terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA - 07/02/2023

ANO A


Mc 7,1-13

Comentário do Evangelho

Oposição entre dizer e aderir

A perícope Mc 7,1-23 é a mais significativa, no segundo evangelho, no que concerne à questão da Lei. As várias explicações que Marcos dá a respeito da tradição dos judeus, quanto à lei de pureza, são um forte indício de que os seus destinatários são cristãos oriundos do mundo pagão. Os versículos que nos ocupam trazem uma controvérsia com os fariseus e escribas sobre o fato de comer sem lavar as mãos. No centro do texto está a oposição entre lábios e coração; oposição entre dizer e uma adesão, de fato, ao mandamento de Deus. Essa contradição, que é hipocrisia, anula ou faz abandonar o mandamento de Deus, em nome da "tradição humana" (cf. v. 8).
Carlos Alberto Contieri
Oração
Pai, coloca-me no caminho da verdadeira piedade, a qual me leve a estar em perfeita sintonia contigo, realizando aquilo que, de fato, é do teu agrado.
Fonte: Paulinas em 12/02/2013

Vivendo a Palavra

Frente à figura dos fariseus, que seguem a letra da Lei, Jesus nos ensina o que é a verdadeira religião: ela não é feita de pequenos atos de submissão a prescrições e mandamentos, mas é toda nossa vida dedicada a Deus e aos irmãos – como filhos do nosso Pai que é rico em misericórdia.
Fonte: Arquidiocese BH em 12/02/2013

VIVENDO A PALAVRA

Frente à figura dos fariseus, que seguem estritamente a letra da Lei, Jesus nos ensina o que significa a verdadeira religião: ela não é feita de pequenos atos de submissão a prescrições e mandamentos, mas é toda nossa vida dedicada a Deus através do cuidado com os irmãos – como filhos que somos todos do nosso mesmo Pai, que é rico em Misericórdia.
Fonte: Arquidiocese BH em 12/02/2019

VIVENDO A PALAVRA

Diante dos fariseus, que eram os que se diziam seguidores rigorosos da Lei e sempre fiéis à sua letra, Jesus nos ensina o que significa a verdadeira religião: ela não é feita de pequenos atos de submissão a prescrições e mandamentos, mas é toda nossa vida dedicada a Deus através do cuidado com os irmãos – como filhos que somos do nosso mesmo Pai, que é rico em Misericórdia.
Fonte: Arquidiocese BH em 09/02/2021

Reflexão

Jesus, citando o profeta Isaías, diz: 'Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim'. Precisamos saber se somos cristãos de palavras ou de coração. O cristão de palavras é aquele que vive uma religiosidade de cumprimento de preceitos, normas e rituais, que em nada difere dos rituais de alquimia e bruxaria que existem por aí; o que muda é que no lugar de abracadabra, fala frases bonitas com efeitos especiais. O cristão de coração é aquele que ama a Deus, ama os seus irmãos que são templos dele e procura servir a Deus no serviço aos irmãos e irmãs, na valorização da pessoa humana e promoção da sua dignidade. O cristão de coração fala pouco e nem sempre sabe falar bonito, mas ama muito, é solidário, generoso e fraterno.
Fonte: CNBB em 12/02/2013

Reflexão

Os fariseus e alguns mestres da Lei censuram os discípulos de Jesus por não observarem algumas regras de higiene, que fazem parte da tradição oral. Jesus declara-lhes que essa tradição apresentada como de origem divina é, ao contrário, de origem humana e, portanto, não pode ser imposta como de origem divina. Depois, chama a atenção dos fariseus que se baseiam numa observância puramente exterior que, por conseguinte, não é agradável a Deus: “Eles me prestam culto inutilmente”. Por fim, acusa os adversários de manipular a Lei de Deus, colocando essas tradições orais acima da Lei de Deus. Creem estar agradando a Deus, quando na verdade estão desprezando o próximo. Jesus, por isso, é categórico ao afirmar: “Para transmitir sua própria tradição, vocês invalidam a Palavra de Deus”.
(Dia a dia com o Evangelho 2019 – Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp)
Fonte: Paulus em 12/02/2019

