quarta-feira, 1 de março de 2023

Março Lilás – Mês da Conscientização e Combate ao Câncer de colo de útero. Guia completo sobre o assunto


Março Lilás e o combate ao câncer de colo de útero.

Guia completo sobre o assunto
11 de março de 2022

Março Lilás é o nome dado ao mês voltado para a promoção de informação e combate ao câncer de colo de útero.
No último trimestre do ano, a campanha do Outubro Rosa tem como tema central o combate ao câncer de mama.
Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) o câncer de mama é o que apresenta a maior taxa de mortalidade entre mulheres no Brasil.
Já em março, o objetivo é alertar sobre os perigos do câncer de colo de útero, que, excluídos os tumores de pele não melanoma, é o terceiro tipo de câncer que mais acomete mulheres no Brasil. Causando cerca de 311 mil óbitos por ano no mundo (IARC, 2020).
Diante desses números é fundamental abordar temas como a prevenção e os impactos positivos de um diagnóstico precoce.
Sem dúvida, o conhecimento sobre a doença é um dos principais recursos para se proteger e vencer uma possível batalha contra ela.
Como ainda existem muitas dúvidas sobre o assunto, criamos um guia completo sobre o Março Lilás no qual reunimos tudo o que você precisa saber:

- O que é câncer do colo do útero
- Prevenção do câncer colo de útero
- Quais os sintomas de câncer de útero
- Tratamento.

Também vamos apresentar a história do Março Lilás e abordar a importância da data que incentiva o aumento do cuidado com a saúde da mulher.

O que é a campanha Março Lilás?

O objetivo da campanha do Março Lilás é informar e incentivar o cuidado com a saúde feminina usando como tema central o câncer de colo de útero e suas formas de prevenção e combate.
Você sabia, por exemplo, que o câncer do colo de útero não é causado por condições genéticas, mas pela exposição a alguns tipos de HPV (papilomavírus humano)?
A infecção por alguns tipos de HPV podem ser evitadas com a vacina, que é aplicada gratuitamente em Unidades Básicas de Saúde (UBS) emde todo o Brasil.
A vacina contra o HPV, entretanto, não tem efeito como tratamento ao vírus. Ela atua apenas de forma preventiva, evitando que as pessoas que não tiveram contato com o vírus sejam infectadas.
Essa é uma das razões para que a vacina oferecida pelo SUS tenha um público-alvo específico, atingindo idades em que a maioria das meninas e meninos ainda não iniciaram suas vida sexual. Adiante falaremos mais sobre isso.
É importante saber que atualmente existem 13 tipos de HPV considerados oncogênicos, ou seja, que possuem associação comprovada entre a infecção e o câncer.
Os tipos de HPV 16 e 18 estão presentes em 70% dos casos de câncer do colo do útero.
A disseminação da informação sobre todas essas questões, principalmente sobre a vacina contra o HPV, está entre as principais pautas do Março Lilás.
Afinal, segundo dados do Ministério da Saúde, apenas 55% das meninas brasileiras de 9 a 14 anos (público alvo da campanha do SUS) tomaram as doses da vacina contra o HPV, em 2020.
É importante incentivar a vacinação, principalmente nesta faixa etária, se quisermos reduzir significativamente a taxa de incidência da doença na população.
A campanha Março Lilás também tem como objetivo alertar sobre a necessidade de diagnóstico precoce para reduzir a mortalidade por câncer de colo de útero.
O artigo, “Testes de triagem para câncer do colo do útero” (original Screening Tests for Cervical Cancer), divulgado pela American Cancer Society, mostra como a detecção precoce melhora as chances de sucesso do tratamento.
Além disso, o tratamento de lesões causadas pelo HPV também impede que haja progressões que culminam em alterações das células do colo do útero, as tornando cancerígenas.
Para um diagnóstico precoce, entretanto, é fundamental que a mulher realize, periodicamente, o exame Papanicolaou (exame citopatológico), também conhecido como preventivo.
Incentivar a realização desse exame é uma das grandes bandeiras da campanha do Março Lilás.
Afinal, por meio dele, todo o tratamento se inicia e as chances de cura aumentam muito.
De fato, segundo dados divulgados pelo INCA, em países desenvolvidos, onde o rastreamento citológico foi implantado de maneira mais ativa, a incidência do câncer de colo de útero foi reduzida em torno de 80%.
A própria OMS, Organização Mundial da Saúde, reforça esse coro, indicando que, com uma cobertura da população-alvo de, no mínimo, 80% e a garantia de diagnóstico e tratamento adequados dos casos alterados, é possível reduzir, em média, de 60 a 90% a incidência do câncer cervical invasivo (WHO, 2002b).

