sábado, 9 de maio de 2020

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 10/05/2020

ANO A


5º DOMINGO DA PÁSCOA

Ano A - Branco

“Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim.” Jo 14,6

Jo 14,1-12

Ambientação

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: A Páscoa é um projeto que tem por finalidade a Vida plena em Deus. Coração perturbado não compreende a grandiosidade desse mistério. Por isso o Senhor nos exortará: “Não se perturbe o vosso coração”. Jesus nos fala da casa do Pai, assegurando-nos que lá tem muitas moradas, as quais ele mesmo preparará. É o amor que ama até o fim e quer todos consigo, agora e para sempre.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, o Senhor Ressuscitado está entre nós e nos reuniu em seu nome. Ele hoje nos consolará com estas palavras: “Não se perturbe o vosso coração. Tendes fé em Deus, tende fé em mim também!”. Estas são palavras de alento, que nos consolam quando vivemos mergulhados nos desafios da vida, em meio a crises e desejando manter nossa fé sempre viva. Neste dia em que também recordamos nossas mães, agradeçamos a Deus termos experimentado o carinho Dele por meio do amor delas. Pelas mães já falecidas, supliquemos ao Senhor para que as acolha no Céu.

INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: A afirmação de Jesus personaliza os temas bíblicos característicos e permite a toda experiência humana confrontar-se com ele sobre o sentido fundamental da existência. Jesus Cristo, Verbo feito carne, enviado como homem aos homens, fala as palavras de Deus e consuma a obra de salvação a ele confiada pelo Pai. Eis por que ele, ao qual quem vê, vê também o Pai, pela plena presença e manifestação de si mesmo por palavras e obras, sinais e milagres, e especialmente por sua morte e gloriosa ressurreição dentre os mortos, enviado finalmente o Espírito de verdade, aperfeiçoa e completa a revelação e a confirma com o testemunho divino de que Deus está conosco para libertar-nos das trevas do pecado e da morte e para ressuscitar-nos para a vida eterna.

LAR CRISTÃO: UM CAMINHO PARA O PAI

Se Jesus nos convida a percorrer um caminho historicamente concreto, embora difícil, podemos ter a segurança de que não caminhamos em direção ao fracasso. O caminho íngreme e tortuoso, de veredas nem sempre aplainadas, é um caminho para a glória futura. Jesus, profundo conhecedor da realidade humana, dedica sua sabedoria, paciência e pedagogia para ensinar o caminho que leva ao Pai.
Nesse intuito, se ocupa dos dramas humanos, procura afastar as preocupações de seus interlocutores e alimentar sua esperança; somente Ele é capaz de animar os desanimados e – amando com alguma forma de amor maior – quis amar os não amados. Enquanto prepara-nos um lugar na morada eterna, nos diz: não fique perturbado o vosso coração! Ele é “O” caminho!
Mas há corações perturbados, apreensivos, agitados. Sem muito esforço, vislumbramos almas irrequietas, desassossegadas e inseguras perambulando pelas estradas da vida. “Quem não sabe pra onde vai, não vai a lugar nenhum”, disse o poeta gaúcho Jayme Caetano Braun. Recordo-me que - certa feita, na última Paróquia onde fui Pároco - quando conversava com um grupo de coroinhas, questionei se eles tinham o costume de conversar com seus pais e irmãos e sobre o teor das conversas em família.
Uma menina, com pouco mais de onze anos, disse: - “Lá em casa a gente só conversa quando falta luz”. Lembro que todos riram. No entanto, lembro também que eles e eu ficamos todos pensativos. Não é difícil interpretar o que foi reportado por aquela menina: os lares estão atulhados de aparelhos eletrônicos; a cada dia chegam novidades; e, com elas, mais facilidades.
Há multiplicidade e saturação de meios de comunicação..., mas o diálogo é acontecimento raro. Há pouca convivência dentro de casa, pouca convivência familiar de um modo geral. Há poucos abraços, pouca oferta de parceria, de segurança, pouca transmissão de esperança por palavras ou por olhares dizendo “aqui estou, sou sua mãe... seu pai”; há muito “hashtag tamu junto” na rede social e uma espécie de “cada um por si” dentro de nossos lares.
A energia elétrica, eu sei, e a profusão dos eletrônicos, trouxeram insignes avanços. Não saberíamos mais viver caso fossem apagadas as luzes de nossas casas. Uma grande parcela da população, não obstante o progresso, consegue dormir apenas depois de ingerir algum medicamento. E o entusiasmo vai cedendo espaço ao previsível vazio existencial. Onde está a alegria? Parece-me que - nos tempos das facilidades escassas - a vida era mais serena, com uma certa leveza e com doses constantes de alegria.
Caríssimos, se não faltar luz, urge descobrirmos tempo para a vivência dos laços fraternos, para o ensinamento dos valores cristãos, para experienciar as boas virtudes que moldam o caráter. Rezemos para que os jovens sejam idealistas e ampliem em família a alegria de viver; que nenhuma nova descoberta tecnológica dificulte a convivência familiar.
Que Nossa Senhora continue sendo a rainha dos lares, que ela – modelo de mãe – seja a protetora de todas as mães; seja inspiração e esperança naqueles momentos em que o coração insiste em ficar perturbado. Rogai por nós, Santa Mãe de Deus: para que sejamos dignos das promessas de Cristo!
Dom Jorge Pierozan
Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo

Comentário do Evangelho

O que a falta de fé pode fazer na vida do discípulo...

Toda a liturgia da palavra deste quinto domingo da Páscoa repousa sobre a preocupação com a unidade da comunidade, depois da morte e ressurreição do Senhor. A unidade e a comunhão dos discípulos são sinais e, ao mesmo tempo, frutos da presença de Jesus Cristo ressuscitado dos mortos. No caso do início do capítulo 6 dos Atos dos Apóstolos, a unidade da comunidade é ameaçada pelo aumento do número dos que aderiam à fé em Jesus Cristo. Com esse aumento, começou a haver uma contenda entre dois grupos: os cristãos convertidos do judaísmo e os cristãos convertidos do paganismo. Quando cresce o número de pessoas, quando aumenta a diversidade, inclusive cultural, a comunidade pode apresentar seu ponto de fragilidade e necessita de atenção. O problema é que as viúvas dos gregos não eram assistidas em suas carências. Os Doze não dão mais conta de todo trabalho a ser feito e de socorrer todas as necessidades. É preciso que eles permaneçam fiéis ao seu ministério específico (v. 4), suscitando e verificando os diferentes carismas de serviço presentes na comunidade, e colocando-os a serviço do bem de todos. A proposta e a escolha dos “sete” (vv. 3.5) foram a solução para aquele problema específico da comunidade.
Há outras ameaças à unidade da comunidade: a tristeza, a desilusão, a frustração. O capítulo 14 de João é a continuação do discurso de despedida de Jesus no contexto da última ceia. O anúncio da paixão e morte desconcerta os discípulos, na linguagem do próprio evangelho, “perturba”, agita. A preocupação de Jesus nesse discurso é com essa situação dos discípulos. A preocupação é com o que a falta de fé pode fazer na vida do discípulo decepcionado, frustrado, perturbado. A falta de fé fez e faz os discípulos abandonarem o Senhor e a própria comunidade. Por isso, o início do trecho de hoje do evangelho é um convite à fé (v. 1). O apoio da vida em Deus é o que sustenta o discípulo ante o desfecho dramático da existência terrena de Jesus. É a fé que permite ver um sentido em todas as coisas, até mesmo nas mais trágicas situações da nossa história, da história de Jesus que “passou por este mundo fazendo o bem”. A fé é que permitirá, mais tarde, sentir a morte de Jesus como lugar a partir do qual brilha a Glória de Deus.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, não deixes que jamais o medo tome conta de meu coração, a ponto de impedir-me de caminhar rumo à tua casa, pelo caminho aberto por teu Filho Jesus.
Fonte: Paulinas em 18/05/2014

