sexta-feira, 4 de maio de 2012

REFLEXÃO: AS MÃOS ENRUGADAS DE MINHA MÃE


De tudo que aprendi, 
dos livros que li
e daquilo que vivi,
restaram-me poucas certezas.
Uma delas, talvez a mais clara,
é que jamais chegaria aonde estou
sem tuas mãos.
Silenciosamente elas foram criando rugas
na mesma proporção em que cuidavam de mim.
E essas manchas, que eles chamavam de senis,
acho que são as marcas do teu amor dedicado
gravado no tempo, 
gravado na minha memória.
E de tanto vê-las, 
ora me acariciando, 
ora me repreendendo,
aprendi a amar a vida, 
aquilo que é simples, mas imprescindível,
ritmico, mas constante,
como tuas mãos, incessantemente amorosas.
E meu coração também é uma parte tua,
tanto que às vezes tenho a impressão
de que eu não compreenderia a vida
sem o teu coração
e não saberia ver o mundo
sem os teus olhos.
Não sei quantas certezas te restou
mas uma posso assegurar:
o que eu deixar de bom no mundo,
com minhas mãos - que já começam a envelhecer,
saiba que terá também as tuas mãos,
tuas mãos amorosas e enrugadas.

Dr. Nilo Gardin

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