quarta-feira, 4 de abril de 2012

HOMÍLIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 05/04/2012

5 de Abril de 2012 


João 13,1-15

Comentário do Evangelho

Serviço que liberta, gera e faz florescer a vida.

No evangelho de João, Jesus come a sua ceia com os discípulos um dia antes da Páscoa dos judeus. A ceia é um momento de alegria e Jesus procura animar os discípulos, diante do pressentimento da repressão que se aproxima. Cinco dias antes desta ceia, em uma outra, em Betânia, Maria, amorosamente, ungiu com perfume os pés de Jesus. Agora é Jesus que lava os pés dos discípulos. A vida e o ministério de Jesus resumem-se no ato de servir. É o serviço que liberta, gera e faz florescer a vida. 

Jesus se reconhece como Senhor e Mestre para ensinar os discípulos o caminho do desapego, da simplicidade e do serviço à comunidade. É este o caminho que leva à glória do Pai.


http://www.paulinas.org.br/diafeliz/evangelho.aspx




Vivendo a Palavra




O pão é o corpo, o vinho é a vida de Jesus. Com o corpo nós nos comunicamos e vivendo nós servimos. O pão, fruto do trabalho e da terra, representa toda a humanidade e o universo inteiro manifestando a presença amorosa do Criador. O vinho eterniza o serviço fraterno e humilde ensinado por Jesus no lava-pés.



COMENTÁRIOS DO EVANGELHO


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1. "O perigo da leitura fundamentalista..."
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Podemos dizer que os Judeus eram fundamentalistas em extremo e entendiam a escritura antiga ao Pé da Letra. Desta visão distorcida e equivocada dos Profetas e da Torá, é que vem o confronto com Jesus, que jamais contradisse uma só letra da escritura antiga, mas fazia dela uma releitura aplicando á sua vida, tornando-se ele próprio a Palavra Viva e a revelação mais clara da vontade de Deus, o mesmo Deus Javé ou o Deus da Aliança, Pai de Jesus Cristo.

Jesus interpretava a Lei e os Profetas mostrando em seu conteúdo o Deus que se revela e que busca o homem para salvá-lo e resgatá-lo em definitivo das Forças do Mal. Interpretar significa exatamente aplicar a Palavra de Deus escrita na Bíblia, nos dias de hoje, na minha vida e na vida da comunidade, se não houver essa interpretação, corre-se o risco de ser fundamentalista e isso acontece quando não se faz a hermenêutica.

Jesus mostra com palavras e obras á sua relação direta com o Pai, que é o Deus da Aliança, o Deus de Moisés, o Deus de Abrão, Isaac e Jacó. Os Judeus julgam serem exímios conhecedores de Deus, apenas pelas escrituras, são eles os interpretadores oficiais e não admitem que nenhum outro o faça, muito menos Jesus, um simples Galileu. O que na verdade eles conhecem de Deus é o que dele escreveram os profetas e se falaram dos Patriarcas, conheciam na teoria, mas Jesus, o Filho Vivo de Deus está ali diante deles, mais do que conhecer a Deus, Ele provém de Deus, Ele é o Deus vivo...

Jesus nunca se preocupou em fazer sinais prodigiosos para superar os profetas ou os Patriarcas, pois estes apenas prepararam o caminho para aquele que haveria de vir, preliminarmente Deus se manifestou nesses Santos Homens, mas jamais com a perfeição com que se manifestou em Jesus Cristo, seu Filho. Todos os que o precederam anunciaram a Salvação e a libertação, Jesus é a Salvação e a Libertação, ele não mostra o caminho, mas ele é o caminho, ele não mostra a Verdade, ele é a Verdade, ele não mostra a Vida, ele é a Vida!

Jesus é a Escritura Viva de Deus, é o Verbo Encarnado, mas os Judeus fundamentalistas só o vêem como um intermediário, na linha dos Patriarcas e dos Profetas de Israel, valorizam a "casca" e menosprezam o fruto doce que está dentro dela, enfiam as mãos pelos pés e confundem o meio com o fim... Confusão típica de quem é fundamentalista e não consegue sentir em sua vida os efeitos maravilhosos da Graça operante e santificante que Jesus oferece  mediante a Fé...