Reflexão

Os fariseus e alguns mestres da Lei censuram os discípulos de Jesus por não observarem algumas regras de higiene, que fazem parte da tradição oral. Jesus declara-lhes que essa tradição apresentada como de origem divina é, ao contrário, de origem humana e, portanto, não pode ser imposta como de origem divina. Depois, chama a atenção dos fariseus por se basearem numa observância puramente exterior que, por conseguinte, não é agradável a Deus: “Eles me prestam culto inutilmente”. Por fi m, acusa os adversários de manipular a Lei de Deus, colocando essas tradições orais acima da Lei de Deus. Creem estar agradando a Deus, quando na verdade estão desprezando o próximo. Jesus, por isso, é categórico ao afirmar: “Para transmitir sua própria tradição, vocês invalidam a Palavra de Deus”.
ORAÇÃO
Ó Jesus Mestre, fariseus e doutores da Lei acusam teus discípulos de não seguir a tradição dos antepassados por comer com as mãos sujas. Citando Isaías, provas que eles, ao praticar a tradição antiga, desprezam o mandamento de Deus. Pior: invalidam a Palavra de Deus. Amarga repreensão. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2021 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp e Pe. Nilo Luza, ssp)
Fonte: Paulus em 09/02/2021

Reflexão

Os fariseus e alguns mestres da Lei censuram os discípulos de Jesus por não observarem algumas regras de higiene, que fazem parte da tradição oral. Jesus declara-lhes que essa tradição apresentada como de origem divina é, ao contrário, de origem humana e, portanto, não pode ser imposta como de origem divina. Depois, chama a atenção dos fariseus que se baseiam numa observância puramente exterior que, por conseguinte, não é agradável a Deus: “Eles me prestam culto inutilmente”. Por fim, acusa os adversários de manipular a Lei de Deus, colocando essas tradições orais acima da Lei de Deus. Creem estar agradando a Deus, quando na verdade estão desprezando o próximo. Jesus, por isso, é categórico ao afirmar: “Para transmitir sua própria tradição, vocês invalidam a Palavra de Deus”.
(Dia a Dia com o Evangelho 2023)

Reflexão

«Por que os teus discípulos não seguem a tradição dos antigos?»

Rev. D. Iñaki BALLBÉ i Turu
(Terrassa, Barcelona, Espanha)

Hoje contemplamos como algumas tradições tardias dos mestres da Lei haviam manipulado o sentido puro do quarto mandamento da Lei de Deus. Aqueles escribas ensinavam que os filhos que ofereciam dinheiro e bens para o Templo faziam o melhor. Segundo este ensinamento, sucedia que os pais já não podiam pedir nem dispor destes bens. Os filhos formados nesta consciência errônea achavam que tinham cumprido assim o quarto mandamento, inclusive ter cumprido da melhor maneira. Mas, de fato, se tratava de um engano.
E Jesus acrescentou: «Vocês são bastante espertos para deixar de lado o mandamento de Deus a fim de guardar as tradições de vocês» (Mc 7,9): Jesus Cristo é o intérprete autêntico da Lei; por isso explica o justo sentido do quarto mandamento, desfazendo o lamentável erro do fanatismo judio.
«Com efeito, Moisés ordenou: ‘Honre seu pai e sua mãe’. E ainda: ‘Quem amaldiçoa o pai ou a mãe, deve morrer’» (Mc 7,10): o quarto mandamento lembra aos filhos as responsabilidades que têm com os pais. Tanto como possam, devem prestar-lhes ajuda material e moral durante os anos da velhice e durante as épocas de enfermidade, solidão ou angustia. Jesus lembra este dever de gratidão.
O respeito aos pais (piedade filial) está feito da gratidão que lhes devemos pelo dom da vida e pelos trabalhos que realizaram com esforço em seus filhos, para que estes pudessem crescer em idade, sabedoria e graça. «Honre a seu pai de todo coração, e não esqueça as dores de sua mãe. Lembre-se de que por eles o geraram. O que você lhes dará em troca por tudo o que eles deram a você?» (Sir 7,27-28).
O Senhor quer que o pai seja honrado pelos filhos, e confirma a autoridade da mãe sobre os filhos. Quem honra o próprio pai alcança o perdão dos pecados, e quem respeita sua mãe é como quem ajunta um tesouro. Quem honra seu pai será respeitado pelos seus próprios filhos, e quando rezar será atendido. Quem honra o seu pai terá vida longa, e quem obedece ao Senhor dará alegria à sua mãe.(cf. Sir 3,2-6). Todos estes e outros conselhos são uma luz clara para nossa vida em relação aos nossos pais. Peçamos ao Senhor a graça para que não nos falte nunca o verdadeiro amor que devemos aos pais e saibamos, com o exemplo, transmitir ao próximo esta doce “obrigação”.

