domingo, 25 de agosto de 2019

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 25/08/2019

ANO C



21º DOMINGO DO TEMPO COMUM

Ano C – Verde

“Enviarei mensageiros para os povos” Is 66,19

Lc 13,22-30

Ambientação

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Neste domingo a Igreja celebra a vocação leiga ocupa um lugar central na Igreja. O fiel cristão leigo tem o papel de libertar o mundo da secularidade, dos falsos ídolos e de todas as prisões que oprimem e destroem a pessoa humana. Ele é chamado a viver sua missão batismal assumindo o “sacerdócio comum dos fiéis” e muitos, engajados no testemunho e no serviço da catequese.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, o caminho de Jesus é também o nosso caminho. Caminhamos na estrada de Jesus! Desejamos com Ele, pelo mistério de sua morte e ressurreição, sermos salvos e libertos. A Eucaristia que celebramos é, desde agora, nossa participação na Páscoa de Jesus. E Ele assim deseja. De nossa parte, esforçemo-nos para viver com responsabilidade nosso Batismo. E que Deus recompense cada batizado que, por causa de Cristo, exerce seu ministério em nossa comunidade, especialmente nossas catequistas.

INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Quando alguém nos ama realmente e nos fala chamando-nos por nosso nome, descobrimo-nos a nós mesmos e não estamos mais sozinhos. A vitória sobre a solidão gera a alegria; viver, então, é uma festa. O reino de Deus é comunhão; seu advento inaugura, por isso, um tempo de alegria. É festa que não se acaba, definitiva. Festa a que são convidados todos a humanidade.

LEIGOS COMPROMETIDOS COM A SANTIFICAÇÃO DO MUNDO

Os leigos são todos os cristãos, exceto os membros das Sagradas Ordens ou do estado religioso reconhecido na Igreja, isto é, os que foram incorporados a Cristo pelo Batismo, que formam o Povo de Deus, e que participam da função sacerdotal, profética e régia de Cristo.
Os cristãos leigos estão na linha mais avançada da vida da Igreja; e devem ter uma consciência clara, não somente de pertencerem à Igreja, mas de “serem” Igreja, isto é, a comunidade dos fiéis na terra sob a direção do chefe comum, o Papa, e dos Bispos em comunhão com eles. Eles são a Igreja.
O leigo tem como vocação própria, procurar o Reino de Deus exercendo funções no mundo, no trabalho, mas ordenando-as segundo o Plano e a vontade de Deus. Cristo os chama a ser “sal da terra e luz do mundo”. O leigo chega onde o sacerdote não chega. Ele deve levar a luz de Cristo aos ambientes de trevas, de pecado, de injustiça, de violência, etc. Assim, no mundo do trabalho, levando tudo a Deus, o leigo contribui para o louvor do Criador. Ele constrói o mundo pelo trabalho, e assim coloca na obra de Deus a sua assinatura. Torna-se co-criador com Deus.
O Concílio Vaticano II resgatou a atividade do leigo na Igreja: “Os leigos que forem capazes e que se formarem para isto podem também dar sua colaboração na formação catequética, no ensino das ciências sagradas e atuar nos meios de comunicação social” (CIC §906)
Bendito seja Deus por você, querido irmão (a) que, não obstante as dificuldades da vida, doa-se plenamente à serviço da comunidade!

UMA PORTA MAIS LARGA

Nas grandes cidades, conseguir espaço é um grande problema. Nas periferias temos grandes dificuldades para conseguir e também construir nossas comunidades, em espaços muito pequenos. Nas regiões mais centrais, muitos dos edifícios novos tem apartamentos cada vez menores. A falta de espaço também afeta o trânsito, com uma grande quantidade veículos nas ruas, e parece que realidade nunca é capaz acomodar a todos. Além disso, em nossas casas sempre parece que não temos armários ou gavetas suficientes para organizar, dividir e arrumar todas as coisas. Precisamos de mais espaço.
Ao falar das coisas do Reino, Jesus usou várias imagens e parábolas para ilustrar a sua pregação. Algumas vezes ele falou das sementes e de como o Reino cresce e se espalha. Também usou a imagem do fermento, que é misturado à farinha, para indicar a força transformadora e a capacidade de crescimento das coisas do Reino. Jesus falou ainda sobre a misericórdia, e como o Pai acolhe, perdoa e resgata todos os que procuram. Sendo assim, fica difícil imaginar ou encontrar restrições e limitações ao amor de Deus. Por que falar de uma porta estreita para entrar no céu? Uma porta mais larga, com mais espaço, não facilitaria a entrada de mais pessoas?
Garantir a acessibilidade é uma das normas técnicas, e uma exigência das construções modernas. Os construtores devem pensar nisso, e tudo deve ser feito de forma que as pessoas possam acessar sem muitas dificuldades aos diversos ambientes e repartições. A falta de acessibilidade é considerada um erro de planejamento e de execução de uma obra. Mas o que serve para a construção de casa e edifícios, não pode ser aplicado para o projeto de Deus. Não existe um erro com o tamanho da porta, ela te a medida justa da misericórdia de Deus e do esforço que fazemos para entrar por ela.
Desejar uma porta mais larga é o mesmo que querer uma fé menos comprometida, e uma vida ético- -moral menos consistente. Exigir, da parte de Deus, uma porta larga é o mesmo que não buscar o arrependimento e a conversão, e o mesmo que tentar viver um cristianismo falsificado e light.
A porta estreita não significa uma restrição da misericórdia de Deus, ela indica que para entrar no Reino é preciso esforço, isto é, comprometimento e adesão a Cristo. O tempo presente é o tempo da graça e da misericórdia de Deus, que nos convida a fazer todo esforço para entrar pela porta estreita e assim participar do banquete do Cordeiro.
Dom Devair Araújo da Fonseca
Bispo auxiliar de São Paulo

Comentário do Evangelho

O discípulo é chamado a fazer uma opção: entrar pela “porta estreita”

O texto do evangelho menciona a subida para Jerusalém (v. 22; cf. 9,51). Trata-se da parte central do evangelho segundo Lucas e que, mais que um trajeto geograficamente preciso, tem um valor simbólico e didático: são lições que Jesus dá aos discípulos na expectativa de sua “saída” deste mundo.
“Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam?” (v. 23). A salvação é um dom de Deus e compete somente a ele. Aos discípulos compete viver esta graça, configurando a sua vida à vida de Cristo.
O discípulo é chamado a fazer uma opção: entrar pela “porta estreita” (v. 24). A porta estreita é oposta à prática da iniquidade (v. 27). No evangelho segundo João, Jesus se apresenta como a porta das ovelhas (Jo 10,7.9): “Eu sou a porta. Quem entrar por mim será salvo” (Jo 10,9). É por Jesus que se alcança a salvação. Toda a sua existência terrestre e a sua vida gloriosa é que dão acesso ao Reino de Deus. Os que praticam “a iniquidade” (v. 27) são os que resistem a fazer a vontade de Deus; os que, pela dureza de coração, se opõem, perseguem Jesus; são aqueles para os quais a morte de Jesus é como uma “porta fechada” (v. 25). É evidente que Jesus falava de seus contemporâneos, dos que perderam a oportunidade de reconhecer o tempo da visita salvífica de Deus (cf. 1,6; 7,16). A vida de cada um, e o definitivo da existência humana, se decide diante “diante do dono da casa”, do Cristo Ressuscitado, pela adesão ou rejeição a ele. Mas a salvação não se restringe a um povo; a humanidade inteira é destinatária da salvação de Deus em Jesus Cristo: “Virão muitos do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e tomarão parte à mesa do Reino de Deus” (v. 29).
Não necessariamente os que foram chamados primeiro aceitarão participar do banquete do Cordeiro. Mas os últimos, os pagãos, têm também lugar assegurado, desde que aceitem entrar pela "porta estreita”.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, conduze-me pelo verdadeiro caminho da salvação que passa pelo serviço misericordioso e gratuito a quem carece de meu amor.
Fonte: Paulinas em 25/08/2013

Vivendo a Palavra

Jesus lembra que estar perto nem sempre significa estar em comunhão. Estar unido ao Pai é praticar a Justiça, a fraternidade, a compaixão. É acolher os irmãos, especialmente o pobre, o discriminado pela sociedade, o diferente de nós e até o nosso adversário, promovendo o seu bem e orando por ele.
Fonte: Arquidiocese em 25/08/2013

VIVENDO A PALAVRA

Jesus lembra que estar perto nem sempre significa estar em comunhão. Estar unido ao Pai é praticar a justiça, a fraternidade, viver a compaixão. É acolher os irmãos, especialmente o pobre, o discriminado pela sociedade, o diferente de nós e até o nosso adversário, promovendo a sua realização e orando por ele.