Vivendo a Palavra

O Espírito Santo nos faz ver: ver o Filho, enviado pelo Pai, encarnado em Jesus de Nazaré. E o mesmo Espírito nos dá a certeza de que tudo é possível para aquele que acredita. Abramos o coração para acolher os irmãos de caminhada e, certamente, junto com eles, virão até nós o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 18/05/2014

Reflexão

I. INTRODUÇÃO GERAL

A liturgia de hoje deve ser contemplada à luz da leitura evangélica, tomada de João. Essa leitura, junto com o prólogo de João, fornece, como veremos, a chave da mensagem do Quarto Evangelho: a manifestação de Deus em Jesus Cristo. Por outro lado, a primeira e a segunda leituras dirigem nosso olhar para a comunidade nascida da fé em Jesus, a Igreja. Por isso, a dinâmica da homilia poderá desdobrar-se na ordem inversa das leituras, pois o que o evangelho faz entrever é a base daquilo que as leituras evocam.

II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS

1. I leitura (At 6,1-7)

A primeira leitura continua a narração dos primórdios da jovem comunidade nos tempos depois da Páscoa e Pentecostes. A caridade cria novas tarefas, porque o crescimento da comunidade tinha trazido um novo problema. Além dos convertidos do judaísmo tradicional de Jerusalém, entraram convertidos do “judeu-helenismo”, judeus helenizados, que viveram nas cidades comerciais do Mediterrâneo, ou pagãos convertidos, prosélitos, que tinham aderido ao judaísmo e agora passavam à comunidade cristã. A entrada dessas pessoas, que não pertenciam aos clãs tradicionais, tornou necessário um novo serviço na comunidade: a organização da assistência às viúvas desse grupo e do “ministério dos pobres” em geral, ao lado dos apóstolos, que serão em primeiro lugar servidores da Palavra e fundadores de comunidades.

2. II leitura (1Pd 2,4-9)

A segunda leitura casa bem com a primeira. Fala do mistério da Igreja, templo de pedras vivas, sustentadas pela pedra de arrimo que é Jesus Cristo, “pedra angular rejeitada pelos construtores” (1Pd 2,7; cf. o salmo pascal, Sl 118[117],22). Em 1Pd 2,9, a Igreja é chamada pelo título por excelência do povo de Israel segundo Ex 19,6, “sacerdócio régio”, sacerdócio do Reino. Assim como o povo de Israel foi escolhido por Deus para celebrar a sua presença no meio das nações, assim a Igreja é o povo sacerdotal, escolhido por Deus para santificar o mundo. Ela é chamada a ser o “sacramento do Reino”, sinal e primeira realização do Reino no mundo. Com essas imagens, Pedro destaca a dignidade e responsabilidade dos que receberam o batismo na noite pascal. Graças ao Concílio Vaticano II, valorizamos agora melhor esse sacerdócio dos fiéis, que designa a santificação do mundo como vocação do povo de Deus como tal, isto é, de todos os que podem ser chamados de “leigos” (em grego, laós = povo; nesse sentido, também os membros da hierarquia são “leigos”!). Como o sacerdote santifica a oferenda, assim todos os que levam o nome cristão devem santificar o mundo pelo exercício responsável de sua vocação específica, na vida profissional, no empenho pela transformação da sociedade, na humanização, na cultura etc. Tal “sacerdócio dos fiéis” não entra em concorrência com o sacerdócio ministerial, pois este é o serviço (“ministério”) de santificação dentro da comunidade eclesial, aquele é a missão santificadora da Igreja no mundo, como tal. O sacerdócio dos fiéis significa que a Igreja, como comunidade, e todos os fiéis pessoalmente, em virtude de seu batismo, recebem a missão de santificar o mundo, continuando a obra de Cristo.