A história por trás do Março Lilás

Mas, afinal, porque março foi escolhido como o mês que levaria adiante a bandeira da prevenção e cuidados relacionados ao câncer de colo de útero?
Uma das razões é justamente a comemoração do Dia Internacional da Mulher, no dia 8 de março.
A data foi oficializada pela ONU em 1975, mas sua origem se dá noé do início do século 20, quando protestos ocorreram nos Estados Unidos e Europa com pautas como igualdade de direitos e melhores condições de trabalho para as mulheres.
Definido a mês, porque a cor lilás? Sim, existe história também por trás da escolha da cor da campanha, e ela remonta ao Movimento Sufragista, em busca do direito ao voto feminino, que ocorreu em 1908, na Inglaterra.
No período, as cores do movimento eram lilás, branco e verde, simbolizando a busca das mulheres pela igualdade de direitos e liberdade.

O que é câncer do colo do útero?

O câncer do colo do útero, ou câncer cervical, é representado por um tumor que se desenvolve a partir de alterações, chamadas de lesões precursoras, na parte mais inferior do útero.
Essas lesões podem ser totalmente curáveis, desde que recebam o tratamento correto em tempo hábil. Em alguns casos, as alterações não chegam sequer a se transformar em câncer.
Entretanto, se não há a identificação das lesões e, consequentemente, o tratamento não é realizado, é possível que elas se transformem em lesões cancerígenas.
Essa é uma das razões para a busca contínua da prevenção por meio de exames periódicos. Em grande parte das vezes, é possível inclusive evitar o câncer.

Quais os sintomas do câncer de colo de útero?

Em suas fases iniciais, nem as lesões precursoras nem o câncer apresentam sinais ou sintomas, por isso, a única forma de diagnóstico precoce é por meio do exame citopatológico.
Entretanto, em suas fases mais avançadas o câncer de colo de útero pode apresentar sinais como:

- Sangramento vaginal,
- Corrimento,
- Dor.

Se você está passando por isso, ou se o seu paciente está vivendo esse tipo de situação, é fundamental dar início imediatamente às investigações sobre as possíveis causas desses problemas e elaborar um tratamento direcionado.

Prevenção do câncer colo de útero

Existem algumas formas principais de prevenção do câncer de colo de útero: a primeira é evitar o contágio pelo HPV. Para isso, é indicada a imunização pela vacina.
É importante, entretanto, destacar que a vacina não protege de todos os tipos de HPV, entretanto, inclui os dois tipos que estão presentes em 70% dos casos de câncer do colo do útero (tipos 16 e 18).
Além da vacina, o uso de preservativo em relações sexuais é indispensável. Ele é uma barreira eficiente que impede a infecção que ocorre por meio do contato entre a pele e as mucosas.
Um fato importante é que a infecção por HPV não ocorre apenas em relações em que ocorra penetração, mas também em contatos oral-genital, genital-genital ou mesmo manual-genital.
A segunda forma de prevenir o câncer de colo do útero é por meio do acompanhamento periódico feito a partir do exame Papanicolaou que vai identificar lesões ou verrugas, típicas do HPV.
Em casos de presença dessas alterações, um tratamento é iniciado, evitando que as células da região se transformem em células cancerígenas.
Resumindo, por meio do diagnóstico prévio de lesões precursoras é possível evitar que elas se tornem tumores malignos.
Segundo o site do INCA, tanto a incidência como a mortalidade por câncer do colo do útero podem ser reduzidas com programas organizados de rastreamento.
Todo esse caminho rumo à prevenção é facilitado quando há acesso à informação segura e de qualidade. Por isso, o Março Lilás é uma campanha crucial na busca pela redução de casos e óbitos.
Conhecer os caminhos possíveis para evitar a doença aumenta as suas chances de sucesso no tratamento.