Reflexão

A PORTA ESTREITA

A especulação sobre o número dos que se salvam não é novidade. Jesus também foi questionado sobre isso, e sua resposta deixa claro: em vez de especular sobre a quantidade dos que serão salvos, é fundamental esforçar-se para entrar por uma porta estreita, enquanto é tempo.
Trata-se, bem sabemos, de entrar na vida eterna, na plenitude do reino de Deus, no convívio dos que com o Senhor têm tudo para sempre. Até lá, agora é o tempo que temos para agir, para encontrar a porta estreita que leva à eternidade. Uma porta estreita que podemos chamar de justiça, misericórdia, fraternidade. O capítulo sexto do Evangelho de Lucas mostra quem nos conduz a essa porta: os pobres, os famintos, os tristes e os perseguidos. Indo a eles, chegamos à porta estreita. Estando com eles, sendo solidários com eles, poderemos atravessar a porta estreita, tendo deixado cair de nossa vida aquilo que é supérfluo e pesa no caminho: posses, títulos, arrogância, preconceitos e tudo o mais.
É que desta vida nada se leva, senão o amor que aqui tivermos vivido. Jesus, aliás, alerta-nos sobre o possível mal-entendido, que seria fatal: podemos praticar a injustiça acreditando estar na presença de Jesus, acreditando estar fazendo o bem. Um alerta contra a autossuficiência, contra o orgulho de nos considerarmos religiosos e de pensarmos que temos méritos diante de Deus. Pois, se a justiça que desejamos não se traduz em gestos concretos de amor misericordioso, então é apenas aparência, não é a justiça do reino de Deus, não nos leva à porta estreita.
Nosso Deus é o Deus pleno de misericórdia. A misericórdia exigente da porta estreita, que requer esforço para ser descoberta e alcançada e para não ser confundida com tantos portões abertos diante de nós, os largos portões do descompromisso e do menor esforço.
Pe. Paulo Bazaglia, ssp
Fonte: Paulus em 25/08/2013

Reflexão

Enquanto Jesus continua sua viagem a Jerusalém, onde acontecerá o julgamento, a condenação e a ressurreição, alguém, preocupado com a salvação, pergunta-lhe se são muitos ou poucos os que se salvam. O Mestre não responde à questão, mas procura mostrar o caminho que leva à salvação. Ele orienta seus seguidores sobre o que é necessário para “passar pela porta” e participar do seu Reino. A “porta estreita” não pode ser vista como fim em si mesma: traz a lembrança da “cruz de Cristo”, único ingresso para participar do “banquete messiânico”. Muitos tentam entrar pela porta, mas não conseguem, porque não seguem a prática da justiça. Eis a chave que abre as portas para o Reino de Deus. Quem injustamente vai acumulando bens e riquezas não conseguirá passar pela porta, pois ela é estreita e não permite passar grandes volumes. Não adianta dizer que rezou bastante, que ouviu as palavras do Mestre ou participou de refeições com ele. Jesus procura mostrar que a salvação não depende do fator étnico ou religioso. A salvação é proposta para todos. Para isso, porém, é necessária a vivência da justiça, que provoca relações de fraternidade e de partilha, base de uma nova sociedade.
(Dia a dia com o Evangelho 2019 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp)

Meditação

Você tem consciência de que faz sua parte pelo Reino de Deus? - Há muita injustiça à sua volta? - Se você exerce algum poder sobre alguém, procura agir de modo justo? - Questiona-se sempre sobre o exercício do poder? - Procura proteger os simples, os humildes como deve?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Fonte: a12 - Santuário em 25/08/2013

Meditando o evangelho

A PORTA ESTREITA DO REINO

A resposta de Jesus à pergunta do desconhecido revelou ser irrelevante a preocupação com o número das pessoas que irão se salvar. Importante mesmo é decidir-se a trilhar os caminhos do Reino, apesar de suas exigências. É o que Jesus chama de "entrar pela porta estreita". Como isto, afirma-se que a salvação é obtida mediante a renúncia das comodidades e conveniências, para abraçar a causa do Reino, sem querer fazer-lhe adaptações. Trata-se de cumprir a vontade de Deus, submetendo-se fielmente a ela.
Muitos ficarão decepcionados, por ocasião do encontro com o Senhor. Seguros de terem direito à salvação, ver-se-ão fadados à condenação. Como é possível alguém se condenar, se "comeu e bebeu na presença do Senhor" (referência à participação na Eucaristia), e o ouviu pregar em suas praças (alusão ao discipulado cristão)?
Tudo isto não basta para se obter a salvação, se não chega a provocar uma sincera conversão. Pensando ser verdadeiros discípulos, muitos cristãos, na verdade, praticam a iniqüidade. Seu modo de proceder não corresponde ao de um autêntico discípulo do Reino. Donde a frustração de se verem condenados a viver longe do Senhor.
Por conseguinte, a salvação se alcança por meio da vivência diuturna dos valores do Reino, embora nos custem. É desastrosa a meta da porta larga das conveniências pessoais.
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total).
Oração
Espírito de abnegação, torna-me incansável no esforço de entrar pela porta estreita do Reino, dispondo-me a abrir mão de minhas conveniências e interesses pessoais.

