquilo que não se vê.
Nhá Chica ofereceu seus sacrifícios sem lamúrias e os converteu em oferendas agradáveis que se transformam em frutos de bem. Sua simplicidade é transformada em sabedoria porque, como registra o referido capítulo da Carta aos Hebreus, permite a compreensão de que sem a fé é impossível agradar a Deus. Quem Dele se aproxima deve crer que Ele existe e recompensa os que o procuram. Na estatura simples de Nhá Chica, sua experiência de fé tracejou como em Noé “o levar a sério” a promessa divina, a obediência amorosa que impulsionou Abraão fazendo-o partir confiante para uma terra que deveria receber como herança. Nela, pobre sem letras e sem poder, como em Sara, a estéril, é manifestada a força do amor de Deus por uma admirável capacidade de fazer o bem em vida e depois da morte.
Pela fé, Jacó se prostrou em adoração e Nhá Chica viveu adorando, especialmente às sextas-feiras, tocada pelos sofrimentos redentores de seu Senhor.
Pela fé, José relembrou, já no fim da vida, do êxodo dos filhos de Israel e Nhá Chica continua lembrando-se de todos nós.
Também pelo caminho da fé, Moisés preferiu ser maltratado com o povo de Deus e Nhá Chica escolheu ser conselheira e protetora daqueles que são desafiados pelos sofrimentos. Sua beatificação ensina a todos nós que a fé é o tesouro maior"

Ó Nhá Chica,
intercede por nós.
Ao teu Senhor fieis queremos ser
para contigo sempre repetir:
"Isto acontece porque rezo com fé"
(Hino a Nhá Chica)

Fonte: Paulinas em 2014

Beata Nhá Chica

Seu nome de batismo era Francisca de Paula Jesus e ficou conhecida como Nhá Chica, ela nasceu em Santo Antônio do Rio das Mortes, no distrito de São João Del Rei (MG).

Cardeal Orani João Tempesta, O. Cist. - Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

