ANO B
21º DOMINGO DO TEMPO COMUM
Ministérios leigos
Dia do Catequista
Ano B - Verde
“Senhor, a quem iremos nós?” Jo 6,68
Jo 6,60-69
Ambientação
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: A resposta de Jesus à Pedro sintetiza a atitude do verdadeiro discípulo do Reino: só Ele merece ser seguido, por ter palavras de vida eterna. Celebremos, hoje, em sintonia com todos os diversos ministérios de nossa comunidade, o Senhor seja sempre a inspiração de nossas lideranças.
Fonte: https://diocesedeapucarana.com.br/portal/userfiles/pulsandinho/22-de-agosto-de-2021---21-tc.pdf (22/08/2021)
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, viemos ao encontro do Senhor. Só Ele é nossa esperança e salvação! Aqui estamos reunidos em seu nome para louvar e bendizer a Deus Pai pelo mistério de Cristo que amou sua Igreja e deu a vida por ela. Reconhecemos que todas as bênçãos e graças nos veem de Deus e por isso nosso louvor e nossa gratidão crescem a cada dia por experimentarmos o amor de Deus que envolve a nossa vida pessoal, de nossa comunidade e de todo Universo. Em comunhão com todos os ministérios leigos e servidores de nossas comunidades, elevemos juntos nosso canto de reconhecimento ao Senhor.
Fonte: https://arquisp.org.br/sites/default/files/folheto_povo_deus/ano-45-b-48-21o-domingo-do-tempo-comum-v02.pdf (22/08/2021)
INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Estamos reunidos para no alimentar da palavra e do pão que o próprio Jesus nos oferece. Em momento algum, Jesus adaptou sua pregação ao gosto de seus ouvintes, nem traiu o Reino para agradá-los. Desempenhou sua missão na mais absoluta fidelidade ao Pai e a seu Reino, embora correndo o risco de escandalizar as pessoas e afastá-las de si. Por isso, sua linguagem se tornou, para muitos, dura e incompreensível. O discurso sobre o pão da vida chocou a sensibilidade de todos, levando os ouvintes de Jesus até mesmo a duvidar de sua sanidade mental. Na realidade, Jesus não aceitava ser seguido por quem não quisesse acolher sua mensagem, sem restrições. Por isso, a resposta de Pedro sintetizará a atitude do verdadeiro discípulo do Reino. Só Jesus merece ser seguido, por ter palavras de vida eterna, embora duras de serem assimiladas. As leituras de hoje encerram a reflexão sobre o tema da Eucaristia, interrompido domingo passado com a festa da Assunção. Depois que Jesus insistiu que se deve comer seu Corpo e beber seu Sangue, muitos discípulos se afastaram dele porque não acreditavam e diziam: "Esta palavra é dura. Quem consegue escutá-la?" E Jesus se volta para os doze e pergunta: "Vocês também querem ir embora?" Temos então uma escolha para fazer: ou ficamos com o Senhor, assumindo as consequências dessa escolha, que são vida de Deus, força de Cristo e também sacrifício, perdão, misericórdia; ou vamos atrás dos outros deuses, como nos diz a primeira leitura, e que são prazeres, orgulho, egoísmo. Devemos responder como São Pedro: "A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna". É a Eucaristia o ponto de união ou divisão. Ou ficamos com o Senhor, comendo sua carne e bebendo o seu sangue, ou vamos por outros caminhos. Não há meio termo. Hoje, no mês vocacional, celebramos o dia do leigo. É aquele que consagra sua vida a serviço do evangelho, pregando em todos os lugares, com o exemplo e a palavra, a mensagem de Jesus. Como político, dentista, operário, professor, ele é a voz e a mão de Deus. De modo todo particular, rezemos pelos nossos catequistas que trabalham diretamente na evangelização...
Fonte: NPD Brasil em 22/08/2021
A QUEM IREMOS?
O capítulo 6 do Evangelho de São João apresenta um belo ensinamento de Jesus sobre o “pão da vida”. Começa com o relato da multiplicação dos cinco pães e dos dois peixes para saciar a fome da multidão e segue com longa catequese na qual Jesus diz ser ele “O pão da vida que desceu do céu”. Tudo isso gerou murmurações e deixava transparecer que os ouvintes discordavam daquilo que Jesus ensinava considerando suas exigências duras demais. Por isso, muitos discípulos voltaram atrás e já não andavam com Jesus. Aos poucos que sobraram, os doze, é feita uma pergunta decisiva: “ Será que vocês também não querem ir embora?” Mais decisiva foi a reposta de Pedro: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna”.
Muitos viraram as costas a Jesus e seguiram outro rumo por considerar “muito dura” sua palavra. Queriam um Cristo ligth que não causasse nenhum incômodo, nenhum impacto profundo na vida. De fato, este é o grande perigo que nos rodeia, ficar restrito a uma fé somente de sacristia, individualista, moralista e piedosa. Jesus quer gente decidida que faça a diferença, que seja referência como foi Pedro, que seja luz para o mundo em mudança.
Muito acertada foi a iniciativa de Josué, que sendo uma liderança firme e respeitada, e percebendo que o povo escolhido por Deus corria o risco de desviar do caminho, sendo infiel à aliança, convoca uma assembleia, a Assembleia de Siquém. Era uma reunião de todas as tribos, juntamente com os anciãos, chefes, juízes e demais líderes. Estabelecidos na terra prometida, a vida tinha melhorado muito e por isso a fé no Deus libertador corria o risco de ser trocada por outras divindades fabricadas por povos vizinhos. E diante desse quadro, Josué quer uma posição firme do povo. A quem servireis: ou aos ídolos ou ao Senhor, o Deus libertador? Antes da resposta do povo o próprio Josué se antecipa: “Quanto a mim e à minha casa, nós serviremos ao Senhor Deus”. O povo segue o seu exemplo e adere à mesma escolha.
É um texto que adverte de dois perigos: o primeiro é o de deixar de lado a vivência da fé depois que a vida melhora achando que não precisa mais de Deus e de reza; o segundo é o de se deixar levar por uma religiosidade pouco exigente e que esteja em conformidade com ambições pessoais, facilitando um jeito de conduzir a vida que não incomoda ninguém, mas que falseia a verdade da Palavra.