Comentários do Evangelho

1 - ENTRAI PELA PORTA ESTREITA. – Olivia Coutinho

A busca pela santidade, deve ser o nosso objetivo primeiro, o horizonte que não podemos perder de vista!
A todo instante, J sus nos convida a dar um sentido novo à nossa existência, uma única e fundamental direção, nos propondo algo de concreto: a santidade como meta para chegarmos à vida eterna! E quantas vezes, somos indiferentes a este convite de Jesus! Por ora, podemos até querer trilhar o caminho da santidade, mas não queremos romper com as coisas do mundo, com as estruturas de pecado. Sem um rompimento, com estas estruturas, não tem como aderir à proposta de Jesus, ficamos só no superficial.
O caminho da santidade, que nos leva a vida eterna, é um caminho traçado por Deus e não por nós, para trilharmos este caminho, precisamos nos libertar dos nossos apegos, deixar de projetar a nossa vida tendo nós mesmos como referência, para nos envolver no projeto de Deus, que tem como referência, unicamente Jesus!
É importante refletirmos  quanto à consciência que devemos ter do nosso tempo de vida terrena, conscientizarmos de que este nosso tempo presente, deve ser um tempo útil à nossa caminhada rumo à eternidade,  pois este é o único  tempo que possuímos como espaço sagrado que Deus  nos concede, para buscarmos a nossa salvação.
Fomos criados e orientados por Deus a direcionar a nossa existência como uma flecha que busca o seu alvo, e o nosso alvo é o próprio Deus, Ele deve ser o nosso objetivo primeiro, Àquele que dá o verdadeiro sentido ao nosso existir.
O evangelho de hoje, vem nos acordar para uma realidade que não podemos fugir: a transitoriedade da nossa vida terrena, da vida que passa!
O tema que a liturgia deste domingo nos propõe, é a salvação! É preciso buscar a porta estreita, renunciar às tantas portas largas existente neste mundo, portas convidativas que tentam nos desvirtuar dos bens eternos.
O texto chama a nossa atenção sobre importância de nos preencher de Deus, de fazermos da nossa vida, um santuário que acolhe a todos. Nossa salvação, passa pela prática do amor e da Justiça, única condição para sermos reconhecidos por Jesus.
Deus quer que todos sejam salvos! Foi para isso que Ele enviou o seu Filho ao mundo, Jesus é a porta estreita por onde devemos passar!
Temos a tentação de achar que correndo atrás de Jesus para o louvor, para as celebrações, seremos os primeiros a chegar até ele, o que de nada adianta, se pelo caminho ignoramos os que estão caídos, necessitados de nossas mãos para reerguê-los!  Estes, os caídos, serão os últimos a chegarem até Jesus, mas serão os primeiros a entrar pela porta da eternidade. A chave desta porta estreita, são eles, a quem negamos a justiça e o amor!
A passagem pela porta estreita é uma graça, uma oferta do amor de Deus, que foi alcançada pelo sacrifício do seu Filho Jesus! O esforço para passarmos por esta porta, é no sentido do acolhimento a esta graça que aniquila o nosso egoísmo e o nosso egocentrismo.
Estar no caminho da santidade, rumo a eternidade, é estar configurado com o formato da porta estreita que é o próprio Jesus, Jesus, que se apresenta como a porta estreita, como o caminho, a verdade que nos liberta, que nos possibilita uma vida em plenitude!
“Senhor, são poucos os que se salvam?” Jesus, conhecedor do que está por detrás das palavras, não responde diretamente, Ele vai mais além, aproveita esta pergunta, para fixar o essencial!  A pergunta, é sobre números, mas Ele responde sobre o modo de alcançar a salvação: “Entrai pela porta estreita…”
As palavras de Jesus, é uma alerta para todos nós; a Salvação é dom gratuito de Deus, não a alcançaremos por merecimento nosso, e sim, pela Sua misericórdia! O que precisamos, é acolher esta oferta de amor, aderindo à proposta de Jesus, nos comprometendo com os valores do Reino.
Buscar a felicidade fora do plano de Deus, é rejeitar a porta estreita, é optar pelas portas largas abertas pelo mundo.
FIQUE NA PAZ DE JESUS!

2 - É DIFÍCIL PASSAR PELA PORTA ESTREITA - José Salviano

'Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam?'
Prezados irmãos. Essa é a triste verdade, a dura realidade!
Apesar de Deus nos chamar diariamente à conversão, são poucos os que atendem ao chamado do Pai, e portanto, serão poucos os que se salvarão. E mesmo dentre esses poucos, entre os que procuram viver o Evangelho, há o perigo de se desviarem do caminho da casa do Pai, porque são tantos os cruzamentos, encruzilhadas e bifurcações, que encontramos pela frente, que  por mais que estejamos atentos e preparados, facilmente poderemos tomar o caminho errado e ir parar no lugar onde haverá choro e ranger de dentes.  Além disso, são tantas as distrações e atrativos à beira da estrada desta vida que nos convidam a dar uma paradinha, e depois nos embrenhamos por uma trilha que aponta para uma praia paradisíaca, com prazeres ilimitados. E depois quando tentamos retornar à estrada da casa do Pai, é tarde demais! Buracos enormes, barreiras, e tantas trilhas que nos confundem e nos deixam totalmente perdidos...
A PORTA ESTREITA - O campo de futebol estava lotado. Jogo vibrante, as torcidas gritando, era só emoções. De repente, um alarme de incêndio!  Gritos, correrias, uns sendo pisoteados, outros desmaiando, e, por incrível que pareça, somente uma PORTA ESTREITA  se achava aberta. Uma multidão querendo passar por um pequeno espaço, era pessoas se comprimindo, quebrando braços, dedos, rasgando a roupa, muitos machucados, e poucos conseguiram SE SALVAR!
Jesus mostra que a porta de entrada no Céu é estreita. E que para nos salvar, precisamos passar por ela, antes que seja fechada...  E não vai adiantar nada gritarmos e nos apresentar, dizendo: Senhor! Abre a porta para mim, eu fui o melhor catequista da paróquia! Ou, eu ia à missa todos os domingos até nos dias de chuva e frio! Ou, eu rezava o terço sempre que podia e ajudei a muitos que precisavam... Porque, infelizmente, poderemos ouvir uma voz que nos dirá: "Não sei de onde sois. Afastai-vos de mim todos vós que praticais a injustiça!"
A injustiça é o que fazemos ou o que resultou do nosso relacionamento com o próximo, com nossa família, com nossos vizinhos, com nossos alunos, com o nosso professor, com nossos pais, com nossos filhos, com a nossa esposa, com nosso marido, nossos colegas de classe, de trabalho, enfim, com todos aqueles com os quais nós convivemos durante toda a nossa caminhada. Fomos justos? Desejamos para o outro exatamente o que desejávamos para nós? Repartimos quando podemos? Ajudamos, toleramos, socorremos, não falamos mal do irmão, da irmã?
Na hora da entrada no Céu, muitos de nós poderão dizer: Eu rezei todos dias!  Porém a nossa Consciência poderá nos alfinetar dizendo: Porém você não praticou a caridade nem foi justo com seus irmãos.  Você praticou uma fé incompleta. Só amou a Deus e a si mesmo, e ignorou o seu irmão! O seu próximo carente, desabrigado, doente, chato, mal vestido, ignorante, pobre...
Caríssimos. A porta estreita da vida são os sacrifícios que teremos de fazer para nos manter de pé diante do Senhor no dia do Juízo. A passagem estreita são as negações de nós mesmo, as entregas por amor ao Reino de Deus, a partilha do que temos com os necessitados, o esforço de desprendemos para suportar as coisas e pessoas que nos são  desagradáveis,  como por exemplo, rezar pelos nossos inimigos, tolerar os abusos dos nossos vizinhos, etc.
Para conseguirmos ser justos aos olhos de Deus, precisamos deixar de lado algumas coisas do nosso agrado egoísta, recusar muitas propostas do mundo que se nos apresentam como opções inteligentes que nos conduzem à felicidade total, mas no fundo não passam de enganações, de laços, armadilhas que acabam  nos levando para a porta larga da entrada do inferno.
E naquele dia, poderemos ser surpreendidos com um fato inusitado! Pois poderá acontecer, que "Virão homens do oriente e do Ocidente, do norte e do sul, e tomarão lugar à mesa no Reino de Deus. E assim há últimos que serão primeiros, e primeiros que serão últimos."
Você já pensou?  Aquele seu amigo que nunca foi à missa, nunca rezava, o último dos homens que poderia um dia ser salvo, conseguiu passar pela porta estreita e está agora no Reino dos Céus!
Enquanto você, o primeiro homem na escala da salvação eterna, você que se julgava um católico praticante, ficou do lado de fora da porta estreita. Por que? Pergunta você, revoltado contra a justiça de Deus. Porque a lógica de Deus é diferente da nossa. Deus perdoa quem está realmente arrependido. Você se esforçava durante a sua vida para ser um católico praticante, porém lá no fundo, faltava algo que muito agrada a Deus. O cuidado no relacionamento com o irmão, com a irmã.
Enquanto o seu vizinho era caladão, mais era caridoso, ajudava os necessitados, nunca falava mal dos outros, respeitava a todos, acreditava em Deus, apesar de não se manifestar ou de se anunciar como o mais justo dos homens. E apesar de não participar da Eucaristia freqüentemente, aquele homem foi salvo, pois a Justiça de Deus as vezes é surpreendente. O ladrão foi perdoado na cruz. Poderemos achar que Deus não agiu com justiça, o dia que um católico não praticante passar a nossa frente ao atravessar a PORTA ESTREITA!
Enquanto você, apesar de viver enfiado na igreja, brigava com todo mundo, por que se dizia defensor da verdade, esmola? Não! ele é vagabundo, e precisa se esforçar. Se eu lhe der dinheiro, ele nunca vai tomar jeito, nunca vai querer trabalhar...
Certo dia você ia indo para a missa e um irmão lhe pediu para empurrar o seu carro que não queria funcionar. O que você lhe disse? Sinto muito! Agora não posso. Estou indo para a missa e não posso me atrasar...
Don Henrique Soares explica muito bem que Cristo é a PORTA, por meio da qual entraremos no Céu.  Antes dele, só o sumo sacerdote entrava no Santuário, no Santo dos Santos. Depois de Jesus, todos nós poderemos entrar. Pelo menos deveríamos poder entrar, pois todos somos convidados, apesar de poucos serem escolhidos. No momento da morte de Jesus, a cortina do Templo rasgou-se, e assim, todos nós teremos a ousadia de entrar no Santuário, passando através da cortina, através da humanidade de Jesus. Nós passaremos dessa Terra par o céu pelo corpo eucarístico de Cristo, Jesus é o caminho, a porta para entrarmos no Santuário, no Santo dos Santos, ou seja, o Céu.
Através da nossa união com Cristo, com o corpo eucarístico de Cristo, nós seremos merecedores do Reino dos Céus. Não nos esquecendo do irmão. Pois não adianta tentar se unir a Cristo se estamos distantes do irmão. Isso não é possível.  Porque ninguém se salva sozinho. Precisamos da existência do irmão carente para podermos praticar a caridade, e merecer passar pela porta que nos leva ao Pai.
Cristo, portanto, é a porta, o caminho a verdade e a vida.  Ele é o único meio de chegarmos ao Pai. Comungar é permanecer em Cristo. "Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós."  Comungar freqüentemente é permanecer com Cristo, é permanecer em estado de graça, vivendo uma vida de santidade, e assim na hora derradeira, estaremos puros e limpos prontos para passar pela porta estreita.
Bom domingo.
Que Cristo hoje e sempre seja a nossa PORTA de entrada no Céu.
José Salviano

