segunda-feira, 17 de agosto de 2020

LEITURA ORANTE DO DIA - 16/08/2020



LEITURA ORANTE

A Assunção de Maria - Lc 1,39-56 - O cântico



Grande sinal apareceu no céu: uma mulher que tem o sol por manto, a lua sob os pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça (Ap 12,1)
Iniciamos a Leitura,
com Maria, cantando as maravilhas que Deus continua
a realizar prodígios em favor do seu povo.
"Nós acreditamos que a Leitura Orante da Palavra é capaz de iluminar as buscas de todo ser humano e é a partir da Sagrada Escritura que nós podemos melhor compreender o que significa fazer a vontade de Deus. É a partir da Palavra que nós encontramos orientações seguras para as iniciativas da comunidade de fé”, afirmou o papa Francisco

1. Leitura (Verdade)
O que diz o texto do dia?
Lemos atentamente:
Lc 1,39-56, e observamos pessoas, palavras, relações, lugares.
39 Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judeia. 40 Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. 41 Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. 42 Com um grande grito, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! 43 Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? 44 Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre. 45 Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu”. 46 Maria disse:
“A minha alma engrandece o Senhor, 47 e o meu espírito se alegra em Deus, meu salvador, 48 porque olhou para a humildade de sua serva. Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada, 49 porque o Todo-Poderoso fez grandes coisas em meu favor. O seu nome é santo 50 e sua misericórdia se estende, de geração em geração, a todos os que o temem. 51 Ele mostrou a força de seu braço: dispersou os soberbos de coração. 52 Derrubou do trono os poderosos e elevou os humildes. 53 Encheu de bens os famintos e despediu os ricos de mãos vazias. 54 Socorreu Israel, seu servo, lembrando-se de sua misericórdia, 55 conforme prometera aos nossos pais, em favor de Abraão e de sua descendência para sempre”. 56 Maria ficou três meses com Isabel; depois voltou para casa.
Refletindo
No episódio da Visitação, Maria e Isabel viveram uma experiência inédita de si mesmas, quando uma se abriu para a experiência da outra, para a habitação de Deus na outra.
No momento, elas conseguiram assumir em si a outra pessoa, ou outro projeto de Deus.
O sentido último, o sentido teologal da solidariedade, é esta capacidade de hospedar dentro de si uma outra pessoa – qualquer que ela seja -, e no episódio da Visitação tivemos a dilatação máxima do significado da solidariedade, porque as duas mulheres que foram protagonistas da cena estavam grávidas de filhos que, do ponto de vista das possibilidades humanas, eram filhos do impossível.
Elas se visitaram enquanto mães. Elas se reconheceram enquanto pessoas amadas e chamadas por Deus. Elas vibraram de alegria e se abençoaram enquanto foram capazes de escutar uma outra voz, capazes de agradecer, e de rezar.
Solidariedade não significa apenas experimentar em si sentimentos positivos genéricos, ou um bem intencionado fazer algo por alguém. Não podemos reduzir o conceito a fatos exteriores, operativos, pois a solidariedade é algo que nasce da escuta interior, e cuja finalidade última é o descobrir-se em Deus, sentir-se na sua presença, sentir-se inserido no seu projeto. Não seria impossível nem impróprio dizer que o último degrau da solidariedade é a oração: não tanto enquanto um ato específico, mas como um estado habitual.
A solidariedade é uma resposta ao chamado de Deus e, de qualquer maneira que ela seja vivida, constitui sempre uma forma ativa de compromisso, é um serviço recíproco.
No episódio da Visitação é difícil dizer qual das duas mulheres precisava da outra, qual delas auxiliava e servia a outra. Nós estamos acostumados a dizer que Maria foi ao encontro de Isabel para servi-la: isso por força do hábito, e que empreendeu uma viagem para ver a outra. Mas as dinâmicas desse episódio não são assim tão simples.
A obrigação que motivou a visita de Maria a Isabel, segundo nos informou Lucas, não era uma obrigação de caráter material, de serviços práticos, desses auxílios caseiros que Isabel poderia receber sem problema algum por outras vias. Era uma necessidade que elas tinham de se confrontar na fé.

2. Meditação (Caminho)
O que o texto diz para nós, hoje?
Convida-nos a sermos  pessoas solidárias.
Meditando
Recordamos as palavras dos bispos na Conferência de Aparecida: “Agora, desde Aparecida, Maria convida-os a lançar as redes ao mundo, para tirar do anonimato aqueles que estão submersos no esquecimento e aproximá-los da luz da fé. Ela, reunindo os filhos, integra nossos povos ao redor de Jesus Cristo.” (DAp 265).

