quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 19/02/2014

ANO A


Mc 8,22-26

Comentário do Evangelho

A insistência de Jesus

Depois do diálogo com os discípulos marcado, como dissemos, por certa aspereza e indignação, o evangelista pôs este relato da cura do cego de Betsaida. No episódio precedente (8,14-21) é observada com clareza a incredulidade dos discípulos; uma forma de afirmar a cegueira espiritual deles (cf. 8,18). Nesse sentido, o texto de hoje tem um forte valor simbólico, a saber, ele exprime o desejo de Jesus de abrir os olhos dos seus discípulos. A intenção de ir a Betsaida já havia sido anunciada em 6,45, depois do relato da primeira multiplicação dos pães. O cego é levado por outros, o que se compreende em relação à sua deficiência. Jesus também o toma pela mão para conduzi-lo para fora do vilarejo. Esse gesto de Jesus pode ser entendido também em relação à limitação daquele anônimo, conhecido somente por sua cegueira. No entanto, há, aqui, um plus: a condução do cego por Jesus já é o início da cura. O gesto repetido da imposição das mãos, até o cego ver claramente, é símbolo da dificuldade e do processo necessário até que os discípulos vejam com clareza. A clareza da visão e a compreensão do mistério de Cristo não se darão de uma só vez; será preciso um longo itinerário. O termo desse caminho é a ressurreição do Senhor.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, abre meus olhos para que, pela fé, eu reconheça teu filho Jesus, e possa beneficiar-me da força libertadora que dele provém.

Reflexão

Jesus retira o homem do povoado, não o cura totalmente na primeira vez que lhe impõe as mãos, o deixa totalmente curado na segunda vez que lhe impõe as mãos e diz para ele não entrar no povoado. Esses elementos nos ajudam numa reflexão sobre o Evangelho de hoje. As pessoas vivem em sociedade e, geralmente, assumem integralmente os seus valores. Esses valores muitas vezes se tornam um obstáculo para a atuação da graça e para a verdadeira libertação dessas pessoas. Depois que a libertação acontece, essas pessoas não podem assumir novamente todos os valores da sociedade, pois voltarão a viver na escuridão do erro e do pecado.

Vivendo a Palavra

Em meio à multidão, Jesus toma o cego pela mão e o separa do grupo para cuidar dele. Estabelece para nós o caminho a ser seguido: o anúncio do Reino do Pai não visa a converter multidões anônimas, mas se dirige pessoalmente a cada um dos nossos irmãos – com carinho e cuidado.

Recadinho


Procuramos enxergar e ser grato por tantos milagres que Deus realiza em nossa vida? - Tomamos cuidado para que o pessimismo não tome conta de nós? - Fazemos o que está a nosso alcance, deixando por fim nas mãos de Deus? - Será que muitas vezes não nos deixamos levar pelo egoísmo? - Enxergamos o mundo à nossa volta que necessita de fraternidade, generosidade e perdão.
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R

Comentário do Evangelho

A VISÃO RECOBRADA

A cura do cego teve uma função simbólica na formação dos discípulos. Jesus estava para lhes revelar coisas importantíssimas, que exigiam grande lucidez para serem compreendidas e assimiladas. A cegueira espiritual poderia levá-los a não compreender as palavras do Mestre, ou então a deturpá-las. A experiência do cego correspondia à experiência que os discípulos deveriam também fazer.
Jesus acolheu a súplica dos que conduziam o cego, pedindo-lhe para tocá-lo. O cego foi conduzido para um lugar afastado. E, ao cabo de um verdadeiro ritual, Jesus lhe restituiu a visão, passando o homem a ver todas as coisas, mesmo de longe, bem e claramente.
Aos discípulos faltava esta visão perfeita, sendo ainda incapazes de captar a exata impostação do convite de Jesus para segui-lo. Sua compreensão de messianismo não se adequava àquela de Jesus. Eles esperavam que Jesus se manifestasse como messias rei, cheio de glória e poder. E, nem de longe, podiam imaginar o quanto o projeto de Jesus se distanciava deste modelo messiânico.
Os olhos dos discípulos deveriam ser abertos por Jesus assim como o foram os olhos do cego. Continuar a caminhar como cegos seria uma imprudência. Suas vidas corriam o risco de terminar numa frustrante decepção.