Na carta escrita aos Efésios, Paulo se refere a pequena comunidade familiar e apresenta um princípio brilhante: “Sejam submissos uns aos outros no temor de Cristo”. Todos têm a sua importância, seu dom e sua tarefa a cumprir, mas não há superiores e nem inferiores. A referência nas relações humanas vai ser sempre a maneira como Cristo amou a Igreja, ou seja, dando a própria vida, servindo para fazer o outro feliz. E num gesto de amor façamos nossa doação na coleta da missa. Hoje é dia da coleta para os Lugares Santos. A Igreja conta com nossa generosidade.
Dom José Benedito Cardoso
Bispo Auxiliar de São Paulo
Fonte: https://arquisp.org.br/sites/default/files/folheto_povo_deus/ano-45-b-48-21o-domingo-do-tempo-comum-v02.pdf e NPD Brasil em 22/08/2021
Comentário do Evangelho
O Espírito é que dá a vida
No dia seguinte à partilha dos pães com a multidão na montanha, dirigindo-se àqueles que vinham a ele, Jesus propõe, a partir da imagem do maná do deserto, que trabalhem, "não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece para a vida eterna" (Jo 6,27). É a rejeição do empenho em acumular bens e riquezas neste mundo, mas trabalhar nas obras do Pai, que são a promoção da vida. A seguir, Jesus se proclama como o pão descido do céu, dado como alimento para a vida do mundo, completando com a declaração: "Quem come deste pão viverá eternamente". Tal proclamação, que revela a origem divina de Jesus, provoca incompreensão e murmurações entre os judeus (Jo 6,41.52).
Agora, são os próprios discípulos que, também, murmuram por causa destas palavras. Estes são os que esperam de Jesus sinais de poder e são insensíveis aos seus sinais de amor e compaixão. Nos quatro evangelhos é frequente a referência à incompreensão dos discípulos em relação à missão de Jesus.
João, no seu evangelho, narra, então, o diálogo de Jesus com os discípulos e com Pedro, concluindo o longo discurso que tem como tema o pão da vida eterna. Jesus lhes afirma: "O Espírito é que dá a vida. A carne para nada serve. As palavras que vos falei são espírito e vida".
No prólogo do evangelho de João, temos o anúncio de que "o Verbo se fez carne e habitou entre nós" (Jo 1,14). A encarnação é grandiosa na revelação da carne unida perfeitamente ao Espírito de Deus, em Jesus. E é o Espírito que dá a vida que vem do Pai e leva ao Pai. A comunhão com a vida neste mundo é a comunhão com o Espírito, na vida eterna de Deus. As palavras de Jesus "são Espírito e são vida". Ir a Jesus, por dom do Pai, é viver o amor e a unidade em todas as situações de nossa vida, em comunhão com todos, principalmente com os mais fracos e excluídos, conscientes de que somos todos membros do corpo de Cristo (cf. segunda leitura).
Contrastando com aqueles que abandonaram Jesus, temos a expressiva confissão de fé de Pedro, que se torna uma oração para nós: "A quem iremos, Senhor: Tu tens palavras de vida eterna...".
Na primeira leitura temos a proclamação da fidelidade das tribos de Israel, sob o comando de Josué, em servir o Senhor. Contudo, na ideologia do Primeiro Testamento, a proteção divina se manifesta em expulsar os povos que ocupavam a "terra prometida", para que esta seja ocupada pelo "povo eleito".
José Raimundo Oliva
Oração
Senhor Jesus, estou disposto a seguir-te sempre, pois só tu tens palavras de vida eterna.
Fonte: Paulinas em 26/08/2012
Vivendo a Palavra
O Mestre dispensa os alunos que não têm coragem de se tornarem discípulos. Os alunos aprendem do professor; os discípulos seguem o Mestre e procuram viver como Ele vive. A Boa Notícia trazida por Jesus – o Reino do Céu está bem próximo, ele já está dentro de nós! – não pode ser transmitida por burocratas, mas por testemunhas que já o vivem, à espera de sua plenitude.
Fonte: Arquidiocese BH em 26/08/2012
VIVENDO A PALAVRA
O Mestre dispensa o aluno que não tem coragem de se tornar discípulo. (Alunos aprendem do professor; discípulos seguem o Mestre e procuram viver como ele vive). A Boa Notícia trazida por Jesus – o Reino do Céu está bem próximo, ele já está dentro de nós! – não pode ser transmitida por burocratas, ‘profissionais do ensino’, mas por testemunhas que já O vivem, à espera de sua plenitude.
Fonte: Arquidiocese BH em 26/08/2018
vIVENDO A PALAVRa
Diante do discurso sobre “pão da vida”, os discípulos de Jesus entram em crise e resmungam. Escandalizados, afirmam: “Essas palavras são duras demais”. Jesus não recua, não muda o rumo da prosa, não adoça o conteúdo de sua fala. Ao contrário, prossegue dizendo que eles ficarão mais escandalizados quando virem o Filho do Homem sendo exaltado, glorificado por sua morte na cruz. Desiludidos, muitos abandonam o Mestre. Pedro, ao invés, em nome dos apóstolos, declara fidelidade: “A quem iremos nós? Tu tens palavras de vida eterna”. Ao entrar no ambiente divino, somos envolvidos pelo mistério, e muitas coisas não compreendemos. Então é o momento de renovar nossa fé em Jesus Cristo, o Santo de Deus.
Fonte: Arquidiocese BH em 22/08/2021
Reflexão
SENHOR, A QUEM IREMOS?
Aíla Luzia Pinheiro Andrade, nj*
(Texto publicado originalmente em Revista Vida Pastoral ano 53 - número 285, julho-agosto de 2012)
I. INTRODUÇÃO GERAL
Os textos da liturgia de hoje sugerem que, se não servimos a Deus de livre vontade, o serviço pode resultar em hipocrisia. Deus deseja que o sirvamos de todo o coração, mas isso só será possível se fizermos opção consciente por ele. A opção por Deus traz como consequência novas formas de relacionamento com o próximo, a começar em casa. Isso significa que o cristianismo não se separa das relações que constituem a vida humana.
II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS
1. Evangelho (Jo 6,60-69): Vós também quereis ir embora?
Depois de todos terem visto o sinal do pão e ouvirem o discurso, chegou a hora da decisão da fé: aderir ou rejeitar Jesus como enviado de Deus. A decisão não é apenas da multidão, mas dos discípulos também. É decisão definitiva, porque, a partir daí, os que estão com Jesus também devem participar de seu destino. A palavra de Jesus é muito dura. Somente a fé naquele que pode dar a vida eterna capacita para enfrentar a dureza dessa palavra.