3. Oração (Vida)
O que o texto nos leva a dizer a Deus?
Rezamos o Salmo 44

À vossa direita se encontra a rainha,
com veste esplendente de ouro de Ofir.

10 As filhas de reis vêm ao vosso encontro,
e à vossa direita se encontra a rainha
com veste esplendente de ouro de Ofir.

11 Escutai, minha filha, olhai, ouvi isto:
"Esquecei vosso povo e a casa paterna!
12 Que o Rei se encante com vossa beleza!
Prestai-lhe homenagem: é vosso Senhor!

16 Entre cantos de festa e com grande alegria,
ingressam, então, no palácio real".


4. Contemplação (Vida e Missão)
Qual o nosso novo olhar a partir da Palavra?
Vamos olhar o mundo e a vida com os olhos de Deus e o coração de Maria, reconhecendo os anúncios que Ele nos faza cada instante.

Bênção
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.

ir. Patricia Silva, fsp
https://leituraorantedapalavra.blogspot.com/

Leitura Orante
ASSUNÇÃO DE MARIA, 16 de Agosto de 2020



ASSUNÇÃO DE MARIA: plenitude do seu “ser visitante”

“Maria ficou três meses com Isabel; depois voltou para casa”  (Lc 1,56)

Texto Bíblico: Lucas 1,39-56

1 – O que diz o texto?

Descobrimos o sentido da Assunção de Maria não tanto contemplando o céu, mas a terra. Na terra não veneramos a tumba de Maria, nem celebramos funerais por ela, ou em sua memória. Embora possam parecer estranho, os santuários onde se venera a memória de Maria são, para nós, não lugares funerários, mas fontes de vida, espaços onde a sentimos vivente, mãe, mulher do serviço, cuidadora nossa.
Ascenção, Assunção são dois nomes que damos a esta experiência de presença transformadora. Em Jesus, e a partir de Jesus, Maria também “é assunta” e se faz presente junto a seus filhos e filhas. Sua bendita presença nos abençoa e nos enche de graça.
Maria “foi assumida por Deus” porque “desceu” ao mais profundo da vida, comprometendo-se e sendo presença solidária. Ela viveu a “assunção” em todos os momentos de sua vida, de maneira especial, quando se deslocou em direção aos outros.
Por isso, o Evangelho, indicado para a festa de hoje, nos fala da “presença visitante” de Maria.
Maria fecha a porta de sua pequena casa em Nazaré e inicia apressado, o caminho para a montanha, onde vivia Isabel. O impulso do seu coração movia velozmente seus pés. Este relato nos mostra o que é “visitar”.
Maria “saiu em visita” porque, antes, foi “visitada” pela presença surpreendente de Deus. Ela entrou no fluxo do “Deus visitador”, prolongando e visibilizando as visitas divinas. Ela foi “assunta” porque, nas suas “visitas”, ela “subiu e desceu” em direção aos outros, numa atitude de serviço gratuito.
Maria foi visitar; podia não ter ido. Isabel, com mais idade e grávida, seguramente estava bem atendida. Mas, Maria foi... para estar, escutar, partilhar, ajudar...

2 – O que o texto diz para mim?

Visitar implica mover-se, para perto ou para longe, sair, pôr-se em marcha; abandonar o espaço de conforto adentrar-se na realidade do(a) outro(a), na expectativa de que este(a) outro(a) abra a porta de seu espaço e de sua vida, entrando em profunda sintonia com quem o(a) visita.
É uma ação pessoal, uma atitude aberta, um estar atentos aos detalhes da vida próxima, do entorno. Visitar não conta nas estatísticas. É uma ação muito silenciosa que não requer estruturas organizativas, nem contratuais. Visitar exige irremediavelmente investir tempo, gratuitamente; quem tem tempo hoje para presenteá-lo desinteressadamente?
A pessoa visitada tem também sua vida “expandida”, pois, receber o(a) outro(a) implica mudar a rotina do seu cotidiano, acolher a nova presença que vem, dedicar atenção e escuta...
Se eu reler com atenção o relato de Lucas, encontrarei Isabel, a prima de Maria, como protótipo de uma vida “visitada”, de uma existência que poderia fechar-se na pequena felicidade de sua fecundidade surpreendente; no entanto, ela abriu passagem a uma voz que vinha mais além dela mesma. Isabel escutou aquela voz e soube reconhecer Maria como a nova Arca da Aliança que carregava a salvação dentro dela. E Lucas realça o detalhe de que “a criança pulou de alegria no ventre de Isabel”.
Vou me deixar conduzir por Maria e vou com ela “de visita” à casa de Isabel, para recuperar o sentido do “visitar” e “ser visitado” no meu contexto atual.
Deus visita a mim e visita através de mim, assim como Ele me visita por meio dos outros. Há uma infinidade de anjos mensageiros, cruzando meus espaços cotidianos, inspirando-me, ajudando-me, movendo minha vida a saírem de seus lugares fechados, a romper muros, a ultrapassar fronteiras... A intolerância, o medo do diferente, a suspeita, o preconceito... são a morte de toda possibilidade de viver a “cultura da visita”.