3. Evangelho (Jo 14,1-12)

No domingo passado, Cristo foi chamado a “porta das ovelhas”. No evangelho de hoje, vemos com maior clareza por que Cristo é o acesso ao Pai: Caminho, Verdade e Vida. O sentido desses três termos, que constituem uma unidade (o Caminho da Verdade e da Vida), é apresentado mediante pequena encenação. Jesus inicia sua despedida (Jo 13,31-17,26) dizendo que sua partida é necessária: ele vai preparar um lugar para seus discípulos. Quando Jesus sugere que eles conhecem o caminho, Tomé, o cético, responde que não o conhecem. Então, Jesus explica que ele mesmo é o caminho da Verdade e da Vida, o caminho pelo qual se chega ao Pai. Na Bíblia, caminho e caminhar significam muitas vezes o modo de proceder. O caminho ou caminhar reto é o que hoje chamaríamos de moral ou virtude. Portanto, se Jesus chama a si mesmo de caminho, não se trata de algo teórico, uma doutrina, mas de um modo de viver. É vivendo como Jesus viveu que conhecemos o seu caminho e encontramos a vida e a verdade às quais ele nos conduz (v. 6a). Se, pois, ele diz que ninguém vai ao Pai senão por ele (v. 6b), não está proclamando uma ortodoxia que exclui os que não confessam o mesmo credo, mas dá a entender que os que chegam ao conhecimento/experiência de Deus são os que praticam o que ele, em plenitude, praticou: o amor e a fidelidade até o fim. E isso pode acontecer até fora do credo cristão.
Depois da pergunta de Tomé, temos a pergunta de Filipe: “Mostra-nos o Pai, isso nos basta” (Jo 14,8). Ora, qualquer judeu piedoso, qualquer pessoa piedosa, quer conhecer Deus – que Jesus costuma chamar de Pai. Porém, diz João no prólogo de seu evangelho, ninguém jamais viu a Deus (Jo 1,18). Agora, Jesus explica a Filipe: “Quem me viu, viu o Pai”. Nesse momento, quando (segundo a contagem judaica) já se iniciou o dia de entregar a vida por amor até o fim, Jesus revela que, nele, contemplamos Deus. Nosso perguntar encontra nele resposta; nosso espírito, verdade; nossa angústia, a fonte da vida. Nesse sentido, ele mesmo é o caminho que nos conduz ao Pai e, ao mesmo tempo, a Verdade e a Vida que se tornam acessíveis para nós. “O Unigênito, que é Deus e que está no seio do Pai, no-lo fez conhecer” (Jo 1,18). Jesus não falou assim quando realizava seus “sinais”: o vinho de Caná, o pão para a multidão, nem mesmo a cura do cego ou a revivificação de Lázaro. Pois o sentido último para o qual a atuação de Jesus apontava não era fornecer vinho ou pão, ou substituir um médico ou curandeiro, mas manifestar o amor do Pai, o Deus-Amor.
Trata-se de ver a Deus em Jesus Cristo na hora de sua entrega por amor. Para saber como é Deus, o Absoluto da nossa vida, não precisamos contemplar outra coisa senão a existência de Jesus de Nazaré, “existência para os outros”, na qual Deus imprimiu seu selo de garantia, no coroamento que é a ressurreição. Muitas vezes, tentamos primeiro imaginar Deus para depois projetar em Jesus algo de divino (geralmente, algo de bem pouco humano…). Devemos fazer o contrário: olhar para Jesus de Nazaré, para sua vida, para sua palavra e sua morte, e depois dizer: assim é Deus – isso nos basta (cf. Jo 14,8-9). E isso é possível porque Jesus, trilhando até o fim o caminho que ele mesmo é, assumindo ser a “graça e a verdade” (Jo 1,14), o amor e a fidelidade de Deus até o fim, mostra Deus assim como ele é, pois “Deus é amor”, diz o mesmo João em sua primeira carta (1Jo 4,8.16). Podemos dizer, com Paulo, que Jesus é o rosto do Pai, a perfeita imagem dele (cf. Cl 1,15). Assim como Jesus procede, Deus é. Ele está no Pai e o Pai está nele (Jo 14,11), e quem a ele se une fará o que ele fez, e mais ainda, agora que ele se vai para junto do Pai (14,12) e deixa, por assim dizer, o campo aberto para a ação dos que creem nele, animados pelo Espírito-Paráclito (14,13-17, continuação do texto de hoje).

III. DICAS PARA REFLEXÃO

A manifestação de Deus-Amor em Cristo e em sua comunidade

Para o cristão, o gesto de amor e fidelidade de Jesus até o fim é a suprema revelação de Deus. Não podemos, nesta existência terrena, conhecer a Deus em si. Ele é “o além de nossos horizontes”. Mas ele se manifesta a nós no justo e santo, aquele que faz sua vontade e lhe pertence por excelência, Jesus de Nazaré. Mais exatamente: quando este, “na carne” (cf. 1Jo 4,2), leva a termo o amor e a fidelidade (“a graça e a verdade”, Jo 1,14), os traços fundamentais de Deus já manifestados no seu agir em relação a Israel (veja, por exemplo, Ex 34,6). Jesus, Palavra de Deus “acontecendo em carne” (cf. Jo 1,14), não se limita a um só povo. Toda a carne humana é assumida nesse homem, que vive o amor e a fidelidade de Deus até o fim, de modo que o que se pode dizer de Deus é isto: “Deus é amor”. Amor que ama primeiro e é conhecido em Jesus, mas também quando amamos nossos irmãos (1Jo 4,10-12).
Aí entra o pensamento acerca da comunidade eclesial, que constitui o segundo grande tema deste domingo. Como Cristo encarnou o que Deus fundamentalmente significa para a humanidade – amor radical –, sua comunidade é chamada a manifestar essa mesma realidade de Deus ao mundo. Aí está sua santa vocação, seu sacerdócio, de que participam todos os que foram batizados em Cristo (e, assim, no Pai e no Espírito). Ser cristão não é simplesmente proclamar um credo ou pertencer a uma instituição, mas encarnar o Deus-Amor trilhando o “caminho” que é Jesus.

Pe. Johan Konings, sj
Nascido na Bélgica, reside há muitos anos no Brasil, onde leciona desde 1972. É doutor em Teologia e mestre em Filosofia e em Filologia Bíblica pela Universidade Católica de Lovaina. Atualmente é professor de Exegese Bíblica na Faje, em Belo Horizonte. Dedica-se principalmente aos seguintes assuntos: Bíblia – Antigo e Novo Testamento (tradução), evangelhos (especialmente o de João) e hermenêutica bíblica. Entre outras obras, publicou: Descobrir a Bíblia a partir da liturgia; A Palavra se fez livro; Liturgia dominical: mistério de Cristo e formação dos fiéis – anos A-B-C; Ser cristão; Evangelho segundo João: amor e fidelidade; A Bíblia nas suas origens e hoje; Sinopse dos Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas e da “Fonte Q”.
Fonte: Vida Pastoral em 18/05/2014

Reflexão

O VERDADEIRO CAMINHO PARA A VIDA

A liturgia deste domingo do tempo pascal nos recorda que Jesus, ressuscitado, está presente em nosso meio como caminho, verdade e vida. A promessa de Jesus, de que vai nos preparar um lugar, vem junto com a afirmação de que na casa do Pai há muitas moradas.
Não há nenhum motivo para nos preocupar, portanto, questionando se na casa haverá um quarto desocupado para nós. Jesus nos mostra – lembremo-nos – que Deus mora onde mora o amor, e o amor de Deus não conhece limites.
O lugar que Jesus nos está preparando junto do Pai não será, pois, nosso próprio coração, já que somos morada do Espírito Santo?
Faz então todo o sentido o Mestre se apresentar como o caminho, a verdade e a vida. Jesus não é um mestre que ensina fórmulas. Ele se apresenta e ensina com um modo de ser e agir, acolhendo os necessitados e sendo misericordioso com os sofredores. Seu caminho é o caminho até a cruz da doação total, o caminho que chega à ressurreição e ao próprio Pai. Suas palavras e ações revelam sua fidelidade à missão que o Pai lhe confiara, e aí está a verdade, na sua fidelidade ao Pai. A vida que ele oferece pela vida do mundo nos alimenta na caminhada e traz de volta a dignidade de filhos e filhas de Deus.
Em outras palavras, Jesus ressuscitado é o verdadeiro caminho para a vida ou o caminho de fidelidade que leva à vida. Para chegar ao Pai, é preciso passar por Jesus, segui-lo no caminho que ele seguiu, assimilando sua vida e seu modo de ser, até que ele seja de fato o nosso caminho para a vida plena de Deus.
Ressuscitado, o Senhor continua conosco, preparando-nos um lugar. Somos morada do seu Espírito, e nos gestos concretos e decisões do dia a dia permitimos que ele transforme nosso coração. O amor que vivemos, as comunidades de fé que formamos são a antecipação da morada eterna, onde Deus será tudo em nós.
Pe. Paulo Bazaglia, SSP
Fonte: Paulus em 18/05/2014