2. Serviço que liberta, gera e faz florescer a vida.
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

VIDE ACIMA

Oração


Pai, ajuda-me a superar os esquemas mundanos que rompem a fraternidade e me reduzem aos esquemas do pecado, impedindo que eu me faça servidor do meu próximo.



3. A SANTA CEIA
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

Jesus celebra sua ceia um dia antes da Páscoa dos judeus. A ceia é um momento de alegria, partilha e comunhão, como fora as bodas de Caná, no início de seu ministério. "Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fi m", agora ceando com eles. Saindo de Deus e voltando para Deus, Jesus cumpre a sua missão de a todos acolher na vida eterna divina. Cinco dias antes, em outra ceia, Maria ungiu com perfume os pés de Jesus. Agora é Jesus quem lava os pés dos discípulos. A partilha do pão e o serviço são a humilde expressão do amor. É o amor que liberta, gera e faz florescer a vida.






Pe. José Luiz Gonzaga do Prado

QUINTA-FEIRA SANTA: Ceia do Senhor (5 de abril)
ENTREGA, ENTREGA, ENTREGA

I. INTRODUÇÃO GERAL

Traditio é a palavra latina que resume os fatos celebrados nesta noite, como tentamos fazer com a palavra “entrega”.

Nessa noite, Jesus entrega a seus discípulos a tradição que o próprio Paulo diz ter recebido dele, a tradição de celebrar a Ceia do Senhor. É um primeiro significado da palavra traditio. Jesus nos entrega hoje o sacramento de seu corpo doado, de seu sangue derramado.

Nessa noite, Jesus é traído por Judas – este induzido por satanás, que pode ser Anás, quem na verdade controlava o poder religioso. Em seguida, o próprio Judas vai incorporar o inimigo ou satanás e levar os representantes do “braço secular”, um batalhão do exército romano, e o braço religioso, os funcionários dos sumos sacerdotes, para prender Jesus. Traição é o outro significado da palavra traditio.

Nessa noite, também, Jesus se entrega livremente à morte maldita, a fim de se tornar uma bênção para a humanidade, abrir-lhe o caminho do serviço, do amor e da doação de si, no lugar da exploração, e o caminho da pequenez e da humildade, em vez do prestígio, da fama e da arrogância. Traditio significa também o ato de se entregar.

Daí a entrega da eucaristia, a entrega de Jesus por Judas e a entrega de si mesmo que faz Jesus.

II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS

1. I leitura (Ex 12,1-8.11-14)

A Páscoa dos judeus celebra a saída da escravidão do Egito, celebra o caminho da submissão para a autonomia, da morte para a vida. Ainda hoje, nesta celebração, o filho mais novo das famílias judaicas pergunta ao pai: “Por que comemos hoje só ervas amargas?”, e recebe a resposta: “Para lembrar como os egípcios amarguraram a vida de nossos pais”. “Por que temperadas apenas com salmoura?”; “Para lembrar as lágrimas que nossos pais derramaram no Egito.” 

A celebração, como vamos ouvir nesta leitura, inclui a morte de um cordeiro. O sangue do cordeiro nos portais das casas evitou que a epidemia, “o anjo exterminador”, entrasse naquela casa; enquanto os egípcios choravam os seus mortos, o povo escravo fugia para a liberdade.

Páscoa significa pulo, salto. A mesma palavra é usada para manco ou aleijado. Javé ou o anjo da morte saltou as casas dos hebreus por causa do sangue do cordeiro e foi isso que os libertou da escravidão. A Páscoa de Javé é esse salto, essa libertadora passagem por cima das casas dos hebreus. 

A Páscoa cristã faz de Jesus o Cordeiro cujo sangue ou morte traz a libertação, a passagem definitiva e radical. Celebrar esses fatos faz-nos reviver o sonho e a esperança da libertação sem adjetivos.