3 – O que a Palavra me leva a experimentar?

Uma característica de minha sociedade é o individualismo, o fechamento narcisista que me centra e me concentra em meu “ego” como lugar preferencial de atenção, dedicação, cuidado e investimento de quase todas as minhas energias disponíveis. Neste contexto social em que vivo cada vez mais fragmentado e individualizado, as relações vão se tornando líquidas, restando às manifestações muito superficiais, reduzidas, talvez, a um mero contato tecnológico através das redes sociais.
Tenho a sensação de que, a partir de fora, tudo me convida a viver auto-referenciado e surda às vozes que me vem do mais além de mim mesma. Muitas forças externas a mim me pressionam a reduzir minha vida ao tamanho de um “bonsai”, a atrofiar os desejos até reduzi-los aos pequenos bens acessíveis e a conformar-me com pequenas doses de prazer egoísta.
Mesmo numa vida fechada, também aí irrompem as “visitações”; Maria, a “visitante” e Isabel, a “visitada”, podem me ensinar a reconhecer Aquele que me visita e vem a mim escondido no humilde e insignificante.
Aquelas duas mulheres grávidas, Maria e Isabel, cheias e fé e grandes expectativas, envolvidas no silêncio da promessa de Deus, se encontram e no mesmo instante do abraço, a palavra se faz presente com a intensidade da compreensão, da acolhida, da alegria e da intimidade partilhada.
A visita começa a dar fruto desde o primeiro instante se há uma boa predisposição. A atitude de quem vai ao encontro e quem acolhe é elemento primordial.
Elas estavam felizes. Isabel gritou de júbilo e “a criança saltou de alegria em seu ventre”. E Maria proclamou exultante, a oração de louvor e agradecimento ao Deus da Vida. “O Magnificat recolhe a prece da orante que se descobre, desde a humildade, fecundada por seu Senhor dentro da História da Salvação” (Mari Paz Lopes).

4 – O que a Palavra me leva a falar com Deus?

Senhor, o Magnificat é o grande resumo da experiência de Maria; Magnificat não é um parêntese: supõe tudo o que Maria viveu. É impossível conhecê-la sem saborear demoradamente estas palavras, que são a tradução dos seus sentimentos íntimos diante da nobre missão de ser a mãe do Salvador.
No Magnificat, Maria canta a sua própria história. E isso me desafia a fazer o mesmo. Ninguém vive uma vida espiritual fecunda enquanto não for capaz de construir a relação com Deus como um diálogo vivo entre um “eu” e um “Tu”. A oração de Maria não é feita de fórmulas. Ela expõe a sua vida naquilo que diz.
Através do Magnificat Maria vai ter a oportunidade de prolongar o seu “sim”, revelando que conhece bem as suas implicações profundas. No Magnificat, Maria sai de seu silêncio e explica o que significa o seu consentimento a Deus. E faz isso da forma mais simples e verdadeira, interpretando primeiro a sua própria experiência de fé e ancorando-se, depois, naquilo que a História da Salvação lhe ensina sobre a ação de Deus e sobre a missão do Povo de Deus neste mundo.
Maria permaneceu em casa de Isabel “três meses e voltou para sua casa”. Moveu-se, investiu seu tempo e posso imaginar quê maravilhosos três meses passaram juntas, vendo como a vida crescia dentro delas, cuidando-se, rindo, partilhando.... Deixar-me inspirar por este “ícone da Visitação”.

5 – O que a Palavra me leva a viver?

Depois de empapar-se do evangelho deste dia é preciso perguntar-se: “o que me inspira o ‘movimento’ de Maria visitando Isabel”? E se realmente, o fato de visitar, tem um significado em minha vida.
- Diante da situação pandêmica, quê outras formas de visita poderiam ser ativadas?
São tantas as pessoas que estão esperando uma visita, mesmo virtualmente. Há muitas carências de abraços e de afeto.
- Recordar aqui as obras de misericórdia: duas delas se referem ao fato de “visitar” – “enfermos e presos”.

Fonte:
Bíblia Novo Testamento – Paulinas: Lucas 1,39-56
Pe. Adroaldo Palaoro, sj

Sugestão:
Música: Odogitria Pan Haghia – fx 12
Autor: Padre Zezinho, scj
Intérprete: Padre Zezinho, scj
CD: Quando Deus se calou
Gravadora: Paulinas Comep
Duração: 03:35

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