Pensamentos para o Evangelho de hoje

«Por vezes exibe-se uma aparência de virtude, sem qualquer interesse pela retidão interior. Quem ama a Deus fica feliz por Lhe poder agradar, porque o maior prémio que podemos desejar é o próprio amor» (São Leão Magno)

«Peçamos ao Senhor, por intercessão da Virgem Santa, que nos dê um coração puro, livre de toda a hipocrisia, para que assim sejamos capazes de viver segundo o espírito da lei e alcancemos o seu fim, que é o amor» (Francisco)

«O quarto mandamento lembra aos filhos adultos as suas responsabilidades para com os pais. Tanto quanto lhes for possível, devem prestar-lhes ajuda material e moral, nos anos da velhice e no tempo da doença, da solidão ou do desânimo. Jesus lembra este dever de gratidão» (Catecismo da Igreja Católica, nº 2.218)

Meditação

Jesus lembrou palavras do profeta Isaías para condenar o apego a doutrinas e certezas humanas que nos impedem de aceitar as propostas de Deus. Nenhuma realidade humana, nenhuma oferta pode salvar-nos, nenhuma verdade humana pode dar-nos a felicidade. Pedro disse-o bem: “Só tu tens palavras que nos dão vida para sempre”. Tenho de ter coragem de só ficar com o que salva. Tenho de ter coragem e ser profeta de esperança e da verdade em nossos dias.
Oração
Velai, ó Deus, sobre a vossa família, com incansável amor; e, como só confiamos na vossa graça, guardai-nos sob a vossa proteção. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Meditando o evangelho

UMA FALSA PIEDADE

Certas atitudes dos escribas e fariseus deixavam Jesus irritado. O modo como praticavam a religião parecia-lhe inconveniente. Para umas coisas, eram muito severos; para outras, faziam o que lhes era mais cômodo. Assim, eram rigorosos quando se tratava da pureza exterior, a ponto de não se sentarem à mesa, sem terem lavado, cuidadosamente, as mãos. Quando, porém, se tratava de cuidar de seus pais, não tinham um mínimo de piedade filial. Assim, não tinham escrúpulos de distorcer a Lei de Moisés só para não ter que ajudar os pais carentes. Tal atitude impiedosa invalidava a preocupação com a pureza ritual e tudo o mais que faziam com a intenção de agradar a Deus.
Jesus não suportava um tipo de religião em que o indivíduo se esforça para mostrar-se piedoso diante de Deus, sem gestos de misericórdia em relação ao próximo.
E o que dizer, quando este próximo era o pai ou a mãe? A Lei era severa quanto ao respeito devido aos pais. O mandamento - "Honrarás pai e mãe" - era acompanhado de uma série de exigências bem concretas.
Assim, quando os escribas e fariseus consagravam a Deus o que era devido a seus pais, estavam se opondo à vontade divina. E nem tinham moral para criticar os discípulos que comiam com as mãos impuras.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Espírito de autenticidade, livra-me da atitude falsa de querer agradar a Deus, sem ser misericordioso para com o meu semelhante.

