ANO C
Mc 9,38-40
Comentário do Evangelho
Jesus não é monopólio da comunidade
Os versículos precedentes (30-37) já nos permitiram afirmar que, diante da discussão de quem seria o maior dentre eles, os discípulos revelam a sua incompreensão em relação ao mistério de Cristo e da sua condição de discípulo.
Quem é esse “alguém” que expulsava demônios em nome de Jesus (cf. v. 38), e a que grupo pertencia, nós não o sabemos, uma vez que o texto não nos oferece nenhuma informação a respeito. E isso porque tal informação ou identificação não é importante.
O nome de Jesus, sua pessoa, não é monopólio da comunidade. O Senhor não é prisioneiro de nenhum grupo, pessoa ou instituição. A sua ação, que liberta o homem das cadeias do mal, não se circunscreve nos limites de um único grupo, pois “ninguém que faz milagres em meu nome poderá logo depois falar mal de mim” (v. 39). Ademais, ninguém pode fazer o bem se Deus não mover o coração. Deus está na origem do bem; o Senhor está na origem de toda ação que protege e promove a vida do ser humano; é pela autoridade de Cristo (= no nome de) que o mal é vencido.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, livra-me da atitude fanática e exclusivista de pensar que só quem pertence declaradamente ao círculo de discípulos de Jesus está em condições de fazer o bem.
Fonte: Paulinas em 22/05/2013
Vivendo a Palavra
João interpreta o sentimento bem humano do exclusivismo. Nós pretendemos conservar para nosso pequeno grupo privilégios e vantagens. Jesus ensina a abertura do coração. Assim deve ser a nossa Igreja, se queremos que ela seja a Igreja de Jesus: acolhedora, misericordiosa e fonte de esperança para todos.
Fonte: Arquidiocese BH em 22/05/2013
vivendo a Palavra
A Igreja de Jesus não é um grupo fechado e nem exclui pessoas. Nela nós somos todos irmãos. Em boa hora nosso Papa Francisco sonha com uma Igreja ‘em saída’, à procura dos irmãos que se encontram afastados. Na verdade, uma mensagem de sabedoria como a do Eclesiástico lida hoje, não pode ser negada a nenhum ser humano.
Fonte: Arquidiocese BH em 27/02/2019
Reflexão
Uma das maiores dificuldades que podemos encontrar para a compreensão da ação divina no mundo encontra-se no fato de querermos submetê-la aos nossos critérios de inteligibilidade, principalmente no que diz respeito à religião institucional. O que acontece é que muitas vezes o agir divino fica vinculado a critérios meramente humanos ou a ritualismos que estão mais para prática de magia, alquimia e bruxaria do que para um relacionamento filial, de confiança e entrega. Outras vezes, esse agir divino é condicionado ao cumprimento de princípios legais que determinam se Deus pode agir ou não. Devemos nos lembrar que o Senhor é Deus e não nós.
Fonte: CNBB em 22/05/2013
Reflexão
Os discípulos, que não conseguiram curar o menino epilético, neste episódio tentam impedir que alguém de outro grupo expulse demônios em nome de Jesus. Expulsar demônios é libertar as pessoas de tudo o que as oprime e devolver-lhes a possibilidade de viver dignamente. A atitude de João, um dos Doze, revela mentalidade fechada, exclusivista, como se essa prática fosse privilégio somente do pequeno grupo que segue a Jesus de perto. Alguns movimentos de Igreja se comportam como se manipulassem o Espírito Santo a seu bel-prazer. Jesus corrige esse modo de pensar e expõe a máxima que serve de orientação para a Igreja de todos os tempos: “Quem não está contra nós, está a nosso favor”. Quem faz o bem, e leva vida em abundância para os outros, de alguma forma é aliado de Jesus e do seu Reino.
(Dia a dia com o Evangelho 2019 – Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp)
Fonte: Paulus em 27/02/2019
Meditando o evangelho
A FAVOR DE JESUS
Os discípulos eram ciosos de sua condição de executadores privilegiados da missão de Jesus. Quiçá, tivessem a tentação de formar um grupinho seleto e fechado para novas adesões. Daí sua irritação quando viram alguém expulsar demônios, no nome de Jesus, sem ser explicitamente do grupo dos doze.
Jesus tenta alargar-lhes os horizontes e fazê-los perceber que existem agentes do Reino, onde menos se espera. Se alguém realmente realiza uma ação taumatúrgica, invocando o nome de Jesus, está proclamando, de maneira patente, sua condição de discípulo, mesmo não fazendo parte do grupo dos doze. O discipulado, portanto, estende-se para além do grupinho inicial, num raio muito mais amplo. O grupo primitivo, de certo modo, devia funcionar como semente de um movimento tendente a crescer e a se tornar, de certa forma, incontrolável. O protesto dos discípulos, em última análise, era motivado pela incapacidade de manter sob controle a propagação dos benefícios do Reino. Jesus não tinha objeções de que a coisa fosse assim. Antes, é assim mesmo que deveria ser.
