Deixe de banalizar os milagres de Cristo
“Naquele tempo, quando as multidões se reuniram em grande quantidade, Jesus começou a dizer: ‘Esta geração é uma geração má. Ela busca um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal de Jonas. Com efeito, assim como Jonas foi um sinal para os ninivitas, assim também será o Filho do Homem para esta geração’” (Lucas 11,29-30).
Meus irmãos e minhas irmãs, a nossa fé é o espetáculo do encontro com uma pessoa — Jesus Cristo, Nosso Senhor.
Estamos vivenciando esta primeira semana da Quaresma e já aprendemos, com o Evangelho de hoje, que a fé não é um show de milagres, ela não é um show de sinais. A fé que se baseia apenas nos milagres é incompleta, é imatura, é sentimental. Mas nós sabemos que Deus atua no mundo de diferentes formas. O milagre não é o único modo de Deus agir no mundo. O milagre é um dos modos d’Ele agir no mundo.
A multidão que aparece aqui no Evangelho, nunca se satisfaz. Se nós não calarmos esse espírito de multidão que muitas vezes grita dentro de nós, vamos viver continuamente sendo peregrinos de milagres e não peregrinos de Cristo. Isso é muito importante!
Peregrinos de Cristo, nós somos chamados a ser, porque Cristo pode até fazer um milagre para alguém, para você; Nosso Senhor pode realizar isso, Ele tem poder para isso, mas o que Ele quer, acima de tudo, é o seguimento, é que nós deixemos tudo para segui-Lo.
Nosso Senhor pode realizar muitas curas, muitas graças, mas o milagre é algo extraordinário
Não banalizemos o milagre. Nos dias de hoje, usamos muito essa palavra, tenhamos um pouco de cuidado! Você já parou para pensar nos anos de estudos que a Igreja faz, por exemplo, numa causa de canonização de um santo? Você sabe que existe um processo para que alguém se torne beato e depois se torne santo? E um dos critérios é a realização de um milagre. E a Igreja é muito cuidadosa quando analisa esses milagres para comprovar a santidade de alguém.
A Igreja é muito cautelosa, então, não banalizemos a palavra “milagre”. Nosso Senhor pode realizar muitas curas, muitas graças, mas o milagre é algo extraordinário!
No Evangelho de hoje, o Senhor diz que Jonas foi um sinal para os ninivitas. Quem se move pela barriga, pelos próprios interesses, apegos, modos de pensar, vai acabar na barriga de um peixe, como foi o profeta Jonas.
Estar na barriga de um peixe significa purificação, significa deserto, isolamento, silêncio. Então, apeguemos o nosso coração a Cristo e permitamos que Ele nos purifique.
O sinal de Jonas foi justamente o apelo à conversão, ou seja, Deus em primeiríssimo lugar, Deus sendo buscado por aquilo que Ele é e não por aquilo que Ele nos dá. Jesus disse: “Essa geração é uma geração má, que fica em busca de sinais”. Busquemos Deus por aquilo que Ele é na nossa vida e não por aquilo que Ele pode fazer.
Que o Senhor nos purifique como fez com Jonas no ventre daquela baleia. Purifique-nos, leve-nos a esse encontro pessoal com Ele para que nós acolhamos todas as formas de Deus falar conosco; seja através do milagre, mas também seja através da exortação. Seja através da Sua Palavra, do Seu apelo de conversão, Deus fala conosco.
Sobre todos vós, desça a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!
Padre Donizete Ferreira
Sacerdote da Comunidade Canção Nova.
Nenhum comentário:
Postar um comentário