quarta-feira, 4 de abril de 2012

HOMÍLIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 06/04/2012

6 de Abril de 2012 


João 18,1—19,42

Comentário do Evangelho

Amor que gera a vida

Quem conviveu com Jesus foi testemunha de que nele havia uma fonte de vida a jorrar para todos. Com sua morte na cruz, a fonte parecia-lhes extinta. Os poderes deste mundo, religioso e civil, tentaram destruir a sua credibilidade, julgando-o blasfemo e subversivo, e promoveram sua morte. Contudo, haverá maior ilusão do que esta? Achar que Deus pode ser morto?! É o próprio Jesus, e seu Espírito, que iluminarão a comunidade: o dom e a participação na vida eterna de Deus não estão na continuidade temporal, mas na permanência na existência de Deus, na comunhão do Amor que gera a vida. 
A vida eterna se manifesta no confronto com a morte. É a vida que teima em resistir e se manifestar em um mundo onde os ambiciosos do poder acumulam riquezas e provocam a exclusão, a pobreza, a miséria, a guerra e a morte. 

José Raimundo Oliva

http://www.paulinas.org.br/diafeliz/evangelho.aspx


Vivendo a Palavra




Jesus de Nazaré, depois de viver e nos ensinar a viver fazendo o bem, ensinou-nos também que a dor e o sofrimento causados pela incompreensão dos homens fazem parte da nossa história e devem ser acolhidos sem abalar nossa certeza de que somos filhos amados do Pai e chamados à ressurreição em seu Reino de Amor.

http://www.arquidiocesebh.org.br/mdo/pg05.php




Reflexão
Conhecer Jesus significa conhecer também o mistério da cruz e a grande mensagem que esse mistério nos traz: Deus amou tanto o mundo que lhe enviou seu Filho Unigênito, não para condenar o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele, e ele derramou o seu próprio sangue derramado na cruz, fazendo-se oferenda perfeita para expiação dos nossos pecados. Conhecer Jesus através do mistério da cruz significa tornar-se capaz de fazer-se também oferenda a Deus, amando até o fim, tornar-se uma perfeita oblação a Deus pela salvação da humanidade e, hoje, tornar-se oblação é antes de tudo tornar-se um missionário da vitória do Cristo sobre o pecado e a morte.


COMENTÁRIOS DO EVANGELHO


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1. "Ser Filho de Deus... A grande Blasfêmia"
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Todas as ações de Jesus a favor do bem das pessoas, incomodava os Judeus, afinal ele brilhava mais do que os Doutores da LEI, Escribas e Fariseus, porque ensinava com autoridade então, qualquer ação de Jesus era motivo para tentar condená-lo. A preocupação constante das lideranças religiosas era realmente fazer Jesus calar a boca, entretanto, havia algo que fazia toda aquela fúria dobrar-se... Era quando Jesus se fazia Deus assumindo diante deles a sua Filiação Divina.

Naquelas cabeças duras e corações insensíveis, a idéia de um Deus feito homem, de um Deus entranhado na carne humana, era algo inconcebível, uma grande blasfêmia! Hoje, pelo modo com que o Ser humano é tratado, despojado de sua dignidade, violentado em seus direitos, massacrado e humilhado em sua dor e sofrimento, podemos dizer que, o homem não acredita que o seu irmão é Filho de Deus, não consegue crer em uma dignidade tão grande.

As obras que Jesus realizava eram incontestáveis, seu posicionamento a favor da vida, dos mais pequenos e dos miseráveis, dos impuros e excluídos, o fazia desprezível diante das lideranças religiosas que tinham no coração e na mente um outro Deus, uma outra verdade. e não queriam, trocar isso por nada desse mundo.

A religião do comodismo continua ainda hoje a ser uma grande tentação, quando nos deparamos com algum profeta corajoso e ousado que questiona a religião e o sentido de se viver na Fé, mexendo com as nossas estruturas espirituais e eclesiais, trememos na base e damos um jeitinho de fazê-lo calar a boca. A pregação de Jesus questionava e os fazia pensar e eles queriam uma pregação que anunciasse um messianismo glorioso e vencedor. Eles bem que tentaram acabar com Jesus ali mesmo, mas uma vez mais Jesus se retira imune para o deserto onde tudo havia começado com o Batismo e a pregação de João.