Não se trata apenas de ouvir, mas de escutar prontamente para realizar na vida aquilo que se escuta de Deus. No caso, o que eles escutaram diz respeito à adesão incondicional dos discípulos à vida de Jesus. E se isso os escandaliza, o que dirão quando acontecer seu retorno ao Pai? É assim que Jesus concebe sua morte na cruz: como retorno para o lugar de onde veio, para o seio do Pai.
O contraste entre carne e espírito refere-se a duas formas de viver. A carne diz respeito ao ser humano entregue a si mesmo e aos limites de suas possibilidades. Por si mesmo é incapaz de perceber o sentido profundo das palavras e dos sinais de Jesus ou de crer. Por isso, é o espírito a força que ilumina o ser humano, lhe abre os olhos e lhe permite discernir a Palavra que se diz em Jesus. Não são duas dimensões do ser humano, mas duas maneiras de viver sua existência. Nem todos os discípulos estão se deixando conduzir pelo espírito, por isso não conseguem dar o próximo passo: a fé. A verdadeira fé significa adesão sem reserva àquele cujas palavras prometem e comunicam a vida eterna: ele é efetivamente o enviado que Deus consagrou.
Simão Pedro, representante da comunidade, confessa sua fé em Jesus, dizendo que só ele tem palavras de vida eterna. A quem iremos? Quem poderia nos oferecer uma vida plena, reconciliada com Deus, cuja existência humana é sustentada com seu amor? Só Jesus.
2. I leitura (Js 24,1-2a.15-17.18b): Escolhei hoje a que deus quereis servir
Siquém ocupa lugar de destaque na história dos patriarcas, pois foi por ali que Abraão entrou na terra prometida (Gn 12,6), rompendo com o passado e recomeçando uma vida nova que se caracterizava pela adoração ao Deus vivo e verdadeiro e pela renúncia ao politeísmo. Nada melhor que fazer a renovação da aliança naquele lugar; com esse objetivo, Josué reuniu ali os representantes das tribos. Antes de tudo, era necessário fazer uma escolha: a quem desejam adorar? Ao Deus que os tirou do Egito ou aos deuses estrangeiros aos quais Abraão, Isaac e Jacó haviam renunciado?
Os hebreus responderam à pergunta de Josué de modo enfático, mostrando a opção deles por servir o Senhor em vez dos ídolos. A expressão “Deus nos livre” ressalta o horror à idolatria; adorar os ídolos em vez do Senhor é algo absurdo e não deve ser cogitado em hipótese alguma.
A razão dada para a escolha é que eles provaram do cuidado e atenção que Deus teve para com eles, tirando-os da escravidão e guardando-os durante todo o caminho até ali.
3. II leitura (Ef 5,21-32): Cristo amou a Igreja e se entregou por ela
Escrita no século I d.C. sob o império romano, uma sociedade dividida em castas, com senhores e escravos, e em que a posição da mulher dependia da decisão do marido, a carta aos Efésios mostra-se rica em sabedoria, porque se aproveita de elementos desse contexto histórico e cultural para ensinar sobre o relacionamento entre Cristo e a Igreja, ao mesmo tempo que instrui sobre como deve ser a nova forma de os cristãos construírem seus relacionamentos naquela sociedade.
Primeiramente deve haver subordinação de uns para com os outros. Assim ninguém tomará o lugar de Deus, pois o motivo dessa subordinação é a reverência ao Senhor. O termo grego correspondente a “subordinai-vos” não é pejorativo; ao contrário, é termo militar que significa estar sob as ordens (ou sob a orientação) de um oficial imediato. Esse termo iguala a todos, pois cada um está sob as ordens de outro, e ao mesmo tempo sugere que há funções diferentes. A expressão “reverência ao Senhor” significa que Deus está acima de qualquer autoridade e que somente a ele e não a outro se deve adorar.
No texto de hoje temos uma das mais belas (e menos compreendidas!) analogias paulinas, comparando a relação entre esposo e esposa ao relacionamento entre Cristo e a Igreja. Há alguns elementos sobre os quais a analogia está estruturada que nos ajudam a melhor entendê-la: (1) a esposa deve estar subordinada ao esposo; (2) destaca-se que o motivo dessa subordinação é Cristo e não o marido, ao contrário do que se pensava naquela época; (3) a esposa representa a Igreja e o esposo representa Cristo, o que significa que a subordinação da esposa é imagem da subordinação da Igreja a Cristo; (3) o esposo deve amar a esposa como Cristo amou a Igreja, isto é, o esposo deve dar a vida pela esposa até a cruz. Como naquela sociedade a responsabilidade maior era a do marido, assim também a maior exigência é feita a ele e não à esposa.
Enfim, todos somos membros do mesmo corpo, um não é maior que o outro, embora haja diversas funções. Além disso, esposo e esposa constituem uma única carne, da mesma forma que a Igreja é corpo de Cristo.
O mistério da união entre Cristo e a Igreja é muito grande e não há palavras para defini-lo. A analogia com o matrimônio é apenas uma tentativa de compreendê-lo melhor (v. 32) para melhor servir no reino de Deus.
III. PISTAS PARA REFLEXÃO
– Encerramos o mês vocacional com textos que enfatizam o valor da opção consciente e instruída. No mundo de hoje, o cristianismo deve ser fruto de uma escolha muito mais que antigamente, pois, no tempo da comunidade primitiva, muitas vezes a família determinava as decisões dos filhos. Hoje, isso já não é possível. A Igreja deve ter a coragem de perguntar a seus membros se têm certeza de que realmente querem continuar a ser cristãos católicos. Além de mostrar que a vivência cristã é fruto de uma escolha, de uma decisão pessoal, a Igreja deve oferecer formação às pessoas para que conheçam e entendam mais profundamente o cristianismo católico e assim possam dar uma resposta mais consciente e segura.
– No domingo que vem começará o mês dedicado à Bíblia. Trata-se de ótima oportunidade para que a Igreja tenha membros mais conscientes, mais bem formados na palavra de Deus e mais seguros da decisão de serem cristãos católicos.
* Graduada em Filosofia pela Universidade Estadual do Ceará e em Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE), onde também cursou mestrado e doutorado em Teologia Bíblica e lecionou por alguns anos. Atualmente leciona na Faculdade Católica de Fortaleza e em diversas outras faculdades de Teologia e centros de formação pastoral.