3 - Muitos tentarão entrar e não poderão. – Claretianos

Primeira leitura: Isaias 66,18-21 - De todos os países trarão teus irmãos.
Salmo responsorial: 116 - Ide ao mundo inteiro e proclamem o Evangelho.
Segunda leitura: Hebreus 12,5-7.11-13 - O Senhor repreende aos que ama.
Evangelho: Lucas 13,22-30 - Muitos tentarão entrar e não poderão.

Jesus continua sua viagem a Jerusalém, passando por povos e aldeias nos quais ensinava. Nesse contexto nasce uma pergunta a Jesus: Senhor, são poucos aqueles que vão se salvar? A pergunta aponta para números: Quantos vamos alcançar a salvação, poucos ou muitos? A resposta de Jesus nos remete do “quantos” ao “como” nos salvamos.
É a mesma atitude aparece no tema da parusia: os discípulos perguntam “quando” acontecerá o retorno do Filho do Homem e Jesus responde indicando o “como” preparar esse retorno, que fazer durante a espera (MT 24,3-4). Esta forma de agir de Jesus não é estranha nem pouco cortês; é a forma de agir de alguém que quer educar os discípulos e passar do plano da curiosidade para o da sabedoria, das perguntas ociosas que apaixonam o povo, aos verdadeiros problemas que levem ao Reino.
Então, neste evangelho Jesus aproveita a oportunidade para instruir os discípulos sobre os requisitos da salvação. Isto nos interessa a todos que estamos diante do mesmo problema. Pois bem, que diz Jesus a respeito da nossa salvação? Duas coisas: uma negativa e outra positiva; primeiro o que não serve e não basta, depois do que serve e basta para salvar-se. Não serve ou não basta para a salvação é o fato de pertencer a determinado povo, a determinada raça ou tradição, instituição, ainda que fosse o povo eleito do qual provém o Salvador: “Comemos e bebemos contigo e tu nos ensinaste em nossas praças... Não sei de onde sois”.
No relato de Lucas, é evidente que os que falam e reivindicam privilégios são os judeus; no relato de Mateus, o panorama se amplia: estamos agora em um contexto de Igreja; aqui ouvimos cristãos que apresentam o mesmo tipo de pretensão: “Profetizamos em teu nome (ou seja em nome de Jesus), fizemos milagres... porém a resposta de Jesus é a mesma: não os conheço, afastem-se de mim (MT 7, 22-23).
Por isso, para salvar-se não basta o simples fato de ter conhecido a Jesus e pertencer à Igreja; é preciso mais coisas. Justamente esta “outra coisa” é a que Jesus pretende revelar com as palavras sobre a “porta estreita”. Estamos na resposta positiva, no que verdadeiramente assegura a salvação. O que leva à salvação não é um título de propriedade (não há título de propriedade para um dom como a salvação), mas uma decisão pessoal.
Isto é mais claro no texto de Mateus que propõe dois caminhos e duas portas – uma estreita e outra larga – que conduzem respectivamente uma à vida e outra à morte. Para construir essa imagem dos dois caminhos, Jesus se inspira no Deuteronômio 30,15 e dos profetas (Jer 21,8); para os primeiros cristãos os dois caminhos foram espécie de código moral.
Há dois caminhos – lemos na Didaké -, um da vida e outro da morte; a diferença ente os dois caminhos é grande. Ao caminho da vida corresponde o amor a Deus e ao próximo: bendizer a quem maldiz, perdoar a quem te ofende, ser sincero, pobre; em suma, os mandamentos de Deus e a bem-aventuranças de Jesus. Ao caminho da morte correspondem, pelo contrário, a violência a hipocrisia, a opressão do pobre, a mentira; em outras palavras, o oposto, aos mandamentos e às bem-aventuranças.
O ensino sobre o caminho estreito encontra um desenvolvimento muito pertinente na segunda leitura de hoje. “O Senhor corrige ao que ama”. O caminho é estreito, não por algum motivo incompreensível ou por um capricho de Deus que se diverte fazendo-o dessa maneira, mas,  posto no meio do pecado, foi uma saída no meio de uma rebelião; o conflito da cruz é o meio pregado por Jesus e inaugurado por ele mesmo para remontar essa pendente e reverter essa rebelião e “tornar a entrar”.
Porém, por que caminho “amplo” e caminho “estreito”? Acaso o caminho do mal é sempre fácil e agradável de percorrer e o caminho do bem sempre duro e fatigante? Aqui é importante agir com discernimento para não cair na mesma tentação do autor do salmo 73. Também a esse crente do primeiro testamento lhe havia parecido que não há sofrimento para os ímpios, que seu corpo está sempre sadio e satisfeito, que não se vêem agredidos pelos demais homens, mas que estão sempre tranqüilos, acumulando riquezas, como se Deus tivesse preferência por eles.
O salmista se escandaliza por isto, até o ponto de sentir-se tentado a abandonar seu caminho de inocência para fazer como os demais. Nesse estado de agitação, Jesus entra no templo e se põe a orar e, de repente, viu com toda a claridade: compreendeu “qual é sua finalidade”, ou seja, o fim dos ímpios e começou a louvar a Deus e a dar-lhe graças com alegria porque estava com ele. A luz se acende na oração e na reflexão sobre o das coisas e da própria vida.
Retornemos ao fio do discurso; Jesus rompe o esquema e leva o tema ao plano pessoal e qualitativo. Não basta pertencer a uma determinada “comunidade”, ou estar ligado a uma serie de práticas religiosas que nos dão a garantia da salvação. O importante é atravessar a porta estreita, isto é, buscar um empenho sério e pessoal pela busca do reino de Deus, esta é a única garantia que nos dá a certeza de que se está no caminho que nos conduz à luz da salvação. Jesus repetiu muitas vezes este conceito: “Nem todos os que dizem Senhor, Senhor, entram no Reino dos céus, mas os que fazem a vontade do Pai que está nos céus”.
Comer e beber o corpo e sangue do Senhor, escutar sua Palavra, multiplicar as orações... é importante, porém não é suficiente para alcançar a salvação, porque como afirma Deus por boca do profeta Isaías: “Deus não pode suportar falsidade e solenidade” (1,13). Ao rito se deve unir a vida, à religião deve-se impregnar toda a vida de oração, à liturgia deve-se ligar a prática da caridade; à liturgia deve abrir ainda à justiça e o bem, como falaram os profetas. O culto é hipócrita e é incapaz de levar-nos à salvação: o próprio Jesus afirma: “afastem-se de mim, operários da iniqüidade”. A importância maior está nas obras, expressão de uma vida coerente com a fé que professamos.
A imagem que Jesus usa inicialmente é aquela da “porta estreita”, que representa muito bem o empenho necessário para alcançar a meta da salvação, o verbo grego usado por Lucas (agonizesthe) é traduzido por “esforçar-se”. Indica luta, uma espécie de agonia; inclui fadiga e sofrimento, que envolve a pessoa no caminho de fidelidade a Deus.
A vida cristã inclui luta diária por elevar-se a um nível espiritual superior; é errôneo cruzar os braços e relaxar depois de ter assumido um compromisso pessoal com Cristo. Não podemos ficar parados em nossa fidelidade ao Reino de Deus.
Crer é uma atitude seria e radical e não se reduz a certos atos de devoção. Estes podem ser sinais de uma adesão radical; finalmente, ao Reino de Deus são admitidos todos os justos da terra que lutaram, que amaram e se esforçaram por sua fé com sinceridade de coração; isto significa que o cristianismo se abre a todas as raças, a todas as culturas, a todas as expressões sociais e pessoais, sem nenhuma restrição.
Oração: Ó Deus, vós quereis que todos os homens e mulheres se salvem e cheguem ao conhecimento da Verdade, inspirai-nos para que nos sintamos convictos de que vossa verdade é  mais ampla que a nossa, e ensinai-nos vossa paciência pedagógica, para que nosso testemunho de vós seja sempre amoroso, paciente, dialogante e disposto à escuta e ao aprendizado.