Nesta quaresma devemos também buscar o deserto onde Deus nos fala ao coração apontando-nos a missão e o caminho a ser seguido. Que nada desvie a nossa atenção e que não tenhamos medo de mudanças, mesmo que estas sejam bem no íntimo de nós...

2. Amor que gera a vida
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

VIDE ACIMA

Oração

Pai, confirma minha condição de discípulo do Reino instaurado por Jesus na história humana, fazendo-me acreditar sempre mais na força da justiça e do amor.



3. O REI ULTRAJADO
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

A paixão revelou a dignidade real de Jesus, embora, tenha havido uma radical contradição entre a interpretação de Jesus e a dos seus inimigos e algozes.
Ao ser interrogado por Pilatos, Jesus respondeu: "Eu sou rei", depois de fazer a autoridade romana concluir, por si mesma: "Tu o dizes!" 

A soldadesca insana ultrajou Jesus, servindo-se de mímicas burlescas próprias de uma investidura real: colocaram-lhe uma coroa de espinhos na cabeça, vestiram-no com um manto de púrpura. A seguir, prostraram-se, ironicamente, diante dele, saudando-o como rei dos judeus.

Por ordem de Pilatos, foi preparada uma inscrição, em três línguas, para ser afixada sobre a cabeça de Jesus, indicando a causa da condenação: "Jesus nazareno, rei dos judeus". Alertado a mudar o teor da inscrição, Pilatos apelou para a sua autoridade: "O que escrevi, está escrito". O evangelista observa que muitos judeus leram a inscrição, por ter sido Jesus crucificado perto da cidade.

O Mestre, porém, tinha consciência de que seu Reino não era deste mundo, e estava estruturado de maneira diferente. Fundava-se na fraternidade, na justiça, na partilha, no perdão reconciliador. Os reinos deste mundo não serviam de modelo para Jesus fazer os discípulos entenderem o que se passava com o seu Reino. Por conseguinte, nem Pilatos nem os judeus tinham condições de compreender em que sentido Jesus era rei.

Oração 
Pai, confirma minha condição de discípulo do Reino instaurado por Jesus na história humana, fazendo-me acreditar sempre mais na força da justiça e do amor.





Pe. José Luiz Gonzaga do Prado

SEXTA-FEIRA SANTA (6 de abril)
PARA ÓDIO GRATUITO, AMOR GRATUITO

I. INTRODUÇÃO GERAL

O Salmo 69(68) inspira no Quarto Evangelho o grito de Jesus: “Tenho sede!” e o detalhe do vinagre que, em resposta, lhe oferecem. “Para a minha sede deram vinagre” (v. 22) “os que me odeiam sem motivo” (v. 5). Para a sede de amor, de correspondência ao amor oferecido, a resposta é o vinagre do ódio gratuito. A gratuidade do ódio só faz completar a gratuidade do amor.

Na narração da Paixão no Evangelho de João, Jesus é sempre senhor da situação. Após a Ceia, vai com os discípulos para um jardim. Jardim lembra o Éden, e não sofrimento e dor. Ali ele não pede que o Pai afaste o cálice da dor, como acontece nos sinóticos.

Ele se entrega quando quer. Não se rebaixa diante de Anás e seus subalternos nem diante de Pilatos. De mãos atadas, como insiste em dizer o evangelista, está mais livre do que aqueles que o prenderam e seus subalternos.

Ele mesmo carrega sua cruz, e os dois crucificados com ele não são bandidos nem criminosos comuns, são apenas mais dois. Quanto mais senhor da situação, mais livremente ele está amando, mais gratuito é seu amor.

II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS

1. I leitura (Is 52,13-53,12)

Temos como primeira leitura todo o quarto e último cântico do Servo de Javé. O poema parece desenvolver-se em forma de jogral, no qual se ouve a voz de Javé; há intervenções do autor; ouve-se a voz dos reis ou dos opressores do Servo e, finalmente, é mais uma vez Javé quem fala.

Javé começa anunciando o êxito que terá o seu Servo Sofredor. Logo em seguida não se percebe claramente se é Javé ou o autor do poema quem fala, destacando o contraste entre a situação desumana do Servo e o que vai acontecer. Será grande surpresa para as nações e para os reis da terra.

Falam, então, os reis da terra ou os opressores, que reconhecem nos sofrimentos do Servo o castigo que eles mesmos mereciam e veem aí uma saída para eles, que se reconheciam perdidos.