Reflexão

JESUS CAMINHO, VERDADE E VIDA

O evangelho de hoje é parte do discurso de despedida de Jesus. As palavras iniciais nos permitem imaginar a situação da comunidade à qual o evangelista se dirige. Ela parece estar perturbada, desanimada, desorientada, desesperada. Por isso Jesus lhe diz: “Não se perturbe o vosso coração. Tendes fé em Deus, tende fé em mim também”.
Essas palavras de Jesus valem também para nós hoje, que muitas vezes experimentamos o desânimo, sem saber por onde ou para onde caminhar. São uma exortação, palavras verdadeiramente provocantes para todos e cada um de nós. Neste mundo complexo, nesta realidade plena de desafios, em nossa vida pessoal tantas vezes sofrida, ferida, cheia de contradições e desafios, o Senhor nos olha, estende-nos as mãos; abre-nos o coração e nos enche de serenidade e confiança: “Não se perturbe o vosso coração”.
A fé em Jesus nos traz serenidade, esperança e conforto. Como discípulos e discípulas, precisamos proclamar em alta voz nossa fé nele, nossa entrega a ele, a certeza de que pode dar um sentido à nossa vida. Por isso ele se revela no evangelho como o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por Jesus. É precisamente neste mundo de tantos caminhos que o Senhor Jesus nos diz: Eu sou o Caminho. Nestes tempos de tantas “verdades”, ele nos proclama: Eu sou a verdade. Neste mundo que nos tenta, oferecendo vida onde não há vida verdadeira, Jesus anuncia: Eu sou a vida.
Jesus se nos apresenta como aquele que vem de Deus e o único que nos pode revelar de modo pleno, claro e conclusivo o caminho para Deus. Mais ainda, aquele que é nosso caminho é também nossa única verdade e nossa única e verdadeira vida. É diante dele que somos chamados a dar um rumo à nossa existência e à existência da sociedade, da família, da nossa comunidade, das relações sociais, do mundo. O papa Bento XVI dizia: “o mundo tem tantas e tantas medidas para avaliar o bem e o mal, o certo e o errado…” E advertia: “nossa medida é Cristo. Ele é nossa medida porque é o único caminho, a única verdade, a única vida”.
Somos convidados a ficar em contato permanente com Jesus caminho, verdade e vida. E é pela oração, pelos gestos de solidariedade, pela prática do amor que podemos manter esse contato vital com o Mestre.
Pe. Gilbert Mika Alemick, ssp
Fonte: Paulus em 18/05/2014

Reflexão

‘’EU SOU O CAMINHO A VERDADE E A VIDA. NINGUÉM VAI AO PAI SENÃO POR MIM’’.

Leituras:
Atos 6,1-7;
Salmo 32(33), 1-2. 4-5.18-19 (R.22);
1 Pedro 2,4-9;
João 14,1-12.

Situando-nos brevemente

O Ressuscitado hoje se revela como o Caminho, a Verdade e a Vida. Perante as inseguranças do seguimento e das incertezas da estrada, Ele nos alenta em nossa caminhada com sua presença confortadora. Ele nos mostra o Pai por meio de suas palavras, seus gestos, ou seja, a pessoa de Jesus revela o Pai.
Sejamos seguidores e seguidoras do Senhor Ressuscitado. Como povo da aliança selada em Jesus, que fez do novo povo um ‘’reino de sacerdotes para seu Deus e Pai’’ (Ap. 1,6; cf. 5,9-10), ofereçamos oblações espirituais e anunciemos os louvores daquele que das trevas nos chamou à sua admirável luz (cf. 1 Pd 2,4-10). Todos nós, discípulos de Cristo, perseverando na oração e louvando a Deus (cf. At 2,42-47), ofereçamos a nós mesmos como hóstias vivas, santas, agradáveis a Deus (cf. Rm 12,1), demos testemunho de Cristo em toda parte (cf. LG 10). Como Igreja que caminha na estrada de Jesus, empenhemo-nos a assumir nosso Batismo.