4 - "a porta estreita da justiça" - Helena Serpa

Na Sua última peregrinação para Jerusalém, por onde passava Jesus ensinava às multidões dando-lhes suas derradeiras recomendações, visto que lá seria o ponto em que Ele, finalmente, coroaria a sua Missão de Salvador da humanidade. Alguém, então, fez a Ele uma pergunta que traduz o que todos nós também questionamos: "quem se salvará; são poucos ou muitos os que se salvam; todos se salvarão? Jesus nem respondeu àquela pergunta, por isso, também nunca iremos saber matematicamente o número de quem será salvo. No entanto, Jesus nos deu um direcionamento oportuno: "Fazei todo esforço possível para entrar pela porta estreita... muitos tentarão entrar e não conseguirão". A porta estreita é aquela que nos leva a praticar a justiça e o direito, portanto, significa a nossa adesão à salvação que Jesus veio nos dar. Implica também no nosso esforço em superar a nossa inclinação para uma vida fácil, livre dos problemas e dos sacrifícios pessoais e nos motiva a vivermos somente o prazer, o possuir, o poder. Precisamos nos questionar em todas as vezes que queremos conseguir as coisas com muita facilidade, sem empenho próprio, adotando o modelo que o mundo prega. Quando também, voltados somente para nós, esquecemo-nos de que a justiça é o parâmetro que Deus definiu para chegarmos ao céu. A justiça que precisamos praticar requer uma vida de renúncia de nós mesmos (as), à vivência do amor, do perdão, da bondade, da partilha e da solidariedade. Mesmo que tenhamos pregado em Nome de Jesus ou que estejamos servindo no Seu Santuário, mesmo que nos achemos servos e servas fiéis, se não praticarmos a justiça, não teremos lugar à mesa do reino de Deus e poderemos estar equivocados (as) correndo o risco de não sermos reconhecidos pelo “dono da casa”. Consequentemente a porta estreita é a justiça, que se traduz em humildade e serviço e na abstinência da nossa vontade própria, do domínio da nossa carne e de uma entrega absoluta ao Espírito Santo de Deus que nos conduz.
– Como está a sua justiça? – Você tem procurado o caminho mais fácil, que exige menos esforço ou você tem sido fiel à Palavra e aos ensinamentos de Jesus que nos manda amar ao próximo como a nós mesmos (as)?
Helena Serpa
Fonte: Liturgia Diária Comentada2 em 25/08/2013

Comentário

LEITURA I Is 66, 18-21
LEITURA II Hebr 12, 5-7.11-13
EVANGELHO Lc 13, 22-30

O Evangelho deste domingo ajuda-nos a recordar a seriedade da nossa opção cristã. “Senhor, são poucos os que se salvam?”, Perguntam a Jesus. Ele responde: “Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, porque eu vos digo que muitos tentarão entrar sem o conseguir”.
Recordo que, nos momentos da minha vida em que andava um pouco afastado do Senhor, este trecho do Evangelho deixava-me muito preocupado. “Serei dos que se hão-de salvar?”, pensava. “Que será de mim quando aparecer diante do Juiz supremo? Como justificarei a minha conduta?”
Certamente, são perguntas que todos temos de fazer num momento ou noutro da vida. Uma reflexão deste estilo foi decisiva para a conversão de São Francisco Xavier, quando meditou sobre este versículo do Evangelho: “De que serve ao homem conquistar o mundo, se com isso perder a sua alma?” São Bruno, fundador dos cartuxos, decidiu abandonar tudo e encerrar-se quase para toda a vida no silêncio da contemplação, quando, por um fenómeno extraordinário, descobriu junto com os seus conterrâneos, que um professor muito admirado por todos, se condenara para sempre.
Com efeito, Cristo chama-nos à conversão enquanto é tempo. “Convertei-vos porque o Reino de Deus está perto!” Sim, o momento do encontro com Cristo está sempre perto de nós e poderá dar-se de forma inesperada, como um ladrão que assalta uma casa pela calada da noite. Os homens prudentes são os que se preparam para este encontro segundo os critérios do Evangelho e não segundo os juízos subjectivos de sua consciência: “mas eu não tenho pecados!”, “mas eu não faço mal a ninguém!”, “Ah, mas no fim de contas todos se salvam, Deus é tão bom; não é preciso ser fanático!”
Queremos saber quem é Deus? Queremos saber como será o juízo de Deus? Podemos ir à Revelação que Deus fez de si mesmo, podemos ir à Bíblia. Mas não só. A Bíblia está sujeita a muitas interpretações. Acudamos também à Tradição, ou seja, à Igreja, que nos ensinará como a Bíblia foi interpretada de forma contínua nestas questões, desde o tempo dos Apóstolos até aos nossos dias.
Desconfiemos quando ouvimos alguém dizer, seja leigo, seja sacerdote, seja teólogo, que a condenação eterna não existe. Para além de entrar em contradição flagrante com um grande número de textos do Novo Testamento, não segue a Tradição sem interrupção da Igreja, começando pelos Apóstolos. Pessoalmente, confio decisivamente mais no que me diz a Igreja e o seu catecismo, do que nas opiniões privadas, por mais doutas que sejam. A Igreja é mais sábia que nós, os homens...e isso por ter a assistência especial e infalível do Espírito Santo em matéria de doutrina e moral.
É verdade que a porta que conduz ao Reino é estreita e que Deus necessita da nossa boa vontade para nos salvar, no entanto, também o Evangelho deste domingo recorda que “hão-de vir do Oriente e do Ocidente, do Norte e do Sul, e sentar-se-ão à mesa no Reino de Deus”. No livro do Apocalipse, João teve o privilégio de contemplar um dos mais belos quadros que nos pinta a Bíblia: “Depois disso, eis que vi uma grande multidão, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas. Estavam de pé diante do trono e diante do Cordeiro, trajados com vestes brancas e com palmas na mão”. A porta é estreita, sim, mas não são poucos os que se salvam.
E porque hão-de vir tantos de tão longe, do Oriente e do Ocidente, de Norte e do Sul? É porque buscam um Juiz severo que os pode condenar eternamente? Não, é porque buscam Deus, ou seja, a Beleza em pessoa, o Amor em pessoa, a Bondade absoluta. É porque buscam quem já os foi buscar e morreu por eles na cruz. Afirmar a possibilidade da condenação eterna não é negar o Deus de amor. Antes pelo contrário: a condenação mostra bem que, sem o nosso Deus, fonte de toda a felicidade, a vida é um inferno. Converter-se nunca pode ser fugir das “chamas terríveis da condenação”...é buscar o amor. As “chamas” simplesmente mostram que não existe outra opção que o amor e que todos os outros caminhos, por mais atraentes que possam parecer não levam a nenhum lado.
Com esta certeza no coração, orientemos novamente as nossas vidas para Deus com redobrados desejos de corresponder ao seu amor, que tanto se preocupa por nos salvar. E peçamos ao Senhor que nos dê as forças para caminhar sem desfalecer. Digamos-lhe que não nos basta que Ele esteja no fim do caminho. Digamos-lhes que o queremos ao nosso lado, porque sabemos que sem Ele nada podemos e que com Ele até mesmo as veredas mais escarpadas não são caminhos desagradáveis. Até mesmo as noites mais escuras, com Ele por perto, parecerão dias claros. Sim, Senhor, vem a nós constantemente. Desde os primeiros raios do amanhecer, ao longo de toda a jornada, até bem dentro do repouso da noite, vem a nós Senhor Jesus!
Pe. Ulrish pais
Sacerdote de Lisboa
Fonte: Google em 25/08/2013