O surgimento de novos discípulos e dispensadores do Reino não podia ser motivo de tristeza e preocupação. Quanto mais se multiplicasse o número de discípulos, melhor. Assim, o Reino poderia chegar a um número sempre maior de pessoas, recuperando-lhes a vida.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Senhor Jesus, possa eu alegrar-me com a multiplicação de seus discípulos, através dos quais o Reino vai espalhando seus frutos na história humana.
Fonte: Dom Total em 27/02/2019
COMENTÁRIO DO EVANGELHO
1. A Firmeza da Fé
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
É difícil falar com precisão sobre esse episódio entre Jesus e seus discípulos, refletido pelas comunidades de Marcos pois á primeira vista parece que o foco seria a impotência da comunidade, ali representada pelos discípulos, diante das Forças que oprimem as pessoas, entretanto, o homem que trouxe o filho possesso de um espírito mudo, o seu desespero de PAI e ao mesmo tempo a sua Fé no Cristo Libertador, parece ser o foco principal porque a narrativa termina com uma bela profissão de Fé por parte daquele homem "Creio! Vem em Socorro á minha falta de Fé ".
Com essa afirmação magnífica, de quem coloca toda sua esperança em Jesus, desfaz-se aquela primeira impressão de que ele estava descontente com a comunidade, ali representada pelos discípulos, por estes não terem conseguido expelir o espírito do mal, pois chamou para si toda a culpa... Vem em Socorro á minha falta de Fé... Ele admite que tem Fé e até a professa solenemente com esta afirmação que certamente era uma formula da profissão de Fé da comunidade, mas reconhece que ainda lhe falta.
Quanto a enfermidade, parece que se trata de um ataque epilético, do qual o jovem era portador desde a infância. Cair por terra, espumar e ranger os dentes ficando enriquecido, isso é, paralisado, são ações perniciosas que o pecado e a opressão da força do mal causa na vida de uma pessoa. Qual é o segredo para se conseguir iniciar na vida das pessoas o processo de libertação? Parece que só Jesus tinha a fórmula e não a havia passado á seus discípulos e poderíamos dizer em uma linguagem simples "Não ensinou o pulo do gato".
Nada disso! Na continuidade do evangelho encontramos a explicação, pois os discípulos querem saber onde foi que erraram, por que sentiram-se impotentes diante daquele espírito possessivo que oprimia aquele menino e Jesus, vai lhes falar que a oração e o jejum são as armas principais para se promover uma ação libertadora, isso é, fazer em comunhão com ELE.
Não seria essa a explicação para certos projetos bonitos de nossas comunidades, que acabam não indo para frente? Sim, sem sombra de dúvida, toda e qualquer ação evangelizadora da Igreja, deve e só pode ser feita na espiritualidade onde a oração, a escuta da palavra, os Sacramentos, nos dão a certeza de que estas ações são feitas em sintonia com Jesus. Quando uma comunidade ou um grupo quer ocupar esse lugar que só pertence a Deus, fazendo em nome próprio, o Espírito possessivo acaba vencendo a "parada".
Fonte: NPD Brasil em 22/05/2013
HOMILIA DIÁRIA
Somos apenas canais da graça
A graça se aproveita de quem ela quiser, da forma que ela quiser, para fazer o Reino de Deus realmente acontecer.
“Jesus disse: ‘Não o proibais, pois ninguém faz milagres em meu nome para depois falar mal de mim’.” (Mc 9,39)
Os discípulos estavam inquietos, porque outros, de fora do grupo de Jesus, estavam expulsando demônios. Os discípulos proibiram aquele homem de praticar tal atitude, porque ele não era do grupo do Senhor.
Jesus, então, lhes diz: “Não os proibais”. Meus irmãos, nós, muitas vezes, achamos que a graça de Deus está só sobre nós, sobre o nosso grupo, sobre a nossa Igreja. Nós pensamos que somos donos do Reino dos Céus, donos do Espírito Santo; e que Este só age se for da nossa forma, à nossa maneira e do nosso jeito.
Não é assim que a Palavra de Deus nos ensina. Ela nos mostra que devemos respeitar os diferentes, aqueles que pensam, fazem, pois, se não for da vontade de Deus, não vai para frente. Agora, aquilo que é de Deus só Ele mesmo conhece, porque o Espírito sopra aonde quer e ninguém sabe onde vai parar.