Fonte: Instituto Nova Jerusalém em 26/08/2012
PONTOS DE REFLEXÃO
I LEITURA. Js. 24,1-2a. 15-17.18b
Depois da entrada na terra prometida, Josué convoca uma assembleia solene e interpela os israelitas, perguntando se ainda estão decididos a “servir o Senhor” ou preferem servir outras divindades. Eles renovam a sua adesão ao senhor, recordando todos os prodígios que Ele realizou em seu favor, fazendo-os sair do Egito e entrara na Terra prometida. A eleição que Deus fez daquele povo é um dom, mas também um compromisso que deve ser renovado continuamente.
O problema fundamental posto pelo autor do nosso texto é o das opções: “escolhei hoje a quem quereis servir” – diz Josué ao Povo reunido. É uma questão que nunca deixará de nos ser posta… Ao longo da nossa caminhada pela vida, vamos fazendo a experiência do encontro com esse Deus libertador e salvador que Israel descobriu na sua marcha pela história; mas encontramo-nos também, muito frequentemente, com outros deuses e outras propostas que parecem garantir-nos a vida, o êxito, a realização, a felicidade e que, quase sempre, nos conduzem por caminhos de escravidão, de dependência, de desilusão, de infelicidade. A expressão “escolhei hoje a quem quereis servir” interpela-nos acerca da nossa servidão ao dinheiro, ao êxito, à fama, ao poder, à moda, às exigências dos valores que a opinião pública consagrou, ao reconhecimento público… Naturalmente, nem todos os valores do mundo são geradores de escravidão ou incompatíveis com a nossa opção por Deus… Temos, no entanto, que repensar continuamente a nossa vida e as nossas opções, a fim de não corrermos atrás de falsos deuses e de não nos deixarmos seduzir por propostas falsas de realização e de felicidade. O verdadeiro crente sabe que não pode prescindir de Deus e das suas propostas; e sabe que é nesse Deus que nunca desilude aqueles que n’Ele confiam que pode encontrar a sua realização plena.
II LEITURA Ef. 5,21-32.
Paulo propõe aos esposos que fazem parte da comunidade um ideal altíssimo: modelar a sua relação naquela que une Cristo à Igreja.
O nosso texto começa com um princípio geral que deve regular as relações entre os diversos membros da família cristã: “sede submissos uns aos outros no temor de Cristo” (Ef 5,21). O “ser submisso” expressa aqui a condição daquele que está permanentemente numa atitude de serviço simples e humilde, sem deixar que a sua relação com o irmão seja dominada pelo orgulho ou marcada por atitudes de prepotência. A expressão “no temor de Cristo” recorda aos crentes que o Cristo do amor, do serviço, da partilha é o exemplo e o modelo que eles devem ter sempre diante dos olhos.
Depois, Paulo dirige-se aos vários membros da família e propõe-lhes normas concretas de conduta. O texto que nos é proposto, contudo, apenas conservou a parte que se refere à relação dos esposos um com o outro (na continuação, Paulo falará também da conduta dos filhos para com os pais, dos pais para com os filhos, dos senhores para com os escravos e dos escravos para com os senhores – cf. Ef 6,1-9).
Às mulheres, Paulo pede a submissão aos maridos, porque “o marido é a cabeça da mulher, como Cristo é a cabeça da Igreja, seu corpo” (vers. 23). Esta afirmação – que, à luz da nossa sensibilidade e dos nossos esquemas mentais modernos parece discriminatória – deve ser entendida no contexto sócio-cultural da época, onde o homem aparece como a referência suprema da organização do núcleo familiar. De qualquer forma, a “submissão” de que Paulo fala deve ser sempre entendida no sentido do amor e do serviço e não no sentido da escravidão.
Aos maridos, Paulo recomenda que amem as suas esposas, “como Cristo amou a Igreja e Se entregou por ela” (vers. 25). Não se trata de um amor qualquer, mas de um amor igual ao de Cristo pela sua comunidade – isto é, de um amor generoso e total, que é capaz de ir até ao dom da própria vida. Para Paulo, portanto, o amor dos maridos pelas esposas deve ser um amor completamente despido de qualquer sinal de egoísmo e de prepotência; e deve ser um amor cheio de solicitude, que se manifesta em atitudes de generosidade, de bondade e de serviço, que se faz dom total à pessoa a quem se ama.
EVANGELHO. Jo 6,60-69.
Jesus convidou a comer a Sua carne e a beber o Seu sangue. A Sua linguagem, tomada à letra, revela-se “dura”, mas o Mestre não recua e confirma o que disse, recorrendo à autoridade que Lhe vem do Seu próximo regresso para o Pai. Ao mesmo tempo, convida os Seus ouvintes a ultrapassar as aparências, para entenderem a realidade espiritual que se oculta nas Suas palavras. Enquanto muitos não compreendem e afastam-se, Pedro e os outros Onze renovam, por sua vez, a confiança nas palavras do Mestre.
O Evangelho deste domingo põe claramente a questão das opções que nós, discípulos de Jesus, somos convidados a fazer… Todos os dias somos desafiados pela lógica do mundo, no sentido de alicerçarmos a nossa vida nos valores do poder, do êxito, da ambição, dos bens materiais, da moda, do “politicamente correto”; e todos os dias somos convidados por Jesus a construir a nossa existência sobre os valores do amor, do serviço simples e humilde, da partilha com os irmãos, da simplicidade, da coerência com os valores do Evangelho… É inútil esconder a cabeça na areia: estes dois modelos de existência nem sempre podem coexistir e, frequentemente, excluem-se um ao outro. Temos de fazer a nossa escolha, sabendo que ela terá consequências no nosso estilo de vida, na forma como nos relacionamos com os irmãos, na forma como o mundo nos vê e, naturalmente, na satisfação da nossa fome de felicidade e de vida plena. Não podemos tentar agradar a Deus e ao diabo e viver uma vida “morna” e sem exigências, procurando conciliar o inconciliável. A questão é esta: estamos ou não dispostos a aderir a Jesus e a segui-l’O no caminho do amor e do dom da vida?
Os “muitos discípulos” de que fala o texto que nos é proposto não tiveram a coragem para aceitar a proposta de Jesus. Amarrados aos seus sonhos de riqueza fácil, de ambição, de poder e de glória, não estavam dispostos a trilhar um caminho de doação total de si mesmos em benefício dos irmãos. Este grupo representa esses “discípulos” de Jesus demasiado comprometidos com os valores do mundo, que até podem frequentar a comunidade cristã, mas que no dia a dia vivem obcecados com a ampliação da sua conta bancária, com o êxito profissional a todo o custo, com a pertença à elite que frequenta as festas sociais, com o aplauso da opinião pública… Para estes, as palavras de Jesus “são palavras duras” e a sua proposta de radicalidade é uma proposta inadmissível. Esta categoria de “discípulos” não é tão rara como parece… Em diversos graus, todos nós sentimos, por vezes, a tentação de atenuar a radicalidade da proposta de Jesus e de construir a nossa vida com valores mais condizentes com uma visão “light” da existência. É preciso estarmos continuamente numa atitude de vigilância sobre os valores que nos norteiam, para não corrermos o risco de “virar as costas” à proposta de Jesus.