2. II leitura (1Cor 11,23-26)

Em Corinto, os poucos ricos, sábios e importantes estavam usando a celebração da Ceia do Senhor para humilhar a maioria pobre, inculta e sem nome. Paulo disse que esse tipo de celebração já não era a Ceia do Senhor, pois, enquanto uns passavam fome, outros ficavam até embriagados (v. 21). 

Isso está reproduzindo na própria celebração aquilo que a partilha do pão condena, as desigualdades do nosso mundo. Está sendo um menosprezo, na Igreja de Deus, à maioria pobre da comunidade, os que nada têm (v. 22). Mais adiante, Paulo vai dizer que dessa forma estão comendo a própria condenação (v. 29), estão se condenando com este mundo (v. 32).

O texto lido na missa de hoje é o mais antigo testemunho da instituição da eucaristia, do sacramento entregue por Jesus que celebra a entrega que ele faz de si mesmo à morte de cruz. A memória do que Jesus fez na Última Ceia, dispondo-se a aceitar a pior das mortes em favor dos discípulos e da humanidade inteira, mostra com clareza a incoerência daquilo que estava acontecendo em Corinto.

Paulo diz ter recebido do próprio Jesus a tradição que passou aos coríntios. Se foi por meio de suas visões ou experiências místicas, ou se foi Pedro que lhe falou, quando passou com ele 15 dias (Gl 1,18), o que parece mais lógico, importa é que a tradição foi recebida como comunicação pessoal do Senhor ao apóstolo.

A celebração anuncia a morte do Senhor enquanto estamos neste mundo. É totalmente contraditório comungar desse sacrifício da própria vida em favor dos outros, servindo-se disso para humilhar os mais fracos. Como comungar do corpo entregue em partilha sem considerar, ao contrário, fazendo pouco caso do Corpo da comunidade pela qual Jesus dá a sua vida?

Cabe lembrar aqui a palavra de santo Agostinho: “Quando vocês dizem amém àquele que lhe entrega o pão dizendo que é o Corpo de Cristo, vocês estão dizendo amém ao sacramento que são vocês, pois Paulo diz: ‘Vocês são o Corpo de Cristo’”.

Enquanto estamos neste mundo, celebramos a Ceia, mas essa comunhão antecipa a plenitude da comunhão, sabendo que “toda a luta verá o seu dia nascer da escuridão” e aqui apenas “ensaiamos a festa e a alegria”.

3. Evangelho (Jo 13,1-15)

O Quarto Evangelho não traz o relato da instituição da eucaristia. Sua Última Ceia não é a Ceia pascal, pois o verdadeiro Cordeiro, o Cordeiro da nova Páscoa, ainda não foi imolado.
Pode-se pensar também que a comunidade que nos deu esse evangelho desconfiava da possibilidade de a celebração da Ceia, como memória da morte do Senhor com todas as suas consequências, cair na rotina e perder a sua força significativa e motivadora. Isso já havia acontecido em Corinto mais de 30 anos atrás.

De qualquer forma, aqui não é o gesto de partir o pão e repartir o vinho que vai significar a morte de Jesus, mas o gesto de, cingido de uma toalha como um avental, ajoelhar-se diante de cada um para lavar-lhe os pés sujos.

Tendo amado os seus, amou-os até o extremo. É isso que significa o seu gesto. Enquanto os discípulos permanecem reclinados (era assim que se colocavam à mesa), ele se levanta (os senhores reclinados e o servo de pé), tira o manto (o manto é tudo, é a própria vida – ele dá a sua vida), prende a toalha como um avental à cintura, põe água na bacia e passa a lavar os pés dos discípulos. Depois, sem retirar a toalha-avental (o serviço só vai se consumar na cruz), ele retoma o seu manto (“eu mesmo dou a minha vida e a retomo novamente”) e volta ao seu lugar.

Para o verdadeiro discípulo, tudo isso tem lógica: Jesus nos ama primeiro e o seu amor compromete o discípulo amado a amar como ele amou, até o extremo. Pedro não admite a quebra de hierarquia e representa os discípulos que têm cargos e estão preocupados com a própria carreira. Ele é o pano de fundo que destaca o discípulo que, a partir de então, passa a ser chamado de Discípulo Amado.