Comentário

VOCAÇÃO UNIVERSAL À SALVAÇÃO

I. INTRODUÇÃO GERAL

São poucos os que vão ser salvos? Muitos cristãos vivem com essa pergunta angustiante, inculcada às vezes por pregadores insensatos.
Segundo Jesus, no evangelho, a salvação é para todos, vindos de todos os lados, dos quatro ventos, de perto e de longe. Só não é para os que se fecham na sua autossuficiência e nos seus presumidos privilégios. A primeira leitura lembra que Deus não apenas quis salvar o povo de Israel do exílio babilônico, como também o encarregou de abrir o Templo e a aliança a todas as nações. Quando Deus concede um privilégio, como foi a salvação de Israel do cativeiro babilônico, esse privilégio se torna responsabilidade para com os outros. Deus rejeita a autossuficiência.
Na reflexão/homilia, pode-se aprofundar o tema do chamamento universal combinado com a exigência de resposta generosa. “Deus não fechou o número, a nós cabe nos incluir nele” poderia ser um lema para inculcar no ouvido e no coração do povo celebrante.

II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS

1. I leitura (Is 66,18-21)

O fim da profecia de Isaías evoca a revelação universal da glória de Deus: uma “utopia”. Olhar para o futuro, como faz o profeta pós-exílico de Is 66, não é necessariamente fuga da realidade presente; pode também ser um passo ao encontro da realidade messiânica que vem de Deus. Trata-se do futuro criado por Deus! Ele envia mensageiros a todos os povos, até os mais distantes, os que nunca ouviram falar dele! Então farão subir a Sião esses povos e suas riquezas para santificarem o Senhor no Templo – alguns até como sacerdotes! O profeta vê Israel como o lugar da manifestação dos grandes feitos de Deus. De fato, a própria pessoa de Jesus, o judeu, será desse lugar.

2. Evangelho (Lc 13,22-30)

O evangelho de hoje deve ser entendido à luz da fé na salvação universal: a todos deve ser apresentado o convite do Reino. Algumas pessoas, preocupadas, perguntam a Jesus se são poucos os “eleitos” que vão participar do reino de Deus. Jesus não responde, mas evoca três imagens.
As duas primeiras imagens que Jesus evoca são “restritivas”: 1) a porta é estreita, mas a vocação, universal; porém é preciso esforçar-se (13,23-24; cf. 16,16); 2) em determinado momento a porta será fechada, e então será tarde para chorar por entrar (13,25-27). À preocupação apocalíptica de saber o número dos eleitos e as chances de entrar, Jesus responde: o número dos eleitos não importa; importa a conversão, esforçar-se para entrar e não ficar gracejando, exibindo um ar de interessado, sem nada empreender. Pois vem o momento em que o dono da casa se levanta e fecha a porta; então, não reconhecerá os que estiveram com ele nas praças só “de corpo presente”, sem dar audiência à sua palavra. Ora, a festa em si, ela está aberta a todos os que quiserem esforçar-se. Mas Jesus dirige uma crítica àqueles em cujas praças ele ensinou (13,26): deixaram-no falar, mas não obedeceram a seu apelo de conversão, talvez por estarem seguros de pertencer ao número dos eleitos. Eles são os primeiros que se tornam últimos, enquanto os últimos – os desprezíveis pagãos –, quando se convertem, se tornam os primeiros, para sentar com Abraão, Isaac e Jacó (que provocação para os judeus!) na mesa do banquete escatológico, vindos de todos os cantos do mundo.
Aparece aqui a terceira imagem: o banquete dos povos. Apesar da exclusão dos “primeiros”, que recusaram o convite, Deus realizará o banquete escatológico para todos os povos, incluindo os gentios (os “últimos”) (13,28-30). Portanto, Deus não é mesquinho, não prepara a festa para um número restrito, mas para todos. Espera, porém, o empenho da fé, vivida na caridade, como resposta à palavra da pregação: qualquer um que responder a essa exigência poderá participar. Para compreender melhor essa combinação entre o chamado universal e a exigência de disposição e empenho pessoal, pode-se ver a parábola do banquete universal segundo Mateus, seguida da parábola do traje de festa que se exige para participar (Mt 22,1-14).
Essa mensagem não perdeu sua atualidade. O que Jesus recusa é o calculismo e a falsa segurança a respeito da eleição. Esta não responde a nenhum critério humano. É a graça de Deus que nos chama à sua presença. Diante desse chamado, todos, seja quem for, devem converter-se, pois ninguém é digno da santidade de Deus nem de seu grande amor. Ninguém se pode considerar dispensado de lhe prestar ouvido e de transformar sua vida conforme a exigência de sua palavra. Não existe um número determinado de eleitos (é bom repeti-lo, em vista de certas seitas por aqui). O que existe é um chamado universal e permanente à conversão. E esse chamado vale também para os que já vêm rotulados de bons cristãos. Pois a fé nunca é conquistada para sempre. É como o maná do deserto: se a gente o quer guardar até a manhã seguinte, apodrece (cf. Ex 16,20)! Quem não retoma diariamente o trabalho de responder à Palavra com autêntica conversão gritará em vão: “Senhor, participei de retiros e assisti a pregações, palestras e cursos em teu nome (e também comi e bebi nas tuas festinhas paroquiais)”. E também hoje os últimos poderão ser os primeiros: os que não vão à igreja porque não têm roupa decente, porque devem trabalhar, porque têm filhos demais ou, simplesmente, porque se sentem estranhos entre tanta gente de bem… Para chamá-los é que Jesus não ficou nos grandes centros, mas entrou nos bairros e vilarejos.