Que saibamos acolher, respeitar e considerar aqueles que não são das nossas pastorais, das nossas atividades, daquilo que nós fazemos. Que nós saibamos considerar aquilo que é diferente, porque o Espírito vai estar onde Ele quiser. Não podemos nos achar donos do Espírito de Deus, pois somos apenas canais da graça.
A graça se aproveita de quem ela quiser, da forma que ela quiser, para fazer o Reino de Deus realmente acontecer.
Que o bom Deus abençoe você com a Sua graça.
Padre Roger Araújo
Fonte: Canção Nova em 22/05/2013
HOMILIA DIÁRIA
É preciso repensar a nossa fé a partir do Mestre Jesus
Jesus Cristo é Aquele que ama, tolera, respeita e acolhe
“Jesus disse: ‘Não o proibais, pois ninguém faz milagres em Meu nome para depois falar mal de Mim. Quem não é contra nós é a nosso favor’.” (Marcos 9,39-40)
Jesus formou um grupo, o grupo dos seus discípulos, dos seus seguidores. Mas havia seguidores d’Ele, pessoas que conheciam a Jesus e que não estavam necessariamente naquele grupo. Eram pessoas que faziam parte da multidão, eles ouviam e aprendiam com Jesus e, com certeza, ao voltar para a casa deles, viveriam o que aprenderam com o Mestre.
Há muitos discípulos de Jesus que não estão em nossos “grupinhos”, não estão em nossas pastorais ou nos nossos ministérios. Há muitos discípulos de Jesus que não estão em nossa Igreja. Há muitos discípulos de Jesus que nem professam a fé cristã por diversas circunstâncias, entre elas, nasceram em lugares onde nem se pode professar a fé ou nem a receberam. Porém, não são contra Jesus, eles são a favor d’Ele.
O convite do Mestre não é só para a questão de proibir, e sim para não nos colocar contra; parar de criar guerra, parar de nos colocar uns contra os outros. Nós somos, muitas vezes, escândalos para o mundo, porque somos as pessoas da Igreja que vivem brigando entre si. É pastoral que não aceita outra pastoral; é grupo que não aceita aquele outro grupo.
Talvez tenhamos feito uma experiência de Deus com uma determinada espiritualidade, mas há outros que fizeram um experiência com Ele, até mais profunda do que a nossa, mas com outra. Não meçamos e nem comparemos a espiritualidade do outro; não caiamos nesse mal.
Quem é que pode conter a ação de Deus e do Espírito? Quem somos nós para dizer que aquela experiência do irmão, que é diferente da minha, não é de Deus? Deixe que o próprio Deus julgue, e que façamos aquilo que é a nossa obrigação que é primeiro a de acolher e, depois, a de é amar.
Não podemos dizer que amamos apenas a quem pensa, prega e fala como nós. Pois, corremos um sério risco de implodimos a fé cristã por não sabermos viver a tolerância, o respeito pelo o que é diferente, por quem faz diferente, por quem prega de uma forma diferente; por quem tem uma experiência de Deus diferente da nossa.
Deixe que o Espírito Santo sopre; que Ele conduza a Igreja. E não sejamos instrumentos do mal; não sejamos instrumentos para combater o outro que pensa diferente de nós.
A coisa mais intolerável, dura, cruel que vemos hoje, nas redes sociais, são pessoas da Igreja atacando as pessoas da própria Igreja. O que vemos são pessoas atacando a padres que não falam como elas, que tem uma experiência de fé diferente da nossa. Precisamos dizer a quem segue essa forma de vida, que isso é qualquer coisa, menos cristianismo, menos seguir Jesus Cristo.
Jesus Cristo é Aquele que ama, tolera, respeita e acolhe. É preciso repensar a nossa fé não a partir de nós, e sim a partir do Mestre Jesus.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Fonte: Canção Nova em 27/02/2019
Oração Final
Pai Santo, ensina-nos a vencer nosso egoísmo. Que vejamos em cada ser que colocaste ao nosso lado na jornada desta terra como um filho do teu Amor Paterno e, assim, um irmão nosso a quem devemos amar e cuidar com zelo e generosidade. Por Jesus Cristo, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 22/05/2013
Oração FinaL
Pai Santo, livra-nos do comodismo. Dá-nos a sabedoria e o entusiasmo dos discípulos fundadores, para que vejamos, nas portas de nossa Igreja, lugares de saída, às vezes penosa, em busca de irmãos afastados, e não entradas para uma estéril convivência entre amigos. Queremos seguir o Cristo Jesus, teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo reina na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 27/02/2019
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