Comentário ao Evangelho

O PERIGO DA EXTERIORIDADE

Os escribas e fariseus criticavam o comportamento dos discípulos de Jesus, interpretado como desrespeito às tradições religiosas do povo. Em última análise, culpavam o mestre Jesus, que levava seus discípulos a agirem de maneira leviana e irresponsável. A tradição, no parecer deles, merecia mais respeito. E ficavam escandalizados.
Jesus os desmascarou, pois, atrás da veneração pela tradição, escondia-se uma enorme hipocrisia. O respeito pela Lei era pura exterioridade, máscara para a hipocrisia deles. Isso era pior do que a liberdade dos discípulos de comerem sem lavar antes as mãos.
A habilidade dos escribas e fariseus para encobrirem sua falta de consideração pela tradição foi posta às claras. Eles eram hábeis para se eximirem de seu cumprimento, quando isto lhes convinha. Sua submissão à tradição, portanto, carecia de radicalidade.
Os discípulos de Jesus eram formados de maneira diversa. Ao invés de se perderem em detalhes e se escravizarem a interpretações meticulosas, eram exortados a se orientarem pelo espírito da Lei. Isso não invalidava a letra da Lei, mas os obrigava a ir fundo na busca do seu sentido, aquele correspondente à mente do Pai. O respeito pela tradição, neste caso, não se resumia a ações previamente determinadas. Antes, abria um espaço imenso para a criatividade. Era sempre possível encontrar formas novas de vivenciar a Lei.

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. Pureza...
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Tradição em si não é coisa ruim que causa algum mal, ao contrário, a tradição é uma riqueza para a nossa vida e a nossa cultura, é no fundo a preservação de valores considerados importantes como elementos sócio culturais na vida de uma nação.
Jesus não é inimigo da tradição, aliás, em relação a Lei Mosaica, que está no centro da tradição religiosa de Israel, ele irá dizer "Não vim para abolir a lei, mas para levá-la á plenitude" isso é, mostrar o seu real significado. O que ele critica na condita dos Fariseus e Escribas é exatamente esta má compreensão daquilo que na lei é essencial. Vamos dar um, exemplo, alguém que comemora o aniversário, faz bolo, realiza um, a festa, chama os amigos, canta-se o Parabéns á Você, mas esta pessoa não dá valor ao dom da vida, vive de maneira irresponsável, não preservando a saúde, ingere bebidas alcoólicas e outras drogas, está sempre infeliz e deprimido. Para estes a festa de aniversário que estão fazendo ou que outros fizeram, não passa de um mero ritual ou formalismo social, porque o sentido verdadeiro da comemoração foi deixado de lado.
Assim faziam os Escribas e Fariseus, praticavam ou ensinavam a prática meticulosa de toda lei, entretanto não se davam conta de que aquele que é o verdadeiro sentido da Vida já está no meio deles. Comer com as mãos sujas ou contaminadas, e o judeu não usava talher, poderia no máximo contaminar-se com alguma doença provocada por algum vírus ou bactéria, mais nada tem a ver com uma conduta religiosa quando Aquele que irá purificar a toda humanidade já está no meio deles.
O homem não pode ser macaco de imitação, em uma liturgia, por exemplo, tem que se conhecer o sentido e o significado de cada gesto, ficar em pé, ajoelhar-se, inclinar-se, sentar-se, dar as mãos, dar o ósculo da paz, tudo isso não são apenas gestos mas há por trás dele um significado muito rico que não pode ser ignorado por aquele que o faz, senão o que é símbolo sagrado torna-se ridículo e um preceito meramente humano, como nos diz o evangelho.
Em resumo, Jesus transmite uma religião intimista, presente no coração do homem em sua relação sincera com Deus, e ao mesmo tempo condena o formalismo religioso, hoje muito presente em alguns sacramentos onde os cristãos que os recebem têm também esse comportamento farisaico, haja vista nossos crismados e batizados, que somem da comunidade ou só aparecem em algumas ocasiões, levando uma vida totalmente desconectada com o evangelho, nessa mesma linha entram os Casamentos no Religioso onde ninguém quer mais compromisso e depois da cerimônia e da festa, cada um vive como quer e faz o que quer...
Como se percebe, escribas e fariseus é uma raça que se perpetuou e ainda está presente em nosso tempo infestando nossas comunidades, dizendo -se membros de uma Igreja, com a qual nunca se comprometeram, e portadores de uma Fé marcada pela superstição e magia.