O autor parece retomar a palavra para destacar os sofrimentos e a atitude tranquila do Servo e afirmar que esse era de fato o plano de Javé, mas ele não fica sozinho, prolonga sua existência numa multidão de seguidores.

Javé intervém novamente, confirmando tudo isso: “Com a sua experiência o meu Servo, o justo, fará que a multidão se torne justa, pois ele mesmo estará carregando os pecados dela”.

É praticamente impossível definir em quem estaria pensando o poeta quando escreveu o poema. Os pesquisadores ainda se fazem a pergunta do eunuco da rainha da Etiópia: “De quem o profeta está dizendo isso, de si mesmo ou refere-se a algum outro?” (At 8,35).

Depois de Jesus, porém, não há como deixar de ver que aquilo que o poeta escreveu 400 anos atrás encontra seu mais completo entendimento na paixão e morte do Senhor.

2. II leitura (Hb 4,14-16; 5,7-9)

Alguns judeus cristãos queriam abandonar sua fé, com saudades do antigo Templo, das celebrações que ali ocorriam e dos sumos sacerdotes, que, no dia da expiação, entravam no santuário, local da presença de Deus. Jesus, o Filho de Deus, é o verdadeiro sumo sacerdote que entrou no céu. Não há por que desanimar.

Jesus, entretanto, chegou aí pela cruz, único caminho de salvação. No sofrimento aprendeu o que é obediência. Obediência tem que ver com ouvir, estar atento; não é o simples cumprimento de mandamentos ou ordens determinadas, como costumamos entender. Obediência significa atenção aos fatos, à rea-lidade, para responder aos apelos de Deus que aí nos fala. O apelo dos fatos pode até se contrapor a palavras da Escritura como a de Dt 21,23: “Quem morre pendurado é um maldito de Deus”.

É assim que, atento aos apelos de Deus, Jesus chegou ao fim e tornou-se fonte de salvação para todos os que estão atentos a ele.

Ele só dá um mandamento que nada tem de novo, a não ser o modo de pô-lo em prática: “como ele fez”. Ele é Mestre muito mais pelo que faz do que pelo que diz. Não dá uma floresta de normas a serem cumpridas, mas merece toda atenção para que se faça como ele fez.

3. Evangelho (Jo 18,1-19,42)

Vários detalhes significativos da Paixão segundo João ficam esquecidos pela maioria das traduções. Certamente valerá a pena destacá-los para, com base neles, entendermos melhor o que o evangelista quer dizer.

Jesus vai com os discípulos para um jardim. O evangelho não fala em Getsêmani ou espremedor de azeite, como dizem Marcos e Mateus, nem em monte das Oliveiras, como Lucas. Jardim lembra o Éden, e ali Jesus costumava se reunir com os discípulos. Ali não há pedido para que o Pai lhe afaste aquele cálice.

Quando Judas, que agora é o Satanás, o Inimigo, chega comandando um batalhão ou coorte (em tese 600 soldados) das legiões romanas, além de funcionários do poder religioso (os sumos sacerdotes), Jesus sai, não apenas “adianta-se”, como se traduz frequentemente. No Jardim os inimigos não entram.

Judas não lhe dá o beijo. É Jesus que se apresenta e se entrega. O seu solene: “Sou eu!” ecoa como o nome de Deus “Eu Sou”, já que no grego é sempre ego eimi, e faz os inimigos recuarem e cairem. Ele se entrega quando quer, de maneira totalmente livre. Sob coação não há amor.

Os discípulos não fogem, Jesus é que lhes dá proteção. “Se é a mim que estão procurando, deixem esses aí irem-se embora!”

Simão Pedro tenta resolver pela violência, corta o lóbulo da orelha direita do servo do sumo sacerdote, ponto da unção sacerdotal (Ex 29,20). Só João traz esse detalhe, assim como o nome desse “servo do sumo sacerdote”, Malco, de malk, mélek, rei. O império, o braço secular, está a serviço do sumo sacerdote.

Os poderes romano e judaico prendem e amarram Jesus. Ele é levado primeiro a Anás – quem, na verdade, tinha nas mãos os fios da trama, pois a morte de Jesus já estava decidida pelo Sinédrio quando Caifás disse que era preferível um só morrer pelo povo.

