terça-feira, 12 de abril de 2022

HOMILIA DIÁRIA - (CANÇÃO NOVA) - Jo 10,31-42 - 08/04/2022


Aprenda, com o Senhor, a dialogar com os irmãos

“Naquele tempo, os judeus pegaram pedras para apedrejar Jesus. E Ele lhes disse: ‘Por ordem do Pai, mostrei-Vos muitas obras boas. Por qual delas Me quereis apedrejar?’. Os judeus responderam: ‘Não queremos Te apedrejar por causa das obras boas, mas por causa de blasfêmia, porque sendo apenas um Homem, Tu te fazes Deus!’” (João 10, 31-33).


Vejam, meus irmãos e minhas irmãs, essas pessoas pegaram pedras para apedrejar a Jesus; escolhem a violência por falta de argumentos; por não quererem viver o diálogo com o Senhor, com Jesus.
Meditando sobre essa Palavra, me vinha muito forte sobre este termo: o “diálogo”. A palavra diálogo, do grego “dialogos”, é formada por duas partes: dia e logos. Dia” significa: dois; uma separação; de um lado e de outro; aqui e ali; e “logos” significa a palavra, o discurso; é a conversa. Então, a palavra diálogo nos remete diretamente a uma intenção de formar comunhão; unidade. Uma palavra que se opõe ao diálogo é a palavra “diabolos”, que é exatamente o contrário, porque é aquele que divide. E, justamente a palavra “diabolos”, nos leva a pensar na separação; na divisão. Então, o Evangelho de hoje nos traz esta realidade dura que Jesus enfrentou: os seus interlocutores não escolherem o diálogo; não escolherem a comunhão.

Viver na Verdade, que é Cristo, é estar disposto a dialogar

E, por isso, as pedras são apresentadas para serem jogadas em Jesus. E, realmente, as pedras, de um certo modo, estão associadas à violência, mas existem outras formas de violência, por causa da falta de diálogo: a violência verbal, por exemplo; a violência das palavras que agridem, que ferem, que diminuem o outro, que irão ferir a “boa fama” de uma pessoa.
Existe também a violência do silêncio, da indiferença, do fracasso do diálogo em família, as mágoas, os ressentimentos que são guardados a sete chaves por muitos anos. E essas pessoas que estão com Jesus, na narração do Evangelho de hoje, não querem um diálogo, e isso fala diretamente para nós que, muitas vezes, escolhemos essas formas de violência para fugir do diálogo; para fugir desse trato com o diferente.
Nós não somos os possuidores da verdade, nós possuímos a Verdade, que é Cristo, mas não somos possuidores da verdade enquanto argumento, discussão. Estar na Verdade é estar disposto a dialogar; viver na Verdade, que é Cristo, é estar disposto a dialogar. E, muitas vezes, será um diálogo difícil, será um martírio do diálogo, porque, quando o diálogo parece ser inútil, nós, muitas vezes, imediatamente abandonamos a conversa. Mas Jesus está ali com os seus interlocutores até o fim, para que eles possam abrir o coração e entrar na dinâmica do Reino.
A Palavra de Deus, hoje, nos fala diretamente desse elemento, que é importantíssimo na nossa vida de comunidade, de igreja, como também no nosso ambiente familiar, de trabalho: o diálogo. Saber lidar com o diferente, saber escutar o outro, saber ouvir o outro antes de tecer um julgamento, antes de falar alguma coisa. E isto é muito importante: não escolhamos nunca a violência, em nenhuma forma, seja ela física, verbal; seja ela do silêncio ou da indiferença. Aprendamos com o Senhor a entrarmos em diálogo com os nossos irmãos.
Sobre todos vós, a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo.
Amém!
Padre Donizete Ferreira
Sacerdote da Comunidade Canção Nova.

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