2. Críticas aos discípulos de Jesus
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)

Fariseus e escribas contestam Jesus porque seus discípulos comiam sem a ablução religiosa das mãos. Na resposta, Jesus põe a questão: O que é de fato mandamento de Deus? Como distinguir o que é vontade de Deus e o que é tradição humana?
Fonte: NPD Brasil em 12/02/2019

HOMILIA DIÁRIA

Deus não usa artimanhas

Postado por: homilia
fevereiro 12th, 2013

Marcos hoje nos apresenta o problema que alguns fariseus e mestres da Lei vindos de Jerusalém colocaram a Jesus.
Sua intenção era descobrir se, na formação dada por Jesus a seus discípulos, Ele os incitava à não-observância da Lei. A fama do Mestre havia chegado à capital onde se supunha que a prática da religião fosse irrepreensível. Pelo que se dizia dele, parecia que seu ensinamento não se enquadrasse nos padrões religiosos da época, e suas orientações rompiam com o sistema religioso estabelecido.
Quem se tinha aproximado do Mestre com o intuito de desmascará-lo, acabou sendo desmascarado por Ele. Tudo começou com a crítica feita aos discípulos: “Por que se sentam à mesa sem antes terem lavado cuidadosamente as mãos?” Era um costume fundado numa série de preconceitos. Um deles é que o contato exterior com as coisas pode tornar impuro o coração humano. Outro era o medo de ter tido contato com algum pagão e, por isso, ter contraído alguma impureza. A impureza interior explicava-se, pois, por um gesto puramente exterior.
Jesus pôs-se a demonstrar como a tradição considerada exemplar era, em última análise, caduca, e podia ser inescrupulosamente manipulada. Exemplo disso era a forma desumana como muitos mestres da Lei e fariseus “piedosos” tratavam seus pais, distorcendo a Lei, a ponto de interpretá-la a seu favor. A impiedade era, assim, acobertada por uma falsa piedade. O Mestre Jesus procurava evitar que seus discípulos fossem contaminados por esta mentalidade.
É muito grave quando Deus não apenas faz advertências a respeito da conduta do seu povo, mas o acusa da gravidade de suas escolhas. Quando Jesus diz que “vós abandonais o mandamento de Deus para seguir a tradição dos homens” está apontando o núcleo inspirador de atitudes comprometedoras de um povo que se apresenta como religioso, guardião da prática religiosa correta. No entanto, desloca, friamente, e com uma convicção inquestionável, a Deus do seu lugar insubstituível de centro da vida dos que creem. Nada é tão grave.
Nada é tão grave quando o coração humano e sua inteligência passam a ser a única medida correta de arbitragem do que é certo e do que é errado. Tudo é possível quando cada pessoa, ancorada em práticas religiosas, ritualmente obedecidas com rigor, se torna a medida única e última de tudo. Os resultados são arbitrariedades e insolências, impiedades e maldades que eliminam tudo e todos os que não se localizam no enquadramento estreito desta pretensão humana.
O absurdo deste procedimento alcança o ápice de pretender envolver a Deus, colocando-se ao seu redor, como os conterrâneos religiosos de Jesus fizeram com Ele, certos de sua condição moral questionável, para apresentar questionamentos de tal modo a assumirem o próprio lugar de Deus quando o julga e aos seus como incorretos, desrespeitosos e sem autoridade.
O centro da questão para a disputa estabelecida com Jesus Mestre, fruto da posição pretensiosa assumida pelos fariseus e mestres da Lei, é o fato de os discípulos de Jesus comerem sem lavar as mãos. A tradição incluía abluções rituais. Havia um escrúpulo de se ter tocado coisas impuras antes da refeição com o consequente risco de contaminação. É bom entender que a higiene focalizada não se refere àquela necessária para que não se corra o risco de comprometimentos sanitários. A preocupação e a ritualidade assumida se deve a uma concepção de puro e impuro, segundo critérios muito próprios que chegam às raias de doentios e até perversos, criando preconceitos e transformando a vivência religiosa em maldosa consideração dos outros para verificar a quem condenar ou criar condições de desmoralizações.