Pedro só aceitou que Jesus lhe lavasse os pés porque Jesus disse que, se não o fizesse, não teria parte com ele. Que significa ter parte com Jesus? Parte em quê? Em algum poder, ou no sacrifício em favor dos outros?

A resistência de Pedro mostra a dificuldade dos que se preocupam muito com cargos e autoridades para aceitar a quebra de hierarquia. Jesus é o superior, não pode se sujeitar à condição de súdito; é o Senhor, não pode se fazer escravo; é o Mestre, não pode lavar os pés sujos dos discípulos. Se fizer isso, que adianta a pessoa ter cargos e funções importantes?

Todavia, Jesus quebra a hierarquia, não numa atitude de humildade, que poderia ser falsa e apenas de momento, demagógica e oportunista. Ele quebra a ideia de hierarquia, de ordem, o conceito de superioridade de uns sobre os outros, ele vira ao avesso os critérios, o modelo, o paradigma.

Ele não foge de ser chamado de Mestre e Senhor, só que ser Mestre e Senhor agora não é usar e ser tentado a abusar de um poder, mas ajoelhar-se diante do outro para lavar-lhe os pés sujos. Literalmente: “Vocês me chamam de Mestre e Senhor e eu sou mesmo. Se eu, Mestre e Senhor, lhes lavei os pés, vocês também devem fazer isso uns aos outros!”

III. DICAS PARA REFLEXÃO

– O significado do Lava-pés não é simplesmente de humildade, muito menos de humildade demagógica. É o do amor capaz de, sinceramente, dar a vida em favor dos outros. É o da mudança completa de critérios: agora ser Mestre e Senhor é abaixar-se diante do outro, prestar-lhe o mais humilde dos serviços, sacrificar a própria vida por ele. Não é usar e ser tentado a abusar de um poder, mas ajoelhar-se diante do outro para lavar-lhe os pés sujos.

– Seguir Jesus como Mestre não é tentar impedi-lo de se entregar por nós, como faz Pedro (“Tu não me lavarás os pés nunca!”), mas deixar que ele faça isso por mim, para que, como discípulo amado, eu possa aprender a fazer o mesmo. Tê-lo como Senhor é depender totalmente dele, é ser incapaz de viver sem ele e sem fazer o que ele manda: “façais a mesma coisa que eu fiz”. 

– “Já não é a Ceia do Senhor”, porque a celebração está reproduzindo as desigualdades existentes neste mundo, as quais, em princípio, ela deveria condenar. Estão comendo a própria condenação, estão sendo condenados com este mundo. Isso acontecia apenas 20 anos depois de Jesus. Dois mil anos depois, será que ainda acontece?

– Duas perguntas: 

1) Será que, fazendo do Cristo eucarístico um Senhor triunfante, não estaremos fazendo o mesmo que Simão Pedro (“Tu não me lavarás os pés nunca!”), que não admite um Cristo humilhado e servidor, por receio de precisar “ter parte com ele”?

 2) Os que se preparam para o ministério presbiteral estarão tão ansiosos pela oportunidade de pôr-se a serviço do povo, ajoelhar-se a seus pés sujos a fim de lavá-los, do mesmo modo que anseiam pelo momento de assumir como poder o ministério ordenado?