Pedro, o dirigente, e o outro, o discípulo, seguem Jesus. O discípulo é conhecido. “Nisso todos saberão (...)”. Ele entra com Jesus no recinto do sumo sacerdote, no recinto da morte por amor ao outro. Pedro, o dirigente, fica defronte à porta. Para o pastor, o porteiro abre a porta do recinto (a mesma palavra) das ovelhas. Mas, diante da porteira, Pedro nega ser discípulo. Gelado de medo, tem de se esquentar ao fogo ao lado dos inimigos de Jesus.

Jesus está atado, mas está mais livre do que Pedro, do que Anás e seus subalternos. Quando Anás o interroga sobre sua doutrina e seus discípulos, sobre os discípulos ele se cala – ele não vai dedurar os discípulos; sobre a doutrina, manda que pergunte a quem a ouviu – não é ele que deve se justificar ou se acusar. Ao subalterno que o esbofeteia, pergunta: Se errei, diga onde foi; se falei certo, por que me bate? Será para bajular o chefe?

Mais duas vezes Pedro nega ser discípulo, em contraposição à firmeza e à segurança de Jesus. E, como Jesus dissera, o galo canta em seguida. Ao contrário dos sinóticos, que falam aqui do arrependimento de Pedro, este evangelho apenas muda de cenário.

O tom agressivo do diálogo entre Pilatos e os judeus e mesmo de Pilatos com Jesus representa bem o clima de desconfiança mútua que havia entre Pilatos e o povo judeu. Para o evangelista, entretanto, a palavra “judeus” lembra mais o grupo de escribas fariseus que passou a dominar o judaísmo a partir de 85.

Esses “judeus” não entram na casa de Pilatos. A casa de um incircunciso contamina a pessoa, e eles queriam estar puros para poderem “comer a Páscoa”. Querem matar um inocente – isso não tem importância; o importante é não se contaminarem, entrando na casa de Pilatos.

Pilatos fica, então, para dentro e para fora, como um joguete nas mãos deles. Dentro ele conversa com Jesus e fora conversa com os “judeus”. No início, quando Pilatos os manda julgar segundo a sua Lei, eles respondem que não lhes é permitido matar ninguém: “Não matarás!” No final, “nós temos uma lei e, de acordo com essa lei, ele deve morrer”.

Dentro, Pilatos pergunta a Jesus se ele é o rei dos judeus. Para Pilatos, Jesus é apenas mais um maluco que pretende enfrentar o império fazendo-se rei da nação judaica. Mas o diálogo avança até Jesus se dizer rei sem subalternos, um rei de verdade e da Verdade. A pergunta de Pilatos fica para o leitor: Verdade, que é isso?

A flagelação ou tortura de Jesus em João não passa da tentativa de fazer dele um rei de palhaçada, com um velho manto vermelho às costas e uma coroa de ramos de espinhos. Mas é o poder de Pilatos que é questionado por Jesus: “Não terias nenhuma autoridade se não te tivesse sido dada de cima; quem me entregou a ti tem pecado maior”.

Literalmente (Jo 19,4-5): “Pilatos disse-lhes: ‘Vejam que eu o trago para fora para que vocês fiquem sabendo que não encontro nele nenhum indício’. Jesus saiu para fora portando a coroa de espinhos e o manto vermelho e disse: ‘Eis o homem!’” A maioria das traduções introduz aí Pilatos. Mas no texto grego parece ser Jesus, “rei de brincadeira”, quem diz: “Eis o homem!” Que significados isso teria?

Depois, o texto deixa entender também que é Jesus quem se senta ao tribunal, na cadeira do juiz. Pilatos o faz sentar-se aí para desmoralizar sua pretensão de ser “rei dos judeus” e para insultar os judeus: “Aí está o rei de vocês”. Jesus sentado ao tribunal, quando pensam que o estão condenando, é quem os condena: “É agora o julgamento deste mundo!” (Jo 12,31).

A resposta é: “Tira daí! Tira daí! Crucifica!” Ironicamente, como é costume de João, dizem a verdade: não é aí que ele reina, é na cruz. Lá ele vai atrair tudo a si (12,32), lá todos vão reconhecê-lo como “Eu Sou” (8,28).