Tratamento câncer de colo do útero

Uma vez que o câncer foi confirmado, existem diferentes tipos de tratamento. Entre os indicados no site do INCA estão algumas opções de cirurgia e radioterapia. Para a definição do que será feito, é necessária a avaliação médica de fatores que incluem:

- O estágio da doença,
- Tamanho do tumor,
- Fatores pessoais como idade e desejo de preservação da fertilidade.

Existem diferentes tipos de tratamentos cirúrgicos que podem ser indicados em cada caso.
Para lesões invasivas pequenas, menores do que 2 cm, devem ser consideradas as cirurgias mais conservadoras.
Tumores em estágios mais avançados podem receber tratamento combinado de radioterapia com quimioterapia, e posterior braquiterapia.
O próprio INCA recomenda que para informações mais detalhadas sobre tratamento do câncer do colo do útero, os profissionais devem buscar informações na área de Condutas Diagnósticas-Terapêuticas do INCA.
O material tem como objetivo ser referência para as unidades prestadoras de serviços oncológicos. Por isso, se tiver interesse acesse o material e entenda detalhadamente como deve ser a atuação profissional no tratamento da doença.

Impacto do HPV na saúde da mulher

Conhecer o câncer de colo de útero passa pela compreensão da atuação do HPV, o papilomavírus humano no processo.
Estamos falando de um tipo de vírus majoritariamente transmitido em relações sexuais, mas que também pode ser transmitido por algumas outras vias, sobre as quais falaremos a seguir.
De acordo com dados divulgados pelo INCA80% das mulheres sexualmente ativas serão infectadas por um ou mais tipos de HPV em algum momento de suas vidas.
Isso sem contar que, entre 25% e 50% da população feminina e 50% da população masculina mundial já está infectada pelo HPV.
Os números assustam, mas é importante considerar que a maioria das infecções é transitória, ou seja, elas são combatidas pelo próprio sistema imune do portador.
Logo, nem todas as infecções com HPV causam o aparecimento de verrugas, lesões ou câncer.
Como vimos ao longo deste artigo, apenas alguns tipos de HPV causam esses problemas, e o diagnóstico precoce das lesões pode evitar o avanço do problema, evitando a transformação de lesões em tumores.
Entretanto, diante de números tão expressivos, a necessidade de vacinação para conter o contágio é indiscutível.
Outro ponto relevante é que a transmissão do vírus de uma pessoa para outra pode ocorrer mesmo com a ausência de lesões.
As chances do contágio são reduzidas se comparadas a possibilidade de transmissão quando há lesões ou verrugas, mas ainda é possível que aconteça. Por essa, e outras razões, o uso do preservativo para relações sexuais, se mantém indispensável em todos os momentos.
Mesmo não havendo cura para o vírus, existem diferentes tipos de tratamento para o aparecimento de verrugas e lesões. Quando realizados de forma adequada, estes sinais desaparecem, permitindo que a região afetada volte a aparência normal.
Além do câncer de colo de útero, na lista de patologias associadas a evolução  de alguns tipos de HPV estão:

- Câncer de vagina,
- Câncer de vulva,
- Câncer de ânus,
- Câncer de pênis,
- Câncer de orofaringe,
- Câncer de boca.

Quem pode tomar a vacina contra o HPV?

Atualmente, falar de HPV é falar da vacina que evita a infecção pelo vírus.
No Brasil, é possível tomar a vacina gratuitamente pelo SUS, desde que você faça parte do público-alvo da campanha que inclui:

- Meninas com idade entre 9 e 14 anos,
- Meninos entre 11 e 14 anos,
- Pessoas portadoras de HIV e transplantados entre 9 e 26 anos (desde que estejam em acompanhamento médico).