Recordando a Palavra

A leitura do evangelho de João está situada no contexto da despedida de Jesus da comunidade dos discípulos e discípulas. A morte de Cristo na cruz havia abalado a fé de seus seguidores. Eles, porém, iluminados pela Páscoa, compreendem as palavras de Jesus. O sentido de sua entrega total faz renascer a esperança e impele os discípulos a seguir o caminho pascal, no serviço e no amor incondicional aos irmãos.
As palavras de Jesus fortalecem a fé e a confiança dos discípulos: ’’Não se perturbe o vosso coração! Credes em Deus, crede também em mim (14,1). A partida de Jesus abre o caminho para a vida plena em Deus: ‘’Na casa de meu Pai há muitas moradas. (...) Vou preparar um lugar para vós’’ (14,2). A vida de Jesus, doada totalmente pelo bem da humanidade, prepara um lugar digno para todos viverem como filhos amados do Pai. A adesão à palavra, manifestada no amor fraterno, proporciona formar uma comunidade de irmãos, conduzidas pelo Espírito do Ressuscitado. Essa experiência de amor em Cristo conduz à comunhão com o Pai, na história e na eternidade.
Os discípulos, que haviam compartilhado a vida com o Mestre, precisam agora acreditar em Jesus ressuscitado como o caminho para chegar ao Pai. Tomé expressa o anseio da comunidade para conhecer, de maneira experiencial, o caminho e a mensagem de Jesus: ‘’Como podemos conhecer o caminho?’’ (14,4). A resposta de Jesus é reveladora: ‘’Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai se não por mim’’ (14,6). Jesus é o caminho que conduz ao Pai, pois ele é a verdade que liberta testemunhada no amor e na fidelidade até o fim (cf. 1,14; 8,31-32; 18,37-38). Assim, ele é o caminho da salvação que oferece a vida plena (cf. 1,4; 5,26; 10,10. 28; 11,25-26). Quem segue os passos de Jesus encontra o caminho, a verdade e a vida em sua Pessoa, que proporciona a experiência de Deus como Pai.
A vida plena está unida ao conhecimento do Pai, como único Deus verdadeiro e a Cristo, como seu Enviado (cf.17,3). A pergunta de Filipe: ‘’Senhor, mostra-nos o Pai, isso nos basta’’ (14,8) manifesta a necessidade do encontro profundo com o Pai através de Cristo. A resposta de Jesus: ‘’Há tanto tempo estou convosco, e não me conheces? Quem me viu, tem visto o Pai’’ (14,9) mostra a comunhão perfeita de amor que há entre ele e o Pai. Jesus revela o rosto do Pai através de sua vida, palavras e ações salvíficas: Quem me vê, vê aquele que me enviou’’ (12,45). O ver, o acreditar em Jesus, o Filho, proporcionam a vida eterna (cf. 6,40). Jesus ‘’veio morar entre nós’’ (1,14), para manifestar o amor predileto pelos excluídos expressam a bondade e a compaixão do Pai pelo ser humano. Mediante sua doação total por amor e o dom de seu Espírito, Jesus ensina a viver na comunhão filial com o Pai e no serviço generoso aos irmãos.
Jesus forma uma unidade perfeita com o Pai, na vida e na missão: ‘’Eu estou no Pai e o Pai está em mim’’ (14,10. 11; cf. 10,38). Ele cumpriu plenamente a obra confiada pelo Pai. Como o Mestre Jesus, os discípulos revelem o Pai através de uma vida centrada no amor misericordioso. Quem permanece com Jesus está em comunhão com o Pai e realiza suas obras de amor. O envio do Espírito Santo, sua ação nos discípulos e discípulas assegura obras maiores (cf.14,12), ou seja, a expansão da obra salvadora de Jesus. Como continuadores da missão, os seguidores de Cristo testemunham a unidade entre o Pai e o Filho.
Na primeira leitura dos Atos Apóstolos, o aumento do número dos discípulos suscita o surgimento de novas lideranças, para superar os desafios e aprimorar a atuação missionária das comunidades primitivas. Os cristãos judeus de língua grega (helenistas), com gentios convertidos e prosélitos, que haviam aderido à comunidade cristã, unem-se aos cristãos judeus de língua aramaica, convertidos pela pregação de Jesus ou dos apóstolos. A eleição dos sete diáconos helenistas contribui para abertura e a unidade da comunidade cristã. A dedicação ‘’a oração e ao serviço da palavra’’ (6,4) assegura a formação de novas comunidades, a eficácia apostólica e a transformação social.
O serviço às mesas, a ‘’diaconia’’, é confiado a pessoas indicadas pela comunidade. Os primeiros sete diáconos, ‘’repletos do Espírito Santo e de sabedoria’’, tornam-se colaboradores dos apóstolos na evangelização. Seu comprometimento assegura a assistência às viúvas desamparadas, representantes dos pobres e excluídos. Os diáconos se dedicavam também ao anúncio do evangelho e à administração do sacramento do Batismo (cf.At 8,4ss). Os apóstolos ‘’oraram e impuseram as mãos sobre eles’’ (At 6,6), demonstrando que o serviço do amor ao próximo deve ser exercido de forma comunitária e ordenado. O dinamismo do Espírito, a força da oração e da palavra de Deus proporciona o crescimento das comunidades, multiplica o número dos discípulos que aderem à fé em Cristo (cf. 6,7).
O salmo 32 (33) convida a louvar o Senhor ao som de instrumentos musicais, a cantar um cântico novo de alegria e júbilo. O Senhor manifesta sua bondade e sua fidelidade na criação do universo e na caminhada de libertação do povo. Sua palavra realiza a verdade, o direito, a justiça. Seu olhar pousa sobre os que confiam e esperam em seu amor. Jesus Cristo, a Palavra criadora e eterna do Pai, veio morar entre nós para cumprir plenamente o plano de salvação.
Na segunda leitura da primeira carta de Pedro, a comunidade eclesial, templo de pedras vivas, é sustentada por Jesus Cristo, ‘’a pedra que os construtores rejeitaram (e que) tornou-se a pedra angular’’ (2,7; cf. Sl 117 {118}, 22). Os cristãos, unidos a Jesus Cristo, pelo Batismo, participam de sua vida, morte salvífica e ressurreição e tornam-se pedras vivas na construção de um mundo melhor. A missão batismal é ressaltada por meio das expressões: ‘’a gente escolhida, o sacerdócio régio, a nação santa, o povo que ele adquiriu’’ (2,9). Essas imagens remetem à comunidade da aliança (cf. Ex 19,5-6), ao compromisso de Israel, o povo escolhido e formado por Deus para anunciar o louvor (cf. Is 43,20-21).
Os cristãos, como pedras vivas da comunidade solidificada em Cristo e no alicerce dos apóstolos (cf. Ef 2,19-22), formam um povo sacerdotal, chamado a exercer a missão santificadora no mundo. Como comunidade da nova aliança, eles não precisam oferecer sacrifícios de animais, para expressar a comunhão com Deus, pois foram libertados pela entrega total de Cristo por amor. Unidos a Jesus ressuscitado, ‘’oferecem sacrifícios espirituais agradáveis a Deus’’, através de uma vida entregue a serviço dos irmãos. O exemplo de Cristo, que se tornou a pedra angular por sua fidelidade ao plano salvífico, fortalece seus seguidores no testemunho da fé, em meio às rejeições e adversidades.

Atualizando a Palavra

Jesus se manifesta como o Caminho, a Verdade e a Vida, através de sua entrega por amor, que culminou na morte salvífica e ressurreição. Nas comunidades primitivas, os cristãos eram identificados como o ‘’caminho’’ (cf. At 9,2; 18,25; 24,22), pois seguiam a Cristo de forma radical, na vida e na missão. Iluminado pela fé dos primeiros cristãos é chamado a seguir Cristo como o caminho, para construirmos um mundo mais justo e solidário. Ao levar a termo o amor e a fidelidade, ou seja, ‘’a graça e a verdade’’ (cf Jo 1,14), características da ação de Deus (cf Ex 34,6), Cristo nos ensina a amar os que sofrem e são esquecidos. Seguindo o Cristo vivo, encontramos o caminho da verdade e da vida em plenitude.
Padre Tiago Alberione, fundador da Família Paulina, nos ensina a colocar a esperança de vida e salvação em Jesus Mestre, Caminho, Verdade e Vida, através de uma prece confiante: ’’Eu vos adoro e vos dou graças, ó Mestre Divino, que vos declarastes o Caminho, a Verdade, a Vida. Eu vos reconheço como Caminho que devo percorrer Verdade que devo crer Vida que devo ardentemente desejar. Vós sois meu tudo; e eu quero estar todo em vós: mente vontade e coração’’.
Os seguidores e seguidoras de Cristo encontram, na oração e na adesão à Palavra, os meios essenciais para assegurar a eficácia da evangelização, o serviço solidário aos irmãos necessitados. A ação do Espírito, o testemunho e o anúncio da Boa-Nova de Jesus proporcionam o surgimento de pessoas comprometidas com os pobres e excluídos. O exemplo de Jesus, Caminho, Verdade e Vida, que se entregou totalmente por amor, leva à formação de comunidades servidoras da Palavra e da caridade.
Pelo Batismo, participamos da vida nova em Cristo e nos tornamos gente escolhida, sacerdócio régio, nação santa e povo de sua particular propriedade, para anunciar as maravilhas da salvação. A palavra do Senhor faz renascer a confiança e leva a reconhecermos que somos o seu povo: ‘’Vós sois aqueles que antes não eram povo, agora, porém, são povo de Deus’’ (1Pd 2,10). Guiados pela luz de Cristo, nos tornamos povo sacerdotal, com a missão de transformar a sociedade e santificar o mundo, através do amor e da solidariedade. Com a força de Cristo ressuscitado, a ‘’pedra angular’’, trilhamos o caminho a serviço da vida em meios aos desafios.