3. II leitura (Hb 12,5-7.11-13)

A segunda leitura apresenta um tema delicado: o sofrimento como pedagogia de Deus. Nossa atual condição humana é precária, “frágil” (Hb 5,15). O Filho de Deus participa dessa fragilidade, para nos ajudar. Ele conheceu tentação, sofrimento e morte: “aprendeu a obediência” (5,8). Do mesmo modo, os fiéis devem passar pela “escola” de Deus: assim chegarão à justiça, à retidão, à salvação. Deus nos educa para a vida (12,9-10).
Esse texto entra em choque com a mentalidade “esclarecida”. O texto diz que Deus “castiga” para nos educar: “Pois o Senhor educa a quem ele ama e castiga todo que acolhe como filho” (Hb 12,6; cf. Pr 3,11-12). Achamos horrível: Deus castiga, faz sofrer? Não. Educa-nos, como um bom pai educa seu filho, corrigindo-o. Essa é a resposta dos antigos para o escândalo do sofrimento, e do nosso povo simples também. Será que eles se enganam? Enquanto os eternos disputadores acusam Deus por permitir o sofrimento, os simples veem no sofrimento uma escola de vida. O importante não é de onde vem o sofrimento, a não ser que seja consequência da maldade. Importante é saber o que fazer com ele! Que o sofrimento existe é inegável. Muitas vezes, é causado pelos homens, mas nem sempre. A quem sofre importa menos explicar as causas do que dar um sentido ao sofrer. O sofrimento pode ter o valor de educação para uma vida que agrade a Deus, já que este, em Cristo, também o encarou. Não é errada tal valorização do sofrimento, já que não se consegue escapar dele, nem mesmo no admirável mundo novo da era tecnológica. Como cristãos, devemos aprender a viver uma vida nova, diferente da vigente. Isso não é possível sem sofrer. Porém, esse sofrimento não deprime, não torna fatalista, mas faz crescer a força para produzir frutos de paz e justiça: “Levantai, pois, as mãos fatigadas e os joelhos trêmulos; dirigi vossos passos pelo caminho reto!” (Hb 12,12).
(Um texto das cartas mais próximo das outras leituras seria 1Pd 2,9-10: somos chamados das trevas à luz.)

III. PISTAS PARA REFLEXÃO

Cristianismo instalado ou aberto?

A vocação à salvação é universal, mas nem por isso todos os que a ouvem estão salvos. Existem muitos cristãos acomodados e seguros que fazem formalmente todo o prescrito, porém não assumem com o coração o que Jesus deseja que façam, sobretudo o incansável amor ao próximo. Eles ficarão de fora se não se converterem, enquanto outros, considerados pagãos, vão encontrar lugar no Reino. Os que só servem a Deus com os lábios e não com o coração e de verdade, o Senhor não os conhecerá!
Na América Latina, hoje, os que sempre foram os “donos” da Igreja estão se enterrando no materialismo, e os pobres – marginalizados da vida eclesial ou relegados a uma posição inferior – estão entrando nas comunidades e ocupando o lugar dos antigos donos. Apesar das tentativas de voltar ao “tradicional”, tanto o povo simples como a juventude pós-moderna estão dando outro aspecto a igrejas e capelas. Esvazia-se o comportamento chamado tradicional – porém alheio à verdadeira Tradição –, enquanto se abre espaço para um novo modo de ser cristão, mais jovem e mais simples, mais participativo e menos fechado, mais fiel, também, à primeira tradição cristã.
Contudo, essa chegada de um novo tipo de cristãos, muitas vezes “vindos de longe”, não significa que o ser cristão esteja ficando mais fácil. Pelo contrário, exige desinstalação. Exige busca permanente do que é realmente ser cristão: não apegar-se a fórmulas farisaicas, mas entregar-se a uma vida de doação e de amor, que sempre nos desinstala.
Então a questão não é se poucos ou muitos vão ser salvos. A questão é se estamos dispostos a entrar pela “porta estreita” da desinstalação e do compromisso com os que sempre foram relegados. A questão é se abrimos amplamente a porta de nosso coração, para que a porta estreita se torne ampla para nós também. Deus não fechou o número. A nós cabe nos incluir nele…
Pe. Johan Konings, sj
Nascido na Bélgica, reside há muitos anos no Brasil, onde leciona desde 1972. É doutor em Teologia e licenciado em Filosofia e em Filologia Bíblica pela Universidade Católica de Leuven (Lovaina). Atualmente é professor de Exegese Bíblica na Faje, em Belo Horizonte. Entre outras obras, publicou: Descobrir a Bíblia a partir da liturgia; A Palavra se fez livro; Liturgia dominical: mistério de Cristo e formação dos fiéis – anos A - B - C; Ser cristão; Evangelho segundo João: amor e fidelidade; A Bíblia nas suas origens e hoje.
Fonte: Vida Pastoral em 25/08/2013

COMENTÁRIO DO EVANGELHO

1. Que porta você escolhe?
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Quando medito este evangelho sempre me lembro do “Miudinho”, apelido de um amigo da minha adolescência, que era bem “robusto” para não dizer que ele era “gordinho”. Por conta da obesidade ganhou fama de ser o molenga da nossa turma onde era sempre o último nas brincadeiras ou aprontações que fazíamos. Certa ocasião ficou entalado em um tubo de concreto que ficava no final da rua, por onde entrávamos sorrateiramente por uma galeria em desuso, tendo acesso a um terreno que pertencia a Dona Assunta, e onde deliciávamos com a doçura das mangas e amoras.
O muro era alto e o portão antigo era inacessível, até o dia em que descobrimos a tubulação e passamos a utilizá-la sendo para nós uma aventura porque engatinhando, varávamos coisa de três ou quatro metros por baixo do muro. Ao ficar entalado na galeria, por causa de ser gordinho, e não saindo para frente e nem para trás, Miudinho armou o maior berreiro chamando a atenção da vizinhança e assim, fomos pegos em flagrante pela proprietária do terreno, enquanto que os moradores, com muito esforço conseguiram desentalar o coitado do Miudinho. Decidimos, a partir daquele dia, deixá-lo fora de nossas aventuras porque ele não conseguia ter agilidade para nos acompanhar. O reino do céu é meio parecido com aquele terreno baldio, palco das nossas aventuras e onde curtíamos a doçura da fruta madurinha á sombra de grandes árvores: o acesso é por uma passagem bem estreita...
A pergunta dos discípulos, feita a Jesus, se é verdade que poucos irão se salvar, deve-se ao fato de que a salvação, para eles, era uma espécie de troféu, com que Deus premiava os que faziam boas obras e observavam com rigor a lei e todos os demais preceitos religiosos. Nós cristãos, que pertencemos à igreja, devemos também pensar nisso e perguntar se iremos nos salvar... Jesus nos alerta que a passagem é bem estreita e requer certo esforço de quem se fez discípulo. Há uma porta larga do ritualismo e do seguimento da lei, há eventos religiosos que reúne milhares de pessoas, há igrejas cristãs de todas as denominações, cujos templos ficam lotados de fiéis nos finais de semana. Será que nesta religião sem compromisso, todos já têm o passaporte carimbado para entrar no reino?
Para passar pela porta estreita é preciso se fazer pequeno e ter no coração e na mente esta consciência de que a salvação é dom de Deus e não fruto das nossas obras ou práticas religiosas, quem pensa diferente disso é semelhante ao meu amigo Miudinho e vai acabar ficando “entalado” no seu egoísmo e orgulho. Mas ser pequeno também significa servir aos irmãos e irmãs, a palavra servir vem de servo, escravo, aquele que se rebaixa, que se curva diante do outro, Jesus fez isso no “Lava-pés”, fazendo uma tarefa que pertencia a um escravo, o que prefigurou o rebaixamento final que iria ocorrer em Jerusalém, para onde Jesus caminha decidido a entregar-se por todos.
Portanto, o amor que se rebaixa traduzindo-se em serviço é que faz de nós verdadeiros cristãos, Filhos do Pai, que nos vocaciona para o amor, irmãos de Jesus, servo maior com quem nos identificamos e por quem somos reconhecidos. Os que pensam que já estão salvos, com um pé na vaga do céu, só porque pertencem a esta ou aquela denominação religiosa, e são observantes zelosos de toda doutrina e preceito, irão certamente ficar bem desapontados porque o Senhor não os reconhecerá como diz o evangelho: “Nós não saíamos de sua casa, comíamos e bebíamos na tua presença...”. “Sumam”! Não sei quem são vocês! Não os conheço!”--- dirá o Senhor”.
Fachada e aparência de nada adiantarão, só serão acolhidos no banquete do reino, e reconhecidos pelo Senhor aqueles que o imitando, doarem-se inteiramente aos irmãos e irmãs, não importando qual igreja ou denominação religiosa. Os que estiverem “inchados” de orgulho e autossuficiência, achando-se os primeiros, porque já estão dentro, irão bater com o “nariz na porta” e verão cheios de espanto e surpresa, os que eram os últimos, adentrarem por primeiro no banquete.
Nunca mais vi meu amigo “Miudinho”, dizem que ele emagreceu eliminando a gordura que tanto o incomodava. Que a religião seja para todos nós um compromisso de vida com Deus e com os irmãos, caso contrário não conseguiremos entrar no reino dos céus, pois como meu amigo Miudinho, acabaremos entalados na soberba e no egoísmo, e não passaremos pela porta estreita! Daí haverá choro e ranger de dentes...
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP

2. São poucos os que se salvam?
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)

Alguém pergunta a Jesus se são poucos os que se salvam. Jesus não responde diretamente à questão. Ele recomenda entrar, com esforço, pela porta estreita. Entrarão, de fato, os que tiverem praticado a justiça. Esta parece ser a porta estreita. Pessoas virão de todos os cantos da terra para tomarem lugar à mesa no Reino de Deus. Deus mesmo os reunirá. Todos verão a glória do Senhor, e haverá um culto perfeito. O Evangelho fala de um grupo que chegou depois que a porta tinha sido fechada. Para poderem entrar, argumentaram que tinham comido e bebido com o dono da casa, e que o tinham conhecido quando ensinava nas praças da cidade. O argumento não convenceu. O dono da casa disse não conhecer as pessoas daquele grupo. Pediu que fossem embora, porque praticavam a injustiça. No entanto, outros entraram, vindos dos quatro cantos da terra. Estes não foram vizinhos do dono da casa, não o conheceram nas praças da cidade. São os últimos, que acabaram se tornando os primeiros, enquanto os primeiros se tornaram últimos.
O profeta Isaías fala de uma grande reunião de povos, que vêm de terras distantes, que não ouviram falar de Deus e não conhecem a sua glória. O texto dá a entender que haverá uma grande conversão do mundo pagão e que até mesmo os mensageiros serão pagãos convertidos. Eles levarão uma oferenda a Deus. Esta oferenda será feita dos judeus dispersos pelo mundo, que serão reconduzidos pelos povos a Jerusalém. A salvação se estende a todos os “justos” da terra, judeus e pagãos, e todos serão aceitos e entrarão na casa, não por serem judeus ou pagãos, mas por serem justos. A caminhada para a nova Jerusalém, na qual se reunirão todos os povos, tem algo de penoso. Supõe energia para manter viva a justiça ao longo de todo o caminho. É preciso firmar os joelhos enfraquecidos e acertar os passos para subir até Jerusalém. Há mancos entre nós que andam com dificuldade. É preciso ajudá-los e curá-los. Tais mancos podem ser os que claudicam na prática da justiça. Por vezes, Deus precisa corrigir aqueles que ele ama e castigar os que aceitou como seus filhos, mas o fruto da correção será paz e justiça. A justiça supõe, em primeiro lugar, a qualidade dos relacionamentos humanos, isto é, tratar os outros com respeito porque somos todos filhos do mesmo Pai. Tal atitude é o sinal de que passamos da morte para a vida e que, portanto, estamos no agrado de Deus, ou seja, em sua graça. O justo é o que foi justificado por Deus, e a justificação se dá em nosso primeiro ato livre, quando mostramos o que de fato queremos. É o encontro de dois termos: o poder de Deus e a nossa liberdade.

REFLEXÕES DE HOJE

25 DE AGOSTO-DOMINGO

VEJA AQUI MAIS HOMILIAS DESTE DOMINGO

HOMILIA DIÁRIA

Cuidado com a porta aberta do mundo que não conduz ao Céu

Jesus vem para nos dizer que esse caminho fácil, essa porta aberta que o mundo tem, não nos conduz ao Reino dos Céus.

Jesus disse: “Fazei todo o esforço possível para entrar pela porta estreita, porque eu vos digo que muitos tentarão entrar e não conseguirão” (Lc 13,24).

Veja que a porta que nos dá acesso ao Reino de Deus é muito apertada, mas não impossível de ser atravessada. O que a torna difícil são nossas escolhas, porque sempre preferimos a facilidade, o caminho mais curto, o mais fácil, o mais sem exigências. Para entrar no Reino dos Céus nós precisamos passar pelas exigências que o Evangelho nos faz.
No mundo, é mais fácil passar a perna no outro, enganá-lo, pois aqui prevalece a lei do mais esperto, do que mais pode, daquele que consegue fazer isso ou aquilo sem se importar com os critérios.
Renegam-se os critérios éticos e morais; o que se leva em consideração é conseguir o que se quer sem se importar com os meios usados para conseguir chegar aos objetivos.
Muitas vezes, a deslealdade, a falsidade, a mentira, a hipocrisia, a vida dupla são vividas com muita facilidade e aceitas com cordialidade pelo mundo. Mas Jesus vem para nos dizer que esse caminho fácil, essa porta aberta que o mundo tem, não nos conduz ao Reino dos Céus.
Esse caminho que o mundo nos aponta pode parecer muito bonito, muito decorado e mais esplêndido, talvez seja por isso que a grande maioria das pessoas preferem andar por elas. No entanto, não podemos ser movidos pela maioria nem por pesquisas, mas pelos critérios evangélicos, os quais nos levam a querer renunciar, a viver uma vida digna e honesta, a ter princípios, a acreditar na pureza, a seguir a radicalidade evangélica onde precisamos ser radicais.
Que o Senhor, hoje, nos ensine a encontrar o caminho da salvação. Que nós, muitas vezes perdidos ao longo do caminho e ao longo da estrada, aprendamos com o Senhor que o caminho da salvação é o mais apertado, pois este nos garante a vida eterna.
Deus abençoe você.
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Fonte: Canção Nova em 25/08/2013

Oração Final
Pai Santo, que nos chamaste ao teu Reino enviando-nos o Filho Unigênito, inunda-nos com o teu Espírito para que compreendamos que desde agora nós já vivemos nele quando praticamos a justiça e construímos uma Igreja acolhedora, solidária e misericordiosa para todos os irmãos. Por Jesus Cristo, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 25/08/2013

ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, que nos chamaste ao teu Reino enviando-nos o Filho Unigênito, inunda nosso coração com o teu Espírito para que compreendamos que desde agora nós já vivemos em Ti quando praticamos a justiça e construímos uma Igreja acolhedora, solidária e misericordiosa para todos os irmãos. Por Jesus Cristo, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.


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