A faixa etária foi definida usando o critério de que grande parte desse público ainda não iniciou as atividades sexuais e, consequentemente, não foram expostos ao vírus. Isso aumenta a capacidade de proteção da vacina.
Vale lembrar que nem a vacina é capaz de eliminar o vírus em caso de contaminação antes da aplicação do imunizante.
Entretanto, você pode tomar a vacina mesmo tendo sido diagnosticado com HPV, afinal, ela pode proteger você dos outros tipos de vírus com os quais o seu organismo ainda não teve contato.
A vacinação gratuita é oferecida pelo Ministério da Saúde desde 2014 para meninas e desde 2017 para os meninos.
A vacina tetravalente é aplicada em três doses com intervalos de 0, 2 e 6 meses e protege contra os tipos 6, 11, 16 e 18 do HPV.
Se você não faz parte desse grupo, mas deseja tomar a vacina também é possível, para isso procure uma unidade de saúde particular, que aplique o imunizante.
Mesmo mulheres vacinadas devem continuar fazendo o exame de rastreamento de Papanicolaou, que também é oferecido pelo SUS nas Unidades Básicas de Saúde.
Diante de todos os benefícios da vacina contra o HPV é necessário destacar que existem grupos que não devem aplicar o imunizante, entre eles:

- Mulheres grávidas,
- Pessoas alérgicas a algum componente da vacina,
- Pessoas com sintomas como febre ou doença aguda,
- Pacientes com redução do número de plaquetas e problemas de coagulação sanguínea.

Como ocorre o contágio do HPV?

Nós já falamos do contágio por via sexual, entretanto, existe uma outra forma de transmissão do vírus, que pode ocorrer durante a gravidez ou parto. Mesmo sendo improvável, não é possível descartá-lo.
Entretanto, é fundamental destacar que o próprio INCA afirma que o parto normal não é contra-indicado, mesmo em casos de mãe infectada, afinal, o desenvolvimento de lesões em bebês é muito raro. Além disso, é possível que ocorra a contaminação antes do parto, o que não seria impedido por uma cesária.
Em situações como esta é fundamental que paciente e médico conversem e busquem a melhor alternativa para a situação em particular.

Quais os tratamentos para HPV?

O tratamento para HPV está relacionado à eliminação de verrugas e lesões que podem aparecer como sintoma da infecção.
O INCA indica que o tratamento deve ser direcionado pelo médico responsável, e entre as opções de procedimentos que podem ser realizados estão:

- laser,
- eletrocauterização,
- ácido tricloroacético (ATA),
- medicamentos que melhoram o sistema de defesa do organismo.=,
- cremes e tomadas específicas, entre outros.

A decisão será tomada de acordo com a quantidade, grau ou localização das lesões.
Agora que você já conhece tudo sobre a campanha Março Lilás e tem informações importantes sobre HPV e câncer de colo de útero, é importante apoiar o movimento e compartilhar informações relevantes e verídicase sérias sobre prevenção, tratamentos e a importância do diagnóstico precoce.
Seja médico ou paciente, você também pode se engajar na luta contra o câncer de colo de útero.

Diagnóstico rápido e adesão ao tratamento salvam vidas!

Ao longo deste artigo vimos a importância da realização de exames periódicos, do diagnóstico precoce e do tratamento certo para diminuir a incidência do câncer de colo de útero. O mês de março como um todo é dedicado a isso por meio da campanha Março Lilás.

Referências:

- BRASIL. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Coordenação de Prevenção e Vigilância. Divisão de Detecção Precoce e Apoio à Organização de Rede. Diretrizes brasileiras para o rastreamento do câncer do colo do útero. – 2. ed. rev. atual. – Rio de Janeiro: INCA, 2016.


- INTERNATIONAL AGENCY FOR RESEARCH ON CANCER (IARC). Cancer today. Lyon: WHO, 2020.
Acesso em: 03 maio 2021.

INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA (INCA). Estimativa 2020: incidência do Câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2019. 
Disponível em: 
Acesso em: 12 maio 2021.

- INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA (INCA). Detecção precoce do câncer. – Rio de Janeiro: INCA, 2021a.

- INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA (INCA). Atlas da mortalidade. Rio de Janeiro: INCA, 2021b. 1 base de dados.
Disponível em: https://www.inca.gov.br/app/mortalidade Acesso em: 18 jan 2021.

- WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). National cancer control programmes: policies and managerial guidelines. 2.ed. Geneva: WHO, 2002b.

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