Ligando a Palavra com a ação eucarística

Nós, comunidade de fé, pedras vivas, raça escolhida, sacerdócio do Reino, nação santa, povo conquistado, nos reunimos para proclamar as obras admiráveis daquele que nos chamou das trevas para a luz.
Participamos ativamente da celebração do Ministério de Cristo, uma vez que ‘’as ações litúrgicas não são ações privadas, mas celebrações da Igreja, que é ‘sacramento de unidade’, isto é, Povo santo reunido e ordenado sob a direção dos Bispos’’ (Sacrosanctum Concilium, n. 26).
Renovamos nossa fé n’Ele, que é o caminho, a Verdade e nos conduz à verdadeira Vida, construindo desde já uma morada de paz e solidariedade.
Como povo sacerdotal, ofereçamos com Ele ao Pai o culto espiritual, a oferta agradável de nosso louvor e de nossa vida. Que nossos corações não se perturbem, pois Ele está no meio de nós e se dá como alimento verdadeiro.
Que o Ressuscitado nos transforme em servidores autênticos e capazes de colaborar na transformação pascal de nossa realidade.

Sugestões para a celebração

• Cuidar do espaço para que seja expressão da Páscoa do Senhor, destacando o círio pascal, a fonte batismal, a mesa da Palavra e a mesa eucarística.
• Na homilia, algumas pessoas, servidoras da comunidade, podem dar testemunho do próprio ministério.
• Fazer a bênção final própria para o Tempo Pascal.
• Os cantos sejam preparados com antecedência, prevendo ensaios. O Hinário Litúrgico da CNBB possui ótimas sugestões. As melodias estão gravadas no CD Liturgia XVI – Páscoa –Ano A.
Fonte: Eis a Luz de Cristo! -  Roteiros Homiléticos  para o Tríduo Pascal e Tempo Pascal l– CNBB 2014 - Ano A
Fonte: Emanarp em 18/05/2014

REFLEXÃO

O caminho se faz caminhando, essa idéia nos é passada pela liturgia de hoje, especialmente pela primeira leitura.
Jesus jamais falou em sacerdotes e diáconos, mas em seguidores de sua Palavra, em seus seguidores.
Na leitura dos Atos dos Apóstolos aparece uma situação que exige uma estruturação no serviço aos carentes, concretamente um socorro às viúvas. Para ajudar na solução dessa questão, em clima de oração, é criada a função dos diáconos. Todos têm o dever do anúncio da Palavra e devem estar plenos do Espírito Santo. Anúncio e ação deverão caminhar juntos. A ação é consequência do anúncio e sua expressão concreta.
Seguir Jesus como Caminho, Verdade e Vida é a mensagem central do Evangelho e nos leva a vivenciar a novidade do Amor de Deus por nós, sempre original, descoberto aos poucos e nos plenificando.
Jesus é o Caminho para o Pai. Ele veio do Pai, com o Pai é um e volta para o Pai. Ninguém conhece o Pai a não ser o Filho e ninguém conhece o Filho a não ser o Pai, nos diz o Senhor (cfr Mt 11,27).
Jesus é a Verdade, a revelação autêntica do projeto de Deus, a manifestação visível e encarnada do amor do Pai. A verdade vos libertará (cfr. Jo 8, 32). Em Jesus nos sentimos plenamente livres e amados.
Jesus é a Vida (cfr. Jo 1,4), é a própria ressurreição, a vida eterna, a Vida!
Muitas vezes em nossa vida surge uma novidade, algo com que não contávamos e que precisamos acolher, dar espaço e lugar. Precisamos saber inserir esse inesperado que parece ter vindo para ficar e modificar nosso dia a dia e até nossa própria vida.
De acordo com as leituras de hoje é necessário que sejamos movidos pelo amor, pelo desejo de servir, que recorramos a Deus na oração e que coloquemos em prática aquilo que o Espírito Santo nos orientar. Quando Jesus fla que vai nos preparar um lugar no Céu, ele nos está prestando um serviço.
Na vida cristã o maior é aquele que serve mais. A vida de Jesus foi um eterno serviço, desde o nascimento até a morte, sem deixar de lado a ressurreição e os atos após ela.
É necessário seguir Jesus, Caminho, Verdade e Vida, que se retirava em oração, ouvia o Pai e agia.
Assim, do mesmo modo como fizeram o Senhor e a primeira comunidade, estaremos anunciando que Deus nos ama e está conosco e, através de nossas ações, de nossos serviços, continua criando o mundo.
Fonte Pe. César Augusto dos Santos SJ
2014-05-16 Rádio Vaticana
Cidade do Vaticano (RV)
Fonte: Liturgia da Palavra em 18/05/2014

Reflexão

O texto desse evangelho faz parte da longa mensagem de despedida de Jesus. O Mestre está preparando seus seguidores para que saibam viver – sem sua presença física – o que aprenderam dele. O texto todo procura responder a algumas dúvidas dos discípulos. Jesus começa taxativo: “Não se perturbe vosso coração”. Provavelmente é um alerta para o que está prestes a acontecer: condenação e morte. Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida, por isso não há motivo para tanta perturbação. Jesus volta para o Pai, mas agora eles conhecem o caminho para chegar a Deus; têm consciência da verdade que devem buscar; sabem do compromisso com a vida que ele teve durante todo o tempo que esteve com eles. O Mestre revela a própria presença do Pai: vendo o Mestre, vemos o Pai; conhecendo Jesus, conhecemos a Deus. Uma verdadeira comunidade cristã precisa “parecer-se” com Jesus: uma comunidade que leva a Deus, que proclama a verdade de Jesus e defende a vida dos mais necessitados.
Oração
Ó Jesus Caminho, Verdade e Vida, cremos que irás preparar, junto ao Pai celeste, um ambiente para nós, teus discípulos e discípulas. Onde estiveres, estaremos também nós para sempre. Com essa certeza caminhamos sem qualquer inquietação ou dúvida, pois sabemos que não nos abandonas nunca. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2020 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp (dias de semana) Pe. Nilo Luza, ssp (domingos e solenidades))

Recadinho

Jesus é a verdade. Você está caminhando na verdade? - Jesus é a vida. Você vive nesta vida? Exemplifique. Jesus é o caminho. Você segue por este caminho para encontrar o Pai? - Suas obras testemunham esta realidade?
Fonte: a12 - Santuário Nacional em 18/05/2014

Meditando o evangelho

NÃO SE PERTURBEM!