Oração
Senhor Jesus, restitua em mim a visão para que eu possa ver claramente o caminho para onde tu me conduzes. 
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Ó Deus, que prometestes permanecer nos corações sinceros e retos, dai-nos, por vossa graça, viver de tal modo, que possais habitar em nós. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

REFLEXÕES DE HOJE

19 de FEVEREIRO - QUARTA


HOMILIA
JESUS E O CEGO DE BETSAIDA
Temos neste texto uma narrativa bem característica do evangelista Marcos, rica em detalhes, destacando os toques, particularmente no uso da saliva. Marcos a introduz como prefácio da caminhada de Jesus com os discípulos de Cesaréia de Filipe até Jerusalém.
Depois de curas que causaram grande repercussão no território pagão da Palestina, Jesus e seus discípulos continuaram o itinerário até a região da Judéia, onde realiza a segunda multiplicação dos pães. Segue adiante o caminho exortando-os a não pensarem como pensam os fariseus e repreendendo-os para que se guardassem do fermento de Herodes. Atravessam a Judéia e retornam à Galiléia “e chegaram a Betsaida”. Esta cidade, vizinha de Cafarnaum, situava-se a noroeste do mar da Galiléia e foi berço de Pedro, André e Filipe. Aí nasceram, brincaram, cresceram, aprenderam os primeiros rudimentos da pesca e depois...
Pedro e André eram irmãos. André – de índole mais religiosa e mais contemplativa – era discípulo de João Batista. Um dia, estando em conversa com dois de seus discípulos, João viu Jesus que passava ao longe e exclamou: “Eis o Cordeiro de Deus”. Eles o deixaram e seguiram Jesus, passando com ele aquele dia. Um deles era André. No dia seguinte foi ao encontro de Simão para lhe transmitir a notícia maravilhosa; “Encontramos o Messias (que quer dizer o Cristo); e ele o conduziu até a presença de Jesus.
Marcos continua o seu relato dizendo que “trouxeram-lhe então um cego, rogando que ele o tocasse”. No capítulo seis do Evangelho narrado por Mateus (referindo-se ao tesouro), Jesus faz uma associação nos versículos 22 e 23 com a visão, dizendo: “O olho é a luz do corpo. Se teu olho é são, todo o teu corpo será iluminado. Se teu olho estiver em mau estado, todo o teu corpo estará nas trevas. Se a luz que está em ti são trevas, quão espessas serão as próprias trevas!”
A visão é um tesouro precioso que Deus nos deu. Os nossos olhos sadios podem contemplar a beleza do nascer e do por do sol; podem ver o desabrochar de um botão em flor; podem se extasiar diante do milagre da vida que resplandece a cada instante; como podem refletir a dor de uma perda, através de lágrimas que escorrem num rosto vazio de esperança; ou refletir o que transborda do nosso coração, porque – como dizia o poeta – “os olhos são o espelho da alma”.
Esse homem era cego. A ansiedade que tomava conta de sua alma era indecifrável. Naquele instante ele sentia que estava frente a frente com Jesus – aquele que dissera certa vez: “Eu sou a luz do mundo” (Jo 8,12). Os seus olhos eram trevas, mas o seu coração começara a irradiar um tênue raio de luz.
“Tomando o cego pela mão, Jesus levou-o para fora do povoado e cuspindo-lhe nos olhos e impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe: - Percebes alguma coisa?” E eu fico aqui imaginando o que se passava na mente daquele homem! A dúvida, a insegurança, o medo, a frustração, a decepção, os questionamentos interiores da fé: _E se eu abrir os olhos e não enxergar nada? Se a escuridão continuar, o que será de mim? O que dirão os que me trouxeram até ele?
O cego de Betsaida era um homem de carne e osso semelhante a nós, sujeito a todas essas dúvidas, embora nutrisse seu coração com minúsculas gotas de fé e de esperança. “Percebes alguma coisa? E ele começando a ver, disse: “Vejo as pessoas como se fossem árvores andando”. Que emoção! Que contentamento! São pobres palavras para expressar o sentimento de felicidade que perpassava pelo espírito radiante daquele homem. Ainda não estava vendo com nitidez, mas já sentira a luz atravessar todo o seu globo ocular e deixar aquela imagem, embora distorcida, gravada na sua retina. “Em seguida ele colocou novamente as mãos sobre os olhos do cego que viu distintamente e ficou restabelecido e podia ver tudo nitidamente e de longe”. São palavras e gestos que curam o corpo, a alma e o coração.
Tanto a cura da cegueira física quanto a cura da cegueira que envolve o espírito, se inserem dentro de um processo lento e gradativo. A conversão não acontece num passe de mágica ou num estalar de dedos. É um exercício constante, doloroso, é um exercício de poda. Jesus poderia ter curado este cego de uma vez; mas o curou em duas etapas para nos mostrar que devemos perseverar na fé e na esperança e acolher a sua vontade em nossa vida.
A cura de nossa cegueira virá quando enxergarmos Jesus que vem até nós trazendo a Água Viva para lavar os nossos olhos contaminados pela concupiscência da carne e se fazendo Eucaristia para tocar em cada um de nós, fazendo brilhar a sua luz.
Pai, abre meus olhos para que, pela fé, eu reconheça teu filho Jesus, e possa beneficiar-me da força libertadora que dele provém.
Fonte Homilia: Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