Padre José Granja,
Reitor da Basílica dos Congregados, Braga.
Fonte: Alexandrina Falasar Free em 26/08/2012
Reflexão
A QUEM IREMOS?
Jesus acabara de deixar claro aos discípulos que só é seu seguidor de verdade quem consegue se alimentar dele, o Pão da Vida, assimilando e assumindo seu modo de viver. Uma exigência nada fácil, que convocava a um compromisso de fé para toda a vida. Os discípulos reclamam das “palavras duras” de Jesus. Mas ele não muda o discurso. Se o Espírito é que dá a vida, mudar o discurso e suavizar sua exigência seria trair a missão que o Pai lhe havia confiado. Seguir Jesus é, no fundo, um ato de fé no Deus que se doa e quer ser alimento para todos. Sem a fé, as exigências de Jesus não serão mais que “palavras duras”, impossíveis de seguir.
Os discípulos que abandonam Jesus nos levam a pensar nas opções fundamentais que fazemos na vida. Encontramo-nos com Jesus na oração, alimentamo-nos dele na eucaristia, ouvimos sua palavra… Mas e nosso compromisso com ele? Estamos realmente reconhecendo o Mestre nos acontecimentos, deixando que sua palavra se faça viva em nós?
Jesus não fez pesquisa de mercado para saber o que deveria anunciar a fim de conseguir o maior número de seguidores. Não pregou a prosperidade material e individual, mas o árduo compromisso para que, construindo comunidades, seus seguidores continuassem a trazer vida para o mundo.
Uma religião suave, de descompromisso com a vida de quem sofre, não é a religião de Jesus. Podemos até torcer suas palavras e suavizar seu discurso, em busca de uma paz interior, de uma consciência tranquilizada. Mas as palavras de Jesus, autenticamente, continuarão a ser como espada afiada, a exigir de nós um “sim” fundamental de vida, e não um “talvez” ou “quem sabe” de uma religião de comodismo.
A afirmação de Pedro é o reconhecimento fundamental de que em Jesus se encontra a vida sem fim e de que segui-lo com fé é permitir que seu Espírito continue gerando vida para o mundo. Num mundo faminto de pão e carente de vida, queremos professar que ninguém, além de nosso Mestre, pode saciar nossa fome mais profunda. Afinal, a quem poderíamos ir, senão à Fonte da Vida?
Pe. Paulo Bazaglia, ssp
Fonte: Paulus em 26/08/2012
Reflexão
O “comer o pão e beber o sangue” de Jesus não desconcertou apenas os judeus, mas os próprios discípulos reconheceram que eram “palavras duras demais”. O Mestre não recua e se mantém firme no seu ensinamento, revelando o Pai. A conclusão do capítulo seis de João mostra a realidade de crise e dúvida da comunidade joanina no final do primeiro século da era cristã. Com suas palavras, Jesus decepcionou muitas pessoas e provocou uma decisão: continuar com ele ou abandoná-lo. Pergunta aos mais próximos (os Doze) se também querem abandoná-lo. Em nome da comunidade, Pedro renova a fé e a confiança no Messias e proclama: “Tu tens palavras de vida eterna”. Reconhece, portanto, que Jesus é mais que um simples humano, ele é o “Santo de Deus”. A resposta de Pedro é a resposta de todo discípulo e discípula que decide seguir o Mestre. A dúvida das primeiras comunidades joaninas – crer ou não crer em Jesus – talvez tenha sido a mesma crise que o cristianismo vive em nossos dias. Pois é justamente nos momentos de crise que se definem os verdadeiros seguidores de Jesus.
(Dia a dia com o Evangelho 2018 – Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp)
Fonte: Paulus em 26/08/2018
Reflexão
Diante do discurso sobre “pão da vida”, os discípulos de Jesus entram em crise e resmungam. Escandalizados, afirmam: “Essas palavras são duras demais”. Jesus não recua, não muda o rumo da prosa, não adoça o conteúdo de sua fala. Ao contrário, prossegue dizendo que eles fi carão mais escandalizados quando virem o Filho do Homem sendo exaltado, glorificado por sua morte na cruz. Desiludidos, muitos abandonam o Mestre. Pedro, ao invés, em nome dos apóstolos, declara fidelidade: “A quem iremos nós? Tu tens palavras de vida eterna”. Ao entrar no ambiente divino, somos envolvidos pelo mistério, e muitas coisas não compreendemos. Então é o momento de renovar nossa fé em Jesus Cristo, o Santo de Deus.
Oração
Ó Jesus, Mestre e Senhor, afasta de nós o turbilhão de vozes enganosas e de propostas contrárias aos teus planos de amor, justiça e paz. Dá-nos a firme convicção de que devemos acreditar em ti e seguir-te fielmente, porque “tens palavras de vida eterna”. És o Santo de Deus. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2021 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp e Pe. Nilo Luza, ssp)
Fonte: Paulus em 22/08/2021
Meditando o evangelho
SENHOR, A QUEM IREMOS?
Muitos discípulos de Jesus tiveram enorme dificuldade de captar o verdadeiro significado de suas palavras. Ao interpretá-las num sentido contrário, ficavam perplexos e consideravam disparatados os ensinamentos do Mestre. E se escandalizavam com isto!
Apesar das reações negativas de seus ouvintes, Jesus não diminuía o tom de sua pregação, que continuava a ser contundente. Sendo assim, requeria largueza de visão para ser compreendida. O discipulado dependia da compreensão correta dos ensinamentos do Mestre e da adesão a eles.
Por outro lado, nenhum discípulo podia agir por coação, independentemente de sua vontade. O discipulado deveria resultar de uma escolha livre. Não interessava a Jesus que seus discípulos permanecessem com ele apenas para agradá-lo. Foi por esta razão que muitos debandaram. Não tinham fibra para pôr em prática o que lhes era ensinado. Com o Mestre permaneceu somente um punhado de discípulos fiéis que foram questionados a respeito da sinceridade de sua adesão. Foi quando Pedro, em nome do grupo, fez uma confissão de fidelidade ao Mestre. Não valia a pena afastar-se, pois só junto dele podiam encontrar palavras de vida eterna, por saírem da boca do "Santo de Deus". Seria inútil buscar salvação fora dele.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Pai, dá-me inteligência para compreender as palavras de Jesus e aderir a elas, pois só assim estarei seguro de estar acolhendo a salvação que me ofereces.