O imperativo de Jesus – "Que o coração de vocês não se perturbe!" – sublinha a situação dos discípulos, tomados de medo, quando o Mestre anunciou-lhes estar próxima a sua partida. O medo está na raiz da imobilidade. Os medrosos recusam-se a agir e a buscar vias de saída. São levados a esconder-se, a fugir, a evitar o confronto com a realidade.
Era preciso reverter, urgentemente, o sentimento que despontava no coração dos discípulos. Eles já começavam a apavorar-se diante do que lhes estava sendo revelado. As palavras do Mestre havia-os pego de surpresa, pois não percebiam para onde estavam sendo conduzidos. Por conseguinte, foram tomados de pavor quando perceberam o que efetivamente se lhes descortinava no horizonte.
No mundo bíblico, o coração é carregado de simbolismo. É considerado como a sede dos sentimentos, do desejo, da razão, da decisão da vontade. Portanto, o centro da ação dos discípulos é que se encontrava afetado. Daí o risco de ficarem reduzidos à inatividade. Com o coração perturbado, sentiam-se incapazes de agir.
Só havia um caminho para superar o medo: dar crédito à palavra de Jesus. Sua morte deveria ser entendida como etapa do processo de preparação de um lugar para os discípulos, na casa do Pai. Se quisessem viver a comunhão plena com Jesus e o Pai, seria necessário lançar-se à ação. E o "Caminho" já lhes havia sido indicado!
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Pai, não deixes que jamais o medo tome conta de meu coração, a ponto de impedir-me de caminhar rumo à tua casa, pelo caminho aberto por teu Filho Jesus.

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. Na Casa do meu Pai há muitas moradas
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Precisamos tomar cuidado com essas palavras de Jesus, dita aos discípulos antes da sua paixão e morte na cruz “Pois vou vos preparar um lugar...” Seria o Céu tão esperado um Condomínio Residencial de alto luxo onde cada um de nós teremos uma bela de uma casa com muito requinte, beleza e bom gosto? Esse evangelho é até muito utilizado no ritual das exéquias, pois serve de consolo diante da dor da morte de um ente querido. Claro que a expressão pode sim, ser aplicada nesse sentido!
Qual o sentido da palavra “morada”? É o lugar onde moramos, é a nossa casa, onde agimos com espontaneidade e ficamos muito a vontade, sempre nos sentindo muito bem. É um lugar aconchegante onde vivemos na intimidade com os demais membros da família. É o lugar onde não precisamos e nem conseguiremos usar nenhuma máscara, pois diante dos membros da nossa família não há o que esconder: somos o que somos!
Que morada é essa na casa do Pai, aonde Jesus vai nos preparar um lugar? Ele é o Filho do Dono da casa e tornou-se íntimo de cada um de nós, sabe perfeitamente qual o melhor lugar para ocuparmos na casa do Pai que são as nossas comunidades!
Se nunca compreendermos que a Comunidade Cristã é esse lugar que o Senhor nos reserva, não adianta ficar sonhando com um Condomínio de Luxo lá no céu para aonde iremos um dia. Comunidade Eclesial e Vida Eterna são a mesma coisa, quem não se acostumar a ser Comunidade na Vida terrena, não vai querer ir para o Céu. Jesus é o único caminho seguro e verdadeiro para um dia entrarmos na Glória de Deus, e o caminho que é Jesus passa exatamente pela Comunidade.
Há muito cristão afoito como Felipe, que depois fez essa maravilhosa e experiência e alcançou a santidade, mas que naquele momento ainda não compreendia o que Jesus falara, e queria um contato direto com o Pai, sem ter que assumir a Vida em Comunidade. “Há tanto tempo estou convosco e não me conhecestes, Felipe?”
A nossa Igreja está presente em meio a humanidade há 2014 anos, muita gente cheia de boas intenções sente um encanto por Jesus, e jura que em sua vida nada há de maior e mais importante do que Jesus Cristo, mas quando se fala em Ser Igreja com os irmãos e irmãs, esses Cristãos de araque torcem os lábios e fazem uma cara de descontentes. Aceitam Jesus Cristo como Deus, recebem Sacramentos, acendem velas e fazem promessas, vão a pé a Bom Jesus de Pirapora, peregrinam a Aparecida ou a Canção Nova, mas vida em comunidade... Jamais!
Como Felipe, querem VER o Pai, sem se darem conta de o Pai se revela no rosto de tantos irmãos e irmãs. Criam uma religião onde Deus os serve e fogem da comunidade, onde o cristão verdadeiro é aquele que serve a Deus servindo aos irmãos e irmãs. Trata-se, portanto, de um lugar preparado para o Serviço, para a entrega e a doação de si mesmo. O Caminho para o Pai é este, do Cristo Servidor e sofredor. Não há nenhum outro!
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP

2. O caminho para o Pai - Jo 14,1-12
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)

O Tempo Pascal tem a duração de sete semanas. O domingo central, o quarto, é sempre o domingo do Bom Pastor. Este é o melhor e o mais belo título que os cristãos podem dar a Jesus Ressuscitado. Os discípulos, que começam a se organizar em comunidade de Igreja, terão as dificuldades próprias de qualquer instituição humana, mas terão também a presença atenciosa do Bom Pastor. Mesmo tendo que partir, ele não os deixa órfãos e envia um outro Defensor, que lhes garante chegarem à Casa do Pai.
Nossas dificuldades se concentram, sobretudo, nos relacionamentos inevitáveis entre seres inteligentes que se comunicam. Inteligentes, mas limitados. A imperfeição caracteriza as relações humanas, mesmo procurando se espelharem na perfeição das relações divinas. Enquanto não chegamos à Casa do Pai, onde mergulharemos no movimento das relações da Trindade, tentamos nos organizar e nos ajudar da melhor maneira possível. Para superar e controlar os desentendimentos da iniciante comunidade de Antioquia de Síria, os apóstolos escolheram sete homens, cheios de fé e do Espírito Santo, para criarem harmonia entre cristãos gregos e judeus. São eles os primeiros Diáconos, homens de fé, cheios do Espírito Santo, escolhidos para criarem harmonia na discórdia.
A harmonia perfeita acontecerá na Casa do Pai, para onde queremos ir. Jesus, nosso mediador, foi à frente preparar-nos um lugar. “Lá há muitas moradas”, diz ele. “Não se perturbe o vosso coração! Credes em Deus, crede também em mim.” É normal ficarmos receosos em relação ao fim que nos propomos, seja ele qual for. O destino de uma viagem, a escolha de uma carreira, a opção por um estado de vida, tudo é acompanhado da pergunta: “Vai dar certo?”. O fim está garantido por Jesus. Compete a nós garantir os meios para atingir o fim proposto. Mas podemos nos enganar e, ao procurar atalho, encontrar trabalho. Quem nos garante o caminho? O mesmo Jesus. É ele quem diz: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim”.