Jesus reage à tentativa de desmoralização que buscam aplicar sobre Ele. Na verdade, em Israel, um Mestre não tinha autoridade se não conseguisse que os seus discípulos obedecessem à risca todos os preceitos e ritos previstos pela prática religiosa.
Certamente, com satisfação, que é o sentimento dos perversos e dos convencidos de sua oca dignidade moral, os interlocutores de Jesus pensavam ter encontrado um meio de desmoralização do Mestre e condenação dos seus discípulos. Este é o único caminho comum e sempre muito explorado dos hipócritas. Buscam conquistar autoridade e validar suas posições com a desmoralização dos outros, ainda que seja fruto de suas perversas e obscuras pretensões. Os honestos, de verdade, não necessitam atacar, destruindo os outros, para encontrar o seu próprio lugar de autoridade e reconhecimento.
Jesus chama todos estes de hipócritas. Não são poucos. A hipocrisia se vence com algo mais que ultrapassa o simples cumprimento de ritos e normas que encobrem mentiras e interesses pessoais. Hipócrita é, pois, uma condição que define aquele que é capaz de fazer e falar sem deixar transparecer os enganos, critérios perversos e mentiras que estão sempre guardadas com força de cálculo no fundo do coração. A hipocrisia é uma verdadeira cultura que muitos dela vivem sem perceber, outros a adotam como artimanha para conseguir seus propósitos e não poucos se gabam das práticas que engambelam os outros para se alcançar os próprios interesses, tantas vezes imorais, prejudiciais ao bem comum, perversos e maldosos para com os outros.
Jesus contrapõe a proposta de prática religiosa dos seus conterrâneos. Não é uma simples contestação dos ritos, menos ainda um desleixo ou uma atitude de simplesmente contestar e desconsiderar, como ato de insolência e de arbitrariedade. O coração de Deus é misericórdia, amor, sinceridade à toda prova. Deus não usa artimanhas. Quem usa artimanhas não é capaz de amar de verdade. Interessa alcançar os próprios propósitos, mesmo que estes sejam destrutivos e comprometedores do bem de instituições e de pessoas. Jesus reorienta o sentido da prática religiosa mostrando que sua essência, para dar vida aos ritos de não deixá-los cair numa complicada esterilidade, supõe um cuidado especial com o próprio coração.
O discípulo, então, é aquele que nutre no coração uma experiência inspirada nos sentimentos do coração de Deus. A interioridade é, na verdade, a força sustentadora da autêntica experiência de fé, de culto a Deus e de sinceridade no relacionamento com os outros. Jesus pede dos seus discípulos esta construção e esta conquista. O de fora se sustenta autenticamente a partir do que está no fundo do coração. Manter as aparências e enganar é hipocrisia.
O discípulo de Jesus não pode descambar na direção da hipocrisia. Isto só é possível na medida em que o discípulo compreende que “o impuro não é o que entra nele vindo de fora”, explicou Jesus chamando para perto de si a multidão. Impuro é o que sai do interior. Ele recorda em linguagem bem direta que o que sai do interior é que é impuro: as más intenções, imoralidades, roubos, assassínios, adultérios, ambições desmedidas, maldades, fraudes, devassidão, inveja, calúnia, orgulho, falta de juízo. Jesus conclui: “Todas estas coisas más saem de dentro e são elas que tornam impuro o homem”.
É fácil colocar capas, roupas e cores que indicam outras coisas, até nobres. O que vale é verificar o fundo do coração, diante de Deus e da própria consciência. Deus não se engana. Ele, mais do que qualquer outro, mesmo a própria pessoa, conhece o mais escondido do coração. Ao discípulo só resta uma alternativa: passar a limpo a própria interioridade, permanentemente, e escolher sempre o caminho do amor que nos resgata, recria, perdoa e nos reconcilia com Deus.
Outra opção de que devemos a todo custo fugir é a hipocrisia. Isto é, a condição de um povo que “louva com os lábios, mas o coração está longe de Deus”. O nosso coração deve ser verdadeiramente íntimo de Deus.
Padre Bantu Mendonça
Fonte: Canção Nova em 12/02/2013