“Não temos outro rei a não ser César” é a afirmação decisiva para condenar Jesus à morte. Os representantes atuais do judaísmo, quando o evangelho é escrito, tinham feito com o império um acordo que os isentava da obrigação de participar do culto imperial. Agora seu rei é César, já não querem o reinado de Deus, como era de sua mais antiga tradição.

Depois do meio-dia, Pilatos decide crucificar Jesus. O Cordeiro pascal deve ser morto na parte da tarde, depois do meio-dia. Os judeus entregaram Jesus a Pilatos, agora Pilatos lhes entrega Jesus para que seja crucificado.

Não há cireneu, Jesus sai carregando ele mesmo a cruz que será sua. O escrito sobre a cruz não é o motivo da condenação; é simplesmente o título, e título universal, na língua do país, na língua dos dominadores e na língua universal. É a nova escritura feita ironicamente por Pilatos.

É crucificado entre outros dois, testemunhas de sua entronização, e/ou simplesmente entre os outros crucificados.

A principal herança, o que de mais caro uma pessoa possuía, eram as roupas. Elas representam a herança de Jesus. Os sinóticos simplesmente lembram o Salmo 22, João vai mais longe. A insistência nos soldados confirma. Os soldados romanos eram recrutados dos quatro cantos do mundo. Eles levam a herança de Jesus para os quatro cantos. A unidade, porém, é preservada na túnica, que não é dividida.

A mãe de Jesus pode representar a origem judaica da comunidade que nos deu este evangelho, enquanto o Discípulo representa os não judeus que também aderiram a Jesus. No princípio dos sinais de Jesus, nas bodas de Caná, já lá estavam os dois, mas ainda não tinham muito a ver um com o outro; agora, sim, na hora de Jesus, os dois devem se acolher como mãe e filho.

Para completar, a sede de amor respondida com o vinagre do ódio gratuito faz que plenamente gratuito seja o amor-espírito que Jesus comunica logo que inclina a cabeça: “Inclinou a cabeça e comunicou o espírito” (19,30). Agora, sim, com o sangue de sua morte sai a água, nascente de rio interior a jorrar para a vida eterna (7,38-39). E Jesus é sepultado provisoriamente no Jardim.