Homilia do 5º Domingo da Páscoa, por Pe. Paulo Ricardo


Fonte: Reflexões Franciscanas em 18/05/2014

HOMILIA

EU SOU O CAMINHO A VERDADE E A VIDA

Meu irmão, minha irmã, a liturgia deste domingo convida-nos a refletir sobre as seguintes perguntas: Por onde quer passar? Aonde quer chegar e onde pretende ficar?
A estas três perguntas Jesus responde no Evangelho de hoje. Não se preocupe com o como chegar, o lugar, e o modo como ficar no lugar escolhido ou pretendido.
Escute o que Jesus lhe diz: “Ninguém vai ao Pai sem passar por mim”. Portanto, o caminho por onde você pode passar para chegar onde quer é Ele mesmo. É por ele que você tem de passar. Ele é o caminho. “Eu sou o caminho, a verdade e a vida.” Cristo quer confirmar o meu e o seu lugar ao dizer: “Por onde queres passar? Eu sou o caminho. Onde queres chegar? Eu sou a verdade. Onde queres ficar? Eu sou a vida.” 
Da minha e sua parte cabe somente caminhar, pois, em plena segurança por este caminho que é Ele mesmo. Saiba que quem  anda na luz sabe onde coloca os pés. E que anda nas trevas não sabe onde os põe. Fora do caminho, cuidado com as armadilhas, porque, dentro do caminho, o inimigo não ousa atacar – o caminho é Cristo – mas fora do caminho ele monta as suas armadilhas.
O nosso caminho é Cristo na sua humildade; o Cristo verdade e vida é Cristo na sua grandeza, na sua divindade. Se seguir o caminho da humildade, chegará ao Altíssimo; se, na sua fraqueza, não desprezar a humildade, permanecerá cheio de força no Altíssimo.
Porque é que Cristo tomou o caminho da humildade? Foi por causa da minha e da sua fraqueza que estava ali como obstáculo intransponível; foi para nos libertar dela que tão grande médico veio a nós. Não podíamos ir até ele; ele veio até nós. Veio ensinar-nos a humildade, esse caminho de regresso, porque era o orgulho que nos impedia de retornar à vida que o pecado nos tinha feito perder.
Então, Jesus, tornando-se nosso caminho, grita-nos: “Entrai pela porta estreita!” (Mt 7,13).
O homem esforça-se por entrar, mas o inchaço do orgulho impede-nos de entrar. Aceitemos o remédio da humildade, bebamos esse medicamento amargo, mas salutar.
O homem inchado de orgulho pergunta: “Como poderei entrar?” Cristo responde: “Eu sou o caminho, entra por mim. Eu sou a porta (Jo 10,7), por que procurar noutro sítio?” Para que não se perca ele se fez tudo por você e diz-lhe: “Sê humilde, sê manso” (Mt 11,29).
Vivamos imitando o Filho próprio de Deus que é o caminho, não apenas pelos seus exemplos e ensinamentos, mas também porque se identifica com a Verdade e a Vida. Ele está no Pai e o Pai está nele, fazendo Um com Ele. Por isso afirma que «quem me vê, vê o Pai». Aqui radica o fato de Jesus ser não apenas o caminho, mas o único caminho para o Pai que é a Suprema Verdade e Vida.
Fonte: Liturgia da Palavra em 18/05/2014

HOMILIA DIÁRIA

Que Deus realize em nós as obras do Seu Reino!

Como nós precisamos do Reino de Deus acontecendo no meio de nós! E se ele não acontece no meio de nós é porque falta, da nossa parte, crer no nome do Senhor e fazer com que Sua obra aconteça também em nosso meio.

“Em verdade, em verdade vos digo, quem acredita em mim fará as obras que eu faço, e fará ainda maiores do que estas” (João 14, 12).

Neste quinto domingo da Páscoa, nós queremos ir até o coração do Mestre Jesus, que nos aponta o caminho, que nos aponta a direção da vida, que nos convida a olharmos para Ele e encontrarmos n’Ele o sentido da vida.
Jesus diz hoje para nós que quem crer n’Ele, quem acreditar n’Ele, quem colocar n’Ele a sua confiança, fará as obras que Ele mesmo fez! E em Seu nome e por causa do Seu nome fará ainda obras maiores do que todas aquelas que Ele fez.
Vamos então por parte: a primeira coisa necessária, para isso ocorrer, é crer n’Ele, é saber que Ele é o enviado do Pai e que Ele é um só com o Pai e o Espírito Santo. Mas aqui não basta uma fé racional, aqui é preciso uma convicção ou mais do que convicção racional: é preciso uma fé carismática, que nos dá a certeza e nos impregna do Espírito do Senhor para sabermos que – tudo que Jesus realizou e fez no meio de nós – é digno de crédito, de confiança e de convicção plena.
Quando nós cremos n’Ele, nós assumimos Seu Espírito, nós assumimos o Seu modo de ser e de agir, e aí podemos fazer as obras que Jesus mesmo fez. Quando falamos das obras de Jesus, nós logo vamos pensar em milagres e curas, e o Senhor nos diz que isso podemos fazer também ao agirmos no nome d’Ele e Ele em nós. A grande obra de Jesus foi primeiro anunciar o Reino de Deus, a grande obra de Jesus foi amar os Seus inimigos, amar os pobres, os doentes, os enfermos. A grande obra de Jesus foi fazer o Reino de Deus acontecer no meio do Seu povo.
Como nós precisamos do Reino de Deus acontecendo no meio de nós! E se ele não acontece no meio de nós é porque falta, da nossa parte, crer no nome do Senhor e fazer com que Sua obra aconteça também em nosso meio.
É verdade, meus irmãos, o nosso dever é implantar o Reino de Jesus! Fazer as obras de Jesus não é promover espetáculos, curas, libertações; esses são também os sinais do Reino de Deus, mas o grande sinal do Reino de Deus é fazer as obras do Mestre, é olhar para o Seu coração manso, humilde, bondoso e misericordioso e saber que é a nossa condição humana – se cremos n’Ele – primeiro Ele pode nos libertar daquilo que nos escraviza e pode nos ensinar a viver neste mundo do jeito que o Pai deseja que vivamos.
Que hoje olhemos para Jesus com toda fé e convicção para que Ele  possa realizar no meio de nós as obras do Seu Reino!
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Fonte: Canção Nova em 18/05/2014

Oração Final
Pai Santo, tu que habitas o coração dos teus filhos que procuram viver a Lei do Amor, dá-nos discernimento, coragem, força e perseverança para trilharmos o Caminho mostrado pelo Cristo Jesus, teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo reina na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 18/05/2014

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