Fonte: Dom Total em 26/08/2018 e 22/08/2021
COMENTÁRIO DO EVANGELHO
1. A QUEM IREMOS?
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês)
Após um debate com os judeus que se escandalizavam com as palavras de Jesus sobre o "pão descido do céu", são os próprios discípulos que murmuram por causa destas palavras. No prólogo do Evangelho, temos o anúncio de que "o Verbo se fez carne e habitou entre nós" (Jo 1,14). Agora Jesus associa a "carne" às suas palavras, que são Espírito e vida. A encarnação é grandiosa na revelação da carne unida perfeitamente ao Espírito de Deus, em Jesus. E é o Espírito que dá a vida que vem do Pai e leva ao Pai.
O tema da incompreensão de Jesus por parte dos discípulos é uma constante nos Evangelhos. Agora, alguns abandonam Jesus. São os que esperam dele sinais de poder e mostram-se insensíveis aos seus sinais de amor e compaixão. Escandalizam-se com as palavras de Jesus ao se apresentar como enviado pelo Pai do céu para comunicar a vida eterna. Porém Pedro, em nome dos demais, confirma sua fé e perseverança: "Tu tens palavras de vida eterna".
Ir a Jesus é viver o amor e a unidade em todas as situações de nossa vida, em comunhão com todos, principalmente com os mais fracos e excluídos, conscientes de que somos todos membros do corpo de Cristo (cf. segunda leitura).
Na primeira leitura, temos a proclamação da fidelidade das tribos de Israel em servir o Senhor, sob o comando de Josué.
Fonte: NPD Brasil em 26/08/2012
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. A QUEM IREMOS?
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
No colégio onde estudei, nas aulas de Educação Física, vez em quando o Professor nos exercitava com a prática de futebol, inclusive ele próprio atuava em uma das equipes. Não era um "racha" qualquer daqueles que jogávamos nos finais de semana, mas o professor, ao escolher a sua equipe, não considerava muito a habilidade do atleta, mas sim a sua disposição física, o seu esforço pela equipe, ele era rígido na disciplina, exigia o máximo de cada um, nas disputas de bola, na marcação, na estratégia do ataque, no seu time ninguém "empurrava com a barriga" ou fazia corpo mole. Nesses coletivos, a equipe disciplinada do "Sêo Armandão", via de regra superava o time adversário, onde às vezes atuavam os "craques" da escola, pois apregoava sempre, que um time vencedor deve saber aliar habilidade, disciplina e uma boa técnica, capaz de mudar a estratégia quando necessário. Os alunos do colégio o chamavam de "Marechal", ele era por aquele tempo um Felipe Scolari, e em competições escolares abertas, sua equipe conquistou muitos troféus. Interessante que os que se achavam "craques", não gostavam muito dessa "linha dura" do Professor.
Lembrei-me do "Sêo Armandão", quando refleti esse evangelho onde alguns discípulos de Jesus começaram a "afrouxar" diante das suas exigências, querendo fazer "corpo mole" e "empurrar com a barriga" os seus ensinamentos e a Verdade por ele pregada. Também hoje, nós cristãos, muitas vezes queremos viver um cristianismo arraigado na carne, sem encarar o desafio de vivê-lo em Espírito, e foi exatamente para isso que o Verbo Divino se encarnou em nosso meio, para que fosse possível ao homem carnal, viver no Espírito, sem ser um alienado. Praticar um cristianismo a partir apenas da carne, isso é, das realidades meramente humanas, é a grande tentação dos discípulos de hoje, onde muitos vivem uma religião de normas e preceitos, achando que basta cumprir tudo o que a Santa Igreja ensina, e se algo der errado, a culpa é da Igreja, poderíamos chamar a isso de tradicionalismo, pois na verdade era esta a posição dos fariseus e Doutores da Lei, que não aceitavam o advento da Salvação, presente na pessoa de Jesus de Nazaré.
A verdadeira prática do Cristianismo nos traz sempre o desafio da ascese, que significa fazer uma experiência profunda com Jesus na nossa vida, sem tirar os pés do chão da nossa história, e essa experiência querigmática só é possível quando nos abrimos ao Espírito do Senhor, presente em nossa fraqueza, e, portanto, o que está no centro do ensinamento de João às suas comunidades, é que nenhum recurso humano, científico, social, político ou até religioso, pode nos levar a essa ascese, só se aproxima dessa Verdade absoluta chamada Jesus, aqueles que o Pai atrair.
Em João 6, 51 encontramos a afirmação que deu margem a discussão de Jesus com os Judeus "Eu sou o pão vivo descido do céu,. Quem comer desse pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne dada para a vida do mundo".
No evangelho desse domingo, a discussão acontece no próprio grupo de seguidores, se entre os judeus, haviam aqueles que não acreditavam, era até compreensível, entretanto a situação torna-se mais grave quando entre os próprios seguidores, há discípulos que não têm fé, pois acham que ninguém consegue escutar a palavra, que é dura demais.
Dentro da Igreja há muitas maneiras, e todas elas válidas, de se fazer essa experiência com Jesus, entretanto, é preciso muito cautela para não se criar um cristianismo mais light, menos intransigente e radical, onde a gente possa fazer parte da Igreja, mas sem ter que vestir e suar a camisa, o engajamento pastoral ou a adesão a um Movimento ou Associação, pode sim gerar em nós a ilusão de que aquela prática é suficiente, e dependendo do modelo eclesiológico, ficaremos ancorados apenas na carne, nos recusando a "levantar voo na ascese do Espírito" ou então tiramos os pés do chão, ignorando a carne que sustenta o Espírito, mergulhando na perigosa fé da magia. E quando se trata de coerência naquilo que se crê, Jesus não é de ficar alisando o "ego" dos seus seguidores, mas concede a liberdade da escolha "Vocês também querem ir embora?". Pedro, falando em nome da comunidade, reconhece aquilo que os judeus rejeitam, nenhuma proposta ou ideologia humana, pode conduzir o homem a plena realização de si mesmo, só Jesus nos faz enxergar além dos horizontes humanos, comer a sua carne significa a aceitação radical da comunhão com sua pessoa, seu ensinamento e seu projeto de vida.