HOMILIA DIÁRIA

O único preceito que nos salva é o amor, e não os preceitos humanos

O essencial é a vivência do amor, é a misericórdia que temos com o próximo; o essencial é amar a Deus com o coração puro e sincero

“(…)‘Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim. De nada adianta o culto que me prestam, pois as doutrinas que ensinam são preceitos humanos’” (Marcos 7,6-7).

Os fariseus reclamavam de Jesus e dos Seus discípulos porque eles comiam sem lavar as mãos. Os fariseus consideravam impuros aqueles que comiam sem lavar as mãos. Os preceitos que eles e muitos doutores da lei observavam, eram preceitos rigoristas. Pois os fariseus prestavam atenção no rigor da lei; na forma de lavar as mãos, os copos; e assim por diante.
Esses eram os detalhes importantes para os fariseus, enquanto que, o mais importante não se tornava, de fato, o mais importante. Porque o essencial é a vivência do amor, é misericórdia que temos com o próximo; o essencial é amar a Deus com o coração puro e sincero.
Deu-se, então, a resposta de Jesus: “Este povo me honra com os lábios, com a boca, mas o coração está longe de mim”. A doutrina que eles ensinavam não passavam de doutrinas humanas, cheia de preceitos humanos e não carregavam o ardor da graça, a força do Espírito.
E o Espírito é vida; é vida de relação com Deus; é vida de amor ao próximo. O primeiro preceito não é a doutrina, o primeiro preceito é a vida; é o cuidado pela vida. A vida como relação com Deus; a vida como respeito de um ser humano para com o outro.
Nós, muitas vezes, estamos formando uma religião farisaica, hipócrita. Uma religião que briga por causa das doutrinas, dos preceitos. Uma religião que combate quem não crê e reza como ela. Combate a quem não se veste da mesma forma, combate a quem não usa o véu, o crucifixo; e assim por diante.
Mas nos esquecemos que esses são os aspectos acidentais da religião, pois, a essência de uma religião é, de fato, a vivência do amor. Às vezes, queremos brigar por causa de Deus e, em nome d’Ele, atacamos, brigamos; criamos discussões; acusamos aos outros; criamos confusões, quando tudo isso não passa de preocupações humanas, brigas e discussões. O único preceito que nos salvará é o amor.
Não, nós não estamos desconsiderando nenhum mandamento ou preceito da lei. Não estamos ignorando nada daquilo que são regras, liturgia, direito. Porém, todas essas coisas sem a vivência do essencial não terão importância alguma para Deus. Porque a religião que nos salva é a vivência do amor acima todas as coisas.
Vivendo no amor, viveremos os preceitos necessários para que a religião seja verdadeira e agrade ao coração de Deus.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Fonte: Canção Nova em 12/02/2019

HOMILIA DIÁRIA

Nosso coração precisa estar próximo de Deus

“Bem profetizou Isaías a vosso respeito, hipócritas, como está escrito: ‘Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim” (Marcos 7,6).