 HOMÍLIA DIÁRIA

Que os nossos olhos se abram para enxergarmos o próximo

Deixemos o Senhor tocar novamente em nossos olhos para que possamos enxergar claramente uns aos outros como irmãos e irmãs.

Então Jesus voltou a por as mãos sobre os olhos dele e ele passou a enxergar claramente. Ficou curado, e enxergava todas as coisas com nitidez. (Mc 8, 25)

A Palavra de Deus hoje nos ajuda a compreender o processo da ação de Deus na vida de cada um de nós, porque muitas pessoas absorvem a graça de Deus num toque d’Ele, numa graça de Deus, que chega e transforma nossa vida. No entanto, nós somos muito morosos; não é que Deus seja lento e moroso, mas a lentidão é própria de nossa natureza, veja como somos vagarosos para nos converter, para compreender e para entender a graça de Deus. Veja há quantos anos Deus vem batendo à porta do nosso coração e a nossa dificuldade de nos abrir a Ele.
O cego do Evangelho de hoje é um exemplo muito claro, para nós, do que é a nossa natureza humana, Jesus o pega pela mão, cuspe nos olhos dele e passa as mãos sobre os seus olhos. O Senhor, então, disse a ele: ”E agora, você está enxergando alguma coisa?” O homem afirmou: ”Sim, Senhor, eu estou enxergando e, estou vendo os homens, eles parecem árvores que andam”.
Por vezes, andamos para lá e para cá,  e não sabemos enxergar as pessoas; nós só sabemos enxergar a nós mesmos: nossos problemas, nossas dificuldades, a nossa vida. Nós nos isolamos em nosso mundo e a única coisa que nos interessa somos nós! Aquelas famílias que parecem um verdadeiro ”gueto”: é só pai, mãe, filho e acabou; e o mundo é que se exploda!
Ao passo que a pessoa que encontra Jesus na sua vida sai do isolamento e começa a enxergar os outros outros, começa a enxergar que existe mais alguém no mundo além dela.
Quantas pessoas são indiferentes quando alguém morre, quando alguém sofre, com as tragédias que há no mundo. Pensam: “É problema deles!” Não, pois eles são filhos de Deus, são nossos irmãos, são nossas irmãs!
Contudo, quando a Palavra de Deus nos toca, começamos a enxergar que existem outras pessoas; mas, no primeiro toque, pode ser que aconteça conosco o que acontece com este cego: ele vê a pessoa como árvore. Quantas vezes, enxergamos as pessoas como coisas. Sim, como coisas! Pensamos: “Espera aí: essa pessoa vai me dar retorno ou não vai? Ela é vantajosa ou não é vantajosa para mim? Ela me dá retorno ou não me dá retorno!?”.
Nossos olhos não estão tão cegos, mas também não estarão totalmente curados enquanto não pararmos de olhar as pessoas, os relacionamentos e as nossas amizades com interesse. “Eu sou só amigo de quem me interessa, de quem de alguma forma me oferece vantagem!” Muitas vezes, nós usamos as pessoas enquanto elas são úteis para nós e elas estão próximas de nós; depois que elas perdem a “utilidade” são descartáveis.
Deixemos Jesus fazer como o fez com o cego do Evangelho de hoje, deixemos o Senhor tocar novamente em nossos olhos para que possamos enxergar claramente, com nitidez, para que possamos enxergar uns aos outros como irmãos e irmãs. Que não enxerguemos mais as pessoas como coisas, somente movidos pelas vantagens que elas oferecem para nós. Que nossos olhos se abram e possamos enxergar com clareza e nitidez, com aquela luz que vem do céu!
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.