Jesus nos ensina uma lição de serviço, humildade e amor


Postado por: homilia

abril 5th, 2012


A Páscoa é o centro da vida e da fé dos cristãos. Trata-se da passagem da morte para a vida, da ausência para a presença do amor em plenitude.
Para nós cristãos, a celebração da Páscoa constitui-se num tríduo celebrativo, isto é, a Páscoa “celebrada em três dias” e fundamentada na unidade do mistério pascal de Jesus Cristo, que compreende Sua Paixão, Morte e Ressurreição.
Segundo o Missal Romano, “o tríduo pascal começa com a Missa vespertina da Ceia do Senhor, possui seu centro na Vigília Pascal e encerra-se com as vésperas do domingo da Ressurreição” (N. 19). Deste modo, celebramos, de quinta para sexta-feira, a Paixão; de sexta-feira para sábado, a “Morte”; e de sábado para domingo, a “Ressurreição”.
Hoje, Quinta-feira Santa, na celebração da Última Ceia, Jesus revelou o Seu amor em plenitude lavando os pés dos discípulos e repartindo com eles o pão. O amor torna-se presente nas mãos que lavam os pés e no pão que é repartido.
Estamos diante de um Jesus que manifesta um gesto de serviço e profunda humildade,mas, sobretudo, um gesto de verdadeiro amor: “Jesus sabia que tinha chegado a sua hora de passar deste mundo para o Pai; tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (João 13,1).
As mãos simbolizam a ação, o dinamismo. Por meio delas recebemos e doamos. João afirma, no Evangelho, que Jesus é consciente de que o Pai entregou, em Suas mãos, o verdadeiro amor e, antes de voltar a Ele, precisa doar, com Suas próprias mãos, esse amor aos Seus discípulos: “…sabendo que o Pai havia posto tudo em suas mãos, que tinha saído de Deus e voltava a Deus, se levanta da mesa, tira o manto e, tomando uma toalha, cinge-a. A seguir, põe água numa bacia e começa a lavar os pés dos discípulos e a secá-los com a toalha que tinha cingido” (Jo 13,3-5).
Analisando o contexto histórico, constatamos que oferecer ao hóspede água para lavar os pés da poeira do caminho era um gesto de cortesia muito comum. Normalmente, esse gesto era feito por um servo ou por um discípulo dedicado ao seu mestre. Jesus inverte os papéis e surpreende a todos. O Mestre torna-se servo. A lição de serviço, humildade e amor é testemunhada.
Em primeiro lugar, devemos sentir esse amor pleno que nos é doado pelas mãos de Jesus. Mãos que lavam, acariciam e enxugam, com ternura, os pés de cada um dos discípulos, de cada um de nós. Em segundo lugar, a ação de Cristo quer ensinar aos discípulos, e também a nós, que é preciso fazer o mesmo: “Depois de lhes ter lavado os pés, pôs o manto, reclinou-se e lhes disse: ‘Entendeis o que vos fiz? Vós me chamais mestre e senhor, e dizeis bem. Portanto, se eu, que sou mestre e senhor, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Eu vos dei o exemplo, para que façais o que eu fiz’” (Jo 13,12-15).
A atitude de serviço, humildade e expressão de amor, simbolizada no lava-pés, foi uma preparação para celebrar, com mais dignidade, a ceia, conforme disse o próprio Jesus a Pedro: “Se não te lavar, não terás parte comigo”.
Celebrando a ceia com Seus amigos, Jesus inaugura a “Nova Páscoa”, isto é, dá um novo sentido a ela, pois, em seu contexto histórico, era a maior festa do ano para os judeus. Mantendo seu ritual como no Antigo Testamento (Êxodos 12), Israel celebrava a Páscoa para lembrar-se da “antiga libertação do Egito” e atualizar “os benefícios de Deus” para com os Seus filhos.
Na Carta aos Coríntios, Paulo transmite o novo e definitivo sentido da Páscoa. Afirma o apóstolo: “O Senhor, na noite em que era entregue, tomou o pão, dando graças o partiu, e disse: ‘Isto é o meu corpo que se entrega por vós. Fazei isto em memória de mim”’ (ICor 11,23-24).
No pão repartido, Jesus entrega Seu corpo aos discípulos. Trata-se de uma doação total. No pão está presente o amor em plenitude. Este amor que se doa provoca transformação. Agora não é apenas uma transformação social, mas uma libertação do pecado, resgate para uma vida nova.
Quando repartimos o pão na celebração da Eucaristia, devemos sentir o amor de Jesus que se doa em plenitude. Amor que alimenta e revigora a nossa vida, amor que nos compromete com os irmãos e irmãs, que nos faz ser fiéis à vontade do Pai.
Jesus pede aos discípulos: “Fazei isto em memória de mim” (ICor 11,24b.25b). O pedido de Jesus aos discípulos estende-se também a todos nós. Portanto, hoje, celebramos o amor presente no pão que se reparte e nos comprometemos em vivê-lo plenamente.
A liturgia da Quinta-feira Santa é um convite para nos aprofundarmos, concretamente, no mistério da Paixão de Cristo, já que quem deseja segui-Lo deve sentar-se à Sua mesa e, com o máximo recolhimento, ser espectador de tudo o que aconteceu na noite em que iam entregá-Lo. E, por outro lado, o mesmo Senhor Jesus nos dá um testemunho maduro da vocação ao serviço, ao qual somos chamados, quando Ele mesmo decide lavar os pés dos Seus discípulos.
A Santa Missa é, então, a celebração da Ceia do Senhor, na qual Jesus – num dia como hoje, véspera de Sua Paixão – “enquanto ceiava com seus discípulos, tomou o pão…” . Ele quis que, como em Sua Última Ceia, nos reuníssemos e recordássemos da bênção dEle ao pão e ao vinho: “Fazei isto em memória de mim” .
Assim, podemos afirmar que a Eucaristia é o memorial, não tanto da Última Ceia, mas da Morte, Paixão e Ressurreição de Jesus Cristo, nosso Senhor.
Poderíamos dizer que a alegria é por nós e a dor é por Ele. Entretanto, predomina o gozo, porque no amor nunca podemos falar estritamente de tristeza, porque aquele que se entrega com amor e por amor, o faz com alegria e para dar alegria.
Podemos dizer que, hoje, celebramos, com a liturgia (1ª leitura), a Páscoa. Porém, a Páscoa da noite do Êxodo (Ex 12); não a da chegada à Terra Prometida (Js 5,10ss).
Hoje, inicia-se a festa da “crise pascal”, isto é, da luta entre a morte e a vida, já que a vida nunca foi absorvida pela morte, mas sim combatida por ela. A noite do Sábado de Glória é o canto da vitória, porém, tingida de sangue;  é o hino à luta, mas de quem vence, porque sua arma é o amor em plenitude do Deus Todo-Poderoso.
Padre Bantu Mendonça


