Iniciamos nesta quinta-feira o grande Tríduo Pascal. São três dias de silêncio, oração e reflexão.
Durante 40 dias nos preparamos (ou deveríamos nos ter preparado) por meio da penitência, do jejum e das obras de caridade para, de coração limpo e aberto, acompanhar a Paixão de Jesus Cristo e alcançar com Ele a Páscoa da Ressurreição, que é o evento fundante da nossa fé.
A Festa da Páscoa da Ressurreição é a maior Festa do cristianismo, pois a fé cristã é fundamentada na ressurreição. Nós não adoramos um deus morto, adoramos o Deus Vivo, que se fez humano para que a humanidade se tornasse divina, isto é, da mesma forma que o Filho de Deus ao se encarnar tornou-se plenamente humano, assim também ao se encarnar tornou a humanidade divina e todos os seres humanos filhos de Deus.
Isso não significa que somos deuses, mas que temos em nós a semente divina que nos abre a possibilidade de alcançarmos o céu, junto com Cristo e por meio dele.
Mas isso só depende de nós mesmos, pois assim como Jesus assumiu livremente a nossa humanidade e entregou-se ao martírio por nós, assim também nós devemos assumir livremente nosso compromisso cristão e nos colocarmos a serviço do Reino por amor a Deus.
E esse compromisso se estabelece na medida em que caminhamos ao encontro dos irmãos, principalmente aqueles que mais necessitam de compaixão e misericórdia.
Não se chega à Ressurreição sem passar pela Paixão, por isso cada cristão deve tomar a própria cruz e seguir Jesus; não uma cruz de sofrimento e de dor, porque Deus nos ama e nos quer felizes, mas a cruz do compromisso com o projeto do Reino, um projeto de justiça e de igualdade onde não há lugar para a discriminação, a opressão, a exploração, a marginalização e a exclusão.
Às vezes esse compromisso leva à cruz sangrenta, mas essa é imposta por aqueles que não aceitam o projeto de vida plena, vida em abundância para todos, como aconteceu com Jesus; a cruz de sangue jamais foi projeto do Pai.
Que, ao fazer memória da Paixão de Jesus, tenhamos vivo na consciência o chamado que o Pai nos faz, de nos tornarmos seus filhos muito amados; e saibamos responder a Ele com o mesmo amor com que Ele nos ama, tornando-nos obediente a Ele em tudo, como fez Jesus, não uma obediência cega e alienada, mas a obediência de quem tem a certeza de que o Pai só deseja a nossa plena felicidade e tudo que nos pede é para o nosso bem.
Durante estes dias, entreguemos voluntariamente a nossa vida nas mãos de Deus, renunciando a tudo aquilo que d’Ele nos afasta e cultivando o amor pelo próximo, para que ao chegar ao momento decisivo do nosso encontro com o Pai alcancemos, por Cristo, com Cristo e em Cristo, a ressurreição e a vida eterna.
Um Santo Tríduo Pascal a todos!
Maria Aparecida de Cicco
Fonte: Universo Vozes
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