É duro olharmos a hipocrisia dos fariseus. Não é que fariseu seja hipócrita, pois fariseu é uma pessoa religiosa, é uma pessoa que frequenta a sinagoga, é uma pessoa que observa os Mandamentos, as Leis, os decretos e ensinamentos de Deus.
Fariseu é aquele que jejua, que vai com mais frequência à sinagoga, mas aqui é um problema, pois a religião sem coração se torna uma religião hipócrita, porque vai endurecendo tanto a forma de viver a religião que não se importa mais com o irmão. Se importa em julgar, reparar, falar, condenar, mas não se importa em acolher e amar.
A religião está se tornando para alguns uma coisa tão elástica e comum, porque é importante dizer que religião não é uma coisa comum. Religião é algo sublime e extraordinário, é uma graça nova a cada dia. Cada vez que me coloco na presença amorosa de Deus, eu me ligo com Deus e Ele se liga em mim, sou conectado com a graça, vivo a comunhão com a graça.

A religião verdadeira é aquela que nos leva para o coração de Deus

A religião sem a graça se torna uma desgraça, por isso, muitas vezes, a nossa vida religiosa de cada dia se torna uma verdadeira hipocrisia, fazemos por fazer, vamos porque temos que ir, rezamos porque somos obrigados e começamos a julgar e reparar de mais a vida dos outros. Toda vez que seu senso religioso te leva a julgar e condenar os outros, saiba que estamos vivendo a religião da hipocrisia.
A religião verdadeira é aquela que nos leva para o coração de Deus, o coração misericordioso e bondoso; o coração que filtra tudo sobre o olhar da verdade, mas iluminado pelo amor e pela misericórdia. Porque senão vamos ficar nos atos externos, como estão os fariseus aqui no Evangelho. Eles estão olhando que os discípulos de Jesus comem sem lavar as mãos. Que hipocrisia!
Tem que lavar as mãos, ainda mais nos tempos em que vivemos de pandemia – Ai de nós se não lavarmos nossas mãos! Mas não é o ato de lavar ou não as mãos que torna uma pessoa boa, não é o ato de deixar de lavar ou não as mãos que faz de mim uma pessoa mais iluminada, mas é o ato de lavar o meu coração todos os dias, lavar a minha mente da hipocrisia, dos julgamentos, dos maus pensamentos, maus sentimentos, lavar meu coração de todo ressentimento, mágoa e rancor que levo dentro de mim; lavar-me desse sentimento egoísta, orgulhoso e soberbo que muitas vezes move as minhas atitudes, porque senão vou ser do povo que honra a Deus com os lábios “Amém!”, “Aleluia”, mas o coração é tomada pelas impurezas.
Que o Senhor purifique o meu coração, para que, em espírito e verdade, possa louvá-Lo, adorá-Lo e amá-Lo e saber amar, cuidar e respeitar o irmão. Essa é a religião que agrada o coração de Deus!
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Fonte: Canção Nova em 09/02/2021

Oração Final
Pai Santo, dá-nos a consciência de que somos teus filhos e coragem para vivermos a liberdade que esta filiação nos concede. Faze-nos testemunhas do teu Amor paternal, anunciando aos companheiros peregrinos desta terra a presença em nós do teu Reino de Amor. Por Jesus, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 12/02/2013

ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, dá-nos a consciência de que somos teus filhos, e coragem para vivermos a liberdade que esta filiação nos concede. Faze-nos testemunhas do teu Amor paternal, anunciando aos companheiros peregrinos desta terra encantada a presença em nós do teu Reino de Amor. Por Jesus, o Cristo teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo reina na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 12/02/2019

ORAÇÃO FINAL
Pai que és tão querido, nossos dias se consomem na Esperança da tua Salvação. Dá-nos a consciência de que somos teus filhos; sabedoria, força e coragem para viver a liberdade que esta filiação nos concede. Faze-nos testemunhas do teu Amor paternal, anunciando aos companheiros peregrinos desta terra encantada a presença em nós do teu Reino de Amor (que está ainda para ser conquistado). Por Jesus, o Cristo teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo reina na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 09/02/2021

Nenhum comentário:

Postar um comentário