O apóstolo Pedro aceita viver nessa ascese do homem espiritual, mesmo ainda estando na realidade da carne, em outras palavras, aceita Jesus como Deus, Senhor e Salvador, de maneira incondicional "A quem iremos Senhor?" Tu tens palavras de Vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus". Enfim, o cristianismo será sempre uma proposta que nos obriga a fazer uma escolha e tomar uma decisão, a favor ou contra Jesus. Na vida de Fé não dá para "empurrar com a barriga" e fazer "corpo mole", pois corre-se o risco de perder o "jogo", que Cristo já venceu, com a encarnação, paixão, morte e ressurreição....(21º. Domingo do Tempo Comum)
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail jotacruz3051@gmail.com
2. Esta palavra é dura. Quem consegue escutá-la? - Jo 6,60-69
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - comece o dia feliz)
“A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus.” Ficamos, não porque compreendemos, mas porque te amamos e te aceitamos. Cremos em ti e em tuas palavras. Foi o Senhor quem disse: “Isto é meu corpo. Este é o cálice do meu sangue, o sangue da nova aliança”. Podemos não compreender como as coisas acontecem, mas sabemos, porque Jesus o disse, que aquele pão já não é pão, é o Corpo de Cristo, que aquele vinho já não é vinho, é seu Sangue por nós derramado. Se não aceitarmos o que ele disse, dele nos afastando, a quem iremos? Vamos procurar quem diga o contrário ou que não é bem assim, que é apenas um símbolo, que é seu corpo, mas o pão continua pão? Ficamos com a palavra de Cristo como nos foi transmitida desde o princípio. Assim terminamos a leitura do capítulo sexto de São João, com a profissão de fé feita por Simão Pedro: “Só tu tens palavras de vida eterna”. “Longe de nós abandonarmos o Senhor para servirmos a deuses estranhos”, disse o povo a Josué em Siquém. “Serviremos ao Senhor porque ele é nosso Deus.” O povo professa a sua fé no Deus de Israel a partir do grande sinal feito por ele e visto por todos: “O Senhor nosso Deus foi quem nos tirou, a nós e a nossos pais, da terra do Egito, da casa da escravidão”. Muitos discípulos abandonaram Jesus e não andavam mais com ele. Abandonaram aquele que lhes oferecia sua própria vida em resgate de qualquer tipo de escravidão. Não perceberam o alcance do que Jesus lhes oferecia. Acharam dura a sua palavra. Sem dúvida estamos diante de um mistério, o da Eucaristia, que a simples inteligência não capta na sua plenitude. Aceitando a pessoa de Jesus, aceitaremos sua presença no sacramento. A união dos esposos é símbolo da realidade eucarística. O mistério do matrimônio é grande em relação a Cristo e à Igreja. Cristo, cabeça do corpo que é a Igreja, “alimenta e cerca sua Igreja de cuidado”. Ele a alimenta com sua presença eucarística.
Fonte: NPD Brasil em 22/08/2021
HOMILIA DIÁRIA
Reencontre a fonte da verdadeira felicidade e vida
Postado por: homilia
agosto 26th, 2012
As preocupações comunitárias, dos versículos anteriores, a afirmação de Jesus de que Ele dá o Seu Corpo como Pão da Vida e o fato de que o texto se dirige aos discípulos, indicam, provavelmente, um discurso eucarístico como fonte de divisão. Porém, a afirmação do Senhor, de que Ele “dá a vida” e a identificação da Sua Palavra reveladora com “o pão vindo do céu”, na primeira parte do discurso, talvez tenham criado a controvérsia.
De qualquer maneira, é importante notar que a divisão não se dá entre “os judeus”, mas entre os próprios discípulos, muitos dos quais abandonam Jesus neste momento. É muito interessante a reação de Jesus diante do abandono da maioria dos seus discípulos. Ele não arreda pé, mas, com toda calma, até convida os doze apóstolos a sair se não podem aceitar a Sua Palavra. Jesus não se preocupa com números, mas com a fidelidade ao Pai. Talvez até fique sozinho, mas não vai diluir, em nada, as exigências do seguimento da vontade do Pai.
Este é um exemplo importante para nós, pois, muitas vezes, caímos na tentação de julgar o êxito pelos números. Igrejas cheias indicam sucesso, mas nem sempre é assim. É mais importante ser coerente com o Evangelho, custe o que custar, do que “fazer média” com a sociedade, às vezes, por meio duma pregação tão insossa que reduz a religião a um mero sentimentalismo, sem consequências sociais.
Devemos cuidar de não interpretar erroneamente as palavras de Jesus quando Ele diz: “É o Espírito que vivifica, a carne para nada serve”. Às vezes, usa-se essa frase para justificar uma religião dualista, na qual tudo que é “espírito” é bom e tudo que é material é do mal. Aqui, João não distingue duas partes do ser humano, mas duas maneiras de viver. A “carne” é a pessoa humana entregue a si mesma, incapaz de entender o sentido profundo das palavras e dos sinais de Jesus; o “espírito” é a força que ilumina as pessoas e abre os seus olhos para que possam entender a Palavra de Deus que se pronuncia em Jesus.
Diante do desafio do Mestre, Pedro resume a visão dos que percebem em Jesus algo mais do que um mero pregador: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna”. Declaração atual, pois é moda na nossa sociedade – até entre muitos católicos praticantes – de correr atrás de tudo que é novidade: supostas aparições, esoterismo, religiões orientais, gnosticismo, escritos apócrifos e tantas outras propostas, às vezes até sem cabimento, enquanto se ignora a Palavra de Deus nas Escrituras.
O texto de hoje nos convida a nos examinarmos, a verificarmos se estamos realmente buscando a Verdade onde ela se encontra, ou se a deixamos de lado, achando – como a multidão no texto – que o seguimento de Jesus “é duro demais”. No meio de tantas propostas de vida, estamos convidados a reencontrarmos a fonte da verdadeira felicidade e da verdadeira vida, fazendo nossa a experiência de Pedro, o qual descobriu que Jesus “tem palavras de vida eterna”. Então, com ele, clamarmos: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna”.
Padre Bantu Mendonça
Fonte: Canção Nova em 26/08/2012
HOMILIA DIÁRIA
A Eucaristia nos coloca em comunhão com a eternidade
Não paremos nas exigências da Eucaristia; pelo contrário, aprofundemos nossa vida eucarística, nossa comunhão com o Senhor
“A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus.” (João 6,68-69)
Escutamos, hoje, no Evangelho, a conclusão do grande e maravilhoso discurso de Jesus sobre o Pão da Vida. Ele nos mostrou que Ele é o Pão da Vida, que o Seu Corpo, a Sua Carne são o pão, o alimento que nos sacia para a vida eterna.