Leitura Orante 

Peparo-me para a Leitura Orante, 
rezando com todos os que encontram este momento com a Palavra: 

Espírito de verdade, 
a ti consagro a mente e meus pensamentos: ilumina-me. 
Que eu conheça Jesus Mestre 
e compreenda o seu Evangelho. 

Ó Jesus Mestre, Verdade, Caminho e Vida, tem piedade de nós 

1. Leitura (Verdade) 

O que diz o texto do dia? 

Leio atentamente, na Bíblia, o texto: 
Jo 13,1-15, 
e observo pessoas, palavras, relações, lugares. 

Faltava somente um dia para a Festa da Páscoa. Jesus sabia que tinha chegado a hora de deixar este mundo e ir para o Pai. Ele sempre havia amado os seus que estavam neste mundo e os amou até o fim. 
Jesus e os seus discípulos estavam jantando. O Diabo já havia posto na cabeça de Judas, filho de Simão Iscariotes, a idéia de trair Jesus. Jesus sabia que o Pai lhe tinha dado todo o poder. E sabia também que tinha vindo de Deus e ia para Deus. Então se levantou, tirou a sua capa, pegou uma toalha e amarrou na cintura. Em seguida pôs água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos e a enxugá-los com a toalha. Quando chegou perto de Simão Pedro, este lhe perguntou: 
- Vai lavar os meus pés, Senhor? 
Jesus respondeu: 
- Agora você não entende o que estou fazendo, porém mais tarde vai entender! 
- O senhor nunca lavará os meus pés! - disse Pedro. 
- Se eu não lavar, você não será mais meu discípulo! - respondeu Jesus. 
- Então, Senhor, não lave somente os meus pés; lave também as minhas mãos e a minha cabeça! - pediu Simão Pedro. 
Aí Jesus disse: 
- Quem já tomou banho está completamente limpo e precisa lavar somente os pés. Vocês todos estão limpos, isto é, todos menos um. 
Jesus sabia quem era o traidor. Foi por isso que disse: "Todos menos um." 
Depois de lavar os pés dos seus discípulos, Jesus vestiu de novo a capa, sentou-se outra vez à mesa e perguntou: 
- Vocês entenderam o que eu fiz? Vocês me chamam de "Mestre" e de "Senhor" e têm razão, pois eu sou mesmo. Se eu, o Senhor e o Mestre, lavei os pés de vocês, então vocês devem lavar os pés uns dos outros. Pois eu dei o exemplo para que vocês façam o que eu fiz. 
Jesus lava os pés dos discípulos para dizer uma só coisa: amar é servir. Jesus tira o manto, no meio da refeição, e começa a lavar os pés dos discípulos. Tirar o manto significa abrir mão de todo privilégio ou status. Ele faz o que faziam os escravos. Num gesto de infinito amor. No final, diz: "Vocês entenderam o que eu fiz? Vocês me chamam de "Mestre" e de "Senhor" e têm razão, pois eu sou mesmo. Se eu, o Senhor e o Mestre, lavei os pés de vocês, então vocês devem lavar os pés uns dos outros." 