Jesus também assumiu sobre Si a nossa cruz de cada dia


Postado por: homilia

abril 6th, 2012


Sexta-feira Santa ou simplesmente a Paixão e Morte de Jesus. Somos levamos a contemplar e vivenciar o mistério da iniquidade humana na pessoa de Cristo sim, mas – e sobretudo – o mistério do Seu triunfo definitivo.
O rito da apresentação e adoração da cruz vem como consequência lógica da proclamação da Paixão de Cristo. A Igreja ergue, diante dos fiéis, o sinal do triunfo do Senhor, que havia dito: “Quando vocês levantarem o Filho do Homem, saberão que Eu sou” (Jo 8,28).
Enquanto apresenta a cruz, o celebrante canta por três vezes: “Eis o lenho da cruz, do qual pendeu a salvação do mundo”. A assembleia, cada vez, responde: “Vinde, adoremos!”. Durante a procissão da adoração, entoam-se cânticos apropriados.
Jesus morre no momento em que, no Templo, se imolam os cordeiros destinados à celebração da Páscoa. A Sua imolação é “real”, um sacrifício realizado de uma vez por todas, porque a vítima espiritual tornou inúteis as vítimas materiais.
Outros pormenores completam o quadro: de Jesus não são quebradas as pernas, em conformidade com as prescrições rituais (Ex 12,46); do Seu lado transpassado, jorra o sangue, com o qual são misteriosamente assinalados os que pertencem ao novo povo, aqueles que Deus salva (cf. Ex 12,7.13). Cristo crucificado é, pois, o “verdadeiro Cordeiro pascal”: Ele é a “nossa Páscoa” imolada (cf. 1Cor 5,7).
Os profetas, especialmente o Segundo Isaías (1ª leitura), descrevem o Servo do Senhor no momento em que realiza Sua missão de libertar o povo dos pecados e torná-lo agradável a Deus, como um cordeiro inocente, carregado dos delitos do seu povo, e que, em silêncio, se deixa conduzir ao matadouro. E é de sua morte, aceita livremente, que provém a justificação “para todos”.
O dramático diálogo com Pilatos mostra Jesus silencioso, enquanto a autoridade, neste momento a serviço do pecado do mundo que cega o povo, decide Sua morte e O condena.
Não seria completa a compreensão do mistério de Jesus se não contemplássemos também – como o Apocalipse de João – o Cordeiro glorioso, que está diante de Deus com os sinais das Suas chagas, dominador do mundo e da história (Ap 5,6ss); o Cordeiro que se imolou por amor da Igreja e para o qual ela tende cheia de amor. Na cruz se iniciaram as núpcias do Cordeiro, que terão sua realização plena na festa do céu (cf. Ap 19,7-9).
Neste dia, “em que Cristo, nossa Páscoa foi imolado” (1Cor 5,7), torna-se clara realidade o que desde há muito havia sido prenunciado em figura e mistério: a ovelha verdadeira substitui a ovelha figurativa, e mediante um único sacrifício realiza-se plenamente o que a variedade das antigas vítimas significava.
Com efeito, a obra da redenção dos homens e perfeita glorificação de Deus, prefigurada pelas Suas obras grandiosas no povo da Antiga Aliança, realizou-a Cristo Senhor, principalmente pelo mistério pascal da Sua bem-aventurada Paixão, Ressurreição dentre os mortos e gloriosa Ascensão, mistério este pelo qual, morrendo, destruiu a nossa morte, e ressuscitando, restaurou a nossa vida. Foi do lado de Cristo adormecido na cruz que nasceu o admirável Sacramento de toda a Igreja.
A celebração da “Paixão do Senhor” focaliza o significado original do sofrimento de Jesus que culmina em Sua morte na Cruz. Trata-se do amor em plenitude que é assumido na cruz. Mas, é importante ressaltar que, antes de assumir a cruz de madeira, Jesus assumiu outras grandes e difíceis cruzes.
Podemos ver neste mesmo dia muitas outras “cruzes” levadas por Nosso Senhor: uma é a “cruz” da traição de Judas e outra a da negação de Pedro. Há a “cruz” da condenação por parte de Pilatos e por parte do povo. E outras “cruzes” são a minha e a sua, meu irmão.
Portanto, celebrar a morte de Jesus na Cruz nos faz pensar nas muitas “cruzes” que, ainda hoje, colocamos sobre os Seus ombros através da injustiça, do egoísmo, da falta de ternura, da impiedade, da violência, dos vícios e assim por diante.
Faz-nos pensar também sobre as muitas “cruzes” que os filhos colocam sobre os ombros de seus pais; as “cruzes” que os pais colocam sobre os ombros frágeis de seus filhos; as “cruzes” que os esposos colocam-se mutuamente sobre os ombros um do outro e sobre seus próprios ombros; as “cruzes” que todos colocamos sobre os ombros da comunidade, da Igreja, da sociedade etc.
No entanto, não nos esqueçamos do mais importante: a Cruz de Cristo nos leva à glória da Ressurreição para a Vida Eterna.
Padre Bantu Mendonça


Leitura Orante

Jo 18,1-19,42

Depois de fazer essa oração, Jesus saiu com os discípulos e foi para o outro lado do riacho de Cedrom. Havia ali um jardim, onde Jesus entrou com eles. Judas, o traidor, conhecia aquele lugar porque Jesus tinha se reunido muitas vezes ali com os discípulos. Então Judas foi ao jardim com um grupo de soldados e alguns guardas do Templo mandados pelos chefes dos sacerdotes e pelos fariseus. Eles estavam armados e levavam lanternas e tochas. Jesus sabia de tudo o que lhe ia acontecer. Por isso caminhou Simão Pedro foi seguindo Jesus, junto com outro discípulo. Esse discípulo era conhecido do Grande Sacerdote e por isso conseguiu entrar no pátio da casa dele junto com Jesus. Mas Pedro ficou do lado de fora, perto da porta. O outro discípulo, que era conhecido do Grande Sacerdote, saiu e falou com a empregada que tomava conta da porta. Então ela deixou Pedro entrar e lhe perguntou:
- Você não é um dos seguidores daquele homem?
- Eu, não! - respondeu ele.
Por causa do frio, os empregados e os guardas tinham feito uma fogueira e estavam se aquecendo de pé, em volta dela. Pedro estava de pé, no meio deles, aquecendo-se também.
O Grande Sacerdote fez algumas perguntas a Jesus a respeito dos seus seguidores e dos seus ensinamentos.



Continuo a leitura na minha Bíblia. 