LEITURA ORANTE

Mc 8,22-26 - Que Jesus nos tome pela mão



Preparo-me para a Leitura Orante de hoje,
fechando os olhos por uns instantes e,
colocando-me na presença de Deus,
peço a Ele  que toque em mim,
que toque no coração de todos
que circulam pela rede virtual.

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Espírito Santo
que procede do Pai e do Filho,
tu estás em mim, falas em mim,
rezas em mim, ages em mim.
Ensina-me a fazer espaço à tua palavra,
à tua oração,
à tua ação em mim
para que eu possa conhecer
o mistério da vontade do Pai.
Amém.

1. Leitura (Verdade)
- O que a Palavra diz?
Leio, na Bíblia, o texto do dia: Mc 8,22-26.
Depois Jesus e os discípulos chegaram ao povoado de Betsaida. Algumas pessoas trouxeram um cego e pediram a Jesus que tocasse nele. Ele pegou o cego pela mão e o levou para fora do povoado. Então cuspiu, passou a saliva nos olhos do homem, pôs a mão sobre ele e perguntou:
- Você está vendo alguma coisa?
O homem olhou e disse:
- Vejo pessoas; elas parecem árvores, mas estão andando. Jesus pôs outra vez as mãos sobre os olhos dele. Dessa vez o cego olhou firme e ficou curado; aí começou a ver tudo muito bem. Em seguida, Jesus mandou o homem para casa e ordenou:
- Não volte para o povoado!

Agora procuro compreender melhor o texto do Evangelho. Algumas pessoas com visão levaram o cego a Jesus. O cego assumiu sua cegueira. Deixou-se conduzir pela mão por Jesus;  deixou que o levasse para fora do povoado, e cuspisse nos seus olhos, impondo-lhe as mãos. "Estou vendo as pessoas como se fossem árvores andando", disse o homem. Ele via de forma confusa. Parece que lhe faltava mais luz, nitidez. Então, Jesus impôs de novo as mãos sobre os olhos dele e ele começou a enxergar perfeitamente. A conversão de qualquer pessoa passa também por um processo - vai enxergando aos poucos. Só se converte quem se deixa conduzir por Jesus Cristo, que se deixa tomar pelas mãos por Ele.

2. Meditação (Caminho)
- O que a Palavra diz para mim?
Também eu, você, confundimos pessoas com árvores, ou seja: ideal com realidade, pessoas com coisas.O homem via sem nitidez. Às vezes, no olhar da vida, perdemos a nitidez, quando somos permissivos, damos um "jeitinho" e a nossa fé vai ficando descolorida, sem brilho, sem expressão,  sem luz, sem clareza. O apóstolo Paulo, quando perseguia os cristãos, caiu por terra e nada enxergava. Precisou da ajuda de Ananias, esteve três dias sem comer ou beber e sem enxergar. Às vezes, não enxergamos bem dentro de nós. Temos uma espécie espécie de embaçamento que pode ser causado pelo nosso egoísmo, superstições, nossas fraquezas, falta de perdão, inseguranças, mistura de crenças,  inconstância, falta de solidariedade. São como "escamas", como aconteceu com Paulo. Disseram os bispos, em Aparecida:"Nossa maior ameaça  é “a fé que vai se desgastando e degenerando em mesquinhez” A todos nós toca “recomeçar a partir de Cristo”. (DAp 12).
É preciso romper tudo isto que nos impede de ver  e caminhar. Deixemos que Jesus nos tome  pela mão.

3.Oração (Vida)
- O que a Palavra me leva a dizer a Deus?
Rezo com Paulo VI:
Oração para pedir a Fé
Senhor, eu creio, eu quero crer em Ti.
Senhor, faze que a minha fé seja total, sem reserva;
que ela penetre no meu pensamento e na minha maneira de
julgar as coisas divinas e as coisas humanas.

4. Contemplação (Vida e Missão)
- Qual o meu novo olhar a partir da Palavra?
Um novo olhar e nova disposição:
Quero olhar o mundo e as pessoas como são, com o olhar transparente, limpo,
livre de distorções.

Bênção
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
-Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.

I. Patrícia Silva, fsp

Oração Final
Pai Santo, que nós não sejamos movidos por resultados estatísticos, mas que nos ocupemos atenta e amorosamente de cada irmão que tu colocas junto a nós nos caminhos desta vida. Ajuda-nos, Pai querido, a testemunhar ao mundo o Amor do Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão, que contigo reina na unidade do Espírito Santo.

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