Muitos discípulos que seguiam Jesus acharam o discurso d’Ele duro demais, e O abandonaram, não O quiseram seguir, porque achavam que não dariam conta, não concordavam nem acolhiam aquilo que o Mestre dizia.
A comunhão com Jesus, de fato, não é uma coisa simples. O discurso é belo, mas ter comunhão com Jesus exige desprendimento da alma, entrega de coração, morte do orgulho e da nossa maneira humana de ver. Para que possamos ter comunhão com o Senhor, não basta receber a Eucaristia na boca, é preciso que o corpo, a alma e o coração se convertam, para que vivamos uma união mística de entrega e união com Ele.
A Eucaristia é um desafio de vida, é muito mais do que participarmos das missas, das celebrações e recebermos o Corpo e o Sangue do Senhor. A Eucaristia é ter a vida de Cristo em nós. Às vezes, a nossa maneira de participar da Eucaristia é relapsa, de qualquer jeito, comungamos ali e mal fazemos uma comunhão de oração com o Senhor, saímos da Missa e até esquecemos que recebemos e entramos na comunhão com o Senhor, por isso a Eucaristia é exigente.
A pergunta de Jesus, apesar das exigências que a Eucaristia faz para a nossa vida, é: “Nós queremos também abandoná-Lo?”. Muitos já O abandonaram! Pedro deu a resposta mais precisa: “A quem iremos, Senhor? Só Tu tens palavras de vida eterna”. Em nenhum outro encontramos vida, consolo e eternidade a não ser em Jesus. Não paremos nas exigências da Eucaristia, pelo contrário, aprofundemos nossa vida eucarística, nossa comunhão com o Senhor, nossa relação com Ele, porque a Eucaristia nos coloca em comunhão com a eternidade e com a presença de Deus no meio de nós.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Fonte: Canção Nova em 26/08/2018
HOMILIA DIÁRIA
Precisamos saber a quem nós queremos servir
“A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus.” (João 6,68-69)
Muitos discípulos abandonaram Jesus porque para eles Suas palavras pareceram duras demais, sobretudo, quando Ele, ensinando o caminho da vida, ensinou-nos que a salvação passa por comermos e bebermos Seu Corpo e Seu Sangue, o Pão da Vida. Que linguagem dura para alguns! E por isso eles O abandonaram.
Jesus voltou para aquele grupo que ainda estava com Ele, sobretudo para os Seus mais próximos, e foi muito claro: “E vocês, também irão me abandonar?”. Pedro, mais uma vez, tomou a palavra e disse: “Senhor, a quem nós iremos se somente tu tens palavras de vida eterna?” (cf. João 6,67-68).
Eu me volto para a beleza e a sabedoria da Primeira Leitura da missa de hoje, do Livro de Josué. É Josué quem, diante da posse daquela terra prometida — terra de muitos atrativos, muita profanação, idolatria, culto a muitos deuses —, no meio de tudo aquilo que o povo encontra pela frente, Josué pega a sua casa e a sua família, pega os seus e faz um pacto: “Eu e toda a minha casa, eu e toda a minha família tomamos uma decisão: iremos servir ao Senhor” (cf. Js 24,15). É essa questão: e nós, nos dias de hoje, a quem nós queremos servir? A quem nossa casa quer servir? A quem nossa família quer seguir?
Você precisa reunir sua casa, sua família e decidir a quem a sua família quer servir
Ora, o mundo está aí com suas propostas, com seus caminhos, com suas seduções, inclusive, entrando de uma forma ostensiva em nossa vida, entra pelos celulares, smartphones, televisão, pelos computadores, entra por todos os meios. E nós precisamos saber a quem nós queremos servir.
Você que é pai e mãe de família, você precisa fazer como Josué, você precisa reunir sua casa, sua família e decidir a quem a sua família quer servir, porque nossas famílias estão divididas; nossas famílias, muitas vezes, estão servindo e seguindo este mundo, nossas famílias não conseguem nem se reunir como família para rezar, para adorar, para cultuar a Deus, porque são tantas horas na frente da televisão, do computador, nas ocupações da vida, são tantas horas com um smartphone na mão.
Onde está o seu coração? Onde está o coração da sua família? A quem a sua casa quer servir? A quem a sua família quer servir? Se você não tem tempo, se sua casa não tem tempo nem para o culto divino, se a sua casa e a sua família não tem tempo nem para reunir-se para orar, para colocar-se na presença do Senhor, é preciso questionar-se. Onde está a sua autoridade de pai? Onde está a sua autoridade de mãe? Não é para ser autoritário com os filhos, não é para obrigar ninguém, porque Deus não quer ninguém Lhe servindo por obrigação, mas sim por amor.
Qual é o amor da sua família? Qual é o amor da sua casa? Estou dizendo com toda a propriedade: reúna a sua casa, a sua família e olhe o exemplo de Josué. A pergunta que foi feita aos israelitas é feita a nós cristãos hoje: a quem nós queremos servir? A quem nós queremos seguir? Não responda no pensamento e no sentimento, responda com a vida, responda com atitude, responda realmente você e sua casa. Até digo: coloque, hoje, no espelho do seu banheiro, na porta da sua casa, a quem a sua casa deseja servir e seguir.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Fonte: Canção Nova em 22/08/2021
Oração Final
Pai Santo, ensina-nos a penetrar nas profundezas das palavras do Evangelho, no Espírito e na Vida que elas querem transmitir. Só assim nós poderemos transformá-las em Verdades essenciais e anunciá-las aos companheiros de jornada nesta terra encantada que nos emprestas para cuidar e partilhar. Por Jesus, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 26/08/2012
ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, ensina-nos a penetrar nas profundezas das palavras do Evangelho, no Espírito e na Vida que elas querem transmitir. Só assim nós poderemos transformá-las em Verdades Essenciais e anunciá-las aos companheiros de jornada nesta terra encantada que nos emprestas para ser cuidada e partilhada. Pelo Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 26/08/2018
oRAÇÃO FINAl
Ó Jesus, Mestre e Senhor, afasta de nós o turbilhão de vozes enganosas e de propostas contrárias aos teus planos de amor, justiça e paz. Dá-nos a firme convicção de que devemos acreditar em ti e seguir-te fielmente, porque “tens palavras de vida eterna”. És o Santo de Deus. Amém.
Fonte: Arquidiocese BH em 22/08/2021
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