Celebramos neste dia 14 de junho a memória da Beata Nhá Chica. Nascida aqui no Brasil e com uma vida humilde, Nhá Chica era temente a Deus e vivia de maneira austera e piedosa. Procurava conversar com todos e apontar o caminho para se chegar até Deus. Muitos a procuravam para conversar e pedir conselho, e ela orientava essas pessoas através daquilo que escutava de Nossa Senhora em seus momentos de oração.
Seu nome de batismo era Francisca de Paula Jesus e ficou conhecida como Nhá Chica, ela nasceu em Santo Antônio do Rio das Mortes, no distrito de São João Del Rei (MG). Ela foi batizada em 26 de abril de 1810. Os documentos que existem e que atestam a existência de Nhá Chica são o seu atestado de óbito, um testamento e um inventário do irmão da beata. No testamento ela pedia que fossem rezadas missas para o irmão e para a mãe.
Aos oito anos de idade ela mudou-se com sua mãe Isabel Maria e com seu irmão Theotônio Pereira do Amaral, quatro anos mais velho, para Baependi, cidade do interior de Minas Gerias.  Sua mãe morreu logo depois de chegarem à cidade, quando Nhá Chica tinha dez anos. Com isso, ela e o irmão Theotônio passaram a viver sozinhos. Ela nunca se casou e passou a viver reclusa em sua casinha, se dedicando à oração e a dar conselhos a quem lhe procurava. Nhá Chica ficou muito conhecida e a fama de santidade foi se espalhando devido aos conselhos que ela dava.
Nhá Chica em nenhum momento se “gabava” de dar esses conselhos, mas continuava vivendo na humildade, e ainda afirmava que Nossa Senhora lhe indicava o que deveria dizer. Ela chamava Nossa Senhora com o apelido carinhoso de “Minha Sinhá”, que significa, minha senhora.
Desde muito cedo, Nhá Chica se viu “obrigada” a morar sozinha, somente com seu irmão, devido à morte de sua mãe. Ela e seu irmão cresceram sob os cuidados e proteção de Nossa Senhora, que pouco a pouco foi conquistando o coração de Nhá Chica e conforme ela dizia Nossa Senhora se torna sua amiga.
Conhecida por todos como Nhá Chica, ela recebia todos em casa para aconselhamento, não discriminava ninguém, atendia dos mais pobres aos mais ricos. Segundo os relatos que se tem, Nhá Chica atendia os conselheiros do Império, que vinham para a região por causa das Águas de Caxambu (MG) e não deixavam de passar por Baependi, com o intuito de visitar a Beata e ouvir seus conselhos. Com o seu jeito humilde e ar de santidade ela dava bons conselhos a que lhe procurava e todos gostavam de ouvi-la.
Theotônio irmão de Nhá Chica, casou-se, mas não deixou herdeiros, quando ele morreu em 1861, deixou toda a sua fortuna para Nhá Chica. Em 1865, Nhá Chica usou o dinheiro que recebeu do irmão para construir uma Capela no terreno herdado ao lado de sua casa para Nossa Senhora da Conceição, da qual ela era devota fervorosa. O restante ela doou aos pobres.
Nhá Chica atendia a todos sem discriminação e não cobrava nada de ninguém, o atendimento era totalmente gratuito e com a intenção de ajudar quem lhe procurava. Ela rezava por quem lhe procurava, dava conselhos e transmitia uma palavra de conforto e esperança. Muitos não tomavam qualquer decisão sem antes consultá-la.
O único dia que não atendia ninguém era às sextas-feiras, o dia em que lavava as próprias roupas e se dedicava à oração e à penitência. Fazia isso porque, em primeiro lugar, precisava se “alimentar espiritualmente” para poder atender os outros, e em segundo lugar é que nas sextas-feiras se recordava a paixão e morte de Jesus em vista da salvação de todos nós.
Nhá Chica morre em 14 de junho de 1895, com cerca de oitenta e cinco anos piedosamente. De seu corpo exalava um perfume de rosas. Morreu com fama de santidade! Um ano antes da morte de Nhá Chica, em 1894, um médico carioca, considerado cético, era estudioso de hidrologia e chamava-se Dr. Henrique Mona, passava por Caxambu para estudar as águas da cidade e ouviu falar de Nhá Chica. Mesmo sendo cético, ou seja, não tinha religião, de tanto ouvir falar em Nhá Chica, resolveu ir falar com ela e registrou toda a conversa em seu livro “Caxambu”. Este é um dos principais registros que se tem da beata.
O médico saiu da entrevista falando da santidade de Nhá Chica, contratou também um fotógrafo e tirou a única foto que se tem de Nhá Chica. Após um ano, ela morreria. No Dia da Abolição da Escravatura, em 1888, mesmo vivendo reclusa, ela saiu de casa e foi comemorar junto com todo o povo da cidade. Não aceitava nada em troca de seus conselhos, não queria presentes e nem mimos, ela dizia que tudo acontecia na vida da pessoa, porque ela rezava com fé.
A Capela que Nhá Chica tinha mandado construir em honra Nossa Senhora da Conceição, foi demolida em 1940. Um santuário foi erguido no mesmo local, onde estão também os restos mortais da beata. Em 1954, a Igreja de Nhá Chica, hoje Santuário Nossa Senhora da Conceição, foi confiada pelo segundo bispo da Campanha, Dom Frei Inocêncio Engelke, OFM; às Irmãs Franciscanas do Senhor. Ao lado da Igreja existe uma obra de assistência social para crianças e adolescentes necessitadas que é mantida por benfeitores e devotos de Nhá Chica.
Em 1989, por desejo do saudoso Dom Aloísio Roque Oppermann, SCJ – 5º. Bispo da Campanha, formou-se uma comissão em prol da beatificação de Nhá Chica e foi concluída em 2012, no governo de Dom Frei Diamantino Prata de Carvalho, OFM – 6º. Bispo da Campanha – com a assinatura do decreto pelo Papa Bento XVI reconhecendo as suas virtudes heroicas. Incontáveis graças são atribuídas à leiga, considerada Mãe dos pobres, de Baependi. Foi beatificada no dia 4 de maio de 2013, em Baependi, numa cerimônia presidida pelo Cardeal Ângelo Amato, enviado pelo Papa Francisco.
Com isso, sempre no dia 14 de junho celebra-se a memória da beata Nhá Chica. Que ela interceda por cada um de nós, escute os nossos conselhos e faça com que amemos uns aos outros sem distinção de raça, cor ou condição social. Continuemos em oração para que em breve ela possa ser canonizada.
Uno-me ao Bispo da Campanha, Dom Pedro Cunha Cruz, e a todo o amado povo daquela Circunscrição Eclesiástica, nesta memória, suplicando que a Beata Nhá Chica nos inspire como inspirou o Papa Francisco: “Ontem no Brasil foi proclamada Beata Francisca de Paula de Jesus, conhecida como ‘Nhá Chica’. A sua vida simples foi toda dedicada a Deus e à caridade, tanto que era chamada a “mãe dos pobres”. Uno-me à alegria da Igreja no Brasil por esta luminosa discípula do Senhor”.
Que a Beata Nhá Chica nos anime a vivermos com eloquência a caridade cristã e a devoção mariana. Nossa Senhora da Conceição nos ajude neste bom propósito. Como dizia e rezava a Beata Nhá Chica: “Esta é a ocasião, valei-me Senhora da Conceição!”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2024-06/beata-nha-chica.html#:~:text=Nh%C3%A1%20Chica%20ficou%20muito%20conhecida,indicava%20o%20que%20deveria%20dizer.

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