2. Meditação (Caminho) 


- Nós vos adoramos, ó Cristo e vos bendizemos 
- Porque pela vossa santa cruz salvastes o mundo. 

O que o texto diz para mim, hoje? 

Quem são os condenados injustamente? 
Quem carrega uma grande e pesada cruz no mundo de hoje?
Quem são os crucificados na nossa sociedade?


 Os bispos, em aparecida, disseram: 
"Na história do amor trinitário, Jesus de Nazaré, homem como nós e Deus conosco, morto e ressuscitado, nos é dado como Caminho, Verdade e Vida. No encontro de fé com o inaudito realismo de sua Encarnação, podemos ouvir, ver com nossos olhos, contemplar e tocar com nossas mãos a Palavra de vida (cf. 1 Jo 1,1), experimentamos que "o próprio Deus vai atrás da ovelha perdida, a humanidade doente e extraviada. Quando em suas parábolas Jesus fala do pastor que vai atrás da ovelha desgarrada, da mulher que procura a dracma, do pai que sai ao encontro de seu filho pródigo e o abraça, não se trata só de meras palavras, mas da explicação de seu próprio ser e agir"136. Esta prova definitiva de amor tem o caráter de um esvaziamento radical (kenosis), porque Cristo "se humilhou a si mesmo fazendo-se obediente até a morte e morte de cruz" (Fl 2,8). "
 (DAp 242) 

3. Oração (Vida) 


O que o texto me leva a dizer a Deus?

 E rezo com toda a Igreja, a 
VIA-SACRA 
- Nós vos adoramos, ó Cristo e vos bendizemos 
- Porque pela vossa santa cruz salvastes o mundo. 


1. Jesus é condenado à morte por Pilatos (Mt 27,26) 

A cada estação, faço um momento de silêncio e depois rezo: 
Ó Jesus Mestre, Verdade, Caminho e Vida, tem piedade de nós. 
2. Jesus carrega a sua Cruz (Mt 27,31) 
3. Jesus cai pela primeira vez 
4. Jesus encontra a sua Mãe 
5. Jesus recebe ajuda de Simão para carregar a Cruz (Mt 27.32) 
6. Verônica enxuga o rosto de Jesus 
7. Jesus cai pela segunda vez sob o peso da Cruz 
8. Jesus fala às mulheres de Jerusalém (Lc 23,27) 
9. Jesus cai pela terceira vez sob o peso da Cruz 
10. Jesus é despojado de suas vestes (Mt 27,35) 
11. Jesus é pregado na Cruz 
12. Jesus morre na Cruz (Mt 27,50) 
13. Jesus é descido da Cruz (Mt 27,59) 
14. Jesus é sepultado (Mt 27,60) 
15. Jesus ressuscitou (Mt 28,5). 

Termino, rezando por todas as pessoas que sofrem: 


Senhor, não te peço que me troques a cruz. 
Ajuda-me a carregá-la. 
Não te peço que me encurtes o caminho. 
Peço-te que venhas comigo. 
Não te peço que me troques a água em vinho. 
Dá-me de beber o que for do teu agrado. 
Não te peço que me troques a cruz. 
Ajuda-me a carregá-la. 


- Nós vos adoramos, ó Cristo e vos bendizemos 
- Porque pela vossa santa cruz salvastes o mundo. 


4. Contemplação (Vida) 


Vou ter um olhar de compaixão para com as pessoas que sofrem e ajudar, como Cireneu, os que caem. 

Bênção 


- Deus nos abençoe e nos guarde. 

Amém. 
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. 

Amém. 
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. 

Amém. 
- Abençoe-nos Deus misericordioso, 

Pai e Filho e Espírito Santo. 
Amém! 

- Nós vos adoramos, ó Cristo e vos bendizemos 
- Porque pela vossa santa cruz salvastes o mundo. 

http://www.paulinas.org.br/diafeliz/evangelho.aspx


Oração Final




Pai Santo, o mistério de Amor que se esconde na morte de Jesus de Nazaré é grande demais para a nossa compreensão. Tão grande, que a nós só resta o silêncio diante dele. Silêncio reverente e agradecido. Obrigado, Pai Amado, pelo Cristo Jesus, teu Filho Unigênito que se tornou um de nós e, ressuscitado, contigo reina na unidade do Espírito Santo.


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