2. Meditação (Caminho) 

O que o texto diz para mim, hoje? 

Hoje é o dia da instituição do ministério sacerdotal e da Eucaristia, dia de ação de graças, como diz a própria palavra Eucaristia.

 E me pergunto: sou capaz de fazer como Jesus fez? 

Sou capaz de deixar o manto de meus privilégios mesmo quando tenho uma posição de chefia?

Sou capaz de viver meu cargo, minha posição social como oportunidade para servir sem esperar retorno ou vantagens? 

Só por amor? 

Os bispos, na Conferência de Aparecida disseram: 
"A Eucaristia é o lugar privilegiado do encontro do discípulo com Jesus Cristo. Com este Sacramento, Jesus nos atrai para si e nos faz entrar em seu dinamismo em relação a Deus e ao próximo. Há um estreito vínculo entre as três dimensões da vocação cristã: crer, celebrar e viver o mistério de Jesus Cristo, de tal modo, que a existência cristã adquira verdadeiramente uma forma eucarística. Em cada Eucaristia, os cristãos celebram e assumem o mistério pascal, participando n'Ele. Portanto, os fiéis devem viver sua fé na centralidade do mistério pascal de Cristo através da Eucaristia, de maneira que toda sua vida seja cada vez mais vida eucarística. A Eucaristia, fonte inesgotável da vocação cristã é, ao mesmo tempo, fonte inextinguível do impulso missionário. Ali, o Espírito Santo fortalece a identidade do discípulo e desperta nele a decidida vontade de anunciar com audácia aos demais o que tem escutado e vivido." 
(DAp 251). 

3.Oração (Vida) 

O que o texto me leva a dizer a Deus? 

Hoje farei o possível de estar na comunidade em adoração a Jesus na Eucaristia. 

E, agora, faço esta oração, sugerida pelo
 bem-aventurado Alberione: 

Jesus, divino Mestre, 
Eu te louvo e agradeço 
pelo grande dom da Eucaristia. 
Teu amor te leva a morar conosco, 
E a renovar teu mistério pascal na missa, 
Onde te fazes nosso alimento. 
Que eu possa tomar dessa água viva 
que jorra do teu coração! 
Concede-me a graça de conhecer-te sempre mais, 
de encontrar-me contigo, 
todos os dias, neste Sacramento, 
de compreender e viver a missa, 
de me alimentar com o teu Corpo com 
devoção e fé. Amém. 

Jesus Mestre, Verdade, Caminho e Vida, tem piedade de nós. 

4.Contemplação (Vida e Missão) 

Qual meu novo olhar a partir da Palavra? 

Meu novo olhar é do amor que serve a todos, sem distinção. 

Bênção 

- Deus nos abençoe e nos guarde. 
Amém. 
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. 
Amém. 
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. 
Amém. 
- Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.
Amém. 
I. Patrícia Silva, fsp 

http://www.paulinas.org.br/diafeliz/evangelho.aspx


Oração Final




Pai Santo, não permitas que nos acostumemos com os Mistérios que um dia nos maravilharam. Ensina-nos, a cada dia, a enxergar a Novidade de tua Presença nos ritos que celebramos e, mais do que tudo, nos irmãos que colocas junto a nós na caminhada. Pelo Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.


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